quarta-feira, agosto 31, 2005

Janghwa, Hongryeon (2003)




A "Tale of Two Sisters" é o meu mais recente filme fetiche. É um filme poderoso e sublime que retrata a história de duas irmãs, Soo-mi e Soo-yeon e a turbulenta relação estabelecida entre elas e a madrasta. O drama inicia-se com a chegada a casa das irmãs após uma ausência forçada para tratamento hospitalar por distúrbios mentais. A permissividade de um pai (quase sempre) ausente contrasta com a dureza da educação ensaiada e pela crueldade de métodos da madrasta. Entretanto fenómenos estranhos começam a suceder pela casa, que tantas lembranças trás às irmãs...

Fiquei extremamente deliciado com o realizador desta obra, Ji-woon Kim. Confesso que o desconhecia completamente, mas que agora lhe vou dedicar uma atenção especial. A leveza dos planos e a direcção segura dos actores bem como um desenvolver escalonado dos acontecimentos, permitem ao espectador absorver totalmente cada uma das referências basilares da história. Uma palavra ainda para a magnifica composição sonora, o que se começa a tornar um hábito nos filmes asiáticos.

Se puderem não percam porque para mim este filme tem o selo de obrigatório.

Coutinho77

segunda-feira, agosto 29, 2005

8 Mile (2002)



Não importa onde vivemos, não importa quem somos, todos estamos rodeados por fronteiras...algumas reais, outras imaginadas. Muitos estão contentes por viverem dentro delas, outros são forçados a isso. Mas alguns de nós precisam de sair, de ver o que está do outro lado, mesmo que isso seja desconhecido e assustador. "8 Mile" é a história destas fronteiras que definem as nossas vidas e da luta de um jovem para encontrar a força e a coragem para as transcender.

"8 Mile" ultrapassa, e bem, a mediania deste tipo de histórias. Soa mais ou menos a «déjà vu»? Sem dúvida. Mas Curtis Hanson trabalha o filme de uma forma inovadora, tal como o fizera em relação a "L.A. Confidential". Eminem (apesar de não ser apreciador da sua música e do próprio estilo RAP) consegue uma boa representação, segura e, até, estimulante. Como filme musical, "8 Mile" está mesmo acima da média. Peca "apenas", aqui e ali, em todos os outros aspectos importantes de um bom filme; é previsível, usa uma história mais que batida e conta com muitos pormenores vagos. Mas nada que o fantástico duelo final não esconda debaixo do tapete.

“8 Mile” fala-nos de Rocky, perdão, de B-Rabbit/Eminem, o puto do bairro que sofreu para crescer, numa América que também tem muitos podres e pobres. O ‘self-made man’aí está de volta, e desta vez verseja, acusa, bate, esfola, ama e até consegue revelar o segredo que levou Eminem ao pódio: ser o próprio a falar de si e das suas falhas em vez de deixar a tarefa para os outros. Transformar as fraquezas em forças. Sun Tzu nas entrelinhas. O resultado é um filme que se não maravilha, pelo menos também não agoniza e até nos surpreende ao apagar as dúvidas iniciais.

.: 7/10 :.

quarta-feira, agosto 24, 2005

Shade (2003)



Vernon (Stuart Townsend), é um jovem viciado em póquer, mestre no ilusionismo de cartas (e baralhos inteiros), que ao lado dos seus parceiros de crime, o veterano Charlie (Gabriel Byrne) e a sexy Tiffany (Thandie Newton), arma consecutivos golpes de forma a angariar uma grande quantia de dinheiro e entrar no jogo de póquer mais disputado do ano, com a lenda Stevens (Sylvester Stallone), o rei do jogo e que nunca foi batido. Mas por de trás de cada jogador existe um "gangster" disposto a usar os mais sujos truques caso o seu dinheiro não seja devolvido.

