quarta-feira, novembro 30, 2022

You had me at Willem Dafoe

terça-feira, novembro 29, 2022

De uskyldige (2021)

Durinho. Mãe e filha na vida real partilham a mesma ligação na tela, o que juntamente com um trio de interpretações infantis de altíssimo - e de certa maneira inesperado - calibre e uma cinematografia e sonoplastia cuidada conferem ao filme do norueguês Eskil Vogt toda uma ânsia e angústia provocatória que dobra constantemente a fronteira do expectável - ou diria até mesmo do aceitável - num misto de drama sobrenatural em torno dos desafios e incógnitas que polvilham o amadurecimento de uma criança. Bússola moral desorientada, visualmente desconfortável - miauuu - e poucos convencionalismos em torno de temas tão sensíveis quanto a amizade ou a curiosidade natural de uma criança. Faltou pelo menos um pouco de teoria, lógica ou explicação em redor dos poderes, mas fica o retrato cruel sobre o poder de os ter em tão tenra idade. Carrie, amiga, ao menos tu aguentaste até ao baile de finalistas.

segunda-feira, novembro 28, 2022

Anguish @ VHS

domingo, novembro 27, 2022

Blaverick

sábado, novembro 26, 2022

Beavis and Butt-Head Do America (1996)

Mike Judge, o pai dos idiotas que, afinal de contas, mesmo sendo comprovadamente parvos, estavam era muito à frente do seu tempo. Um autocarro de convento com uma única freira negra - que bonita homenagem a Whoopi Goldberg - num estilo, tanto narrativo quanto visual, que primeiro estranha-se mas que aos poucos se entranha. A busca por uma televisão, esse Santo Graal da imbecilização das massas, numa odisseia repleta de enganos e percepções erradas que servem de areia para cimentar toda uma faceta de crítica sociocultural na qual Beavis e Butt-Head são figuras de proa. Único filme de Judge que não foi um flop nas bilheteiras, até porque quase todos os que o seguiram - excepção feita, mas não totalmente, a "Office Space" - tentaram simplesmente dar forma humana e real ao mesmo conceito. Já anda por aí uma sequela, no universo, que terei que agarrar mais cedo ou mais tarde.

sexta-feira, novembro 25, 2022

quinta-feira, novembro 24, 2022

Father and Son

quarta-feira, novembro 23, 2022

O Caso Coutinho (2022)

Muleta numa mão, navalha enferrujada de barbear na outra. A campainha que persiste, o telefone que não pára de tocar, a luz que pisca, a escuridão que assombra, o barulho das obras que se confunde com explosões e traumas de guerra. Uma fotografia misteriosa. Efeitos secundários da medicação, alucinações, paranóia, realidade - o turismo não pode parar - ou um homem que não percebeu ainda que já foi desta para melhor? Não vos consigo ajudar, mas fica a experiência, o preto e branco que queima entre o fogo e a luz, a sonoplastia que convence, tão claustrofóbica quanto o espaço e os ângulos apertados escolhidos para enquadrar cada cena. Venha o próximo, Luís.

terça-feira, novembro 22, 2022

Serious Martin Lawrence

segunda-feira, novembro 21, 2022

O Lobo Solitário (2021)

Como eu gosto do Filipe Melo. Da irreverência única de "Um Mundo Catita", ao muito humano "Sleepwalk", sem esquecer o Catatau desaparecido de "O Homem que Gostava de Zombies", o nêsperiano dos sete ofícios tem, sem qualquer margem de dúvida após tantos projectos de qualidade e sucesso inegável, algo que o diferencia dos demais. Neste "O Lobo Solitário", Melo apresenta-nos um longo plano sequência que passará como verdadeiro para muitos, qual Iñárritu que sabe esconder na perfeição todas as cartas marcadas que tinha na mesa - faltou-lhe o relógio no canto inferior esquerdo do computador. Uma câmera que não pára durante longos minutos até começar verdadeiramente a tensão, o estúdio de rádio que ganha vida própria na madrugada, o julgamento em directo das redes sociais, as conclusões imediatas de quem toma partido sem provas nem factos, a equipa técnica que não aparece nos reflexos e nas webcams que transmitem o programa online. Tecnicamente impressionante, sonoplastia de categoria - o tema quase Carpentiano de Melo e Paulo Furtado (The Legendary Tigerman)-, acting de primeira linha de Adriano Luz. Faltou mais credibilidade no desespero do pai - problema talvez mais do texto do que da performance vocal - e um final que fizesse justiça a toda a tensão criada até então. O "back to normal" não faz qualquer sentido perante a incógnita do que aconteceu no outro lado da linha - fosse o radialista de Luz culpado ou inocente do que era acusado. Ainda assim, Filipe, por amor da santa, atira-te lá a uma longa metragem!

