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terça-feira, março 19, 2024

Species III (2004)

T-Bag de condutor militar do camião que levava o corpo da Eve a professor universitário de uma cadeira qualquer relacionada com biologia, bicos de busen e vírus. Assim, de uma cena para a outra, sem explicação nenhuma. Podem ter passado dias, meses ou anos, ninguém sabe. Em casa dele, uma miúda fechada na cave que cresce seis centímetros por dia e aprende tudo o que sabe pela televisão. Suponho que seja a que estava no ventre da Eve, ainda é uma criança, e por isso devem ter passado apenas alguns dias. Bla, bla, bla, whiskas saquetas, metamorfoses porreiras, mestiços com problemas, aliens bons (olhos azuis) e aliens maus (olhos vermelhos), paixonetas de adolescentes, 140 como tensão muito alta - porra, tenho que ir ao médico - e, creme de la creme, jeitosas extraterrestres a jogar xadrez. Xeque-mate!

quarta-feira, março 24, 2021

The Incredibles (2004)

Se eu disser que este "clássico" de Brad Bird ("The Iron Giant") é ainda o melhor filme de super-heróis depois de quase duas décadas de contentores de efeitos especiais da Marvel e da DC, alguém fica chateado comigo? Vilão divertido, com motivações credíveis e um plano estruturado. Dinâmicas familiares, traumas de adolescência, discussões entre marido e mulher e reviravolta final com alma, piada e engenho. Alegra miúdos, entretém graúdos e resiste a inúmeros revisionamentos. E nem foi preciso aquele arco narrativo que a Pixar tanto gosta que deixa qualquer coração bem apertadinho.

terça-feira, março 31, 2020

Paulo Futre (2004)


Documental Paulo Futre from Paulo J. Futre on Vimeo.

As arrancadas, as fintas, o pé esquerdo que nunca viu igual em Portugal, uma carreira ímpar, qual aventura de norte a sul de Portugal, de oeste a este (Japão) do planeta, num percurso marcado por golos, assistências, lesões graves quase consecutivas no maldito joelho direito que só tinha que o suportar, por relações de amor (Atlético) e ódio (Marselha) com presidentes de clubes, por tantas histórias tão surreais quando deliciosas. Um ídolo de incontáveis adeptos e inúmeros jogadores, Futre foi uma estrela que brilhou de forma muito própria, dentro e fora de campo, por todos os balneários e bancadas por onde passou. Uma hora e um quarto de jogadas deliciosas quase sempre ao som irresistível dos Queen, de estádios apinhados de adeptos em extâse como hoje já não se vê, num projecto de documentário que nunca foi finalizado nem viu a luz do dia. Até ontem, quando o próprio Paulo Futre o partilhou nas suas redes sociais. O futebol já não é o que era, a alegria do povo e não o seu ópio, um jogo de paixões e não de ódios. Ficam as memórias de Futre, um jogador que respeitou e foi respeitado pelos fanáticos dos três grandes, que apaixonou madrilenos, do Calderon ao Bernabéu.

sexta-feira, julho 12, 2019

The Right to Win (2004)

Documentário britânico de uma hora lançado aquando do décimo aniversário do fatal acidente de Ayrton Senna em Imola, "The Right to Win" revela-se uma muito simplista e lacónica visão de uma das lendas do desporto mundial, felizmente amplamente - e maravilhosamente - explorada posteriormente por Asaf Kapadia em "Senna". Ainda assim, entrevistas da irmã e do arqui-rival Prost conferem algum interesse na desmistificação do homem que vivia dentro do piloto. Só para fãs.

sábado, janeiro 12, 2019

Le conseguenze dell'amore (2004)

Cinematografia distinta, edição ousada, sonoplastia perfeitamente adequada ao mistério com que Paolo Sorrentino nos tenta seduzir e, claro, não podia deixar de ser, mais uma interpretação divinal daquele que será para muitos - para mim é - o mais cativante actor europeu da actualidade. Toni Servillo arranca (mais) uma performance de bradar aos céus, com o seu agente secreto de poucas palavras e amigos que se apaixona pela empregada de bar (Olivia Magnani) do pequeno hotel onde vive na Suiça, escondido do mundo e da família. E aquele final, dramático e inesperado, uma autêntica pedrada no charco para quem esperava um raio de luz, por mais ténue que fosse. A cimentar - pun intended!