Com um elenco forte em termos nominais mas fraquinho em termos representativos (Stallone devia ter ficado pelos Rambo's, Rocky's, Cobra e pouco mais), "Shade" dificilmente seria um bom filme, fosse qual fosse a sua linha narrativa. O argumento, baseado em meia-dúzia de truques baratos e duas ou três reviravoltas já nada inovadoras e uma realização sóbria mas monótona, tornam, então, este "Os Profissionais do Jogo" em apenas mais um dentro do género.

"Shade" é um daqueles filmes "não sei o que dizer sobre ele"! Ou seja, não é bom mas também não é péssimo, não amamos mas também não odiamos. É mediano, fácil de esquecer após dois ou três dias e entra com uma enorme facilidade naquela enorme lista de filmes que não necessita uma segunda visualização. Um filme do "quem engana quem?", sem qualquer cena memorável, mas que também não aborrece durante a sua curta hora e vinte.

Assim sendo, a conclusão é fácil. Damian Nieman teve medo de arriscar, dar um toque pessoal e diferente ao argumento e o resultado foi um filme que não ilude nem desilude. E eu não gosto de filmes de sábado à tarde... para isso mais valia ter visto o simpático e divertido "Maverick" pela décima quinta vez! Esse sim, uma boa "mão de póquer"!

.: 4/10 :.

terça-feira, agosto 09, 2005

Man On Fire (2004)



John Creasy (Denzel Washington) é um antigo agente das Forças Especiais, alcoólico e prematuramente envelhecido, desiludido com a vida e sem futuro, que vai ao México visitar um velho camarada, Rayburn (Christopher Walken). Quando uma onda de raptos alastra no país e provoca o medo nas classes mais abastadas, ele é contratado para ser o guarda-costas de uma criança de 9 anos, Pita Ramos (Dakota Fanning), filha de um industrial. Quando esta é raptada, a fúria de Creasy é sistematicamente lançada contra todos os que crê responsáveis, numa corrida infernal de vingança.

Não, não vai ser a primeira vez que o digo aqui no blog... Dakota Fanning é uma senhora actriz! Com ou sem dentes! A ver vamos se não se espalha ao comprido nos anos que se avizinham, como é tão habitual nas jovens promessas de Hollywood (Sozinho em Casa... cof cof... drogas... cof cof). Quanto a Denzel Washington, será mesmo necessário dizer mais alguma coisa? Simplesmente... arrepiante! Confirma-se então em "Man on Fire" o que já todos sabiam: Denzel é mesmo um dos melhores actores da actualidade e provavelmente o continuará a ser nos próximos anos.

Com uma boa dose de emoção e violência justificada, Tony Scott traz-nos aquele que provavelmente será o melhor filme da sua carreira, independentemente das obras que o lançaram para a ribalta e que marcaram a história do cinema, como "Top Gun", "Days of Thunder", "Enemy of State" ou o poderoso e magnífico "True Romance", que conta com argumento de Tarantino. Em "Man on Fire", Scott usa e abusa de uma estilização imaginária e de uma montagem super-rápida, que cai bastante bem em várias partes do filme, mas que retiram também, por vezes, protagonismo e qualidade ao fabuloso leque de interpretações que assinam este filme.

Apesar deste certo exagero estilístico e de efeitos de pós-produção, a história do solitário agente Creasy e da sua relação emocional com a pequena Pita agarra o mais céptico dos espectadores. Um filme sobre um problema real, que acaba por nos comover, devido à necessidade que todos nós temos de amar e ser amados. Nem a sua longa duração de duas horas e vinte minutos consegue tornar este "Man On Fire" lento ou aborrecido. Nada ficou esquecido e o seu final, a fugir às regras básicas de felicidade de Hollywood, em muito contribuem para que este seja um filme a ver e a rever nos próximos anos.

