Objectivamente, é um documentário sem grande chama nem alma saudosista. Falta-lhe todo um corpo histórico que fizesse jus e servisse de homenagem à carreira ímpar de um dos maiores desportistas deste século. Um reconhecimento geral alcançado não só através de vitórias épicas e títulos aos barrotes dentro do court, mas também derivado de valores humanos e comportamentais exemplares dentro e fora do campo, nos momentos bons mas também nas derrotas mais dolorosas - como as indescritíveis finais de Wimbledon de 2008 contra Nadal e de 2019 contra Djokovic, dois dos mais intensos jogos de ténis da história da modalidade. E, ainda assim, focado apenas nos doze dias finais da sua carreira, entre o anúncio do abandono até ao dia da sua última partida oficial, toda a simplicidade das imagens e dos momentos com família e amigos é mais do que suficiente para nos deixar de garganta apertada. Alguém disse um dia que um desportista morre duas vezes: quando deixa de o ser e quando deixa o ser. E ver essa "morte", ainda para mais na perspectiva de alguém que sempre o admirou, aperta o coração. Pena que Kapadia não tenha aprofundado a fundo Federer como o fez com Senna, mas como refeição de fast food, serve e chega para encher o bucho.
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