quarta-feira, novembro 28, 2018

Derren Brown: The Great Art Robbery (2013)

Acabadinho de chegar à Netflix nacional, este especial de uma hora começa com uma aposta de uma libra entre o mentalista Derren Brown e um conceituado coleccionador de arte: diz Brown que lhe consegue roubar, indicando-lhe a hora exacta, o local e o autor do feito, uma das suas mais valiosas obras de arte, em exposição numa galeria protegida por segurança privada. Aposta feita, arranca uma espécie de "Brown's Four", onde o ilusionista, qual Ocean, reúne um grupo de quatro idosos reformados e treina-os, durante um mês, para conseguir o impossível. E consegue. Expectativas, distracções, ilusões e estereótipos; Brown sabe como funciona a mente humana e isso é meio caminho para o sucesso. Não tão interessante como o recente "The Push", mas igualmente cativante.

sábado, novembro 24, 2018

Benfica-Torino 4-3 (2012)

Documentário sem chama nem glória sobre o "Grande Torino" dos anos quarenta, considerada por muitos uma das melhores equipas da história - a selecção italiana chegou a apresentar-se com dez titulares da equipa de Turim, que levava na altura do fatídico acidente de aviação uma série de cinco campeonatos consecutivos conquistados -, a dupla luso-italiana Nuno Figueiredo/Andrea Ragusa parece nunca saber no que focar-se: no acidente, na grandiosa equipa italiana, no Benfica de Francisco Ferreira, no jogo de homenagem em si ou nas repercussões da tragédia - reduzidas a uma simples homenagem de um clube do interior, quando tanto mudou no futebol em Itália nos anos seguintes devido ao desaparecimento súbito das máquinas do Torino. Para colocar de lado - tanta entrevista sem sumo nem nada mais do que lugares comuns e memórias vazias - e procurar "Il grande Torino", telefilme de 2005 que anda por aí no videoclube do Sr. Joaquim.

terça-feira, novembro 20, 2018

Widows (2018)

Primeira longa metragem de Steve McQueen após o sucesso crítico estrondoso de "12 Anos Escravo", "Viúvas" revela-se um thriller competente - mas nunca deslumbrante - interpretado por um elenco multi-facetado capaz e apelativo - mas nunca demasiado ousado - e orquestrado por um realizador de talentos indiscutíveis mas que, pela primeira vez na sua carreira, parece ter-se deixado seduzir pelo lado mais sombrio de Hollywood: o da fórmula certinha que não precisa de grandes rasgos de realização para funcionar. Mesmo puxando de vários trunfos guardados debaixo da manga para revirar a narrativa do avesso, McQueen contenta-se com o tom pouco provocador da obra literária de Gillian Flynn ("Gone Girl"), nunca sabendo se deve focar-se na vertente feminista do golpe, no lado corrupto da política ou na esfera obscura da dupla-traição. Tudo junto resulta numa daquelas refeições que servem perfeitamente quando se está cheio de fome - e tão pobrezinhos que andam os cinemas - mas que dificilmente nos lembraremos de pedir para repetir quando estivermos de barriga cheia.

segunda-feira, novembro 19, 2018

sexta-feira, novembro 16, 2018

Searching (2018)

A história que dá o mote a "Pesquisa Obsessiva" - um pai à procura da filha desaparecida - já foi contada e recontada inúmeras vezes na grande tela. Mas através de janelas de browsers e aplicações diversas, do Facebook ao Twitter, eis toda uma nova artimanha narrativa que, conforme o nosso nível de receptividade à mesma, pode tanto cativar como aniquilar os nobres propósitos de Aneesh Chaganty, jovem (1991) norte-americano que se estreia em grande estilo nesta produção de Timur Bekmambetov. Um thriller intenso que salta constantemente entre ecrãs de telemóveis e computadores, num registo excitante de voyeurismo onde o privado e o público se misturam, a sátira cínica e o drama se complementam e a soma de tantas partes - da extraordinária sequência inicial ao miúdo que só queria esconder o facto de ter ido a um concerto do Justin Bieber - resulta num todo refrescante e coeso.


terça-feira, novembro 13, 2018

segunda-feira, novembro 12, 2018

The Girl in the Spider's Web (2018)

Mais um thriller de espionagem insípido - "Mercury Rising" com tatuagens e filhas traumatizadas -, onde todas as personagens são heroínas ou vilãs, repleto de conveniências narrativas e de uma mão-cheia de artifícios visuais arrojados com o objectivo de compensar a falta de criatividade e profundidade da trama. Incontáveis suecos, em Estocolmo, a falar inglês entre eles com sotaque nórdico - vá-se lá saber porquê -, um salto cinematográfico do primeiro para o quarto livro - também vá-se lá saber porquê - numa espécie de soft-reboot-sequel onde Claire Foy não encaixa em Lisbeth Salander como Rooney Mara já o fez e, claro, o esforçado Fede Alvarez ainda tem que comer muita sopinha para chegar aos calcanhares de David Fincher. Filme boff no seu esplendor, que rapidamente cairá em esquecimento.

quinta-feira, novembro 08, 2018

Citizen Kane (1941)

Para muitos o melhor filme de sempre - que coisa feia de se dizer -, a verdade é que "Citizen Kane" consegue quase sempre viver bem com as altas expectativas de quem o descobre pela primeira vez. Para quem o revisita, como foi o meu caso esta semana, mantém-se aquele feeling moderno e actualizado de uma obra com quase oitenta anos que moldou-se entre géneros - o mistério de investigação, o biopic, a paródia verité ao jornalismo e o peso do sucesso - e rejeitou uma linha narrativa linear, correndo riscos que resultaram num exemplar único e inteligente de cinema. Audacioso, um muito jovem Orson Welles (com apenas vinte e cinco anos) não quebrou regras; criou-as. Os pontos-de-vista múltiplos a servirem de arcos narrativos, os planos abertos, a sonoplastia inovadora, tudo em busca de uma espécie de MacGuffin imortal tão simples quanto decisivo.

domingo, novembro 04, 2018

Colony (S1/2016)

A primeira temporada de "Colony" arranca com uma premissa com um potencial tremendo a todos os níveis. Infelizmente toda a temporada de estreia dedica-se ao conflito pessoal de Will Bowman entre a obrigação de proteger a família custe o que custar e o desejo de combater os invasores extraterrestres, que muito tememos mas nunca vemos. Num jogo dramático muito mais interessado nos elementos humanos do que na larga esfera de ficção científica que o envolve, "Colony" convence mas não brilha. Algo que, acredito, será diferente no que se segue. Destaque para a sempre intensa, nunca conformada, Sarah Wayne Callies e para o pouco ortodoxo Peter Jacobson, tão amável quanto odiável.