sexta-feira, outubro 03, 2014

Twisted (2004)

Não deixa de ser irónico que um filme chamado "Twisted" tenha aquele que é, provavelmente, o twist mais previsível do cinema norte-americano na última década. Pior que isso, que tenha deixado nessa mesma reviravolta "inesperada" a força do seu argumento, o grande trunfo de uma história que se torna cansativa com o passar dos minutos, mas que ainda assim prende na expectativa da revelação de um vilão inesperado. Com 1% de pontuação no Rotten Tomatoes, não admira pois que o conceituado Philip Kaufman ("The Right Stuff" e "The Unbearable Lightness of Being") não tenha voltado a realizar após tamanha desilusão, após tamanho desperdício de um elenco - Judd, Jackson, Garcia e Strathairn - que merecia mais, muito mais. Para quem procura mistério, qualquer episódio de "Murder, She Wrote" acaba por se revelar uma escolha mais inteligente.

sexta-feira, maio 09, 2014

Hotel Rwanda (2004)

Sociodrama cinematográfico de como Paul Rusesabagina, gerente de um hotel no Ruanda, salvou cerca de mil e duzentos cidadãos de etnia Tutsi de um dos maiores genocídios da História humana - cerca de um milhão de pessoas foram assassinadas -, o grande trunfo de "Hotel Rwanda" é conseguir focar as atenções nos actos de um homem corajoso e não na violência aterradora que serve de pano de fundo à obra nomeada para três Óscares. O choque do espectador constrói-se ao longo das aventuras e desventuras da personagem de Don Cheadle para apagar fogos em pleno inferno e não é conquistado através de imagens visualmente ofensivas. Esta compaixão pela humanidade permitiu ao filme chegar a uma audiência maior, mas não o tornou menos eficaz ou devastador; pelo contrário, a inacção e inércia do ocidente revelam-se as vilãs mais difíceis de suportar.

sexta-feira, maio 25, 2012

The Village (2004)

Em 1897, a pequena comunidade de Covignton, na Pensilvânia, vive atormentada pela crença de que os bosques que envolvem a aldeia são habitados por criaturas míticas, potencialmente mortais caso estes decidam abandonar a mesma. Adaptados a um estilo de vida singular, marcado pelo isolamento e completa alienação da cultura que os rodeia, os problemas começam quando Kitty, a filha de um dos governantes da aldeia, apaixona-se por Lucius, um jovem que questiona a política levada a cabo por este, de manter os moradores de Covington confinados à pequena aldeia, além de desafiar várias convenções e regras que considera rígidas e ignorantes. Numa parábola clara à cultura do medo, tão mencionada e analisada nesta era pós 9/11, terá o amor força suficiente para quebrar barreiras nunca antes ultrapassadas?

Na tradição dos seus melhores trabalhos ("The Sixth Sense" e "Unbreakable"), M. Night Shyamalan apresenta em "The Village" uma narrativa misteriosa e assustadora, onde o suspense é construído a partir do desconhecido, daquilo que é sugerido e não propriamente através do que realmente aparece no ecrã. Entre vários aspectos técnicos bem conseguidos, destaque para o fabuloso jogo de sombras e cores utilizado pelo realizador para acentuar o ambiente claustrofóbico da fita, que em harmonia com a cuidada sonoplastia concede uma subtileza artística e funcional única para a película transmitir um medo profundo e enraizado, sem ter necessidade de recorrer a cenas gratuitas de terror. O tradicional twist de Shyamalan encaixa na perfeição com a lógica estrutural da intriga e proporciona a esta uma mensagem tão útil quanto alegórica. Ao nível da nobre cinematografia, está também o deleitoso elenco, onde os experientes Hurt, Weaver ou Gleeson dividem harmoniosamente as atenções com os promissores talentos Phoenix, Brody ou Dallas Howard. Amado por uns, odiado por outros, "A Vila" marca, na minha opinião, o último grande filme do realizador de origens indianas, que desde então tem oscilado entre o bizarro ("Lady in the Water") e o banal ("The Last Airbender").

domingo, maio 31, 2009

Welcome to Mooseport (2004)

A fita do nova-iorquino Donald Petrie, um habitué da comédia soft de Hollywood - "Miss Congeniality" e "How to Lose a Guy in 10 Days" são duas das suas últimas obras, sendo que o seu melhor filme ainda é "Grumpy Old Men", com a mítica dupla Lemmon/Matthau - é apenas mais um exemplo de entretenimento simpático, sem outras pretensões que não, através de um forte elenco, garantir, no minímo, o retorno do investimento feito.

