domingo, agosto 31, 2025

Superman III (1983)

O Super-Homem bêbado e mal educado, o Richard Pryor de desempregado a hacker e programador suprassumo em menos de uma semana, um supercomputador capaz de envergonhar o HAL 9000, uma mulher cyborg, uma pista de ski no topo de um prédio - e o Richard Pryor a descer o prédio de esquis -, alcatrão de cigarro utilizado como ingrediente secreto fundamental para destruir o herói de cuecas - melhor campanha anti-tabagismo de sempre -, a Torre de Pisa direita e a giríssima da Lena Lang no lugar da Lois Lane, de "férias contratuais" nas Bermudas. Um sopro que reverte petróleo do mar directamente para os tanques de um navio. Quase que tive saudades do rebobinar do planeta. Bonecos nos semáforos a lutarem um contra o outro. É a saga já na fase da cerveja com tremoços, ninguém levou a mal.

sexta-feira, agosto 29, 2025

Superman II (1980)

É, de longe, o melhor dos quatro filmes da saga original. Mesmo na versão "de cinema" do Richard Lester - dizem os entendidos que a do Donner, lançada em 2006, é melhor. Os melhores vilões - Terence Stamp à cabeça -, as cataratas do Niagara, a paixão e a revelação com um tropeção no tapete, a invasão à Casa Branca, o "ajoelha-te perante o Zod", o sacrifício pelo amor - que nunca se percebe bem nesta versão como é revertido -, a batalha em Metrópolis, a parvoíce do beijo com efeitos neurológicos e a deliciosa cena do tasco com o camionista. Diverte, sem precisar de estupidificar. Algo que não acontecerá nos seguintes.

quarta-feira, agosto 27, 2025

Superman (1978)

Luto? Enterro digno? Trauma clássico para a vida, tipo Bambi? Não, vamos meter a Terra a rebobinar, como se fosse uma cassete VHS. De cueca vermelha por cima das calças, não tinha velocidade para chegar a dois mísseis ao mesmo tempo, mas dá à volta ao planeta dezenas de vezes em meia dúzia de segundos, inverte o sentido de rotação da Terra, chama o Einstein de estúpido, e arranja uma solução fácil para qualquer coisa que lhe corra mal de agora em diante. Suspensão da descrença é uma coisa amigos; isto foi apenas uma ode ao absurdo, um pontapé nos tomates da lógica, um murro na cara das leis da física. E sim, é o pior capítulo dos quatro originais, sem vilão temível, longo e cansativo na sua história de origem, pateta em tudo o resto.

segunda-feira, agosto 25, 2025

Vive Le Tour (1962)

Nem um capacete à vista. Sandes de presunto, garrafas de vidro, baldes de água para molhar os pés, folhas de jornal para secar o suor, travões barulhentos, ciclistas a entrarem por cafés a dentro para soltarem um calhau, desmaios, ossos partidos, caras cobertas de sangue e bicicletas que pesavam no mínimo o dobro das de hoje, com transmissões rudimentares. E faziam mais mil quilómetros que hoje em dia (sempre acima dos 4000), alguns dias com etapas duplas. O Tour de France continua a ser duro, muito duro, mas nesta altura era sobre-humano, só para homens de barba - e peida - rija. Tesourinho.

sábado, agosto 23, 2025

Watcher (2022)

Se o objectivo era criar dúvidas sobre se o tipo da janela era ou não um psicopata romeno, talvez não tenha sido grande ideia escolher o Burn Gorman para esse papel. É que assim que a sua fronha aparece, o mistério foi resolvido de forma quase inconsciente a automática na mente de qualquer espectador. Grande reviravolta seria, de facto, ele ser vítima de uma paranóica! O Hitchcock deu duas voltas na campa e mandou vocês descobrirem antes uma curta-metragem desta Chloe Okuno chamada "Slut". Deve andar pelos Youtubes ou Vimeos desta vida e ganha claramente na relação tempo/qualidade, tendo sida a Escolha Acertada da DECO no que toca à filmografia da rapariga.

quinta-feira, agosto 21, 2025

28 Weeks Later (2007)

Ó Fresnadillo, como é que um gajo passa do "Impacto" para esta realização - e montagem - nervosa, capaz de deixar um gajo com Parkinson na dúvida se tem mesmo algum problema de saúde? Um filme de zombies, para zombies, porque não há humano que consiga vê-lo de seguida sem ficar com uma valente dor de cabeça. Salva-se a cena inicial... e pouco mais, num ambiente que poderia ser cativante, mas que se dilui entre tanto tremelique e decisões disparatadas das personagens.

