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terça-feira, julho 22, 2025

Bikini Airways (2003)

Pelo menos uma vez por ano tenho que (re)visitar o meu amigo Fred Olen Ray. Desta vez em missão "Nas Nalgas do Mandarim", para um episódio que promete explorar a dimensão "bikini" da carreira deste mestre esquecido da sétima arte. Da sétima ou da décima terceira do novo testamento, a pornografia. Ora bem, a mim calhou-me como TPC um que além dos bikinis envolve aviões, ou seja, um projecto para o qual poderia facilmente ter doado uma fortuna no Kickstarter de modo a receber um crédito como Produtor Executivo. Um pseudo-assalto mascarado que acaba numa cena de seis minutos de soft porn, uma chamada telefónica a meio da noite que revela uma herança inesperada de um tio que bateu a bota - nada mais do que uma companhia aérea - e um tipo que entrega flores com cunninlingus incluído no pacote - trocadilho propositado. Esperava mais filme, mais "Evil Toons", menos striki night porno, fiquei triste. Triste mas duro.

sábado, janeiro 25, 2025

Final Destination 2 (2003)

Segue a saga, para acalmar a ânsia do Miguel. Melhor cena sequência da saga inteira, a da autoestrada, logo a abrir, em modo "sonho". Não conta então para as mortes oficiais, mas é tão fenomenal quanto me lembrava. Pensei que tinha mais AC/DC do que acabou por ter, mas ainda assim. Das fatalidades "a sério", fica o ranking: a morte da Kat por "airbag" - fina ironia -, a do Evan com a escada de emergência pelo olho a dentro, sendo que os ímanes no frigorífico já o tinham anunciado previamente para os cinéfilos mais atentos, a do Rory fatiado por arame farpado, o pós-operatório de dentista do Tim entre pombos e vidros pendurados e, por fim, aquela cabeça entalada no elevador da mãe do Tim. A explosão no hospital que mata uma série deles no final pareceu-me um mecanismo demasiado simples para despachar trabalho e a morte final no churrasco um "twist" muito mais cómico do que, efectivamente, funcional e surpreendente. Pronto Miguel, está quase, não tarda gravamos o episódio das Nalgas.

sexta-feira, abril 22, 2022

O Homem que Gostava de Zombies (2003)

Que tesourinho raro e delicioso escondido no catálogo da Filmin. Falso documentário de Filipe Melo em torno de Eurico Bernardes Catatau, um génio de obras controversas obscuras como "Portugal Canibal", "As Amazonas de Queluz", "Chupa-me o Sangue" e "O Monstro do Lago Sexual", uma espécie de John T. Burlinson luso, fundador da Associação Liga Mutante Terrorista do Cinema Português e da Tropical Filmes, uma produtora dedicada a filmes pornográficos cujo co-proprietário era um conceituado arquitecto português. Uma história de amor com um final bizarro derivado de um acidente num primeiro take de um dos seus filmes - maldita fobia a rãs - e eis como um antigo figurante nos "Gremlins" acaba a vida como funcionário numa portagem de uma via rápida à saída de Lisboa. Música de fundo de Bernardo Sassetti e Mário Laginha, presenças saudosas de António Victorino de Almeida - o que é feito dele? - e do malogrado António Feio, em mais uma prova de que Filipe Melo devia ter, para o bem de todos nós, uma filmografia muito mais extensa.

segunda-feira, abril 18, 2022

I’ll See You in My Dreams (2003)

"Se há algo que eu não suporto nesta aldeia, é a merda dos zombies". Manuel João Vieira a levar pancada e a São José Correia a levar trancada. Minutos depois, São José à pancada na porta, o Manuel João deixa-a trancada. Nunca confiar na Sofia Aparício ou em espelhos em segundo plano. Boa caracterização dos mortos-vivos - feios e rápidos - e dois mini-twists satisfatórios a encerrar a festa que até meteu o Rui Unas como padre da aldeia.

terça-feira, dezembro 14, 2021

Half Past Dead (2002)

