terça-feira, maio 31, 2011
segunda-feira, maio 30, 2011
Weekend at Bernie's (1989)
Dois amigos – Larry e Richard – trabalham numa reconhecida companhia de seguros norte-americana. Ao descobrirem uma fraude fiscal gigantesca nas contas da empresa, são convidados a irem passar uns dias à majestosa casa de férias do patrão, plantada à beira-mar. Preparados para um fim-de-semana de arromba, o que eles não sabem é que acabaram de destapar um esquema interno das hierarquias superiores para desviar dinheiro e que o convite é tudo menos amigável. O objectivo? Fazer com que eles não voltem… vivos. Mas os planos de Bernie Lomax, o mafioso patrão genialmente interpretado pelo multi-premiado actor de teatro Terry Kiser, dão para o torto, originando uma sucessão de acontecimentos surreais que tornaram “Fim-de-Semana com o Morto” uma das mais amadas comédias da década de oitenta.
Divertido, hilariante e idiota. Qual o vintenário ou trintenário deste país que não esboçou alguns sorrisos quando descobriu pela primeira vez as aventuras quase autopsiais de Andrew McCarthy e Jonathan Silverman? Ou os prazenteiros “one-liners” de Larry, que incluíram frases que ainda hoje permanecem no ouvido como “E que tal fingirmos que ele não está morto, só por um bocadinho assim” ou “Que raio de anfitrião é que nos convida para sua casa e morre na mesma altura?”? Realizado por Ted Kotcheff, reconhecido na indústria como o responsável pela criação do mito “Rambo” – que é, obviamente, o grande êxito da sua carreira -, “Weekend at Bernie’s” é uma comédia semi-negra sobre um cadáver… com vida. Um género ainda hoje inexplorado, factor que confere à fita a sua originalidade intemporal, transformando-o em entretenimento jovial revivalista a cada novo visionamento. As travessuras pelas quais o trapalhão Larry e o atrapalhado Richard passam para fazer de “vivo” o assassinado Bernie são tão absurdas e utópicas como alegres e portentosas. Para a história, ficou aquela que provavelmente foi a melhor interpretação da história do cinema de uma personagem morta. Pena que não haja registo da existência de nenhuns bloopers das gravações, algo que seria um extra obrigatório numa futura edição em disco digital.
Entre as inúmeras curiosidades que envolveram a rodagem do filme, destaque para as várias costelas partidas do duplo de Terry Kiser na cena do lago, onde “Bernie” foi arrastado por um barco, chocando contra vários obstáculos. Poucos sabem mas a casa de praia onde a acção se passa foi construída unicamente para o filme, sendo destruída logo após o final das filmagens com mais de trinta milhões de dólares arrecadados na bilheteira norte-americana, "Weekend at Bernie's" tornou-se um dos mais rentáveis do ano de 1989 numa relação custo/proveito, bem como o filme mais alugado nos videoclubes norte-americanos durante os primeiros dois anos da década de noventa.
As repercussões cinematográficas deste sucesso foram várias. Para começar, uma sequela disparatada alguns anos mais tarde, que misturou o mesmo triângulo cómico com tradições voodoos e uma linha narrativa com pouca margem de manobra. Bernie Lomax é raptado na morgue por ex-colegas de trabalho, que pretendem conseguir enganar um banco, levantando dois milhões de dólares da conta do defunto Bernie, como se este estivesse vivo. O banco, esse, está obviamente situado numa ilha paradisíaca onde, surpresa das surpresas, Larry e Richard passam férias. Se o original era bem mais divertido do que idiota, da sequela não podemos dizer o mesmo.
Mas “Weekend at Bernie’s” ficou no imaginário de muitos, tornando-se uma pequena fita de culto entre amigos e colegas que o viram juntos. As referências em obras posteriores são várias e em registos diversos. Sem qualquer ajuda de bolso, irrompem-me agora os episódios de “Friends” em que Chandler menciona o filme ou em que descobrimos que é este o filme favorito de Rachel, a personagem interpretada por Jennifer Aniston. Ou o episódio de “The Simpsons” intitulado “Weekend at Burnsie’s”. Entre muitas, muitas outras referências directas ou indirectas. Por fim, temos o rumor que surgiu o ano passado em alguns sites norte-americanos de cinema que um terceiro capítulo da saga estaria a ser preparado pelo produtor indiano Ashok Amritraj, o mesmo de “Death Sentence”, “Bandits” ou “The Boondock Saints”. Felizmente – ou não -, esse boato nunca foi confirmado, não tendo muito provavelmente passado de pura especulação.
domingo, maio 29, 2011
sábado, maio 28, 2011
Maratona para colocar o blogue em dia
3 meses e 26 dias. Para ser mais exacto, 118 dias, 118 posts. Eis as "páginas" que tenho em falta para actualizar um diário há muito abandonado. O objectivo? Até segunda-feira, o mais tardar, ter o Cinema Notebook de volta ao normal, na data certa. Ainda está por aí alguém ou vai ser suar apenas para o ego?
sexta-feira, maio 27, 2011
quinta-feira, maio 26, 2011
Take - 2 Anos de Missões Impossíveis (VI/VI)
Num ano em que o futuro da Take passou de incógnita a miragem, de sonho individual a ilusão colectiva, aproveito esta altura conturbada do blogue para relembrar o trabalho fantástico que foi realizado desde a génese da revista até ao segundo aniversário da mesma, num artigo publicado na Take 22, de Março de 2010. Porque, aconteça o que acontecer de agora em diante, foi um orgulho enorme fazer parte deste projecto ambicioso e original.
Take - 2 Anos de Missões Impossíveis (VI/VI)
Os Passatempos e as Antestreias
Muitos foram e ainda são os passatempos que, em parceria com várias distribuidoras cinematográficas nacionais, disponibilizamos regularmente aos fiéis seguidores da Take. Pelas nossas páginas já passou de tudo um pouco: de dvds a cartazes, sem esquecer merchandising diverso e itens de coleccionismo, orgulhamo-nos de mais este esforço pelos nossos leitores, esforço esse que ocupa horas e horas que deveriam ser dedicadas à paginação da revista. Mas vocês merecem o melhor, daí que, em dois anos de Take, já tenhamos levado cerca de 4500 leitores da revista a antestreias exclusivas. O que representa cerca de 2250 convites duplos para quase 100 filmes apoiados pela nossa marca. Podem parecer apenas simples números, mas são na verdade quantidades que ganham uma nova dimensão se fizermos os seguintes cálculos: cada bilhete vale, hoje em dia, aproximadamente cinco euros. Se multiplicarmos esse valor por quatro mil e quinhentos leitores, chegamos à conclusão que já poupámos aos portugueses, em tempos de crise, vinte e dois mil e quinhentos euros (22.500€!). Muita fruta, como diria o outro.
Facebook e Newsletter
Muitos não se apercebem da sua importância, mas tanto o Facebook como a Newsletter são mecanismos essenciais para demonstrar a nossa força a potenciais parcerias. São as estatísticas de fidelidade que realmente contam, quando não podemos apresentar números de vendas como as revistas tradicionais. Se realmente gostam e se preocupam com a Take, não se esqueçam de registar em ambas as aplicações: não custa absolutamente nada e vale muito para nós. No Facebook, creio que não estarei a ser presunçoso se afirmar que somos mesmo um caso de sucesso. Senão, vejamos os números: neste momento que vos escrevo, contam-se cerca de 4300 fãs. Estamos longe, é verdade, dos 9000 da Empire mas muito perto dos 4700 da Total Film. De resto, mais nenhuma nos bate: as francesas Cahiers du Cinéma e Premiere contam com 3500 e 1400 respectivamente. A anglo-saxónica Filmmaker Magazine com 3400 também já foi ultrapassada e a Film Comment com 1350 há muito ficou para trás. As restantes internacionais que nos lembramos estão todas também a rondar o milhar. A Premiere portuguesa, com cerca de 500 seguidores, nem sequer entra na corrida, por falta de ligação com os fãs nesta aplicação. Isto tudo, na área das revistas de cinema. Em suma, somos a terceira revista cinematográfica do planeta com mais seguidores no Facebook, uma prova de que os nossos leitores são mesmo fantásticos. No que toca à imprensa nacional em geral, a tabela ao lado prova que estamos par a par com as melhores publicações portuguesas e bem acima de outras tantas. E, tal como afirmámos mal entrámos no Facebook, só paramos quando ultrapassarmos os quase 930 mil fãs do Topo Gigio.
O Futuro
A Deus pertence, dizem. Mas a minha convicção é a mesma agora em Fevereiro de 2010 que era em Fevereiro de 2008: o destino desta revista depende mais de vocês, leitores, do que nós, colaboradores. Porque o mercado tende a reagir às vossas necessidades e não aos nossos caprichos. Parece cliché, mas o futuro está mesmo nas vossas mãos.