Não foi o caso, pois apesar de estar longe de ser um flop narrativo, "Alce Daí, Senhor Presidente" passou completamente despercebido nos cinemas norte-americanos e internacionais. Estranhamente, nomes como Gene Hackman, Ray Romano ou Marcia Gay Harden não foram suficientes para convencer o público e justificar um orçamento de quase trinta milhões de dólares. A premissa, que envolve um canalizador da pequena cidade de Mooseport que concorre a mayor contra um dos mais amados ex-presidentes norte-americanos, promete e cumpre com alguns momentos de pura diversão, muito perto do estilo humorístico que Romano criou na sua sitcom "Everybody Loves Raymond". Sem nunca cair na parvoíce pegada.

Objectivamente, do desempenho do elenco - o que de melhor o filme tem - de "Welcome to Mooseport" tira-se duas ou três conclusões claras: Ray Romano não é credível quando o guião obriga-o a fugir da sua zona de conforto; Hackman adapta-se a qualquer cenário e personagem; e, por fim, a magnética Maura Tierney merecia uma carreira cinematográfica à altura do seu papel em "ER", onde é Abby Lockhart há quase duzentos episódios. A chegar aos cinquenta, está na hora de saltar definitivamente do pequeno ecrâ para a grande tela.

segunda-feira, setembro 10, 2007

Arrumar a Casa: Cool Runnings (1993) e Club Dread (2004)


Baseado numa história verídica sobre a qualificação de quatro jamaicanos que abandonam os trópicos e entram nas gélidas Olimpíadas de Inverno para participar nas corridas de Bobsled, "Cool Runnings" é o típico filme da Disney que enche corações e almas através da realização de sonhos impossíveis. Com a participação do mítico John Candy - viria a falecer um ano depois, com um ataque cardíaco - e a realização de Jon Turteltaub, o mesmo de "While You Were Sleeping" e do mais recente "National Treasure", "Jamaica Abaixo de Zero" é divertido, sentimental mas também... uma espécie de farsa. Isto porque Turteltaub e a Disney alteram o que realmente aconteceu a favor da compaixão imediata da audiência. Impostura que falsifica o drama mas adiciona eficácia e humor a rodos. Em suma, um filme familiar desportivo sobre a importância do trabalho de equipa e que deixa provado que não é preciso ganhar para ser um vencedor.



"Club Dread" possui um estranho sentido de humor, facilmente explicado pelo nome Jay Chandrasekhar, o mesmo que nos trouxe o hilariante "Super Troopers". Mas se antes a corda tinha esticado o suficiente para aguentar com a densidade existencial e dorsal da trama, desta vez a corda rebentou cedo. Situando o leitor, "Club Dread - Morre a Rir, Meu" traz-nos umas férias de grupo numa estância de férias ensopada em álcool, onde a alegria e a diversão sofrem uma reviravolta mortal - deixando os inaptos trabalhadores da ilha, a braços com um maníaco armado com um facalhão, enquanto tentam sobreviver mais um dia no paraíso. Apesar de estupidamente estúpido - invés de estupidamente divertido, como "Super Troopers" -, um mérito tem que ser indubitavelmente reconhecido a "Club Dread": mantém o suspanse sobre quem é o serial-killer da fita até ao final. Pena é que depois de descoberto, a explicação para tanta morte seja tão pobrezinha e insonsa. A visionar apenas pelo mais fanáticos de Chandrasekhar.

segunda-feira, junho 18, 2007

Shaun of the Dead (2004)

Shaun está nos seus trintas e enfrenta uma crise existencial. À deriva numa vida monótona, vive com o seu melhor amigo de liceu, Ed, e com Pete, outro ex-colega. Liz, a sua namorada, é uma mulher atraente, divertida e inteligente que, compreensivelmente, começa a pensar no futuro, algo que Shaun prefere ignorar intencionalmente, enquanto passa os dias a jogar Playstation 2. Indecisa em relação a Shaun, e ao quase triângulo amoroso que Ed completa, Liz deixa-o e faz com que este, num rasgo de aversão, decida de uma vez por todas organizar a sua vida. Destemido, Shaun resolve confrontar a mediocridade da sua vida e reconquistar Liz, bem como enfrentar as responsabilidades da idade adulta, custe o que custar. E é essa determinação que faz com que um “surto” de zombies não passe de um simples obstáculo na mente de Shaun, nada que não se resolva com um bastão de criquete.