Um dos últimos filmes de Steven Seagal com direito a estreia no grande ecrã, "Half Past Dead" está longe de ser tão mau como a lenda conta. Depois do "Novo México", a "Nova Alcatraz"; e ninguém devia resistir a nada do que envolve Alcatraz quando se trata de cinema. Helicópteros e faróis, combinação letal. Música rap que nunca mais acaba e um sem número de slow-mos nos segundos finais de cada cena, como que um statement qualquer artístico que lançou Don Michael Paul para o lugar que merecia nos anos seguintes: as sequelas do universo "Tremors". Seagal gordo, pouca ou nenhuma química com o espertalhuco do Ja Rule e a reviravolta mais previsível que aquele ilhéu ao largo de São Francisco já viu: sim, Seagal é um infiltrado do FBI. Agora que já separámos o lixo para reciclagem, os grandes trunfos que ficaram esquecidos no tempo: Morris Chestnut é um vilão superior, Il Fuego Tony Plana mete gozo enquanto director prisional meio rufia meio amigalhaço e a Nia Peeples merecia um spinoff daquela sua personagem danada para buffets de balázios, com umbigo à mostra em fato de cabedal e maquilhagem azulada resistente à chuva. Seja feita justiça, "Duro de Matar" enquanto filme de acção de segunda linha, merece muito mais amor.

domingo, novembro 14, 2021

American Psycho II: All American Girl (2002)

Na realização um Morgan Freeman branco e como nova psicopata - uma que começa o filme, num flashback em criança, a despachar o Patrick Bateman -, nada mais nada menos que a Mila Kunis a começar carreira, catapultada pelo sucesso de "That '70s Show". Do clássico que lhe precede, nada sobra, nem o género, quanto mais o tom narrativo e a classe. Tudo aqui é teen aparvalhado, da narração medonha de Kunis às motivações absolutamente banais dos crimes, ao mini-mistério que se tenta criar de início sobre a identidade do assassino quando o próprio cartaz do filme não deixa qualquer dúvida sobre o assunto. Banda-sonora desadequada, qual "Wild Things" em pele de cordeiro, edição tenebrosa - atentem a primeira cena com o psicólogo, ora com fade outs ora com mudanças brutas de planos - que sem razão nenhuma lembra-se de enfiar uns slow-mos pelo caminho e o William Shatner como professor malandro. Não há coragem nem arrojo para mostrar as mortes, não há qualquer tipo de explicação sobre como os corpos são escondidos nem uma única consequência ou desconfiança em torno dos enigmáticos desaparecimentos. Um preservativo como arma e um gato dentro de um micro-ondas. Ousado. Esperem, falso alarme, a dona chegou a tempo de o salvar.

segunda-feira, junho 14, 2021

Resident Evil (2002)

Análise em modo trivia: Michelle Rodriguez, grande fã do jogo, pediu ao seu agente para fazer o que fosse preciso para que ela conseguisse um papel no filme; não teve que fazer muito, certamente. Milla Jovovich não usou nenhuma dupla para a substituir nas cenas de acção: para a coreografia em que sobe uma parede e dá um rotativo num zombiecão precisou de três meses de treino; já para mostrar ligeiramente a pelugem púbica, bastou um realizador maroto que, admirem-se, acabou por se casar com ela uns anos depois de a conhecer aqui. Filmado na sua maioria em estações inacabadas de metro em Berlim; mas foi no Japão que foi um sucesso estrondoso - o presidente nipónico da Capcom teve até um cameo como zombie. Foi o que foi, melhor do que se esperava, pior do que poderia ter sido, suficiente para garantir uma saga com seis capítulos. Gosto de sofrer, vou a todos até ao final do ano.

quarta-feira, maio 26, 2021

Daredevil (2003)

Anos a fio enganado pela opinião consensual do público que este "Daredevil" era lixo tóxico. Já sei, já sei, provavelmente o problema é meu e daquela garrafa de Mirabilis branco que despachei sozinho ao jantar. Seja como for, tirando o arco narrativo em que o Demolidor e a Electra andam à pancada porque ela não reconhece que se trata do namorado debaixo daquela máscara que deixa meia cara de fora - e porque raio em vez de bater na namorada e levar com uma facada no ombro, o Ben não disse apenas "Electra, calma, sou eu, o ceguinho que te anda a queimar a rosca todas as noites" -, tudo o resto pareceu-me mais competente e divertido que estas MARVELadas recentes que se levam demasiado a sério. Ben Affleck convence enquanto cego - nem por isso enquanto super-herói ou advogado -, o sorriso com covinhas da Jennifer Garner deixa qualquer um, uma ou não-binário de beiços, o big bad boss possante de Michael Clarke Duncan saudades do bom gigante e até o sacana do Colin Ferrell arranca um dos mais intrépidos e convincentes vilões do género com aquela colecção infindável de manias e tiques de expressão. Vou deitar-me que estou com a boca seca, mas amanhã já pego no "Elektra".