Muitos foram e ainda são os passatempos que, em parceria com várias distribuidoras cinematográficas nacionais, disponibilizamos regularmente aos fiéis seguidores da Take. Pelas nossas páginas já passou de tudo um pouco: de dvds a cartazes, sem esquecer merchandising diverso e itens de coleccionismo, orgulhamo-nos de mais este esforço pelos nossos leitores, esforço esse que ocupa horas e horas que deveriam ser dedicadas à paginação da revista. Mas vocês merecem o melhor, daí que, em dois anos de Take, já tenhamos levado cerca de 4500 leitores da revista a antestreias exclusivas. O que representa cerca de 2250 convites duplos para quase 100 filmes apoiados pela nossa marca. Podem parecer apenas simples números, mas são na verdade quantidades que ganham uma nova dimensão se fizermos os seguintes cálculos: cada bilhete vale, hoje em dia, aproximadamente cinco euros. Se multiplicarmos esse valor por quatro mil e quinhentos leitores, chegamos à conclusão que já poupámos aos portugueses, em tempos de crise, vinte e dois mil e quinhentos euros (22.500€!). Muita fruta, como diria o outro.
Muitos não se apercebem da sua importância, mas tanto o Facebook como a Newsletter são mecanismos essenciais para demonstrar a nossa força a potenciais parcerias. São as estatísticas de fidelidade que realmente contam, quando não podemos apresentar números de vendas como as revistas tradicionais. Se realmente gostam e se preocupam com a Take, não se esqueçam de registar em ambas as aplicações: não custa absolutamente nada e vale muito para nós. No Facebook, creio que não estarei a ser presunçoso se afirmar que somos mesmo um caso de sucesso. Senão, vejamos os números: neste momento que vos escrevo, contam-se cerca de 4300 fãs. Estamos longe, é verdade, dos 9000 da Empire mas muito perto dos 4700 da Total Film. De resto, mais nenhuma nos bate: as francesas Cahiers du Cinéma e Premiere contam com 3500 e 1400 respectivamente. A anglo-saxónica Filmmaker Magazine com 3400 também já foi ultrapassada e a Film Comment com 1350 há muito ficou para trás. As restantes internacionais que nos lembramos estão todas também a rondar o milhar. A Premiere portuguesa, com cerca de 500 seguidores, nem sequer entra na corrida, por falta de ligação com os fãs nesta aplicação. Isto tudo, na área das revistas de cinema. Em suma, somos a terceira revista cinematográfica do planeta com mais seguidores no Facebook, uma prova de que os nossos leitores são mesmo fantásticos. No que toca à imprensa nacional em geral, a tabela ao lado prova que estamos par a par com as melhores publicações portuguesas e bem acima de outras tantas. E, tal como afirmámos mal entrámos no Facebook, só paramos quando ultrapassarmos os quase 930 mil fãs do Topo Gigio.
A Deus pertence, dizem. Mas a minha convicção é a mesma agora em Fevereiro de 2010 que era em Fevereiro de 2008: o destino desta revista depende mais de vocês, leitores, do que nós, colaboradores. Porque o mercado tende a reagir às vossas necessidades e não aos nossos caprichos. Parece cliché, mas o futuro está mesmo nas vossas mãos.
quarta-feira, maio 25, 2011
Take - 2 Anos de Missões Impossíveis (V/VI)
Num ano em que o futuro da Take passou de incógnita a miragem, de sonho individual a ilusão colectiva, aproveito esta altura conturbada do blogue para relembrar o trabalho fantástico que foi realizado desde a génese da revista até ao segundo aniversário da mesma, num artigo publicado na Take 22, de Março de 2010. Porque, aconteça o que acontecer de agora em diante, foi um orgulho enorme fazer parte deste projecto ambicioso e original.
Take - 2 Anos de Missões Impossíveis (V/VI)
As Entrevistas
Sejamos honestos: a Take não tem reputação nem credibilidade internacional para conseguir chegar aos grandes nomes do cinema mundial. Nem sequer, por vezes, a figuras de relevo do panorama cultural nacional. Mas o que para muitos poderia ser um problema, para nós representa uma oportunidade e um factor de motivação. Sabemos que precisamos de lutar muito mais do que os restantes meios para conseguir uma entrevista relevante, pois não dispomos sequer das mesmas armas. Mas fazemo-lo e não temos vergonha de tentar de todas as formas possíveis e imaginárias. Aprendemos a acatar e aceitar as tradicionais “negas”, bem como os habituais “silêncios”. Vejamos um qualquer caso em concreto, que demonstre o processo tradicional. O de “Seinfeld”, por exemplo. Pensámos em escrever um artigo sobre a série e para o completar queríamos uma entrevista com alguém relacionado com a mítica sitcom norte-americana. Como é natural, começamos por averiguar qual a disponibilidade do elenco principal. Em bom português, nenhum nos ligou “patavina”. Partimos para os secundários, como “Newman”. Tivemos uma primeira resposta, mas mal informámos que não poderíamos enviar uma cópia da revista posteriormente - tal como solicitado pela agente do actor - por sermos uma publicação online, nunca mais responderam de volta. E foi assim que nasceu a conversa com o “Nazi das Sopas”, uma personagem que se celebrizou num único episódio, mas que acabou por resultar num diálogo tão ou mais interessante do que se tivéssemos tido sorte com alguma das estrelas do elenco. É verdade que poderíamos facilmente arranjar ou comprar entrevistas com grandes nomes ao preço da chuva para tradução. Mas não teria piada nenhuma. Assim, vamos tentando chegar a quem queremos, mesmo sabendo que em cada dez tentativas, apenas uma acabará nas páginas da Take. Mas essa será fruto do nosso esforço e dedicação. E esse sabor de vitória é único e não tem preço. E, para terminar, caros amigos leitores, se algum de vocês tiver sugestões para entrevistas, de ídolos de infância hoje incógnitos ou figuras que não estejam tão protegidas pelo “sistema”, atirem-nas para o nosso e-mail. Teremos todo o gosto em tentar chegar até eles, tal como já o fizemos com vários pedidos que chegaram até nós no passado.
Os Festivais
Desde o início que tentamos que não nos passe ao lado um único festival cinematográfico que ocorra em Portugal. Dos mais conceituados – Indielisboa ou Fantasporto – aos mais pequenos, temáticos, intímos e muitas vezes ignorados pelos restantes meios de comunicação social, a Take faz, sempre que possível, questão de marcar presença e divulgar todos os festivais de cinema nacionais. A palavra chave é mesmo “todos”, daí que faça sentido referi-los a “todos” neste parágrafo. Assim, ao longo destes dois anos fomos Media Partners de festivais tão diversos como o Douro Film Harvest, o Festroia, o Curtas de Vila do Conde, o Hola Lisboa, o Ciclo de Cinema Espanhol, a Festa do Cinema Italiano, o Porto 7, o Black & White, o Festival Internacional de Cinema de Artes Performativas, o Queer Lisboa, o 1as! - Lisbon Film & Video Arts Fest, o Anima-te!, o Monstra, o Estoril Film Festival, o ONcine - Festival de Cinema Independente de Sesimbra e o Motelx – Festival de Terror de Lisboa, sendo que com este último alargamos a parceria a passatempos com oferta de entradas e cartazes. Outros festivais, por vezes por razões estranhas, desconhecidas ou por mera falta de oportunidade, outras vezes devido a já terem parceiros media mais fortes no que concerne à visibilidade e à divulgação dos seus eventos, acabam por não se interessar em fechar esse tipo de parcerias connosco. No entanto, nem esses escapam à nossa cobertura, como foram os casos do IndieLisboa, do Doc Lisboa, do Fantasporto, da Festa do Cinema Francês, da Mostra de Cinema Brasileiro e da Festa de Cinema Periférico. Referidos tantos festivais neste parágrafo, levanta-se a questão: o leitor não fazia ideia que Portugal oferecia tantas oportunidades de conhecer novos mercados, novos géneros e tantos profissionais da área como oferece, pois não? Porque a diversidade existe não só no cinema, mas nos festivais que o promovem. Porque qualquer festival é a celebração da magia do cinema. Porque até um imaginário mas, quem sabe, um dia possível Festival dos Piores Filmes do Mundo teria o seu interesse. Pelo convívio, pelo cinema. Porque é preciso conhecer o mau para saber apreciar o bom.