Apadrinhado por George Romero, um dos “pais” dos zombies no cinema, “Shaun of the Dead” é uma epopeia épica em tons de paródia e sátira, de um anti-herói que enfrenta carradas de zombies, num humor muito “british” que recicla clichés de forma inovadora (ou nem por isso, como explicarei mais à frente). Da autoria de Simon Pegg e Edward Wright, dois dos nomes mais badalados do recente movimento impetuoso de humor britânico, o filme só acaba por surpreender os mais desatentos e todos aqueles que, nos últimos anos, por uma razão ou por outra não tem acompanhado tudo o que de bom tem emergido da Britcom. Para os admiradores do género, como eu, as altas expectativas e o conhecimento de algumas das escapatórias comuns, acabam por atraiçoar a satisfação sobre o resultado final da obra.

Mesmo assim, “Zombies Party – Uma Noite... de Morte” – que diga-se de passagem, é uma tradução absolutamente desastrosa e assustadora do título original, até porque, não há festa nenhuma no filme, e a acção decorre durante todo o dia e não apenas de noite – acaba por ser refrescante, apesar do seu enredo algo previsível, mas nunca aborrecido. E num filme despreocupado como este, é de louvar a direcção artística e técnica de caracterização, que recria o ambiente de estilo, de forma competente e até, talentosa. E agora, resta esperar por “Hot Fuzz” que, por nova incompetência de algum ou alguns executivos nacionais, não irá passar pelas nossas salas de cinema. Depois queixem-se da pirataria e façam choradinhos.

domingo, maio 13, 2007

Attack of the Virgin Mummies (2004)

Intragável, horripilante, temeroso, aterrador e rídiculo. Doloroso de assistir, de meter vergonha a Ed Wood. Não há argumento, o elenco é uma palhaçada e as paisagens, supostamente egípcias, são tão amadoras, que acabam por ser o menos mau da fita. O menos mau porque até dão vontade de rir. O resto? Uma truanice pegada, digna de uma cena burlesca que envolvesse um grupo de saltimbancos e funâmbulos. Se o virem por perto, corram pela vossa vida!

quinta-feira, março 29, 2007

Maria Full of Grace (2004)

Maria Alvarez (a estreante Catalina Sandino Moreno) de 17 anos, vive com pais, irmãos, tios e avós numa apertada e pobre casa na Colômbia. Triste mas cheia de ilusões, está determinada a escapar ao entorpecido quotidiano da sua vila e desta forma, decide aceitar uma oferta que poderá mudar a sua vida: carregar consigo droga até Nova Iorque. Mas longe da viagem rotineira que lhe tinha sido prometida, Maria é levada para o perigoso e implacável mundo do tráfico de droga numa missão de sobrevivência, que ela terá de cumprir para abraçar os seus sonhos.

“Maria Cheia de Graça” é um filme que aborda um assunto sério, de uma forma demasiado séria. Sem “rodriguinhos” que desviem a atenção do espectador da trama principal, Joshua Marston acaba por prometer muito mais do que realmente oferece. A abordagem de que “a Vida é um jogo sujo” não é primordial, e faltam por isso à obra elementos que projectem a simplicidade mundana da história invés da simples aposta em filmar as expressões e sentimentos de Catalina Moreno durante todo o filme. Não há salvação nem perdição, mas sim um ser humano com uma esperança hipnótica no qual Marston aposta toda a profundidade da narrativa. E com isso, dá um passo em falso, pois “Maria Full of Grace” acaba por ser uma obra demasiadamente descritiva, além de excessivamente focada numa só personagem. Por assim dizer, uma realidade social demasiado... real, com mais interesse documental do que cinematográfico.

quinta-feira, dezembro 28, 2006

Alfie (2004)

Para Alfie (Jude Law), a vida era uma epopeia machista sem grandes responsabilidades, mas muito prazer. Uma noite de cada vez, Alfie desfrutava desde viúvas ricas com gosto para homens mais novos (Susan Surandon), a jovens belas e rebeldes (Sienna Miller). Com todas na “palma da mão”, mas com um sentimento interior de fracasso na vida, Alfie começa a questionar-se se não deveria haver algo mais na sua vida do que estes repentinos romances. Mas poderá um “selvagem” abandonar os seus instintos? Valerá a pena a procura incessante por uma companhia melhor? A mulher perfeita existe?