sexta-feira, maio 07, 2021

The Time Machine (2002)

Guy Pearce, seja a dar aulas ou a passear na rua, sempre a quinhentos à hora de boca aberta, como se estivesse constantemente admirado com algo ou, mais grave, com problemas respiratórios no trato superior; já não se distribuem anfetaminas como antigamente nos estúdios. O assalto mais pateta, teatral e previsível de sempre. O bisneto de H.G. Wells - autor do conceituado romance (1895) que dá vida ao filme - na cadeira da realização, numa daquelas homenagens amargas de um familiar que claramente ficou ressentido por não ter sido incluído na herança. Uma máquina do tempo que aparece assim do nada a funcionar porque há uma donzela para salvar. A pobre da Sienna Guillory a morrer mais do que uma vez porque por mais que se viaje no tempo não se pode mudar o destino de alguém; podiam ter-se lembrado deste mecanismo narrativo num qualquer filme com a Kristen Stewart. Golfe na lua, com pancadas que atingem um quilómetro de distância à custa da gravidade - ou falta dela. A lua a desmoronar-se, ameaçando a vida na Terra. Malditos golfistas, já não bastava estarem sempre em contramão na N125. De repente, quase sem dar conta, "Pocahontas 2: Planeta dos Aliencacos". O Jeremy Irons branco como cal, a precisar de vitamina D. Eu, pálido, cansado de escolher filmes terríveis das prateleiras.

sexta-feira, março 12, 2021

Memories of Murder (2003)

Expectativas defraudadas, naquele que foi o segundo filme da carreira de Bong Joon-Ho, uma espécie de "Zodiac" sul-coreano em torno de uma série de assassinatos nos anos oitenta que levou as forças policiais do país ao total descrédito por parte da opinião pública. Uma espiral obsessiva que perde eficácia e impacto ao brincar constantemente com o tom da narrativa, ora com as suas personagens numa esfera quase de paródia para retratar a sua própria incompetência, ora numa gama dramática e obscura de violência e loucura. Não me entendam mal: está aqui um filme muito interessante, magistralmente realizado numa perspectiva técnica e interpretado com competência pelo seu vasto elenco de polícias e suspeitos. Mas a palhaçada - os pontapés voadores um bom exemplo - corta constantemente o feeling angustiante, aquela sensação de paranóia que toma conta dos envolvidos, deixando a clara sensação de que o resultado final seria muito mais polido e capaz se a experiência tivesse sido mais noir e imersiva. Como curiosidade, o caso foi finalmente resolvido em 2019 - mesmo já tendo prescrito -, quando exames de ADN a um violador preso e condenado desde 1994 revelaram ter sido ele o serial killer que ninguém conseguiu apanhar na época.

quinta-feira, janeiro 07, 2021

Breakaway / Christmas Rush (2002)

Espécie de "Die Hard" no centro comercial, com o Super-Homem que deixou água na boca da Teri Hatcher como um polícia suspenso que usa boné para trás - em vez do wifebeater branco do nosso querido McClane -, o Eric Roberts com franjinha (e um filho com leucemia que precisa de uma pipa de massa para tratamentos) como vilão/polícia reformado/pai desesperado, a Erika Eleniak antes da gravidade começar a fazer efeito e duas mães-Natal em lingerie. Estou a brincar, estas duas últimas só aparecem alguns segundos, ninguém percebeu bem porquê. O filme? Surpreendentemente competente na acção - tacos de hóquei, flechas, granadas, bombas de fumo, caçadeiras, metrelhadoras, vale tudo -, humor entre herói, patifes e reféns - um deles o Pai Natal de serviço (onde está o Hulk Hogan quando precisamos dele) - e um brutamontes com o sotaque forçado mais ridículo que me lembro em filmes que se passam a menos de quinhentos metros de uma Body Shop. Amigos, se não lhes conseguem mostrar o dinheiro, mostrem-lhes o amor. A prova que faltava que o "Die Hard" é mesmo um filme de Natal.

