sábado, dezembro 31, 2022

In Memoriam 2022

sexta-feira, dezembro 30, 2022

The Great Dictator (1940)

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Tão relevante agora como nos anos quarenta. A humanidade não aprende com os seus erros e tende a repeti-los - ou pelo menos a criar uma rimas muito parecidas - em ciclos temporais que variam consoante a sobrevivência e relevância da memória e da consciência colectiva das consequências do passado. O discurso final do Hynkel de Chaplin como um dos momentos definitivos que mostrou e provou que a força do cinema estendia-se muito para além da tela. Citando o mesmo, "mais do que máquinas, precisamos de humanidade; mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura". Se muitos são considerados filmes de Natal, importa agora começar a definir filmes que nos fazem acreditar num futuro melhor como clássicos de réveillon. E que fique claro que, para mim, este fica já com o posto equivalente do "Die Hard"! Por fim, quão irónico é que o homem que temia o som tenha acabado por ser o responsável por um dos monólogos mais intemporais e importantes da história da sétima arte; ele que em silêncio fazia todos rir... e a falar, meteu todos em silêncio, de coração apertado.

quinta-feira, dezembro 29, 2022

Shyamalan at the Cabin

quarta-feira, dezembro 28, 2022

CHiPS (2017)

Adaptação ao cinema da série de televisão do final dos anos setenta com o mesmo nome que celebrizou e lançou o porto-riquenho Eric Estrada para a ribalta. Temos direito a cameo final do próprio, numa comédia de acção buddy-cop sem grande história - vilões revelados logo à partida - nem piada - sketchs homofóbicos e humor de casa de banho a pontapé -, que acaba por escapar à mediocridade graças aos stunts de acção, a maior parte deles sobre duas rodas. Mérito de Dax Shepard, aqui realizador, actor e acrobata, que no meio daquela figura altamente pateta acaba por ser mais eficaz do que Michael Peña, demasiado esforçado em ser o rezingão duro, engatatão e charmoso que o Frank Poncherello de Estrada imortalizou na cultura popular.

terça-feira, dezembro 27, 2022

Tampopo (1985)

Como exploração da nossa relação com a comida, da fome ao consumo desmesurado como conceitos intimamente relacionados com o funcionamento das sociedades e até a nível pessoal com o líbido e o prazer, há muito em "Tampopo" que pode ser escrutinado e discutido, nem que seja pela forma quase sempre provocadora como o faz. Mas narrativamente falando, o filme do já falecido Juzo Itami - "herdeiro" de Kurosawa para muitos, assassinado pelos Yakuza no final dos anos noventa - perde-se completamente por volta dos trinta minutos. A um arranque de excelência, que nos prende e cativa a uma história que se quer de superação e sucesso daí em diante, sucede-se uma colectânea de sketchs totalmente aleatórios, com personagens ocasionais e um conjunto de acontecimentos, ora patetas - os barulhos a comer, a mulher moribunda a cozinhar até à morte ou o aspirador como substituto da manobra de Heimlich - ora carregados de tensão e cariz sexual - o ovo que escorre de um beijo, a ostra como objecto de desejo entre uma adolescente e um desconhecido ou, a mais escandalosa de todas, uma criança a lamber um gelado para gáudio de um adulto, com direito a zoom às ancas da criança - que tentam ser encaixados a martelo na história de fundo de "Tampopo". Nestas várias partes isoladas que mesmo somadas não se encaixam num todo, juntemos ainda as diferenças culturais que não ajudam à festa: a mulher vista sempre como figura subjugada ao sexo masculino e os animais esquartejados à nossa frente são bons exemplos de um filme cuja energia é, com muito boa vontade, estranha para ocidentais. "Coração quente" e "hilariante" são alguns dos termos mais usados pela grande maioria dos cinéfilos que adoraram esta obra, no meio de parágrafos inteiros tão vagos quanto simbólicos; ultrapassou-me por completo.

segunda-feira, dezembro 26, 2022

The Greatest Year in Movie History

domingo, dezembro 25, 2022

Endangered (2022)