Com uma realização exímia de Charles Shyer, acompanhada por uma das direcções fotográficas mais criativas, apelativas e eficazes dos últimos anos, “Alfie”, que podia ter sido o típico romance vazio e com densidade emocional a roçar a nulidade, acaba por ser uma das melhores obras “light” já feitas no género. Shyer contorna os percursos mais óbvios e previsíveis, tornando esta segunda edição de Alfie (a primeira, lançou Michael Caine para o estrelato nos anos 60) num filme saborosamente lúdico, maturo e, quem diria, original. A percepção da desilusão das ilusões de Alfie torna-se ainda mais fluida com a maravilhosa banda sonora que o acompanha, a cargo de Mick Jagger e, porque não, com o fantástico guarda-roupa “sixties” semi-actualizado para o novo milénio.

Alfie é um “one-man show” de Jude Law. Interpretar um playboy egocêntrico, individualista e presunçoso que vive sem compromissos e preocupações, ao contrário do que muitos podem pensar, não é fácil. Mas Law cumpre a missão, com cinismo e frivolidade, com a distância emocional que se recomendava. Melancólico mas festivo, Jude Law navega pelas deliciosamente arrogantes atmosferas do filme dialogando com o espectador, de frente para a câmara, criando uma empatia que ajuda a obra a triunfar na mensagem. Fugindo ao terrível final feliz, bem como aos clichés típicos do género, inovando e mudando o conceito da obra que lhe deu forma, “Alfie e as Mulheres” acaba por convencer o mais cínico defensor do filme de Caine, com o seu final introspectivamente moralista.

Alfie, o filme, é um envolvente retrato hedónico e solitário, aplicável também ao sexo feminino, que mostra a sobrevivência do amor numa sociedade contemporânea confusa e com problemas de compromisso. Um momento da vida de um homem que quer viver e aproveitar a vida ao máximo. “Mas o que é isso?” pergunta Alfie no final. Não sei. Não sabemos. A pergunta fica no ar… porque há um pouco de Alfie em todos nós. Aquele desespero silencioso que nunca desaparece.

domingo, novembro 05, 2006

My Date With Drew (2004)

Brian é completamente demente por Drew Barrymore desde os seus sete anos, altura em que a viu pela primeira vez em “E.T. – O Extra-Terrestre”. Vinte anos depois (e uma vez que ela nunca lhe bateu à porta), ele está absolutamente decidido em dar o primeiro passo. Ao ganhar 1,100 dólares num concurso de televisão (e em que a resposta final foi, nada mais nada menos do que, Drew Barrymore), Brian começa a sua jornada para conseguir um encontro com Drew, convocando o poder dos “Seis Graus de Separação”, ou seja, chegar à sua ninfa através de um amigo de um amigo de um amigo de um amigo de Drew. O prazo são 30 dias, pois a máquina de filmar tem de ser devolvida após esse período. Será que Brian irá conseguir?

“O Meu Encontro com Drew” não é um filme, na verdadeira essência do seu significado. É antes um documentário sobre uma paixão impossível de um homem completamente vulgar por uma deusa de Hollywood. É a perseguição de um sonho estimulado por sinais dados em várias instâncias pelo próprio destino de Brian. Contra tudo e contra todos, – inclusivé a própria família que o achava um idiota por este sequer acreditar que iria chegar perto de Drew – Brain seguirá a frase uma vez dita por Barrymore “If you don't take risks, you'll have a wasted soul!” para alcançar o seu sonho. E o resultado é uma obra divertida, romântica, mas também uma lição de vida.

Todos aqueles “mariquinhas” que têm medo de meter conversa com aquela miúda jeitosa da discoteca, deviam pôr os olhos neste “My Date with Drew”. Modesto, mas extremamente cativante, Brian mostra que “quem não arrisca não petisca” e que a vida é demasiado curta para não correr riscos, perseguir sonhos. Tudo neste “filme” é simples, despreocupado e bem-disposto. Todos os obstáculos são ultrapassados com sorrisos, vozes simuladas, falsificações de convites (hilariante a forma como Brian consegue entrar na Premiere de “Charlie’s Angels 2”) e com a planificação de novos caminhos a seguir. Em suma, um “filme caseiro” original, e que brilhantemente arrecadou prémios e dólares por todos os lados onde passou. Inspirador.