Sejamos honestos: a Take não tem reputação nem credibilidade internacional para conseguir chegar aos grandes nomes do cinema mundial. Nem sequer, por vezes, a figuras de relevo do panorama cultural nacional. Mas o que para muitos poderia ser um problema, para nós representa uma oportunidade e um factor de motivação. Sabemos que precisamos de lutar muito mais do que os restantes meios para conseguir uma entrevista relevante, pois não dispomos sequer das mesmas armas. Mas fazemo-lo e não temos vergonha de tentar de todas as formas possíveis e imaginárias. Aprendemos a acatar e aceitar as tradicionais “negas”, bem como os habituais “silêncios”. Vejamos um qualquer caso em concreto, que demonstre o processo tradicional. O de “Seinfeld”, por exemplo. Pensámos em escrever um artigo sobre a série e para o completar queríamos uma entrevista com alguém relacionado com a mítica sitcom norte-americana. Como é natural, começamos por averiguar qual a disponibilidade do elenco principal. Em bom português, nenhum nos ligou “patavina”. Partimos para os secundários, como “Newman”. Tivemos uma primeira resposta, mas mal informámos que não poderíamos enviar uma cópia da revista posteriormente - tal como solicitado pela agente do actor - por sermos uma publicação online, nunca mais responderam de volta. E foi assim que nasceu a conversa com o “Nazi das Sopas”, uma personagem que se celebrizou num único episódio, mas que acabou por resultar num diálogo tão ou mais interessante do que se tivéssemos tido sorte com alguma das estrelas do elenco. É verdade que poderíamos facilmente arranjar ou comprar entrevistas com grandes nomes ao preço da chuva para tradução. Mas não teria piada nenhuma. Assim, vamos tentando chegar a quem queremos, mesmo sabendo que em cada dez tentativas, apenas uma acabará nas páginas da Take. Mas essa será fruto do nosso esforço e dedicação. E esse sabor de vitória é único e não tem preço. E, para terminar, caros amigos leitores, se algum de vocês tiver sugestões para entrevistas, de ídolos de infância hoje incógnitos ou figuras que não estejam tão protegidas pelo “sistema”, atirem-nas para o nosso e-mail. Teremos todo o gosto em tentar chegar até eles, tal como já o fizemos com vários pedidos que chegaram até nós no passado.
Desde o início que tentamos que não nos passe ao lado um único festival cinematográfico que ocorra em Portugal. Dos mais conceituados – Indielisboa ou Fantasporto – aos mais pequenos, temáticos, intímos e muitas vezes ignorados pelos restantes meios de comunicação social, a Take faz, sempre que possível, questão de marcar presença e divulgar todos os festivais de cinema nacionais. A palavra chave é mesmo “todos”, daí que faça sentido referi-los a “todos” neste parágrafo. Assim, ao longo destes dois anos fomos Media Partners de festivais tão diversos como o Douro Film Harvest, o Festroia, o Curtas de Vila do Conde, o Hola Lisboa, o Ciclo de Cinema Espanhol, a Festa do Cinema Italiano, o Porto 7, o Black & White, o Festival Internacional de Cinema de Artes Performativas, o Queer Lisboa, o 1as! - Lisbon Film & Video Arts Fest, o Anima-te!, o Monstra, o Estoril Film Festival, o ONcine - Festival de Cinema Independente de Sesimbra e o Motelx – Festival de Terror de Lisboa, sendo que com este último alargamos a parceria a passatempos com oferta de entradas e cartazes. Outros festivais, por vezes por razões estranhas, desconhecidas ou por mera falta de oportunidade, outras vezes devido a já terem parceiros media mais fortes no que concerne à visibilidade e à divulgação dos seus eventos, acabam por não se interessar em fechar esse tipo de parcerias connosco. No entanto, nem esses escapam à nossa cobertura, como foram os casos do IndieLisboa, do Doc Lisboa, do Fantasporto, da Festa do Cinema Francês, da Mostra de Cinema Brasileiro e da Festa de Cinema Periférico. Referidos tantos festivais neste parágrafo, levanta-se a questão: o leitor não fazia ideia que Portugal oferecia tantas oportunidades de conhecer novos mercados, novos géneros e tantos profissionais da área como oferece, pois não? Porque a diversidade existe não só no cinema, mas nos festivais que o promovem. Porque qualquer festival é a celebração da magia do cinema. Porque até um imaginário mas, quem sabe, um dia possível Festival dos Piores Filmes do Mundo teria o seu interesse. Pelo convívio, pelo cinema. Porque é preciso conhecer o mau para saber apreciar o bom.
terça-feira, maio 24, 2011
Take - 2 Anos de Missões Impossíveis (IV/VI)
Num ano em que o futuro da Take passou de incógnita a miragem, de sonho individual a ilusão colectiva, aproveito esta altura conturbada do blogue para relembrar o trabalho fantástico que foi realizado desde a génese da revista até ao segundo aniversário da mesma, num artigo publicado na Take 22, de Março de 2010. Porque, aconteça o que acontecer de agora em diante, foi um orgulho enorme fazer parte deste projecto ambicioso e original.
Take - 2 Anos de Missões Impossíveis (IV/VI)
A Take nos Media
Que seja do nosso conhecimento, na televisão a Take já foi estrela na RTP, na rubrica Dicas de Internet, do jornalista Daniel Catalão; na SIC Radical, onde eu e o José Soares fomos convidados a apresentar o projecto no programa Curto Circuito; e, mais recentemente, na Benfica TV, onde a convite da Castello Lopes Multimédia eu e o Filipe Lopes participámos num debate de uma hora sobre X-Men Origens: Wolverine. Como tanto apregoamos, toda a divulgação é bem-vinda, pelo que nos agarramos sempre com unhas e dentes a qualquer oportunidade do género que surja. Na imprensa escrita, o destaque natural vai para um artigo de página completa do jornal I no passado dia 23 de Julho, com o título “Quem paga uma revista gratuita na Net?”. O impacto não foi o esperado – tanto a nível de visitas como de contactos posteriores – mas, do mal o menos, serviu certamente para dar a conhecer a revista a mais alguns cinéfilos distraídos. E, como diz o ditado, grão a grão enche a galinha o papo. Depois, umas referências aqui e ali – a mais engraçada e inesperada foi sem dúvida a da Maxmen no seu famoso quadrante de tendências –, suficientes para massajar o ego mas incapazes de nos levar para o próximo nível. As portas da nossa casa continuam abertas a mais convites e o sonho de a Take colaborar numa secção/rubrica/programa regular em qualquer formato (TV, rádio ou imprensa) que, não só nos promova mas também nos credibilize, ainda está vivo. Quem sabe, um dia.
José Soares
Ele não gosta de dar nas vistas, nem que eu o refira e elogie constantemente nos meus editoriais. Mas fazer um artigo destes sem lhe dedicar um parágrafo seria um crime. José Soares é, como já disse anteriormente, director, fotógrafo, ilustrador, paginador, “passatempista”, relações públicas e tudo o mais que é preciso de vez em quando. Mentor e fundador da Take, José Soares é pedra fulcral na existência da revista e o único insubstituível nesta equipa fantástica. Muitas foram e ainda continuam a ser as madrugadas em claro e os problemas de cariz profissional e pessoal que o atormentam para conseguir, mês após mês, lançar uma nova edição desta revista. Mas, por mais que lhe custe, José não desiste. Incansável, dono e senhor de um coração gigantesco – não gosta de arranjar problemas com ninguém, por mais sapos que por vezes tenha que engolir, ao contrário deste que vos escreve que não está aqui para fazer amigos -, “Zeavy” já fez mais pela cultura e pelo cinema neste país que muitos que por aí se vangloriam de serem “especiais” neste ramo. José Soares dá cinema há dois anos e não se importa de pouco receber em troca. Tivessem todos a sua humildade e vontade, e este seria um mercado diferente. Para melhor.
Uma Equipa Fantástica
Porque só mesmo uma equipa assim conseguiria assegurar todos os conteúdos necessários durante vinte e quatro meses. Os necessários – críticas, dvds, secções fixas, entre outros - e os que surgem por iniciativa própria, como os artigos criativos ou biográficos. Nem sempre tudo é perfeito e raramente se cumprem os prazos estabelecidos, é verdade. É o problema deste formato de organização virtual e de sermos uma equipa de muitos colaboradores: basta um atrasar-se e o trabalho de todos os outros fica também pendente. Pouco se pode fazer e reclamar seria mal educado; é que é bom relembrar que todos trabalham de graça, por uma causa, por uma camisola. Quem se pode queixar quando é este o espírito que paira no ar? Ninguém. É verdade que aos poucos temos tentado reduzir o número de colaboradores, formando cada vez mais uma “task force” de confiança que concentre em si grande parte do trabalho. A experiência diz-nos que isso resolverá alguns problemas de organização, se bem que temos noção que poderá também cortar as vasas à criatividade. É uma fase. Mas não deixamos de recrutar todos aqueles que se mostram disponíveis para fazer parte deste projecto e dão provas que podem ser úteis para a revista e não apenas mais um peso pesado no frágil barco. Engraçadas são as candidaturas que recebemos para estágios profissionais e/ou que referem renumerações. Escusado será dizer que são colocadas logo de parte: quem não conhece a história e o contexto deste projecto, não merece sequer ser incluído nos seus quadros. Depois há os outros, cheios de vontade em entrar, mas que quando são chateados com um pedido de dois ou três textos de teste, para avaliarmos as suas qualidades de escrita e criatividade, nunca mais respondem. É preciso ter mais que vontade, é preciso ter a noção de que, todos os meses sem excepção (a não ser por razões pessoais/profissionais ocasionais, obviamente), há que estar disponível para dar o corpo às balas e perder várias horas a escrever mesmo sobre assuntos ou filmes pelos quais podemos não ter grande interesse. Porque todos os buracos têm que ser tapados. Por isso, se querem fazer parte desta equipa, já sabem: em vez de mandarem currículos todos bonitos com experiências profissionais e académicas, enviem-nos antes artigos, críticas e trabalhos nesta área da vossa autoria. Algo que nos prove que sabem escrever sobre cinema e que são polivalentes. Se tiverem um blogue que ainda para mais prove que são escribas regulares, melhor ainda. Falo em blogue porque foi da blogosfera cinéfila que quase todos os actuais colaboradores foram recrutados de início. Blogue após blogue, vários foram os blogueiros analisados. E, pelos vistos, bem analisados, pois provaram ser pau para toda a obra, ainda hoje. Não refiro nomes, uma vez mais, para não ser injusto para os olvidados. A todos eles, os que ainda cá estão e os que já partiram, o meu muito obrigado.