terça-feira, agosto 19, 2025

Jurassic World Rebirth (2025)

É consideravelmente melhor que o anterior... e ainda assim é um desastre. Do clássico de Spielberg perdeu-se quase tudo: a urgência, o medo, o inesperado - aos dez minutos já sabemos todos os que vão morrer e os que vão sobreviver, até a ordem, e nem há coragem para quebrar essa expectativa bem perto do fim - os tempos, as personagens que interessam - e que interessam-se -, o guião escrito à mão - vá, máquina de escrever - e não a computador, de forma totalmente artificial, rápida e banal, repleto de fórmulas vistas e repetidas exaustivamente. Nem vou entrar pelo aspecto visual: nem Edwards e a sua equipa, com tantas provas dadas neste "meio", trinta anos depois, consegue sequer fazer cócegas ao realismo do original. Ficam as diversas homenagens entre o insonso e o patético - aquele acasalamento no vale, meu Deus -, e um título que não faz sentido nenhum: renascimento do quê, meus palermas?

domingo, agosto 17, 2025

Warfare (2025)

Realização primorosa, sound design estrondoso... num filme sem estrutura, sem espinha dorsal, sem um arco narrativo que o diferencie de uma mera recriação de homenagem de um momento chave de uma equipa militar que deixou a pele e a alma no Iraque. Para quê e por quem? Já dizia Spielberg que qualquer filme que retrate a guerra é um filme anti-guerra... e "Warfare" não é excepção, mesmo que não tenha a certeza que tenha sido essa a intenção. Não será certamente para todos, mas os fãs de "Call of Duty" têm aqui uma oportunidade para perceber as diferenças entre a Playstation e a vida real.

sexta-feira, agosto 15, 2025

Mickey 17 (2025)

Bong Joon Ho, the dazzling, daring, devilishly inventive maestro of South Korean cinema, transforms into a surprisingly bland and bafflingly overpraised director the moment he tiptoes into the slick, self-congratulatory, English-speaking halls of Hollywood. At home, he’s a razor-sharp, socially-savvy sorcerer, conjuring tense, twisty, genre-defying masterpieces with the precision of a neurosurgeon and the madness of a caffeinated street poet. But abroad? He becomes a meandering, metaphor-huffing, Oscar-baiting tourist, peddling soggy satire wrapped in glossy, slow-moving mediocrity, like a Michelin chef trying to impress with microwave lasagna. Yes, I did ask my cellphone AI to help me with adjectives.

quarta-feira, agosto 13, 2025

The Last of Us - The Price (S02E06)

Já dizia o grande Miguel Esteves Cardoso que "o mal do amor dos filhos é que, quando corre mal, passa-nos como uma lâmina pelo coração e fá-lo em bifinhos. Quando corre bem faz-nos o coração em bifinhos também. A diferença está apenas no tempero". Para compreender os pais, ainda que adoptivos como o Joel, é preciso ter filhos. É preciso sentir aquela dor, aquela angústia, aquele amor superlativo que coloca a sobrevivência destes acima da sobrevivência do planeta. Porque são eles o nosso mundo e, sem eles, o mundo não faz sentido existir. Uma hora de televisão de luxo, numa temporada amena.

segunda-feira, agosto 11, 2025

Chip ’n Dale: Rescue Rangers (2022)

Vale pelos incontáveis "cameos" animados, do Sonic horroroso do primeiro trailer ao He-Man, passando pelo Roger Rabbit e o Pato da Capa Preta, o famoso Double-O-Duck que não teve autorização para o ser devido aos direitos de autor do Ian Fleming. Um par de piadas que funciona numa história esquecível e sensaborona. Entre o Tico e o Teco e o Alvin e os Esquilos, venha o Scrat do "Ice Age" e escolha.

sábado, agosto 09, 2025

Love Hurts (2025)

Topa-se a milhas que isto foi realizado por um daqueles maluquinhos das coreografias de acção que decidiu dar o salto na carreira. Já dizia o meu avô que Eusébio só houve um, não vale a pena tentar encontrar outro. O Ke Huy Quan é fofinho mas molda-se demasiado inocentemente a uma personagem que parece ter sido criada em torno do seu estilo e carisma, esquecendo tudo o resto; já a Ariana DeBose, mesmo com aquele "Je ne sais quoi" sexyzão, pouco ou nada acrescenta a um universo "paralelo" introduzido ao espectador à sapateiro. Como alguém muito bem escreveu no Letterboxd, é o "Nothing Nowhere All at Once".

quinta-feira, agosto 07, 2025

Plane (2023)