domingo, novembro 20, 2022

Noah Baumbach's National Lampoon

sábado, novembro 19, 2022

Trouble with the Curve (2012)

O carisma de Clint Eastwood, o talento de Amy Adams e uma história simples em torno dos obstáculos colocados pelo envelhecimento e de uma relação pai/filha conturbada que não condiz com o amor que ambos sentem um pelo outro. Tudo com o beisebol como pano de fundo - são assim os melhores filmes "desportivos", os que sabem manter a acção no campo em segundo plano, evitando embaraços de credibilidade - e um realizador estreante (Robert Lorenz) que durante décadas foi um dos braços direitos de Eastwood - produtor e realizador de segunda unidade - em Hollywood. Esse conforto relacional de proximidade pode por vezes ser confundido com uma espécie de piloto automático em vários momentos, mas parece-me mais justo apontar alguma falta de inspiração num guião que confia demasiado nos actores para conseguir brilhar. Um rom-com de outros tempos nos tempos de hoje, um cavalo cansado que ainda assim nunca fica pelo caminho. Vamos ter saudades de Eastwood e de como tudo parece funcionar de forma tão simples em torno dele.

sexta-feira, novembro 18, 2022

quinta-feira, novembro 17, 2022

House of the Dragon (S1/2022)

O que é que tem o aspecto, estilo, universo e feel de "Game of Thrones" mas não consegue ser "Game of Thrones" - pelo menos equiparar-se às suas pujantes temporadas iniciais? Isso mesmo, esta prequela parcialmente filmada em Portugal, aguardada com elevadíssima expectativa por quase todos os que acompanharam a saga de George R. R. Martin na década passada. Quando finalmente começou a conquistar o público por volta do quinto episódio, deu um salto temporal que mudou radicalmente o elenco mais jovem, aniquilando ligações e empatias que estavam pouco a pouco a ser formadas pelo espectador. Para os que ficaram, orçamento e foco total da equipa de maquilhagem para o "rei" Paddy Considine e desleixo incompreensível no envelhecimento para os restantes. Faltou-lhe a complexidade narrativa do passado, as constantes reviravoltas inesperadas e cruéis que apimentaram a vida em Westeros no... futuro. Onde antes havia ansiedade pelo cruzamento dos arcos das mais variadas personagens, agora existe previsibilidade e falta de substância em cada uma delas para justificar um qualquer embate glorioso. Tudo caminha em prol de uma única história, oscilando o ritmo entre o "nada se passa" e o demasiado apressado na altura do confronto. Muitas vezes a navegar na quase total escuridão visual - um problema que se arrasta da última temporada de "GoT", "House of the Dragon" precisa de começar a preocupar-se rapidamente mais com as suas personagens e conspirações internas do que com a ânsia do público em ter um qualquer desfecho imediato, passando anos em minutos só para lá chegar. Para terminar, Rhaenyra mais nova, quinze a zero à Rhaenyra mais velha.

quarta-feira, novembro 16, 2022

Nalgas Film Festival - Programação

terça-feira, novembro 15, 2022

Ambulance (2022)

Já tinha saudades deste Michael Bay bem perto da acção, viciado em speed e ecstasy num qualquer beco com uma bandeira americana a esvoaçar na contraluz, longe das drogas duras que o enfiaram durante mais de uma década num estúdio de efeitos visuais a criar artifícios visuais no meio de toda aquela bonecada enferrujada dos "Transformers". Yahya Abdul-Mateen II convence como pobre coitado veterano traumatizado de guerra que tem que roubar para cuidar da família, Jake Gyllenhaal continua a sua saga de levar filmes dinamarqueses a malta que não sabe sequer onde fica a Dinamarca, numa performance competente que quase - ênfase para o quase - salva uma personagem demasiado bipolar e desequilibrada para ser minimamente credível e, senhoras e senhores, Eiza González. Substituição pedida, sai directamente para os balneários Ana de Armas, entra a mexicana, braçadeira de capitão e número dez nas costas. Drones e holofotes na moça, que poucos filmam cabelo solto e um par de calças apertadinho como o nosso querido Bay. Um "Speed" para as novas gerações que perderam o encanto pela inteligência escrita no papel em prol do espectáculo visual. Deixem os flamingos em paz e toca a rever o melhor filme de Bay: "The Rock". Sim, o do "losers always whine about their best... winners go home and fuck the prom queen."

segunda-feira, novembro 14, 2022

Nação Valente e Imor(t)al!

domingo, novembro 13, 2022

FIFA Uncovered (S1/2022)