Que seja do nosso conhecimento, na televisão a Take já foi estrela na RTP, na rubrica Dicas de Internet, do jornalista Daniel Catalão; na SIC Radical, onde eu e o José Soares fomos convidados a apresentar o projecto no programa Curto Circuito; e, mais recentemente, na Benfica TV, onde a convite da Castello Lopes Multimédia eu e o Filipe Lopes participámos num debate de uma hora sobre X-Men Origens: Wolverine. Como tanto apregoamos, toda a divulgação é bem-vinda, pelo que nos agarramos sempre com unhas e dentes a qualquer oportunidade do género que surja. Na imprensa escrita, o destaque natural vai para um artigo de página completa do jornal I no passado dia 23 de Julho, com o título “Quem paga uma revista gratuita na Net?”. O impacto não foi o esperado – tanto a nível de visitas como de contactos posteriores – mas, do mal o menos, serviu certamente para dar a conhecer a revista a mais alguns cinéfilos distraídos. E, como diz o ditado, grão a grão enche a galinha o papo. Depois, umas referências aqui e ali – a mais engraçada e inesperada foi sem dúvida a da Maxmen no seu famoso quadrante de tendências –, suficientes para massajar o ego mas incapazes de nos levar para o próximo nível. As portas da nossa casa continuam abertas a mais convites e o sonho de a Take colaborar numa secção/rubrica/programa regular em qualquer formato (TV, rádio ou imprensa) que, não só nos promova mas também nos credibilize, ainda está vivo. Quem sabe, um dia.
Ele não gosta de dar nas vistas, nem que eu o refira e elogie constantemente nos meus editoriais. Mas fazer um artigo destes sem lhe dedicar um parágrafo seria um crime. José Soares é, como já disse anteriormente, director, fotógrafo, ilustrador, paginador, “passatempista”, relações públicas e tudo o mais que é preciso de vez em quando. Mentor e fundador da Take, José Soares é pedra fulcral na existência da revista e o único insubstituível nesta equipa fantástica. Muitas foram e ainda continuam a ser as madrugadas em claro e os problemas de cariz profissional e pessoal que o atormentam para conseguir, mês após mês, lançar uma nova edição desta revista. Mas, por mais que lhe custe, José não desiste. Incansável, dono e senhor de um coração gigantesco – não gosta de arranjar problemas com ninguém, por mais sapos que por vezes tenha que engolir, ao contrário deste que vos escreve que não está aqui para fazer amigos -, “Zeavy” já fez mais pela cultura e pelo cinema neste país que muitos que por aí se vangloriam de serem “especiais” neste ramo. José Soares dá cinema há dois anos e não se importa de pouco receber em troca. Tivessem todos a sua humildade e vontade, e este seria um mercado diferente. Para melhor.
Porque só mesmo uma equipa assim conseguiria assegurar todos os conteúdos necessários durante vinte e quatro meses. Os necessários – críticas, dvds, secções fixas, entre outros - e os que surgem por iniciativa própria, como os artigos criativos ou biográficos. Nem sempre tudo é perfeito e raramente se cumprem os prazos estabelecidos, é verdade. É o problema deste formato de organização virtual e de sermos uma equipa de muitos colaboradores: basta um atrasar-se e o trabalho de todos os outros fica também pendente. Pouco se pode fazer e reclamar seria mal educado; é que é bom relembrar que todos trabalham de graça, por uma causa, por uma camisola. Quem se pode queixar quando é este o espírito que paira no ar? Ninguém. É verdade que aos poucos temos tentado reduzir o número de colaboradores, formando cada vez mais uma “task force” de confiança que concentre em si grande parte do trabalho. A experiência diz-nos que isso resolverá alguns problemas de organização, se bem que temos noção que poderá também cortar as vasas à criatividade. É uma fase. Mas não deixamos de recrutar todos aqueles que se mostram disponíveis para fazer parte deste projecto e dão provas que podem ser úteis para a revista e não apenas mais um peso pesado no frágil barco. Engraçadas são as candidaturas que recebemos para estágios profissionais e/ou que referem renumerações. Escusado será dizer que são colocadas logo de parte: quem não conhece a história e o contexto deste projecto, não merece sequer ser incluído nos seus quadros. Depois há os outros, cheios de vontade em entrar, mas que quando são chateados com um pedido de dois ou três textos de teste, para avaliarmos as suas qualidades de escrita e criatividade, nunca mais respondem. É preciso ter mais que vontade, é preciso ter a noção de que, todos os meses sem excepção (a não ser por razões pessoais/profissionais ocasionais, obviamente), há que estar disponível para dar o corpo às balas e perder várias horas a escrever mesmo sobre assuntos ou filmes pelos quais podemos não ter grande interesse. Porque todos os buracos têm que ser tapados. Por isso, se querem fazer parte desta equipa, já sabem: em vez de mandarem currículos todos bonitos com experiências profissionais e académicas, enviem-nos antes artigos, críticas e trabalhos nesta área da vossa autoria. Algo que nos prove que sabem escrever sobre cinema e que são polivalentes. Se tiverem um blogue que ainda para mais prove que são escribas regulares, melhor ainda. Falo em blogue porque foi da blogosfera cinéfila que quase todos os actuais colaboradores foram recrutados de início. Blogue após blogue, vários foram os blogueiros analisados. E, pelos vistos, bem analisados, pois provaram ser pau para toda a obra, ainda hoje. Não refiro nomes, uma vez mais, para não ser injusto para os olvidados. A todos eles, os que ainda cá estão e os que já partiram, o meu muito obrigado.
segunda-feira, maio 23, 2011
domingo, maio 22, 2011
Take - 2 Anos de Missões Impossíveis (III/VI)
Num ano em que o futuro da Take passou de incógnita a miragem, de sonho individual a ilusão colectiva, aproveito esta altura conturbada do blogue para relembrar o trabalho fantástico que foi realizado desde a génese da revista até ao segundo aniversário da mesma, num artigo publicado na Take 22, de Março de 2010. Porque, aconteça o que acontecer de agora em diante, foi um orgulho enorme fazer parte deste projecto ambicioso e original.
Take - 2 Anos de Missões Impossíveis (III/VI)
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Não a temos agora nem nunca a tivemos no passado. Não por casmurrice, não por uma qualquer ideologia pateta, mas porque nunca soubemos nem tentámos entrar nesse mundo, com medo de nos vermos presos a responsabilidades de timings e publicações garantidas, algo que, num formato de trabalho como o nosso, não poderia nunca ficar preto no branco. Pode parecer mentira, mas cada número da Take é uma vitória. Nunca há certezas se a próxima edição será no mês seguinte ou dois meses depois, bimensal. Mas a triste e dura verdade é que nos custa olhar para outras publicações online que aparecem a toda a hora – e pouco depois desaparecem, por serem apenas mais uma -, certamente com estatísticas de visitas aberrantes quando comparadas com as nossas, terem, desde o seu primeiro número, toneladas de publicidade. Páginas e páginas que provavelmente valem muito dinheiro, ainda para mais quando não há custos de impressão e distribuição associados. Resultado disso, muitos nos dizem que é uma estupidez estarmos há dois anos sem aproveitar e rentabilizar o nosso produto. Talvez seja. Mas como pedir a quem já faz de director, fotógrafo, ilustrador, paginador, “passatempista” (e se vocês soubessem o trabalho e o tempo que cada passatempo rouba, davam em doidos), entre muitas outras funções, que ainda se preocupe com contactos comerciais? Não dá para mais. Há por aí algum expert na área, com os contactos certos, que queira ficar com uma percentagem dos lucros da publicidade na revista e tratar do assunto sozinho? Oferecemos, de borla, o cargo de director comercial da Take. Ordenado zero. Contrato por objectivos? Aliciante.