Um olhar duro e cruel sobre o jornalismo em locais onde a democracia está em risco, seja pelo papel daqueles que a lideram têm sobre as massas - Bolsonaro e Trump como espelhos de desinformação que milhões acreditam ser totalmente fidedigna e que defendem de forma atroz e perigosa, contra tudo e contra todos - ou pela própria intimidação que é proporcionada por estas figuras de estado, fazendo com que estes repórteres de investigação/rua mais audazes e corajosos acabem por ser ameaçados de morte de forma recorrente pelos minions que os idolatram. É esse verdadeiro jornalismo, o que vai a fundo sem medo do confronto e das repercussões, que está cada vez mais próximo da extinção, num documentário que infelizmente fecha-se muito sobre si mesmo - qual homenagem entre pares - e que perde por não querer juntar as quatro partes que o formam num todo conexo, cinematográfico até, ligado por algum tipo de narração ou de intercepção de narrativas. Fica o retrato geral e os muitos retratos fotográficos de rua, seja pelas mulheres no México ou pelos negros nos EUA, numa clara demonstração de que não há democracia verdadeira sem liberdade de imprensa ou exposição da verdadeira verdade: a documentada, factual, provada e visível. Claro que, tal como no mundo que examina, o documentário da HBO não escapou a que uma mão-cheia de idiotas o considerassem manipulativo ou propaganda política. Para esses, Porco Rosso.

sábado, dezembro 24, 2022

Pepsi, Where’s My Jet? (S1/2022)

É verdade que estes quatro episódios de quase uma hora cada podiam ter sido compactados em hora e meia de documentário, como praticamente toda a internet o defende? Caramba, até num único artigo escrito de alguns parágrafos? Sim, é. Mas é a Netflix e já devíamos estar agradecidos por algo neste formato não ser sobre um crime ou um psicopata qualquer. Edição e montagem dinâmica e divertida - nada como nos enganar que nem uns patos com um cenário de fundo que afinal é falso -, história de tribunais só possível nas terras do tio Sam - letras pequenas... ninguém as lê mas eis o porquê delas -, amizade com conteúdo entre mentor e discípulo e uma recriação de pequena escala, qual artimanha para encher chouriços, da eterna batalha de preferências entre Colas. Grande problema que a vida real tem: o final pode ser extremamente anti-climático, ainda para mais depois de tantas horas a acompanhar uma odisseia impensável, com Pentágono à mistura, de um puto com um sonho. Voto Coca-Cola já agora.

sexta-feira, dezembro 23, 2022

Palombella Rossa (1989)

Tremenda desilusão. Sátira política e existencial autobiográfica que se perde - especialmente para o cinéfilo internacional - num contexto muito específico sócio-geográfico de época. Nanni Moretti na pele do seu alter ego Michele Apicella, num flashback/sonho de um jogo de polo aquático da sua infância onde tenta redescobrir-se a si próprio, tanto a nível identitário quanto ideológico. Os traumas de infância e uma série de conceitos mais amplos que formaram o seu percurso em constante cheque, expostos sem grande audácia técnica - edição/montagem pobre para tamanho jogo dimensional entre o presente e o passado - ou piada narrativa para além dos gags visuais. A lógica perde-se entre inúmeras metáforas que só os mais contextualizados conseguirão descortinar e o absurdo recheado de lugares comuns na disputa entre o socialismo e o capitalismo/materialismo dá lugar ao tédio.

quinta-feira, dezembro 22, 2022

Nas Nalgas do Mandarim - S09E14

quarta-feira, dezembro 21, 2022

Jurassic Driver

terça-feira, dezembro 20, 2022

The Bucket List (2007)

Três conselhos de vida para quando forem séniores: nunca deixar passar uma casa de banho, nunca desperdiçar uma erecção e nunca confiar num pum. É este o nível de esforço que foi posto num guião escrito em duas semanas para um filme que dificilmente tinha como falhar - o fim bem próximo por motivos oncológicos e uma amizade improvável. E mesmo com tanta preguiça, presunção e falta de criatividade no papel - a "lista de desejos finais" cai em tantos lugares comuns e vulgares que parece ter sido pensada por um adolescente -, Rob Reiner lá se safa às custas de um final bem conseguido - as cinzas na montanha e o beijo da mulher mais bonita do planeta ser o beijo da neta - e da química constante irresistível entre Nicholson e Freeman, dois actores de excelência que deixam tudo na cama de hospital e fora dela - incluíndo o cabelo de Nicholson. Talento puro que compensa a futilidade do guião de Justin Zackham.

segunda-feira, dezembro 19, 2022

From Zach Braff

domingo, dezembro 18, 2022

The Deadly Spawn (1983)

Louve-se a coragem e ousadia: primeiro e último crédito como realizador de Douglas McKeown, um total desconhecido na indústria. Orçamento - vinte e cinco mil dólares - e meios de produção praticamente caseiros, muito amor e trabalho manual na criação de criaturas alienígenas e cenas de gore. Para dar nas vistas e aparecer ao mundo, publicidade enganosa para simular uma suposta sequela: "Return of the Aliens: The Deadly Spawn" como título de lançamento, aproveitando o sucesso estrondoso do clássico de Ridley Scott poucos anos antes. Pronto, homenagem feita a toda esta torrente criativa de autor que permitiu que esta brincadeira sobrevivesse até aos dias de hoje. Mas a verdade é que "The Deadly Spawn" falha em tudo o resto: não cativa nem surpreende no guião, não sai da zona de conforto nos "duelos de sobrevivência" e não consegue construir uma única personagem interessante e multidimensional. Diálogos fraquíssimos, edição e montagem desinspirada, muito amadorismo nas interpretações e terror que, na verdade, nunca incomoda. Nem faz rir. Já sei, já sei, o encanto dos série B. Culpa minha.