.: 9/10 :.

segunda-feira, agosto 08, 2005

John Q. (2002)



Denzel Washington, vencedor de dois Óscares pela sua participação em "Tempos de Glória" e "Dia de Treino", protagoniza nesta história o papel de John Q., um pai que se vê forçado a tomar medidas drásticas numa situação extremamente desesperada. Quando num jogo de baseball o seu filho desmaia, John Q. e a sua mulher são informados que o mesmo necessita de um transplante de coração. Sem seguro de saúde e sem dinheiro suficiente para pagar a operação, este casal vê-se sem quaisquer opções para salvar a vida do filho. A única escolha para este pai em pleno desepero será fazer justiça pelas suas próprias mãos numa epopeia contra o tempo para salvar a vida do filho.

"John Q." conta com um sólido elenco, com a presença de actores como Robert Duvall, James Woods e, claro está, Denzel Washington, que é, a meu ver, um dos, senão mesmo o melhor actor da actualidade em Hollywood. Denzel cumpre, como é costume, com a densidade da sua personagem, o que no entanto, não é suficiente para salvar o resultado final medíocre de um filme que pouco mais poderia ser, devido à sua base num caso verídico. Mas o seu final simpático q.b e primário merecia muito mais trabalho e outro caminho.

Assim sendo, o resultado final é o de um filme híbrido, ziguezagueante, com alguns momentos de insólita densidade emocional, mas também algo complacente no tratamento dos problemas que levanta. Do mal o menos... sempre serviu para provar a justiça do óscar entregue a Denzel Washington no ano anterior pelo fabuloso "Training Day", que em breve, constará aqui no blog. "John Q." é assim, um filme que reivindica o velho direito da “justiça pelas próprias mãos”, com a sua vertente de paradigma social. Fica no entanto, muito longe do que poderia ter sido.

.: 6/10 :.

domingo, agosto 07, 2005

Signs (2002)



Um misterioso círculo com mais de 150 metros encontrados num campo de cereais algures na Pensilvânia, na quinta do reverendo Graham Hess (Mel Gibson) e outros tantos encontrados em diversas partes do mundo, são o ponto de partida para "Sinais" de Night Shyamalan, conceituado realizador da nova geração (para muitos o tão esperado sucessor de Hitchcock), que já tão bons "sinais" deixou com "The Sixth Sense" e "Unbreakable", por exemplo.

Mas, ao contrário da maioria, "Signs", a meu ver, não passa de um filme mediano, com alguns (poucos!) bons (excelentes!) momentos. O tema da invasão extraterrestre foi, mesmo assim, muito bem abordado, discretamente e maioritariamente representado por sinais, tal como o título indica, o que cedeu ao filme a sua melhor e mais conseguida característica, o suspanse. Há também em «Sinais» uma «mensagem» sobre os desígnios divinos e sobre a fé, que, apesar de ter sido mal e porcamente desenvolvida, marcou todo o filme, salvando um pouco o argumento, ou melhor, a história da família protagonista, a qual não me convenceu nada.

Mel Gibson e Joaquim Phoenix não marcaram as suas personagens, pois, a meu ver, não souberam exemplificar o tão importante "under-reaction" que o realizador pretendia para a sua obra. E não é de admirar, pois tanto Mel Gibson e Joaquim Phoenix estão habituados a outro tipo de papéis que não os de padre/tio campónio.

Assim sendo, "Signs" triunfa no aspecto religioso, no qual se tornou, sem qualquer margem para dúvidas, num dos melhores dos últimos anos. Mas no global, e tendo em conta a filmografia de Night Shyamalan, "Sinais" deixou muito a desejar. Depois de "Unbreakable" (injustamente criticado pela maioria) e do fabuloso "The Sixth Sense", "Signs" deixa mesmo muito a desejar. Em jeito de conclusão, posso afirmar que os vários momentos de grande intensidade dramática e a sua temática religiosa não são suficientes para colmatar a imensa artificialidade de diálogos, relações e interpretações, e com o seu final previsível e fácil.

.: 7/10 :.

N.D.R: Peço desculpa a todos os que por cá passam pela longa ausência. Férias são férias porra!!!