Editor Desaparecido
Tinha acabado de sair a Take 6, de Agosto de 2008, com o meigo Wall-E na capa. Estava na altura de começar a fechar os conteúdos da edição seguinte. Bruno Ramos, também conhecido como Alvy Singer na blogosfera cinematográfica nacional, era o nosso fiel editor desde o primeiro número da revista, dono de um talento único em tão jovem idade para escrever de forma apaixonada e erudita sobre cinema. Os e-mails entre director e editor não eram respondidos e os telefonemas estranhamente não eram atendidos nem as chamadas respondidas de volta. O que se passaria com o Bruno? Estaria doente ou fora do país? Uma coisa era certa, a Take não podia parar, pelo que o director me pediu para pegar no leme e organizar a edição de Setembro. No entanto, a resposta da ausência de Alvy poucas semanas depois foi clara para nós: a Premiere estava de volta às bancas nacionais e o nosso antigo editor era um dos novos colaboradores da histórica revista. Para nós, tudo bem, a mudança era mais do que natural e o convite certamente tentador e irresistível. Numa divertida analogia, era tal e qual a transferência recente de João Pereira do Braga para o Sporting. O Braga é que era o líder do campeonato, com mais de uma dezena de pontos de avanço para o Sporting, mas o clube de Alvalade não deixa de ser um grande, certamente com melhores condições e com mais projecção para a sua escrita. Aliás, para nós, era até uma prova de que o seu trabalho na Take era admirado e respeitado pelo meio que nos rodeia, de uma qualidade ímpar em Portugal. Era na Take e é hoje na Premiere, onde Bruno é crítico, é Criswell, escreve antevisões, actualiza sozinho o blogue e orquestra os melhores artigos originais da revista. Ele, sozinho, é meia Premiere, tal como antes era meia Take. Mas Bruno, se nos lês agora, não era preciso rescindir contrato, ou seja, sair em silêncio total. Nós teríamos percebido e sido os primeiros a desejar-te a melhor sorte do mundo nessa tua nova aventura. E em jeito de provocação, caro amigo, perdemos um grande jogador, mas o Braga continua à frente do Sporting.
Premiere: Concorrência?
Não. De uma vez por todas, não. É sim, uma alternativa. Uma alternativa de qualidade. Uma revista com alguns colaboradores fantásticos que escrevem sobre cinema como poucos em Portugal. Não refiro nomes, pois seria certamente injusto para outros que ficariam de fora por raramente ter lido na revista algo deles. E é exactamente isso que sempre nos chateou na Premiere: a linha editorial de José Vieira Mendes prefere traduzir o que vem de fora em vez de puxar pelo talento dos que habitam na sua ficha técnica. Mês após mês, quase todos os artigos de fundo são escritos por estrangeiros – na sua maioria da congénere espanhola Fotogramas. Se a tradução de entrevistas era completamente compreensível, para quê ter uma equipa de geniais escribas se bastava um par de bons tradutores? E, caros amigos da suposta “concorrência”, se sequer nos damos ao trabalho de vos dar atenção neste artigo que comemora o nosso, repito, o nosso aniversário, é porque queremos o vosso bem. Honestamente. Mais e melhor de vocês por uma revista de cinema ao nível das melhores que existem por essa Europa fora. Para o vosso bem, mas também para o bem de todos nós, cinéfilos portugueses que acreditamos que não somos assim tão pequenos e insignificantes. Tão plantados à beira-mar que nem sequer conseguimos ter algo verdadeiramente original, criativo, interessante e/ou divertido escrito por nós, portugueses. Porque, pelo menos para nós na Take, a piada está aí mesmo: entrevistar uma qualquer estrela e perguntar-lhe o que bem nos apetece, seja essa barbaridade o que lhes vêm à cabeça quando pensam em Portugal ou uma paixoneta cinematográfica que tiveram enquanto miúdos. Ou fazer um “top 10” ou um qualquer outro artigo criativo e colocar lá os filmes que nós verdadeiramente achamos que merecem lá constar, e não os que um espanhol qualquer achou na sua cabeça que lá deviam estar. Por alguma razão, todos os leitores da revista adoram a rubrica do Criswell desde sempre. Porque é a mais honesta, original e, acima de tudo, autêntica. Porque é de um cinéfilo português para outro. Depois existem outras questões: com tantos realizadores históricos em Portugal, como é possível que a única revista portuguesa de cinema no mercado nunca tenha feito uma entrevista de fundo com nenhum deles, oferecendo-lhes honras de capa e várias páginas no seu interior? Como é que Manoel de Oliveira é capa lá fora mas nunca o foi na única revista portuguesa de cinema? A resposta é dura mas merece ser dita: a entrevista não vem de Espanha ou de outro país qualquer para traduzir. Acreditem, não dizemos isto para vos provocar ou por pura má-língua. Escrevemos isto sim para vos espicaçar. E de uma vez por todas, aos nossos leitores, a Premiere não é nossa concorrente, pelo que o nosso objectivo não é ser melhor ou pior que a Premiere. É sim ser uma alternativa. Revistas como a nossa, adoraríamos que aparecessem muitas mais. Nas bancas ou online. Não olhamos para ninguém como concorrência, até porque não acreditamos que um cinéfilo que se preze escolha entre revistas. Creio que todos nós na Take compramos a Premiere religiosamente mês após mês. Outros, como eu, ainda trazemos para casa a Empire, a Total Film, a Sight&Sound e a Film Comment sempre que as encontramos. Porque uma revista de cinema não é como um clube de futebol. Cinéfilo que se preze, gosta de todas e de todas elas espera o melhor. Quantas mais melhor. E quanto melhores elas forem, perdoem-me a redundância, melhor ainda.
Não a temos agora nem nunca a tivemos no passado. Não por casmurrice, não por uma qualquer ideologia pateta, mas porque nunca soubemos nem tentámos entrar nesse mundo, com medo de nos vermos presos a responsabilidades de timings e publicações garantidas, algo que, num formato de trabalho como o nosso, não poderia nunca ficar preto no branco. Pode parecer mentira, mas cada número da Take é uma vitória. Nunca há certezas se a próxima edição será no mês seguinte ou dois meses depois, bimensal. Mas a triste e dura verdade é que nos custa olhar para outras publicações online que aparecem a toda a hora – e pouco depois desaparecem, por serem apenas mais uma -, certamente com estatísticas de visitas aberrantes quando comparadas com as nossas, terem, desde o seu primeiro número, toneladas de publicidade. Páginas e páginas que provavelmente valem muito dinheiro, ainda para mais quando não há custos de impressão e distribuição associados. Resultado disso, muitos nos dizem que é uma estupidez estarmos há dois anos sem aproveitar e rentabilizar o nosso produto. Talvez seja. Mas como pedir a quem já faz de director, fotógrafo, ilustrador, paginador, “passatempista” (e se vocês soubessem o trabalho e o tempo que cada passatempo rouba, davam em doidos), entre muitas outras funções, que ainda se preocupe com contactos comerciais? Não dá para mais. Há por aí algum expert na área, com os contactos certos, que queira ficar com uma percentagem dos lucros da publicidade na revista e tratar do assunto sozinho? Oferecemos, de borla, o cargo de director comercial da Take. Ordenado zero. Contrato por objectivos? Aliciante.
Tinha acabado de sair a Take 6, de Agosto de 2008, com o meigo Wall-E na capa. Estava na altura de começar a fechar os conteúdos da edição seguinte. Bruno Ramos, também conhecido como Alvy Singer na blogosfera cinematográfica nacional, era o nosso fiel editor desde o primeiro número da revista, dono de um talento único em tão jovem idade para escrever de forma apaixonada e erudita sobre cinema. Os e-mails entre director e editor não eram respondidos e os telefonemas estranhamente não eram atendidos nem as chamadas respondidas de volta. O que se passaria com o Bruno? Estaria doente ou fora do país? Uma coisa era certa, a Take não podia parar, pelo que o director me pediu para pegar no leme e organizar a edição de Setembro. No entanto, a resposta da ausência de Alvy poucas semanas depois foi clara para nós: a Premiere estava de volta às bancas nacionais e o nosso antigo editor era um dos novos colaboradores da histórica revista. Para nós, tudo bem, a mudança era mais do que natural e o convite certamente tentador e irresistível. Numa divertida analogia, era tal e qual a transferência recente de João Pereira do Braga para o Sporting. O Braga é que era o líder do campeonato, com mais de uma dezena de pontos de avanço para o Sporting, mas o clube de Alvalade não deixa de ser um grande, certamente com melhores condições e com mais projecção para a sua escrita. Aliás, para nós, era até uma prova de que o seu trabalho na Take era admirado e respeitado pelo meio que nos rodeia, de uma qualidade ímpar em Portugal. Era na Take e é hoje na Premiere, onde Bruno é crítico, é Criswell, escreve antevisões, actualiza sozinho o blogue e orquestra os melhores artigos originais da revista. Ele, sozinho, é meia Premiere, tal como antes era meia Take. Mas Bruno, se nos lês agora, não era preciso rescindir contrato, ou seja, sair em silêncio total. Nós teríamos percebido e sido os primeiros a desejar-te a melhor sorte do mundo nessa tua nova aventura. E em jeito de provocação, caro amigo, perdemos um grande jogador, mas o Braga continua à frente do Sporting.