terça-feira, dezembro 29, 2020

Star Wars: Episode II – Attack of the Clones (2002)

O Anakin - um Padawan com problemas comportamentais - apaixona-se pela Padmé - uma antiga rainha agora senadora dedicada. Pudera, nem o Papa resistiria à Natalie Portman naquele seu esplendor máximo de sensualidade, qual cocktail de fulgor jovem com o irresistível brilho intenso de um fruto proibido. O Yoda - mestre Jedi anão - precisa de uma bengala para coxear, mas quando entra em modo de combate de sabre em punho, é mortais encarpados e piruetas a cada movimento. Conde Dooku - um antigo Jedi vira-casacas separatista - quinze a zero ao Darth Maul - vilão cornudo do Episódio I -, o que ainda assim não chega para ter positiva. Obi-Wan Kenobi deixa de ser Jedi e transforma-se em detective. Guerras políticas, exércitos, clones e o Jango Fett. Não consigo conter a excitação de chegar ao Episódio III. Qual é mesmo a interjeição para um suspiro longo?

sexta-feira, dezembro 04, 2020

Roger Dodger (2002)

O Jesse Eisenberg que não envelhece e a Morena Baccarin que envelheceu tão bem. A Elizabeth Berkley a levantar bainhas com palhinhas e a Jennifer Beals a finalizar a costura com doçura. A manha em contraste com a inocência, como se a ordenha fosse uma ciência. O lobo mau que ensina a cria a caçar, mas que acaba de alma e estômago vazio tal o apetite desenfreado. Os diálogos que brilham quando as imagens nem sempre o conseguem - aquela câmera constantemente a abanar no ombro de alguém distrai mais do que devia -, a poesia ambígua de uma "comédia sexual" sem sexo, limitada a uma noite de descobertas e revelações para mestre e aluno. Papelão ignorado pelo tempo e pela crítica de Campbell Scott. Assim, apelido e nome próprio trocados, vá-se lá saber porquê.

segunda-feira, setembro 28, 2020

House of 1000 Corpses (2003)

É quase um contrasenso que "A Casa dos 1000 Cadáveres" só funcione quando está longe dela. Tanto no museu de terror/estação de serviço a cargo do mirabolante Capitão Spaulding do mítico - entretanto falecido - Sid Haig como na estrada, o filme de Rob Zombie encontra o tom certo, a crueldade suficiente, a estética sem exageros de um filme de terror que quer brilhar com o conteúdo das personagens e não tanto com o aspecto delas. Passam esses vinte/trinta minutos prometedores e chega a casa que servirá de palco a uma trapalhada descomunal narrativa que se alia a uma série de filtros e efeitos de imagem que nada ou pouco servem a história. Morte estilizada após morte estilizada, qual videoclip slasher de longa duração, sem charme, sem interesse, sem foco, uma torrente de energia desperdiçada em artíficos patetas. Ainda resultou numa trilogia, mas só lá voltarei quando me baterem as saudades do Capitão.

quarta-feira, maio 27, 2020

Russkiy kovcheg (2002)

Tecnicamente impressionante - um único longo take de hora e meia que envolveu dois mil actores e três orquestras -, narrativa e pedagogicamente uma completa nulidade para quem não tiver conhecimentos e conceitos pré-estabelecidos de momentos e figuras importantes específicas da história russa como, por exemplo, da imperatriz Catarina II, dos czares Nicolau I e II ou do cerco de três anos a Leninegrado. Guarda-roupa e espaços visualmente arrebatadores - o Palácio de Inverno do Hermitage de São Petersburgo com mais de duzentos e trinta mil metros quadrados - que são um mimo para os olhos mas que, entre um narrador fantasma e um marquês que quebra constantemente a quarta parede, servem de muito pouco para qualquer leigo na matéria. Um pouco como se metêssemos os russos no mesmo tipo de encenação no Palácio Nacional da Ajuda: aposto que ficariam frustrados de estar tanto tempo à nora com o período pombalino e o reinado de D. Luís. Sem sequer saberem do que se tratava.