Se é verdade que o Gerard Butler consegue sobreviver bem tanto enquanto piloto piadinhas de linha aérea como enquanto uma espécie aprimorada de coronel Braddock na selva, o filme, esse, já não. Assim que a vilanagem da ilha entra em acção, vai tudo por água abaixo, da credibilidade do drama à patetice do cenário "exterior" das buscas internacionais estarem limitadas por medo e receio de um gangue de bandidos de rua. Ao ponto de se contratarem mercenários para o salvamento. Jean-François Richet sabe filmar cenas de acção com algum arrojo tanto a nível visual quanto prático, mas revela-se um desastre a aprimorar o guião e a história escrita para cinema pelo britânico Charles Cumming, autor de vários romances de espionagem nas últimas décadas.

terça-feira, agosto 05, 2025

Trainwreck: Poop Cruise (2025)

Gives a whole new meaning to the expression "now that was some shitty lasagna"! It's a simple testament of the crucial role of the media in these kind of situations - shaping public perception, pressuring the companies and transforming a maritime malfunction into a sensational global event, with massive ratings. Win win situation for everyone except those to blame. Even if they got away with it due to those infamous "small letters" on contracts!

domingo, agosto 03, 2025

Ghosted (2023)

Guião demasiado pateta - nem resiste a enfiar o Ryan Reynolds do nada a fazer de espião eunuco... pateta -, ZERO química entre o Capitão América e a Ballerina e um problema grave de asma aparentemente resolvido - na verdade, esquecido - ao fim de meia hora de filme. Ao contrário do ditado popular, a Aninhas encanta o mundo inteiro, mas cantar... cantar não canta nada, ainda para mais em espanglês. Nem num Rockaraoke! Tudo demasiado artificial - incluindo o vilão inesperado de Adrien Brody -, que culmina numa cena num "sky tower" que faz o mais recente "Final Destination" parecer o "Citizen Kane" dos "sky towers".

sexta-feira, agosto 01, 2025

Bikini Drive-In (1995)

Rolam os créditos iniciais com uma valente pizza numa tela de drive-in no background e um Special Guest Star Michelle Bauer para abrir o apetite a qualquer um. Acabam os créditos, passamos para uma praia, onde duas jeitosas de bikini queixam-se que os maridos só querem brincar ao "futebol americano" na areia enquanto elas andam para ali sozinhas cheias de desejos e calores. Homens. "Se calhar devíamos arranjar um trabalho", diz uma delas. "Nem pensar, está na hora é de apanharmos mais sol". Pimba, bikini para fora, mamocas ao léu, e toca a esfregar protetor solar que aqueles mamilos são sensíveis. O cinema é uma arte tão simples de dominar para este Fred Olen Ray. Um cinema drive-in como herança do avô que a empurrava no baloiço e caramba, não é que as raparigas vão mesmo ter que trabalhar? Até temos direito a um grupo de vilões de terceira idade da concorrência, que pensava que ia aproveitar a morte do "velho" para ficar com o negócio e os terrenos. Quinze minutos, nada de pornada, isto está super sério. Calma, discussão com os maridos que não querem ficar com o drive-in, toca a resolver tudo numa banheira, de quatro, de frente, de costas, à espanhola e à francesa. E, de repente, os maridos já dizem que sim. Estou farto de dizer à minha mulher que esta é a melhor maneira de ter o que quer também. O problema é que aqui em casa acaba por ter tudo o que quer à mesma e eu, nada, rien, nem um arrepio na espinha. Bem, mas voltemos ao filme. Toca a chamar as antigas colegas da faculdade para ajudar a meter "a casa em ordem", que há uma dívida de vinte e cinco mil dólares para pagar ao banco em três dias. Primeiro passo, limpar tudo. Muito dobrar para apanhar lixo do chão... e cada vez que isso acontece, um belo plano com zoom do rabo de cada uma delas. Mais uma vez, Fred Olen Ray a mostrar às escolas de cinema como é fácil ser um virtuoso na realização. Um romance proibido com o filho do vilão mor, uma referência ao maravilhoso "Hollywood Chainsaw Hookers" e a Michelle Bauer como Scream Queen de honra que pensa que vai conhecer o presidente dos EUA na reabertura do Drive-In. Sexo à projecionista, fatos de alien, bikinis para todos os gostos e um xerife cristão com alergia a comunistas. Que, coitado, perde uma peça de roupa a cada chicotada e tabuada que leva, até se transformar num pónei. Maravilhoso. Por mim serve para encerrar de uma vez por todas a eterna discussão sobre qual o melhor ano cinéfilo da década de noventa.