Não. De uma vez por todas, não. É sim, uma alternativa. Uma alternativa de qualidade. Uma revista com alguns colaboradores fantásticos que escrevem sobre cinema como poucos em Portugal. Não refiro nomes, pois seria certamente injusto para outros que ficariam de fora por raramente ter lido na revista algo deles. E é exactamente isso que sempre nos chateou na Premiere: a linha editorial de José Vieira Mendes prefere traduzir o que vem de fora em vez de puxar pelo talento dos que habitam na sua ficha técnica. Mês após mês, quase todos os artigos de fundo são escritos por estrangeiros – na sua maioria da congénere espanhola Fotogramas. Se a tradução de entrevistas era completamente compreensível, para quê ter uma equipa de geniais escribas se bastava um par de bons tradutores? E, caros amigos da suposta “concorrência”, se sequer nos damos ao trabalho de vos dar atenção neste artigo que comemora o nosso, repito, o nosso aniversário, é porque queremos o vosso bem. Honestamente. Mais e melhor de vocês por uma revista de cinema ao nível das melhores que existem por essa Europa fora. Para o vosso bem, mas também para o bem de todos nós, cinéfilos portugueses que acreditamos que não somos assim tão pequenos e insignificantes. Tão plantados à beira-mar que nem sequer conseguimos ter algo verdadeiramente original, criativo, interessante e/ou divertido escrito por nós, portugueses. Porque, pelo menos para nós na Take, a piada está aí mesmo: entrevistar uma qualquer estrela e perguntar-lhe o que bem nos apetece, seja essa barbaridade o que lhes vêm à cabeça quando pensam em Portugal ou uma paixoneta cinematográfica que tiveram enquanto miúdos. Ou fazer um “top 10” ou um qualquer outro artigo criativo e colocar lá os filmes que nós verdadeiramente achamos que merecem lá constar, e não os que um espanhol qualquer achou na sua cabeça que lá deviam estar. Por alguma razão, todos os leitores da revista adoram a rubrica do Criswell desde sempre. Porque é a mais honesta, original e, acima de tudo, autêntica. Porque é de um cinéfilo português para outro. Depois existem outras questões: com tantos realizadores históricos em Portugal, como é possível que a única revista portuguesa de cinema no mercado nunca tenha feito uma entrevista de fundo com nenhum deles, oferecendo-lhes honras de capa e várias páginas no seu interior? Como é que Manoel de Oliveira é capa lá fora mas nunca o foi na única revista portuguesa de cinema? A resposta é dura mas merece ser dita: a entrevista não vem de Espanha ou de outro país qualquer para traduzir. Acreditem, não dizemos isto para vos provocar ou por pura má-língua. Escrevemos isto sim para vos espicaçar. E de uma vez por todas, aos nossos leitores, a Premiere não é nossa concorrente, pelo que o nosso objectivo não é ser melhor ou pior que a Premiere. É sim ser uma alternativa. Revistas como a nossa, adoraríamos que aparecessem muitas mais. Nas bancas ou online. Não olhamos para ninguém como concorrência, até porque não acreditamos que um cinéfilo que se preze escolha entre revistas. Creio que todos nós na Take compramos a Premiere religiosamente mês após mês. Outros, como eu, ainda trazemos para casa a Empire, a Total Film, a Sight&Sound e a Film Comment sempre que as encontramos. Porque uma revista de cinema não é como um clube de futebol. Cinéfilo que se preze, gosta de todas e de todas elas espera o melhor. Quantas mais melhor. E quanto melhores elas forem, perdoem-me a redundância, melhor ainda.
sábado, maio 21, 2011
Take - 2 Anos de Missões Impossíveis (II/VI)
Num ano em que o futuro da Take passou de incógnita a miragem, de sonho individual a ilusão colectiva, aproveito esta altura conturbada do blogue para relembrar o trabalho fantástico que foi realizado desde a génese da revista até ao segundo aniversário da mesma, num artigo publicado na Take 22, de Março de 2010. Porque, aconteça o que acontecer de agora em diante, foi um orgulho enorme fazer parte deste projecto ambicioso e original.
Take - 2 Anos de Missões Impossíveis (II/VI)
Feedback Inicial
Vários foram os e-mails que recebemos a congratular o nascimento de uma nova publicação cinematográfica nacional, mesmo que online, depois dos cinéfilos portugueses terem ficado órfãos da única revista que existia em papel. Muitos desses perguntavam o porquê da opção digital. A resposta era simples: não era uma opção mas a única alternativa. Muitos pensavam – e muitos ainda hoje pensam, como denotamos através das divertidas candidaturas de colaboradores a estágios profissionais – que se tratava de um projecto profissional, com uma redacção física e uma empresa por detrás. Para nós, isso era um sinal de que o trabalho tinha sido bem feito e era tomado como algo sério. Mesmo com as fracas estatísticas de visitantes – a divulgação não foi a que esperávamos, já que a imprensa nacional parecia, ao contrário dos cinéfilos, não levar a Take a sério -, esse feedback foi mais do que suficiente para prosseguirmos com a revista. Se para o número zero, que não passava de um teste, éramos menos de dez, havia necessidade agora de convidar mais colaboradores e de criar métodos de trabalho e organização que não envolvessem tantos telefonemas, atrasos, confusões e reuniões desfalcadas.
A Organização do Trabalho
Vamos ter que abrir mão de muitos segredos neste parágrafo, mas vocês merecem. No início havia as dezenas de chamadas mensais do director José Soares para os colaboradores e as centenas de e-mails para combinar quem escrevia o quê e que ideias, capas, artigos e entrevistas eram sugeridos. As tentativas de reuniões colectivas saiam, naturalmente, sempre furadas: todos nós tínhamos a nossa vida profissional ou universitária e nem todos eram de Lisboa. Em suma, era impossível juntar mais do que quatro ou cinco colaboradores num encontro. E quando isto acontecia, já não era nada mau. Saudosos – mas não mais do que isso - os tempos em que no seu caderninho de notas, José Soares escrevia nestes encontros quem ficava responsável por artigo X ou crítica Y. Uma alternativa viável de organização era fundamental para o futuro da revista. E eis que decidimos começar a usar as potencialidades do Google Documents, um ficheiro facilmente partilhado por todos os colaboradores, que permite fazer tudo isto e mais alguma coisa de modo rápido e simples. Dos prazos, aos visionamentos ou às indisponibilidades, tudo começou a passar por ali. Hoje em dia, os únicos encontros que ainda se mantém são entre mim e o José Soares, e os assuntos raramente tocam em questões relacionadas com o conteúdo de edições vindouras. Falamos sim de ideias, projectos, novos colaboradores e possibilidades que permitam à Take continuar a inovar e a crescer de número para número. O local, esse, é sempre o mesmo, talvez pela sua localização favorável, mística ou... pelos deliciosos hambúrgueres que lá são cozinhados. O restaurante dos Cinemas Medeia Monumental são a nossa sede, a nossa sala de reuniões com qualquer colaborador ou cinéfilo interessado em propor-nos algo. Um templo de culto até agora secreto. Companheiros dos pineapple burgers, está na hora de nos darem umas borlas pela publicidade gratuita que acabámos de fazer.
Vários foram os e-mails que recebemos a congratular o nascimento de uma nova publicação cinematográfica nacional, mesmo que online, depois dos cinéfilos portugueses terem ficado órfãos da única revista que existia em papel. Muitos desses perguntavam o porquê da opção digital. A resposta era simples: não era uma opção mas a única alternativa. Muitos pensavam – e muitos ainda hoje pensam, como denotamos através das divertidas candidaturas de colaboradores a estágios profissionais – que se tratava de um projecto profissional, com uma redacção física e uma empresa por detrás. Para nós, isso era um sinal de que o trabalho tinha sido bem feito e era tomado como algo sério. Mesmo com as fracas estatísticas de visitantes – a divulgação não foi a que esperávamos, já que a imprensa nacional parecia, ao contrário dos cinéfilos, não levar a Take a sério -, esse feedback foi mais do que suficiente para prosseguirmos com a revista. Se para o número zero, que não passava de um teste, éramos menos de dez, havia necessidade agora de convidar mais colaboradores e de criar métodos de trabalho e organização que não envolvessem tantos telefonemas, atrasos, confusões e reuniões desfalcadas.
Vamos ter que abrir mão de muitos segredos neste parágrafo, mas vocês merecem. No início havia as dezenas de chamadas mensais do director José Soares para os colaboradores e as centenas de e-mails para combinar quem escrevia o quê e que ideias, capas, artigos e entrevistas eram sugeridos. As tentativas de reuniões colectivas saiam, naturalmente, sempre furadas: todos nós tínhamos a nossa vida profissional ou universitária e nem todos eram de Lisboa. Em suma, era impossível juntar mais do que quatro ou cinco colaboradores num encontro. E quando isto acontecia, já não era nada mau. Saudosos – mas não mais do que isso - os tempos em que no seu caderninho de notas, José Soares escrevia nestes encontros quem ficava responsável por artigo X ou crítica Y. Uma alternativa viável de organização era fundamental para o futuro da revista. E eis que decidimos começar a usar as potencialidades do Google Documents, um ficheiro facilmente partilhado por todos os colaboradores, que permite fazer tudo isto e mais alguma coisa de modo rápido e simples. Dos prazos, aos visionamentos ou às indisponibilidades, tudo começou a passar por ali. Hoje em dia, os únicos encontros que ainda se mantém são entre mim e o José Soares, e os assuntos raramente tocam em questões relacionadas com o conteúdo de edições vindouras. Falamos sim de ideias, projectos, novos colaboradores e possibilidades que permitam à Take continuar a inovar e a crescer de número para número. O local, esse, é sempre o mesmo, talvez pela sua localização favorável, mística ou... pelos deliciosos hambúrgueres que lá são cozinhados. O restaurante dos Cinemas Medeia Monumental são a nossa sede, a nossa sala de reuniões com qualquer colaborador ou cinéfilo interessado em propor-nos algo. Um templo de culto até agora secreto. Companheiros dos pineapple burgers, está na hora de nos darem umas borlas pela publicidade gratuita que acabámos de fazer.
sexta-feira, maio 20, 2011
Take - 2 Anos de Missões Impossíveis (I/VI)
Num ano em que o futuro da Take passou de incógnita a miragem, de sonho individual a ilusão colectiva, aproveito esta altura conturbada do blogue para relembrar o trabalho fantástico que foi realizado desde a génese da revista até ao segundo aniversário da mesma, num artigo publicado na Take 22, de Março de 2010. Porque, aconteça o que acontecer de agora em diante, foi um orgulho enorme fazer parte deste projecto ambicioso e original.