sexta-feira, setembro 15, 2006

Closer (2004)

“Closer”, realizado pelo alemão Mike Nichols, é, a meu ver, um dos filmes mais singulares dos últimos anos. “Closer”, de forma sintética, narra a história de dois casais atormentados por infidelidades. De um lado, Dan (Jude Law) e Alice (Natalie Portman), do outro, Larry (Clive Owen) e Anna (Julie Roberts). E é mesmo dentro destes parenteses que se encontra o melhor desta obra dramática sobre o amor, ou melhor, sobre a paixão. As interpretações deste “quarteto fantástico” são sublimes e a razão de sobrevivência deste “Perto Demais”.

Numa viagem pela mentira das relações humanas, Nichols monta inteligentemente um argumento que só triunfa devido ao talento e alma de quem o representa. Clive Owen, esse vagabundo do cinema comtemporâneo, é assustadoramente genial e intenso. Natalie Portman demonstra uma serenidade fantástica num papel complicado e exigente. Law e Roberts, apesar de menos brilhantes, traduzem bem o sentimento vingente de uma narrativa poderosamente fotográfica e artistíca. Um filme prestegiosamente emocional, mas infinitamente dependente da excentricidade dos vários momentos chave. Se nestes alcança o fundo do ser humano, em todos os outros é superficial e inócuo. Num ritmo que alterna entre o extremamente lento e o extremamente veloz, falta equilíbrio a Nichols na montagem de “Closer”.

Mas o que falta a Nichols para equilibrar as personagens a um nível terreno e crédulo, é compensado pela maravilhosa fotografia e composição musical. A fotografia, extremamente focada ao nível da face (e derivadas emoções) é brilhantemente expressiva e atroz. A banda sonora, com Damien Rice em destaque, é de tirar o fôlego. Completamente adequada e excessivamente tocante. Com tanto elogio, não se pense que “Closer” está perto de ser perfeito. Longe disso. A ousadia de Nichols ao querer “entrar” no mundo das emoções humanas acaba por ser base de um suicídio “quase” poético: Nichols acaba por construir um filme superficial, que só consegue ser brutal nos, assim denominados, “key moments”.

“Closer” é, assim, uma obra em que a mensagem perdura na nossa memória, mas o conteúdo é facilmente esquecido. Tiremos as cenas chave (em todas elas aparece o pomposo Clive Owen), e a explêndida música final, e pouco fica além da moral de que o ser humano é um “monstro” emocional, que usa e abusa dos sentimentos dos outros, em proveito próprio. De qualquer forma, não é pouco. E foi diferente, apesar de não ter sido genial.

segunda-feira, maio 22, 2006

The Last Shot (2004)

Cinema, máfia, FBI e... muita estupidez reunida em pouco mais de uma hora. Com um elenco de luxo para este tipo de comédia de produção de baixos custos, “O Último Golpe” é tudo aquilo que o espectador não pretende visionar. Ou seja, “The Last Shot” acaba onde deveria começar, tornando tudo o que foi visto numa espécie de aquecimento para o que poderia ter saído desta comédia despreocupada. E como sair do banco dos suplentes para aquecer e depois não entrar é mais frustrante que nem sequer ser convocado, que tipo de critíca posso eu aplicar a este “The Last Shot” que não uma extremamente negativa?

Divagando pelo argumento, o mesmo é facilmente reduzido a uma intriga simples: Após anos de fracassos, o argumentista Steven Schats (Broderick) conhece Joe Devine (Baldwin), um produtor que dá luz verde ao seu filme e o torna no seu realizador. Mas Devine não é quem diz que é. Ele é um agente do FBI que finge produzir o filme para derrubar a máfia. Apesar da pouco interessante premissa, com alguma inteligência aliada ao respeitável elenco, “O Último Golpe” poderia ter sido uma comédia leve diferente e aceitável. Mas não!

