sábado, novembro 12, 2005

The Descent (2005)


Um ano depois de um grave acidente de viação que tirou a vida ao marido e filha, Sarah (a até agora desconhecida Shauna MacDonald) decide juntar-se a cinco amigas e partir numa aventura a uma misteriosa caverna. Mas, como seria de esperar, senão não havia filme pessoal, rapidamente começam a ocorrer os primeiros problemas. Não vos vou dizer absolutamente nada sobre estes, pois provavelmente estragaria-vos o filme. Posso-vos dizer apenas que supostamente nunca ninguém havia explorado aquela caverna e que ninguém sabia que estas seis mulheres lá estavam. À medida que o tempo de sobrevivência vai escassando as raparigas lá precisam de regressar aos seus instintos mais primários e lutar sem tréguas pela sobrevivência (nem imaginam vocês porquê!). Velhas feridas descobertas, perigo constante ... e finalmente, nos últimos tempos, um bom filme neste género.

"The Descent" (que espero que na futura tradução para português mantenha o mistério do título original e não estrague tudo com um "título-spoiler") é um passo enorme para o realizador britânico Neil Marshall, autor de "Dog Soldiers", bem aceite então pela critíca, mas que não tive ainda o prazer de visionar. Este terá sido o seu salto definitivo para o reconhecimento, pois "The Descent" já foi considerado pela maior parte da critíca internacional como o melhor filme de terror do ano. Certo que o é, ou será para muitos, devido à fraca qualidade da maior parte da "escumalha" (nesta altura devia ter cuidado com esta palavra) que tem sido feita, mas "The Descent" tem, também, muito mérito.

A banalidade da ideia base do argumento é combatida com muito sangue, muito claustrofobismo e muita, muita escuridão. E qualquer um destes aspectos mantêm um constante crescimento durante o filme, o que nos entusiasma e seduz. Mas, nem tudo são rosas. Todo o factor psicológico parece desaparecer a meio do filme, com um enorme e brilhante susto (um dos melhores momentos do ano, a lembrar uma cena de "Silêncio dos Inocentes" ou mesmo de "The Blair Witch Project"), passando todo o inexplicável a instantemente explicável e terrivelmente violento. Foi uma dipolaridade de sentimentos - por um lado extremamente feliz e arrepiado com o terrível susto que havia tomado, por outro extremamente triste por todo o terror psicológico passar, a partir daquele momento, a físico - que mais tarde, com tanta escuridão, foi atenuada. Ou seja, a mistura claustrofobia/escuridão conseguiu ser suficientemente psicológica para me agarrar.

Podem achar o que disse anteriormente extremamente confuso, mas é muito difícil falar de "The Descent" sem revelar uma única das muitas surpresas que vos vão acontecer. O melhor será mesmo partirem para esta aventura como eu: completamente às escuras (ora, nem mais nem menos) sobre o que ia ver. Como tal, resta apenas mencionar a excelente performance de todo o elenco, cheio de garra e emoção e do trabalho tecnicamente irrepreensível de Neil Marshall. Pena não poder discutir aqui o seu final, bastante ambíguo, que irá certamente originar diversas teorias. Tal como li num local de critíca, "The Descent" "não será propriamente uma obra-prima do terror mas estará seguramente num patamar que é inacessível para a grande maioria das produções mainstream de Hollywood." Mai nada!

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