sexta-feira, janeiro 12, 2018

Timecop: The Berlin Decision (2003)

Nesta sequela straight-to-video do clássico de Van Damme que imortalizou a sua espargata numa bancada de cozinha, é Jason Scott Lee, o dragão que um dia foi Bruce Lee, que toma as rédeas de uma trapalhada temporal que decide enfiar três ou quatro possíveis linhas narrativas - visitas ao faroeste dos cowboys, à Alemanha de Hitler, à Chinatown mafiosa da década de trinta, entre outras - numa desculpa de fita para malta que, como eu, não resista à ideia de revisitar o conceito de um polícia duro de roer que controla saltos temporais ilícitos. Fica a admiração pelo secundário John Beck, afastado da alta roda de Hollywood há quarenta anos, sabe-se lá porquê.

quinta-feira, março 24, 2016

Pulsação Zero (2002)

Escrito e realizado por Fernando Fragata, "Pulsação Zero" mostra-nos um dia na vida de Alex Ventura, um tipo com um azar do camandro. Irreverente, tecnicamente irrepreensível no que concerne à montagem e à sonoplastia e com uma coesão narrativa salutar - não há nada na história para encher chouriços, tudo o que é dito e feito importa a certa altura, desenvolvendo-se o guião num ritmo primoroso -, o telefilme da SIC revela-se uma comédia negra de acção tão deliciosa quanto irónica e trágica. Num jogo do gato e do rato entre a sorte e o azar, onde o entretanto desaparecido Hélder Mendes cumpre mas não deslumbra, o product placement (Siemens, Vodafone etc.) torna-se excessivo e, perto do final, parece perder a paciência para fazer sentido - a cena do camião do lixo que não pára de forma alguma até dar jeito para o argumento -, obviamente nem tudo é perfeito; mas isso não tira mérito nenhum a uma produção ímpar que soube prender e conquistar quem a viu, fosse através de pormenores fantásticos como o Natal que se transforma em Fatal ou um padre que toca bateria e acaba na banda de um amigo. Fácil e elementar.

quarta-feira, junho 18, 2014

Días de fútbol (2003)

António, nos seus trintas, acaba de sair da prisão e, devido a algumas sessões de terapia de grupo, está convencido que a psiquiatria é o seu futuro. Sem um curso que lhe abra portas a esse sonho recente e sem dinheiro para estudar, acaba por ter que se render à oportunidade de ser taxista e conseguir deste modo juntar alguns trocos. Infeliz da vida, António julga ainda assim que os seus quatro grandes amigos de infância estão ainda pior do que ele. Jorge foi abandonado pela mulher, Miguel passa a vida a fazer o que a esposa manda, Charlie finge ser um actor de sucesso para impressionar meio mundo e Ramon tem chatos lá em baixo por se ter aventurado com uma prostituta. Decidido a ajudar os amigos a ganharem um novo ânimo - qual psiquiatra de elite -, António reúne a pandilha e convoca-os a participar num campeonato de futebol de sete, defendendo que uma vitória em campo seria a chave para um novo começo nas suas vidas. Decididos a ajudar o pobre António a adaptar-se à sociedade após o enclausuramento de que foi alvo, os quatro amigos alinham na ideia. Ou seja, no fundo ninguém queria jogar mas todos o fizeram a pensar que estavam a ajudar o próximo. Vencedor de um Goya para Actor Revelação (Fernando Tejero), "Días de fútbol" tem alguns momentos divertidos e interessantes na sua narrativa, mas perde a sua credibilidade através de sucessivos gags que revelam uma necessidade incompreensível de fazer rir o espectador através da estupidez e do surreal (pioneses no rabo ou telemóvel à cintura durante os jogos, por exemplo). Ainda assim, um elenco equilibrado e competente e um retrato de grupo coeso e engraçado justificam uma oportunidade.

segunda-feira, setembro 16, 2013

The Transporter (2002)