sábado, dezembro 17, 2022

Nas Nalgas do Mandarim - S09E13

sexta-feira, dezembro 16, 2022

Barbie, Barbie give me your answer do!

quinta-feira, dezembro 15, 2022

Night at the Museum (2006)

Um macaco que tem mais piada que o Ben Stiller e um homem das cavernas que é melhor actor que o Owen Wilson. Ricky Gervais completamente desenquadrado numa personagem que não o aproveita minimamente e um Robin Williams presidencial a cavalo, num manequim de cera sem sangue quente a correr pelas veias e que, por isso, não lhe dá liberdade para explodir e improvisar como sempre tanto gostou. O Rami Malek tão novo mas já com cara de quem merecia um par de chapadas para perder aquele ar irritante e a Carla Gugino a precisar de um homem a sério. A criançada até pode ter achado piada a isto tudo, mas para os adultos há aqui muito pouco: um mesmo acto que se repete vezes sem conta - meter ordem na confusão durante a noite - e tanto "então... mas..." que, por muito boa vontade que haja, faz com que absolutamente nada faça sentido tirando a parte que supostamente deveria ser a mais difícil de explicar. Sim, a de tudo o que está no museu ganhar vida quando ele fecha. Sequelas? Nem pens... claro filhotes, vocês é que mandam!

quarta-feira, dezembro 14, 2022

terça-feira, dezembro 13, 2022

1ª Vez 16 mm (2008)

Os rasgos de U2 nas passagens rápidas entre cenas, as baladas de Celine Dion nas autoestradas, de descapotável e cabelo ao vento, o Albertini que arruma carros e faz part times como actor, o toureiro que quer ser poeta, o Venâncio produtor que é meio fanhoso e a sua mulher, com o riso mais Lynchiano proveniente dos confins de Twin Peaks. Veneza, Paris, Madrid, Lisboa, Porto, Alentejo, Figueira da Foz. "Com a tua idade, já tinhas idade era para ter juízo", diz a mãe da personagem de Rui Goulart, actor, aqui Miguel. Segue-se o Rui Goulart guionista, que faz questão de filmar sem argumento. E o Miguel/Rui Goulart, realizador no sentido figurativo mas também literal, que junta tudo isto no produto mais bizarro, excêntrico e misterioso do cinema português recente. Tão misterioso quanto a própria figura e suposta carreira, que tantos sites noticiosos mencionam por essa internet fora mas que, aparentemente, ninguém viu ou conhece patavina. Uma vaca à entrada de um bar de karaoke - ou não, foi apenas mais um dos momentos de montagem caótica com que somos bombardeados de trinta em trinta segundos -, nomes conceituados como João D'Ávila, Adelaide João, Marisa Paredes ou mesmo o do maestro António Victorino d’Almeida completamente perdidos entre takes, maminhas que rodam, idosos aos saltos em cuecas brancas e uma mão cheia de citações para a posteridade. O que custa não é saber amar, mas sim saber mamar. Torre Eiffel em todos os planos parisienses - não vá alguém duvidar que foram mesmo lá -, o kitsch que é andar de gôndola em Veneza, o pai que era pescador porque pescou a mãe, um Ferrari vermelho e o Rui Goulart sempre a fumar e a olhar para o chão. Entrada violentíssima a pés juntos sobre o "engenheiro electrotécnico" Jorge Leitão de Ramos do Expresso. Terá sido vingança? Ou homenagem? Tudo tão amador e mal feito que quase parece de propósito. Não terá sido mesmo? Será esse o seu encanto secreto, qual sátira que se consome e corrói a si própria? Cheira-me que não, mas nunca saberemos. Inserir riso da mulher do Venâncio. Ha Ha Ha Ha Ha Ha Ha. O Tommy Wiseau que se cuide. Atchimmm. Corta. Obrigado. Gracias.

segunda-feira, dezembro 12, 2022

domingo, dezembro 11, 2022

sábado, dezembro 10, 2022

Better Watch Out (2016)