Take - 2 Anos de Missões Impossíveis (I/VI)
Os assuntos tabu, os segredos, muitas curiosidades e algumas das alegrias e desilusões pelas quais esta grandiosa e esforçada equipa de jovens cinéfilos passou nestes últimos vinte e quatro meses, aqui e agora num artigo especial dedicado a todos aqueles leitores que, desde que nos descobriram, nunca mais nos abandonaram. Porque é para eles que todos os meses trabalhamos arduamente de forma totalmente espontânea, sem interesses secundários ou recompensas monetárias. O nosso motor corre a ambição e paixão pelo cinema e sabermos que somos lidos por milhares é mais do que suficiente para manter a motivação de, sem dinheiro nem tempo, cumprir cada missão impossível que é um novo número da Take.
A Génese
A Take faz anos oficialmente a 8 de Fevereiro, mas até sair o número zero nesse mesmo dia em 2008, muitas foram as peripécias que quase colocaram em causa o nascimento deste sonho. Primeiro, o dilema: como conseguir que o mercado e o mundo cinematográfico nacional levasse a sério um projecto completamente amador e sem fins lucrativos. Os primeiros contactos foram extremamente positivos, e para isso muito ajudaram as parcerias com várias distribuidoras. Depois, uma escolha a nível de conteúdos e secções tinha que ser feita: ser totalmente originais, com entrevistas e artigos exclusivos, ou aceitar conteúdos enviados pelas distribuidoras para tradução? Este último caminho permitiria a publicação de conversas com as maiores estrelas do mundo, mas sentimos que cairíamos na banalidade como tantas outras publicações nacionais e internacionais. Ainda experimentámos esse caminho logo no ínicio, com entrevistas ao elenco de Stardust e de The Happening, mas não mais tropeçámos nessa armadilha. Daí em diante, custasse o que custasse, tudo o que entrasse na Take teria que ser nosso. O lema era simples e mantém-se nos dias de hoje: mais vale uma pequena entrevista nossa com um actor desconhecido do grande público do que uma abismal mas completamente impessoal com um monstro de Hollywood. Quando tudo parecia encaminhado para um lançamento pacífico, eis que um dos membros do projecto inicial abandona a Take, alegadamente por motivos universitários. Alegadamente, porque umas semanas depois, é ele o cabeça-de-cartaz de uma publicação online... de cinema, em tudo semelhante aos moldes pensados para a Take e com muitas das ideias discutidas e potenciais futuros colaboradores nos seus quadros. Um forte e totalmente inesperado golpe nos rins, sem qualquer explicação aparente que não a busca pelo protagonismo, que obviamente abalou os antigos companheiros. Mas com o espírito de luta e persistência que sempre nos caracterizou, fizemos as alterações necessárias ao nível estrutural e programático e seguimos em frente. Dia 8 de Fevereiro de 2008, após três ou quatro meses de planeamento, eis que lançámos a edição de teste, a Take 0. O feedback inicial seria agora fundamental para a continuidade do projecto.
Os assuntos tabu, os segredos, muitas curiosidades e algumas das alegrias e desilusões pelas quais esta grandiosa e esforçada equipa de jovens cinéfilos passou nestes últimos vinte e quatro meses, aqui e agora num artigo especial dedicado a todos aqueles leitores que, desde que nos descobriram, nunca mais nos abandonaram. Porque é para eles que todos os meses trabalhamos arduamente de forma totalmente espontânea, sem interesses secundários ou recompensas monetárias. O nosso motor corre a ambição e paixão pelo cinema e sabermos que somos lidos por milhares é mais do que suficiente para manter a motivação de, sem dinheiro nem tempo, cumprir cada missão impossível que é um novo número da Take.
A Take faz anos oficialmente a 8 de Fevereiro, mas até sair o número zero nesse mesmo dia em 2008, muitas foram as peripécias que quase colocaram em causa o nascimento deste sonho. Primeiro, o dilema: como conseguir que o mercado e o mundo cinematográfico nacional levasse a sério um projecto completamente amador e sem fins lucrativos. Os primeiros contactos foram extremamente positivos, e para isso muito ajudaram as parcerias com várias distribuidoras. Depois, uma escolha a nível de conteúdos e secções tinha que ser feita: ser totalmente originais, com entrevistas e artigos exclusivos, ou aceitar conteúdos enviados pelas distribuidoras para tradução? Este último caminho permitiria a publicação de conversas com as maiores estrelas do mundo, mas sentimos que cairíamos na banalidade como tantas outras publicações nacionais e internacionais. Ainda experimentámos esse caminho logo no ínicio, com entrevistas ao elenco de Stardust e de The Happening, mas não mais tropeçámos nessa armadilha. Daí em diante, custasse o que custasse, tudo o que entrasse na Take teria que ser nosso. O lema era simples e mantém-se nos dias de hoje: mais vale uma pequena entrevista nossa com um actor desconhecido do grande público do que uma abismal mas completamente impessoal com um monstro de Hollywood. Quando tudo parecia encaminhado para um lançamento pacífico, eis que um dos membros do projecto inicial abandona a Take, alegadamente por motivos universitários. Alegadamente, porque umas semanas depois, é ele o cabeça-de-cartaz de uma publicação online... de cinema, em tudo semelhante aos moldes pensados para a Take e com muitas das ideias discutidas e potenciais futuros colaboradores nos seus quadros. Um forte e totalmente inesperado golpe nos rins, sem qualquer explicação aparente que não a busca pelo protagonismo, que obviamente abalou os antigos companheiros. Mas com o espírito de luta e persistência que sempre nos caracterizou, fizemos as alterações necessárias ao nível estrutural e programático e seguimos em frente. Dia 8 de Fevereiro de 2008, após três ou quatro meses de planeamento, eis que lançámos a edição de teste, a Take 0. O feedback inicial seria agora fundamental para a continuidade do projecto.
quinta-feira, maio 19, 2011
quarta-feira, maio 18, 2011
terça-feira, maio 17, 2011
The Sorcerer's Apprentice (2010)
Neste filme de fantasia para toda a família, Nicolas Cage é o feiticeiro Balthazar Blake, um dos três aprendizes originais do histórico e poderoso mago Merlin treinados para combater a maléfica Morgana, a sua principal adversária, em tempos longínquos. Numa breve introdução, vemos Merlin perder a vida para conseguir encurralar Morgana e um dos seus outros aprendizes, o traidor Horvath, dentro de uma urna que deveria ficar escondida durante séculos até Balthazar encontrar e treinar o “escolhido”, um feiticeiro de poderes únicos que teria a capacidade inigualável de derrotar Morgana para sempre. Para identificá-lo, Blake teria de colocar o anel de Merlin nos seus dedos; se o anel se transformasse numa cobra, esse recruta seria o “escolhido”. Hoje, mil anos depois numa moderna Manhattan, Blake finalmente encontra, através de várias coincidências mágicas, Dave (Jay Baruchel), um típico adolescente nerd nova-iorquino, cuja queda para a Física e as Ciências ultrapassa largamente o seu jeito para com o sexo oposto. Sem acreditar na lenda, Dave vê-se no entanto envolvido numa luta entre o Bem e o Mal, que o obrigará a aceitar um curso intensivo de magia e feitiçaria dado por Blake. Parceiros improváveis na luta contra as trevas, Dave torna-se um aprendiz de feiticeiro com mais vontade de impressionar uma colega de faculdade do que propriamente salvar a humanidade. Mas, como diria a tagline de outro filme de super-heróis, com um grande poder vem uma grande responsabilidade.
Produzido pelos estúdios da Walt Disney Pictures e realizado pelo nova-iorquino Jon Turteltaub – o mesmo do divertidíssimo “Cool Runnings” ou do mais recente “National Treasure” – “The Sorcerer's Apprentice” é uma fita interessante e descontraída, mais divertida e credível do que era expectável, onde a superficialidade narrativa dos heróis e dos vilões é combatida pelo sentido de humor fácil e contagiante da dupla Cage/Baruchel. Sim, é mais uma história com demónios, magia a rodos e um jovem rapaz com poderes fantasiosos, numa reformulação modesta do mais inocente que há em Harry Potter. Mas é, por isso mesmo, também um filme de muito mais fácil digestão para crianças e graúdos, sem linhas narrativas sombrias nem falsos pretensiosismos de drama adulto.