A FIFA é corrupta e o Qatar só foi escolhido como anfitrião do próximo mundial devido a subornos de todos os tipos, a vários níveis políticos, federativos e governamentais. De Sarkozy a Mandela; de contratos de gás natural a ligações aéreas directas; de trocas de favores a compras de clubes endividados como o PSG. Informação dramática... mas nada surpreendente. Bastante óbvia até, mas sabe sempre bem vê-la ser exposta desta maneira, com entrevistas a vários denunciantes - os chamados whistleblowers -, com registos áudio originais provenientes das investigações do FBI, com provas factuais e inegáveis da pouca vergonha que durante várias décadas esteve instalada nos seis cantos do mundo - as seis confederações continentais que dividem os votos nas mais diversas votações/eleições da FIFA. Quatro episódios meio desorganizados, num constante vaivém temporal que não faz grande sentido na construção do enredo de corrupção global e que raramente aproveita o verdadeiro poder do futebol - aquele que foi e continua a ser jogado dentro do campo pelos seus mais importantes protagonistas - para envergonhar ainda mais todos aqueles que o viciaram e o perverteram fora das quatro linhas. Porque é a paixão que gera raiva... e raramente a sentimos nestas quatro horas. E devíamos.

sábado, novembro 12, 2022

Nalgas Film Festival

sexta-feira, novembro 11, 2022

Luckiest Girl Alive (2022)

Rape culture, tiroteios em escolas, empoderamento feminino, desigualdades profissionais de género, ser a voz e a cara de uma revolta incómoda e polémica. Tantos assuntos importantes em tempos de #metoo numa história que merecia mais tempo para respirar - mini-série, quem sabe - ou, no mínimo, mais negrume na abordagem. A narração de Kunis quase que faz lembrar o "American Psycho 2" mas a verdade é que a bela ucraniana que ninguém sabe que é ucraniana convence no papel de "kick-ass woman" e, mesmo não tendo ficado nada convencido com o tom meio romântico adolescente por vezes imposto, tanto o mistério como o ritmo narrativo entre flashbacks e presente funciona de modo eficaz. Bom payback final e papelão da jovem desconhecida Chiara Aurelia. Nem sei o que dizer mais que não estou habituado a elogiar um filme feito em exclusivo para a Netflix. A culpa é da Mila.

quinta-feira, novembro 10, 2022

The Little Things (2021)

Desconfio muito que quase ninguém estava em sintonia neste "As Pequenas Coisas", um dos projectos amaldiçoados de Hollywood que rodou uma série de produtores e realizadores desde o início dos anos noventa até finalmente ganhar vida sob as ordens de John Lee Hancock ("The Blind Side"). Denzel em piloto automático - não é mau mas sabe a pouco -, Malek sem sal nem pimenta, sempre com aquela cremalheira que parece que está prontíssimo para ser o Freddie Mercury assim que o pedirem e Leto, mais esforçado, mas entregue a uma personagem perdida entre ideias que nunca ganham vida e uma edição/montagem tão deficiente que torna impossível a sua complexa construção identitária enquanto nutjob/vilão. Um crime as comparações narrativas com "Se7en", uma patetice a equiparação técnica e visual com a televisiva "True Detective": tentar não chega e parecer não é o mesmo de ser. Como diz o outro, são "as pequenas coisas" que fazem a diferença.

quarta-feira, novembro 09, 2022

Rambo: Last Blood (2019)

Um Rambo sem fita na cabeça? Mas está tudo parvo? Problemas de primeiro mundo cinéfilo à parte, não há nada neste Rambo xenófobo e solitário que respeite o historial da personagem. Toda a mensagem política e social trumpista tenta colar-se de forma demasiado forçada aos seus traumas de guerra passados - I've lived in a world of death. I tried to come home, but I never really arrived - e o ritmo imparável do quarto "Rambo" acaba por ser substituído por um "Taken" híper-violento com traços de Mortal Kombat - o coração arrancado do peito. Débil equilíbrio rítmico, vilões sem cérebro e uma série de túneis feitos a adivinhar o dia em que um cartel de mexicanos ia aparecer na quinta do Kevin McCallister veterano de guerra. É preciso saber quando parar, ainda para mais quando mesmo fora de prazo o capítulo de 2008 tinha-se revelado um sucesso inesperado entre público e crítica.

terça-feira, novembro 08, 2022

Wayne’s World (1992)