Frank Martin é o melhor no seu negócio devido às regras rígidas que impõe aos seus clientes: nunca alterar algo previamente acordado, não mencionar qualquer nome, nunca abrir nem saber do que se trata a "encomenda" e, acima de tudo, numa fazer uma promessa que não possa ser cumprida. Estas são as suas regras. As do carro que conduz, um belíssimo BMW 750i E38, com um motor V12 de 322 cavalos são ainda mais importantes: respeitem o carro e ele respeitará o cliente, cinto de segurança obrigatório e, importante, nunca beber café no seu interior. Se todas estas regras forem cumpridas, Martin conseguirá levar as suas missões, moralmente duvidosas ou não, até ao fim, entre derrapagens, perseguições policiais e tiroteios a alta velocidade. Mas tudo vai mudar no dia em que a "carga" é, nada mais nada menos, do que uma bela asiática raptada por uma rede internacional de tráfico de escravos.

Realizado em parceria por Corey Yuen e Louis Leterrier, com produção e guião a cargo do francês Luc Besson, "Correio de Risco" deu início de forma refrescante, despreocupada e divertida a uma saga de capítulos cinematográficos e televisivos cujo sucesso comercial cresce exponencialmente a cada novo capítulo que é lançado - numa proporção infelizmente inversa à sua qualidade narrativa, mas essa é outra conversa. Energético, estiloso e com uma cinematografia acima da média, só a sequência da perseguição inicial num cenário idílico algures no sul de França justifica o preço do DVD não só para qualquer fã de adrenalina sobre quatro rodas, como para qualquer cinéfilo capaz de respeitar as limitações estruturais de um filme de acção feito pura e simplesmente para entreter o espectador. De resto, uma banda sonora aprazível, uma Qi Shu deslumbrante e um Jason Statham vários furos acima de Seagals e companhias merecem um visionamento, nem que seja para abrir alas ao muito melhor Audi A8 6.0 de 450 cavalos que o anti-herói conduzirá nas respectivas sequelas - sequelas essas que ainda não acabaram, já que foi anunciado durante o Festival de Cannes deste ano uma nova trilogia produzida e distribuída por uma empresa chinesa, alinhe ou não Statham em voltar.

quarta-feira, abril 20, 2011

Bad Santa (2003)

Willie Stokes (Billy Bob Thornton) é um bandido alcoólico que sobrevive do Natal. Isto porque, depois de passar o ano inteiro em casa a beber e a ver televisão, aproveita cada Natal para, através de trabalhos em que se disfarça de Pai Natal em centros comerciais, dar um golpe numa qualquer loja desses mesmos estabelecimentos. Perverso, mal-educado e altamente sarcástico, Willie faz-se acompanhar pelo Elfo Marcus, um anão amigo e parceiro de crime. Desta vez em Phoenix, o plano da dupla está ameaçado por um desconfiado chefe do centro comercial (o já falecido Bernie Mac) e por uma criança de 8 anos que, na sua inocência, acredita que Willie é o verdadeiro Pai Natal.

Exemplo tão singular quanto escusado de humor negro, “Bad Santa - O Anti-Pai Natal” perde rapidamente a piada e o charme do seu estilo politicamente incorrecto para cair na vulgaridade de um filme que insiste em fazer humor durante duas horas sempre da mesma forma: através dos palavrões, das ofensas verbais e da estupidez das suas personagens. De pancadaria a crianças a adultos urinarem as próprias roupas, tudo vale para chocar funestamente o espectador. No entanto, sempre com alguma hesitação, quase como se Terry Zwigoff, responsável por “Ghost World”, não tivesse a certeza se queria mesmo ter usado aquela cena: “não passa de uma piada, não levem a mal”, parece estar a pensar o realizador.

De positivo, destaque para a interpretação imersiva de Billy Bob Thornton, corrosivo e bárbaro na construção de uma personagem tão cruel quanto erroneamente desenvolvida pelos guionistas. Assim, podemos afirmar convictamente que não foi por falta de entrega do polémico actor norte-americano – segunda escolha no projecto, tendo substituído Bill Murray na ideia original - que “Bad Santa” fracassou, mas sim pela vulgaridade do guião corromper toda a diversão.