Com interpretações competentes do vilão Alfred Molina, do aprendiz Baruchel e do feiticeiro Nicolas Cage – que, juntamente com as estreias recentes de “Kick-Ass” e “The Bad Lieutenant: Port of Call - New Orleans” faz esquecer um período algo turbulento da sua carreira com fitas de qualidade duvidosa como “The Wicker Man” ou “Ghost Rider” – “O Aprendiz de Feiticeiro” é uma história previsível mas simpática da Disney, sem violência nem linguagem grosseira, onde um rapaz como tantos outros é o centro das atenções e o bem, para não variar nem chatear, vence o mal. E todos vivem felizes para sempre. Porque, por vezes, é na simplicidade que está o ganho. Destaque ainda para a homenagem a “Fantasia”, clássico da Disney com o Rato Mickey, datado de 1940, numa das mais divertidas cenas do filme onde, ao bom estilo animado, as esfregonas fazem de vassouras e ganham vida própria.
Produzido pelos estúdios da Walt Disney Pictures e realizado pelo nova-iorquino Jon Turteltaub – o mesmo do divertidíssimo “Cool Runnings” ou do mais recente “National Treasure” – “The Sorcerer's Apprentice” é uma fita interessante e descontraída, mais divertida e credível do que era expectável, onde a superficialidade narrativa dos heróis e dos vilões é combatida pelo sentido de humor fácil e contagiante da dupla Cage/Baruchel. Sim, é mais uma história com demónios, magia a rodos e um jovem rapaz com poderes fantasiosos, numa reformulação modesta do mais inocente que há em Harry Potter. Mas é, por isso mesmo, também um filme de muito mais fácil digestão para crianças e graúdos, sem linhas narrativas sombrias nem falsos pretensiosismos de drama adulto.
Com interpretações competentes do vilão Alfred Molina, do aprendiz Baruchel e do feiticeiro Nicolas Cage – que, juntamente com as estreias recentes de “Kick-Ass” e “The Bad Lieutenant: Port of Call - New Orleans” faz esquecer um período algo turbulento da sua carreira com fitas de qualidade duvidosa como “The Wicker Man” ou “Ghost Rider” – “O Aprendiz de Feiticeiro” é uma história previsível mas simpática da Disney, sem violência nem linguagem grosseira, onde um rapaz como tantos outros é o centro das atenções e o bem, para não variar nem chatear, vence o mal. E todos vivem felizes para sempre. Porque, por vezes, é na simplicidade que está o ganho. Destaque ainda para a homenagem a “Fantasia”, clássico da Disney com o Rato Mickey, datado de 1940, numa das mais divertidas cenas do filme onde, ao bom estilo animado, as esfregonas fazem de vassouras e ganham vida própria.
segunda-feira, maio 16, 2011
domingo, maio 15, 2011
sábado, maio 14, 2011
sexta-feira, maio 13, 2011
quinta-feira, maio 12, 2011
quarta-feira, maio 11, 2011
Date Night (2010)
Claire (Tina Fey) e Phil Foster (Steve Carell) são um casal que vive nos subúrbios de Nova Iorque. Numa tentativa de quebrar a rotina do seu casamento, decidem uma noite dar largas à imaginação (e à carteira) e ir jantar no mais requisitado e requintado restaurante de Manhattan. Até aqui tudo óptimo, não tivessem eles esquecido de um pormenorzinho importante: reservar mesa atempadamente. Num acto de coragem sem vergonha, decidem “roubar” a identidade de outro casal – os Tripplehorns – e ficar com a mesa que pertencia a estes. O problema é que os verdadeiros Tripplehorns são procurados por tudo e por todos pelas piores razões e a trafulhice inocente dos Fosters vai colocá-los a lutar - a fugir talvez seja mais apropriado - pela sua sobrevivência durante uma noite.
Comédia de acção de Shawn Levy (responsável pelos não mais que simpáticos "À Dúzia é Mais Barato" e "À Noite, No Museu”), “Uma Noite Atribulada” realça-se das restantes comédias do realizador graças à química de dois distintos actores de comédia, Carell e Fey, dois mestres da improvisação, que conseguem transformar os defeitos das suas personagens e a falta de originalidade da narrativa num conjunto de sketches divertidos, mesmo que quase sempre a roçar o ridículo. No final, fica o sentimento de missão cumprida: entretém e não aborrece, mesmo que nunca deslumbre.
Comédia de acção de Shawn Levy (responsável pelos não mais que simpáticos "À Dúzia é Mais Barato" e "À Noite, No Museu”), “Uma Noite Atribulada” realça-se das restantes comédias do realizador graças à química de dois distintos actores de comédia, Carell e Fey, dois mestres da improvisação, que conseguem transformar os defeitos das suas personagens e a falta de originalidade da narrativa num conjunto de sketches divertidos, mesmo que quase sempre a roçar o ridículo. No final, fica o sentimento de missão cumprida: entretém e não aborrece, mesmo que nunca deslumbre.
terça-feira, maio 10, 2011
segunda-feira, maio 09, 2011
domingo, maio 08, 2011
Peter never existed?
Observer 1: You were right, they don't remember Peter.Completamente à nora! Curioso sobre qual vai ser a explicação, é verdade, mas receoso que a justificação para tamanho twist vá destruir a credibilidade de uma das mais surpreendentes séries dos últimos anos.
Observer 2: How could they? He never existed. He served his purpose.
sábado, maio 07, 2011
sexta-feira, maio 06, 2011
quinta-feira, maio 05, 2011
quarta-feira, maio 04, 2011
The Incredible Hulk (2008)
Bruce Banner é um cientista desesperado à procura de uma cura para o seu “Hulk”, um monstro verde furioso – um Shrek versão musculada - que nasce de dentro de si sempre que se irrita um bocadinho. A viver nas sombras, longe da sua amada Betty Ross, foge da perseguição do general Thunderbolt Ross e do exército que pretende capturá-lo e explorá-lo cientificamente para fins militares. E, como em qualquer filme banal de super heróis, para cada grande monstro herói existe uma besta vilã com proporções semelhantes. Quem irá levar a melhor a guerra de titãs?
Numa espécie de mistura indecisa entre sequela e remake da versão de “Hulk” de Ang Lee, “O Incrível Hulk” consegue decepcionar as já modestas expectativas dos fãs e mostrar-se na tela como uma obra ainda inferior à que colocou Eric Bana nos calções super-elásticos do herói verde. Realizada pelo francês Louis Leterrier (responsável pelo ritmado “The Transporter” mas também pelo angustiante “Clash of the Titans”), apelidado por alguns como o discípulo sucessor de Luc Besson, “The Incredible Hulk” não aprende com os erros do seu antecessor e, mais grave ainda, repete-os estupidamente, inclusivamente na escolha do elenco, colocando o desinteressado Edward Norton numa personagem que se pretendia emocionalmente intensa.
Se a versão de Ang Lee parecia falsa, a de Leterrier parece demasiado infantil. O vilão não convence, o CGI é absurdo, as personagens vazias e a história banal. Um insulto à inteligência, um desperdício de aproveitamento de um herói que podia dar tanto ao cinema mas acaba sempre limitado a esmagar carros em ruas de amargura. É caso para dizer que, de incrível, este Hulk não tem nada.
Numa espécie de mistura indecisa entre sequela e remake da versão de “Hulk” de Ang Lee, “O Incrível Hulk” consegue decepcionar as já modestas expectativas dos fãs e mostrar-se na tela como uma obra ainda inferior à que colocou Eric Bana nos calções super-elásticos do herói verde. Realizada pelo francês Louis Leterrier (responsável pelo ritmado “The Transporter” mas também pelo angustiante “Clash of the Titans”), apelidado por alguns como o discípulo sucessor de Luc Besson, “The Incredible Hulk” não aprende com os erros do seu antecessor e, mais grave ainda, repete-os estupidamente, inclusivamente na escolha do elenco, colocando o desinteressado Edward Norton numa personagem que se pretendia emocionalmente intensa.
Se a versão de Ang Lee parecia falsa, a de Leterrier parece demasiado infantil. O vilão não convence, o CGI é absurdo, as personagens vazias e a história banal. Um insulto à inteligência, um desperdício de aproveitamento de um herói que podia dar tanto ao cinema mas acaba sempre limitado a esmagar carros em ruas de amargura. É caso para dizer que, de incrível, este Hulk não tem nada.
terça-feira, maio 03, 2011
Missão Impossível 5
Aqui. Boa sorte e que Spielberg esteja convosco. Como incentivo a deixarem-me mal, aposto que ficam pelo, deixa cá ver... quarenta e seis.
segunda-feira, maio 02, 2011
domingo, maio 01, 2011
Alain Botton dixit
"O momento em que choramos num filme não é aquele em que as coisas são tristes mas quando se tornam mais bonitas que aquilo que esperávamos que viessem a ser."
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