quarta-feira, maio 07, 2025

Conclave (2024)

É um filme muito sóbrio e competente na forma como consegue envolver o espectador, ateu ou religioso, numa intriga de conclave, de votação, de um jogo de poder e de aparências entre falsos moralistas sedentos de alcançar o patamar mais alto de uma vida dedicada à igreja católica. Faz o que eu te digo, não faças o que eu faço, com direito a uma interpretação irrepreensível - como costume - de Ralph Fiennes e a uma reviravolta tão ambiciosa quanto estranhamente gratificante bem perto do final. Todos percebemos que o homem ia ganhar a eleição para Miss Vaticano por ser o único que sabia responder às perguntas do Humberto Bernardo de forma assertiva, mas ninguém imaginou aquele twist!

segunda-feira, maio 05, 2025

The French Connection (1971)

É um thriller muito mais cru, "realista" e violento do que era habitual, com laivos de genialidade na realização e na montagem de um jovem que representava então uma "nova Hollywood": William Friedkin. Tudo certo, e ainda dou de barato que há algum encanto inexplicável no Popeye de Hackman e na malevolência cínica do espanhol Fernando Rey, aqui cabecilha mafioso francês. Mas caramba, daí a isto ganhar o Óscar de Melhor Filme - fora os restantes - e ser considerado um filme de culto, vai uma grande distância, uma que não justifica ser percorrida nem através das perseguições a mil à hora entre carros e metros de superfície nem dissimilada nos muitos momentos à paisana que "enchem" a primeira metade do filme. Realização enérgica, história banal, final vazio.

sábado, maio 03, 2025

Firefox (1982)

É o Flop Gun do Clint Eastwood, um verdadeiro secão confuso de espionagem durante a Guerra Fria, extremamente mal montado - ai caramba porta a fechar do hangar, já foi... ah espera, já está cá fora a descolar -, com vários momentos que chegam a roçar a mais pura das patetices, desde os efeitos especiais de terceiro mundo relacionados com os momentos em vôo, mas principalmente com este pré-Maverick punk reformado a falar sozinho no cockpit o filme inteiro, para irmos acompanhando e percebendo o que faz a cada momento. Dos muitos que já vi, de longe o filme mais banal e inconsequente realizado por Eastwood. Se precisarem de adormecer numa noite de insónias, estejam descansados: o Firefox trata do assunto.

quinta-feira, maio 01, 2025

Just Cause (1995)

Não é todos os dias que se descobrem filmes perdidos no tempo com nove nomeados a óscares no elenco. Muito competente thriller de investigação que só peca por antecipar demasiado cedo a grande reviravolta narrativa que, na verdade, merecia um final muito mais subtil, cínico, ambíguo até. Papelão de Ed Harris como psicopata - o melhor Ed Harris é sempre este animal bravo por domesticar -, Laurence Fishburne no ponto certo para ser odiado, e a Scarlett Johansson filha do Sean Connery - na verdade, parecia mais a neta. "If that's a confession, then my ass is a banjo!", a metáfora mais aleatória de sempre a sair da boca deste Bond agora Sherlock Holmes de Harvard.