Fechem os olhos e imaginem uma sala de cinema cheia a trautear a Bohemian Rhapsody dos Queen na cena de abertura deste "Quanto Mais Idiota Melhor" - um título nacional que se caracteriza a si próprio. Que sonho. Como que um sketch do SNL que ganhou vida e direito a hora e meia de palco, repleto de piadas meta, trocadilhos verbais e quartas paredes desaparecidas, tantas que a certa altura até faz frio (cansa). Um produto do seu tempo, cujo papel e importância cultural torna-se difícil de avaliar hoje em dia com uma sociedade muito menos conservadora e desinformada do que então. Nem todos os momentos de humor resultam ou sobrevivem ao tempo, mas teremos sempre Alice Cooper a dar uma aula de socialismo e a Tia Carrere - havaiana de nascimento, chinesa aqui porque, diria eu, tem pinta disso - a excitar toda uma geração com a figura musical mais sexy dos anos noventa. Ela canta, ela tem um valente decote, ela apaixona-se pelo troglodita do Mike Myers. E se ele teve hipóteses, nós também teríamos. Os finais alternativos à Scooby-Doo foram uma decisão absolutamente terrível que matou qualquer tipo de comprometimento com o filme, mas enfim, para compensar tivemos direito ao Robert Patrick a parodiar o seu T-1000. Como alguém escreveu no Letterboxd, o "Bill & Ted" andou para que o "Wayne's World" pudesse correr. Check.

segunda-feira, novembro 07, 2022

Going in Style (2017)

Zach Braff esgotou a irreverência na realização com o longínquo "Garden State", mas ainda assim sabe que basta juntar a resmunguice encantadora de três "clássicos" - velhos são os trapos - como Arkin, Caine e Freeman para fazer um filme tão ideologicamente inofensivo e logicamente improvável quanto simpático e eficaz na forma como nos abraça na química e nos laços de amizade de três personagens cujo destino final pode chegar a qualquer altura. Falta urgência à vertente criminal, inteligência ao lado policial e qualquer espécie de rasgo criativo nos planos de Braff. De pouco ou nada interessa: é nos rins de Freeman, no coração de Caine e na próstata de Arkin que a mais importante aura de "Ladrões com Muito Estilo" está.

domingo, novembro 06, 2022

Nalgas Film Festival - Bilhetes

Reservas de bilhetes através de e-mail para nalgasfilmfestival[at]gmail.com com NOME e Nº de BILHETES pretendidos. Valor único de 6€, inclui acesso a todos os eventos. Mais detalhes na conta oficial de Instagram do festival.

sábado, novembro 05, 2022

Hayao Miyazaki's Airships

sexta-feira, novembro 04, 2022

Psychokinesis (2018)

O realizador é o mesmo do que o do clássico "Train to Busan" - e da sua sequela -, mas a fórmula e o tom mudam radicalmente. Super poderes com super trapalhadas, num filme onde todos, à excepção da filha que luta pela sobrevivência do seu restaurante, esforçam-se ao máximo para serem o mais parvinhos possíveis. No meio das interpretações dignas de uma qualquer telenovela sul coreana de inspiração mexicana, perde-se a força e o impacto de efeitos especiais competentes que metem quase tudo o que é preciso a flutuar com credibilidade. Boa decisão na escolha modesta de objectivos - já estou farto de malta a salvar o mundo - e muito mérito a uma vilã empresarial que merecia muito mais tempo de ecrã do que uma simples - mas poderosa - cena. Mas não, ainda ficava tudo muito sério e nada como aquela bandidagem toda meio atrasadita para animar esta malta de olhos em bico. Resumidamente, "Hancock" coreano sem estaladões em palco.

quinta-feira, novembro 03, 2022

Survive Together... or Die Alone

quarta-feira, novembro 02, 2022

Listening to Toy Story

terça-feira, novembro 01, 2022

Venom: Let There Be Carnage (2021)

É um Marvel série B e, só por isso, merece mais e melhor atenção do que um Marvel normal. Mas quase tudo falha: perde o factor surpresa da estreia, tem uma interpretação tenebrosa e deslavada de Woody Harrelson de mãos dadas com aquele penteadinho à fodasse, orquestra deficientemente um vilão que devia ser do carnalho - chama-se Carnage, por amor da Santa - mas que está claramente preso ao PG-13 que a fome de dólares obrigou e tenta ser romântico com uma relação amorosa platónica tão mal martelada entre Hardy e Williams que, no fundo, quase que desejamos que Eddie e Venom apaixonem-se fisicamente um pelo outro. Tal como no primeiro, acaba por ser o jogo do gato e do rato entre os dois que leva tudo às costas, qual buddy-cop movie que se vê obrigado a ser filme de super-heróis quando tudo o que sabe fazer é divertir-nos com Venom a sair do armário. Not enough Carnage, Gollum, mas mal o menos foi só hora e meia. Tão rapidinho que nem custou esperar pela cena pós-créditos da praxe.