Num ritmo lento, mal estruturado, com momentos cómicos a puxar para o silêncio e com um extremo “under-reaction” de todo o elenco, “The Last Shot” são 93 minutos de puro tédio. Baldwin torna-se repetitivo, Broderick esta cada vez pior com o passar das primaveras, Collette, Flockhart e Liotta são matéria prima para muito mais merecedora mão-de-obra. Nesta estreia como realizador de Jeff Nathanson (argumentista de filmes como “The Terminal”, “Rush Hour 2” e “Catch Me if You Can”, e responsável pelo argumento do futuro “Indiana Jones 4”), o resultado é um autêntico desastre. Não a nível técnico, mas sim a nível do que Nathanson tão brilhantemente já tinha provado ser mestre: ao nível do argumento. Esperemos que tenha sido mesmo o “Último Golpe” de Nathanson na realização. Porte-se bem com o novo Indy e pode ser que o público o perdoe!

segunda-feira, abril 03, 2006

After the Sunset (2004)

"Golpe no Paraíso" começa onde os grandes filmes de acção terminam – com um par de ladrões profissionais em fuga para um paraíso tropical, de forma a poderem desfrutar dos resultados do seu trabalho. Após o último grande golpe - o roubo do segundo dos três famosos diamantes Napoleão - Max Burdett “O Rei dos Álibis” (Pierce Brosnan) e a sua bonita cúmplice, Lola (Salma Hayek), decidem ir passar o resto da vida tranquilamente numa ilha paradisíaca das Bahamas. Mas Stan (Woody Harrelson), o agente do FBI que passou anos na perseguição de Max, recusa-se a acreditar nesta reforma e pensa que é mais um plano para o próximo golpe... o roubo do terceiro diamante Napoleão que, por coincidência, chega às Bahamas num cruzeiro.

Com um elenco mais do que consagrado, com nomes como os de Pierce Brosnan, Salma Hayek, Woody Harrelson e Don Cheadle, e com Brett Ratner a realizar (“Rush Hour”, “Red Dragon”, “The Family Man”), “Golpe no Paraíso” poderia, e deveria, ter sido muito mais eficaz do que realmente foi. Numa fórmula mais do que batida e usada em vários outros títulos do género, o espectador desejava algo mais inovador do que as constantes excursões pelo corpo de Salma Hayek, em deterimento de um argumento inteligente.

Por isto, “After the Sunset” nunca será mais do que um filme medíocre para quem já conhece todas as trapalhices, armadilhas e truquezitos destes “heist-movies”. Brosnan fez de Brosnan e só Harrelson se evidencia no tipo de papel idiota que este tão bem sempre soube representar em “Cheers”. Hayek é utilizada praticamente como objecto e Cheadle apenas serve para entregar ainda mais credibilidade ao elenco.

Mas no meio de tanta ingenuidade argumentativa, “After the Sunset” consegue mesmo assim deleitar o cinéfilo com tudo o que este, à primeira vista, pouco estaria interessado. Falamos da direcção sonora e da fantástica fotografia, recheada de exotismo e de liberdade, e até de uma realização despreocupada, factores estes, que só perdem, e bastante, devido à previsibilidade do argumento e às representações pouco esforçadas, e até, por vezes, irritantes.

terça-feira, março 14, 2006

Alexander (2004)

Ele representou muito para muita gente - um destemido rei guerreiro, cheio de ambição, coragem e a arrogância própria da juventude, liderando as suas forças em muito menor número contra os massivos exércitos persas... um filho desejando ansiosamente a aprovação do seu severo pai, marcado pelas cicatrizes das batalhas, dilacerado e em conflito com o legado da mãe... um impiedoso conquistador que nunca perdeu uma batalha e levou os seus soldados até aos limites do mundo como era então conhecido... um visionário cujos sonhos, feitos e destino ecoou através da eternidade, ajudando a moldar a face do mundo como hoje o conhecemos. Ele foi tudo isto e muito mais. Ele foi Alexandre, o Grande. O filme? Um Buraco, dos Grandes!

É isso mesmo. O que tinha tudo para ser um dos maiores épicos da história do cinema, não passou, pura e simplesmente, de uma das maiores “banhadas” secantes e homosexuais já feitas no género. Alterando toda a história original, modificando por completo mortes, personagens e batalhas, Oliver Stone consegue ainda cometer um dos maiores erros de casting de sempre ao escolher para o papel de Alexandre, Colin Farrell, “demasiado pequeno para tão grande papel”. Quem criticou Brad Pitt como Aquiles em “Tróia”, deve ainda estar com uma corda ao pescoço devido à escolha deste Alexandre. Minha nossa.