Surpresa escondida dentro daquelas botas que penduramos na lareira. Ficou lá esquecida uns anos, culpa desta malta amiga que arruma tudo antes do tempo com classificações tímidas no Letterboxd. Espaço de acção único, intermináveis - e irresistíveis - homenagens ao "Sozinho em Casa", da aranha às latas de tinta, numa espécie de Haneke John Hughesiano malandreco e inesperado. Não procurem grande lógica, nos actos ou nas justificações das personagens, mas contem com uma boa dose de diversão, daquelas que chegam para encher a pança durante as festas. Limitações de baixo orçamento superadas com criatividade e inteligência, um trio de adolescentes a tirar prazer de tanta rebaldaria e Olivia DeJonge com o dedo do meio mais satisfatório desde o Mr. Bean. Feliz Natal, seus fedelhos de doze anos.

sexta-feira, dezembro 09, 2022

Nas Nalgas do Mandarim - S09E12

quinta-feira, dezembro 08, 2022

Skarsgård & Goth

quarta-feira, dezembro 07, 2022

The Black Phone (2021)

Overrated. Já sei que a malta não resiste a este ambiente à "Stranger Things", com criançada cool que andava pelas ruas de bicicleta em vez de ficarem trancados em casa agarrados aos tablets. Sim, também gosto. Mas caramba, não nos deixemos distrair do essencial: o filme de Scott Derrickson era uma sequela e ninguém nos avisou? Porque é que a irmã tem visões? Força do amor ou força dos genes? Qual a história do telefone e porque ali continua se só deu chatices no passado ao raptor? Quais as motivações do vilão? Porquê a máscara? Como é que conseguiu escapar durante tanto tempo, com o mesmo modus operandi, sempre na mesma zona? E os pais das crianças, não ficam minimamente preocupados ao ponto de não deixarem os filhos andarem sozinhos nas ruas? Que jogo é que ele quer brincar com os petizes antes de os matar? Estava tudo explicadinho na prequela? Competente a nível técnico, boas interpretações, payoff jeitosinho. Não desculpa tudo o resto, incluindo a fraca caracterização da personagem de Hawke, sem substância ou história para justificar tamanha bipolaridade.

terça-feira, dezembro 06, 2022

Nalgas Film Festival Photo Album

segunda-feira, dezembro 05, 2022

12 Anos de Chapadas

domingo, dezembro 04, 2022

The White Lotus (S1/2021)

Prémios atrás de prémios, malta a babar-se a torto e a direito por essa internet fora. Esta primeira temporada de "antologia" da série da HBO tem efectivamente um conjunto de valências irresistíveis que a tornam num produto televisivo relevante, mas calma. Seja pelo whodunnit pastelão que só ganha força no último episódio, seja pela previsibilidade dos acontecimentos dentro de cada relação - dos recém-casados aos fartos de estar casados -, não encontramos em "The White Lotus" um equilíbrio entre os feitos técnicos e os caminhos narrativos que justifiquem tanta bajulação. Mesmo que a cinematografia/sonoplastia exiba-se constantemente que nem um mimo e que grande parte das interpretações seja de primeira linha, do director-geral em recuperação de Murray Bartlett ao irresistível par de ... olhos - seus taradões - de Alexandra Daddario, sem esquecer Steve Zahn, Connie Britton e Jennifer Coolidge. Para ser honesto, não sei se tenho vontade (e tempo) para me atirar à segunda temporada, desta vez por terras italianas.

sábado, dezembro 03, 2022

Porque colecionamos (filmes) ?

sexta-feira, dezembro 02, 2022

The Matrix Sequel We Deserved

quinta-feira, dezembro 01, 2022

Dick Johnson Is Dead (2020)

A morte, aquele momento que segundo Voltaire juntava filósofos e imbecis no mesmo destino. Não é fácil abordar o tema, ainda para mais quando se trata do nosso próprio sangue, mas filha e pai fazem-no aqui com uma boa disposição apaixonante, principalmente de Dick Johnson, o homem que, vendo-se cada vez mais encurralado pelo envelhecimento e por uma doença que lhe come aos poucos e poucos a memória, decide alinhar em todos os desejos e brincadeiras da filha "realizadora". Mortes e funerais encenados, cenários complexos - no paraíso com Bruce Lee, Buster Keaton e Frida Kahlo à mesa, entre outros -, tudo e mais alguma coisa ficcionada para aliviar aquela sensação fulminante que paira sobre Kirsten Johnson que, mais dia menos dia, o pai como sempre o conheceu, divertido e apaixonante, desaparece. Em vida - demência - ou na morte. O que é mais curioso - ou talvez não - é que são as emoções genuínas, tudo o que é bem real, que nos aperta o coração, que nos provoca uma lágrima; e é exactamente toda a parvoíce simulada que aniquila uma cativante história de amor no seu estado mais puro: o que liga pais e filhos. O mecanismo criativo foi a desculpa para dar nas vistas; mas é no banal que está a verdadeira essência do sucesso deste "Dick Johnson is Dead".