Aliás, todo o elenco é completamente inadequado, surreal e fragmentado. Nem vou entrar muito a fundo nesta questão, não vale a pena. E não vale a pena porque, apesar da péssima prestação da maioria do elenco principal (safa-se Angelina Jolie, muito honestamente), existem factores bem piores nesta obra. O trabalho de montagem foi uma desgraça, a linha narrativa completamente mal abordada, contando em poucos segundos os mais importantes acontecimentos da vida de Alexandre e em largas e dolorosas sequências as mais triviais facetas de Magno. Triviais... e desonestas.

A maior sensação que se traz deste filme é a de esbanjamento. De meios, de tempo, de engenho, de tudo. Um autêntico suicídio de Oliver Stone, que mancha uma carreira de grandes fitas, como JFK, Natural Born Killers ou Platoon. Em Alexandre, Stone nunca consegue demonstrar porque este era “o Grande, o Magno” mas sim as suas fragilidades e defeitos. E não foram estes que o tornaram um mito. Poderiam claro ter sido abordados mas não colocados na primeira fila do filme. É que até a história do “Nó Górdio”, que só Alexandre conseguiu desatar (e como tal seria ele o escolhido para conquistar o império asiático) ficou por contar. Stone preferiu antes contar as suas aventuras homosexuais. Enfim, que saudades de William Wallace.

quinta-feira, março 02, 2006

The Notebook (2004)

Por de trás de um grande amor, existe sempre uma grande história. Em jovens, Allie (Rachel McAdams) e Noah (Ryan Gosling), apaixonam-se profundamente durante um verão repleto de emoção e liberdade. O jovem casal rapidamente é separado pelos pais de Alice que insistem que Noah não pertence ao seu mundo. Décadas mais tarde, um homem (James Garner) lê um caderno antigo para uma mulher (Gena Rowlands) que visita regularmente no asilo. Embora a memória dela esteja enfraquecida, pouco a pouco, ela deixa-se envolver pela magia da presença dele, do que ele lhe lê, pela ternura dele... e o milagre acontece.

O milagre acontece e a paixão renasce, transpõe o abismo do tempo, o abismo da memória, e por instantes ela volta para ele… apesar da doença. A história é a de um rapaz sulista e de uma rapariga destinada a brilhar na high society. A primeira paixão, clara como uma manhã orvalhada de maravilha e descoberta. Afastados depois pela impiedosa exigência do abismo que os separa. Catorze anos mais tarde, ele é um sobrevivente da guerra e ela está a poucos dias de tornar-se a mulher de um outro homem. Mas volta por uma necessidade impiedosa de o rever. O reencontro traz de novo toda a magia. Terá o amor poder suficiente, desta vez?

Baseado no best-seller de Nicholas Sparks, “O Diário da Nossa Paixão” é um conto com uma força delicada e comovente, uma beleza surpreendente e arrebatadora. Uma história sobre oportunidades perdidas, amadurecimento e a força de um amor eterno. Um filme sobre a vida e a rapidez com que ela passa por nós, sobre as suas armadilhas e sobre o potencial de uma paixão. Uma experiência única de tão comum que deve ser. Sim, o trocadilho é prepositado. Mas será que alguém aqui sabe definir a vida, ou mesmo o amor?

Com excelentes interpretações de Ryan Gosling, Rachel McAdams e James Garner, a “The Notebook” nada parece faltar, mesmo para o mais céptico dos românticos. Porque aqui, o amor se sobrepõe a todas as barreiras e faz-nos olhar para o filme com o “músculo vermelho” e não com as “janelas da alma”. Até os cinéfilos mais técnicos e ferozes não podem negar um bom trabalho de realização por parte de Nick Cassavetes, que se encaixa no género e nos “tear-tricks” como Sparks nas suas palavras escritas.

A quimíca entre Gosling e McAdams também muito contribui para a carga emocional transmitida nesta obra, quimíca essa tão “funcional” que acabou por os enamorar na vida real, e os transformar, neste momento, em noivos. E já que fiz esta achega ao par romântico jovem, o que dizer da representação de James Garner? Completamente adequada, sem exageros e de uma calma carga dramática perfeita.

“The Notebook” é, assim, uma obra imperdível, excepcional e obrigatória para qualquer um de vós. Porque mais do que uma história, um filme, é uma lição. Para qualquer um. Uma lição sobre a fugacidade da vida e sobre essa palavra, para muitos maldita, o “amor”. E como hoje estou numa de trocadilhos, “não o percam, pois quem perde são vocês”.