domingo, fevereiro 28, 2021

Highlander II: The Quickening (1991)

Caramba, já não bastava serem imortais, também tinham que os meter a voar com umas maquinetas nos pés? E um escudo a proteger o planeta de radiações ultra-violetas? É "uma espécie de magia", exulta a tagline, não para apresentar como se esperava alguma continuidade ao filme de origem - a música dos Queen, o mesmo realizador, Lambert e Connery -, mas afinal como desculpa para ignorar e esquecer todo o arco narrativo original, reinventando por exemplo a relação histórica entre MacLeod e Ramirez. Continuamos sem perceber qual é o sotaque do Highlander, cenas de acção enfadonhas e com efeitos especiais de meter medo ao susto, o Sean Connery como comic relief - devia estar a dever dinheiro a alguém - no teatro, no alfaiate e no avião, o Michael Ironside a fazer caretas e o Christopher Lambert tão frustrado com o guião que tentou saltar fora a meio das filmagens. Pelos vistos existe por aí uma versão "renegade" lançada alguns anos depois em que ainda se lembraram que o MacLeod e os restantes imortais eram de outro planeta. Estou tão fora.

sábado, fevereiro 27, 2021

Saint Maud (2019)

"Saint Maud" ou, em português, "Santa Paciência". Cinematografia de excepção, sonoplastia eficaz - se aqueles graves fossem pensados pelo Nolan já não prestavam - e uma interpretação irrepreensível de Morfydd Clark. Cinéfilos de nariz empinado felizes da vida com tanto talento vindo de uma realizadora estreante, mais um capítulo imaculado na glorificação da A24. Por amor da santa. Alguém chame o Wes Craven de volta para nos salvar desta A24 - parece que aqui já pegou no filme depois de estar feito, por motivos únicos de distribuição, mas a vibe está toda lá -, estou cansado de tanto build-up enfadonho orquestrado em prol da forma e raramente do conteúdo, guardando os cartuxos todos para o climax final, ambíguo, chocante, pretensioso como o diabo. Diabo? Ou carapau, calma, talvez seja esquizofrenia.

sexta-feira, fevereiro 26, 2021

Nalgas Flash Review: Ashfall

quinta-feira, fevereiro 25, 2021

Attack of the Giant Blurry Finger (2021)

Louvemos a iniciativa em tempo de pandemia e confinamento e, porque não, a intrepidez da moçoila que dá, literalmente, o corpinho inteiro ao dedão desfocado. E chega. O que daria uma curta-metragem engraçada foi esticado a esforço para uma hora de filme, esfolando completamente o conceito através da repetida e enfadonha sexualização desta brincadeira. Uma ou duas ideias divertidas fora da caixa - podiam ter sido muitas mais, imaginação houvesse - e mamas, cu, mamilos, mamas, cu, mamilos a encherem minutos até cruzarem a linha da meta. A mesma piada contada vezes sem conta perde a piada. Foi o caso.

quarta-feira, fevereiro 24, 2021

Bajocero (2021)

Quatro em cada cinco críticas a esta produção espanhola da Netflix referem o "Assault on Precinct 13" do Carpenter e o "Con Air" do Simon West. Que se lixe, mais uma para contribuir para a estatística. Tensão constante, desenvolvimento de personagem mais do que satisfatório de cada prisioneiro, bravura nas decisões de vida ou de morte e lagos congelados em Espanha. Porra, alguém fazia a mais pequena ideia que isso existia aqui ao lado? Javier Gutiérrez a afirmar-se cada vez mais como um nome preponderante no cinema espanhol, cinema este que se revela quase sempre uma aposta segura no vasto catálogo netflixiano.

terça-feira, fevereiro 23, 2021

The Belko Experiment (2016)

Tagline do diabo para convencer um gajo: "Office Space meets Battle Royale". Oitenta trabalhadores norte-americanos encerrados num edifício na Colômbia. Chips explosivos na cabeça, ou matam-se uns aos outros até restar só um ou acabam com os miolos espalhados por todo o lado. E é isto, conceito apelativo, zero originalidade na execução, zero reviravoltas narrativas inesperadas, zero personagens que cativem o espectador. Romance mal amanhado pelo meio que não convence ninguém, mortes sem grande criatividade e humor, bem, não o vi em lado nenhum - a não ser que considerem o maluquinho negacionista a esvaziar garrafões de água como comic relief. Salva-se a cena final, com alguma irreverência a revirar o desfecho anunciado, mas ainda assim muito pouco para as expectativas criadas pela presença de James Gunn como guionista desta brincadeira.

segunda-feira, fevereiro 22, 2021

Nas Nalgas do Mandarim - S08E03

domingo, fevereiro 21, 2021

Model by Day (1993)

Famke Janssen é uma modelo famosa de dia, justiceira mascarada (Lady X) de roupa interior bondage sexy roxa azulada de noite. "I'm your Dreamgirl", diz ela antes de arrear bandidos. Não há camelo que lhe resista, seja um camelo literal numa sessão fotográfica ou um camelo no sentido figurado num acto criminoso. Um mestre de artes marciais numa cadeira de rodas ensina-lhe tudo o que precisa: "quando tiveres num buraco, pára de escavar". A melhor amiga acaba num hospital após um assalto. Ui, coitados, não sabem o que lhes espera. Mas claro que todas as heroínas precisam de uma side-kick como todos os Batman precisam de um Robin; eis que se junta à festa a Shannon Tweed, instrutora de defesa pessoal feminina - aquelas que ensinam a dar pontapés e joelhadas na genitália masculina. Afinal não, foi só uma cena, assim do nada, devia ser para voltar no segundo episódio. Sim, porque isto era para ser um episódio piloto promocional para uma série televisiva. As mamocas da Famke lambidas pelo parvalhão do Kim Coates, minutos antes de dar uma de Sharon Stone na esquadra da polícia. Uma copycat, felizmente a nossa heroína estava na cama com o detective quando um dos crimes é cometido, que belo álibi. A copycat afinal é a Shannon Tweed, twist. Ai Famke, Famke, saudades dessas covinhas de sorriso quando essa cara não estava a rebentar de plásticas.

sábado, fevereiro 20, 2021

Shadow Warriors II: Assault on Death Mountain (1999)

Hogan com pesadelos de guerra, Tweed a enfardar num saco de boxe e Weathers a esculpir pedra. Tal como tinham prometido no final do assalto à ilha do Diabo, formaram uma equipa de justiceiros à paisana fora do sistema. Criança forçada a estar com o pai bandido rico numa montanha austríaca recheada de guarda-costas, mãe desesperada para a ter de volta, sem dinheiro depois de estoirar tudo em tribunais. Não faz mal, o coração dos "Guerreiros da Sombra" fala mais alto. Melhor ideia para uma câmera escondida: mesmo no meio do decote da Shannon Tweed, os vilões olham todos para lá e são apanhados na perfeição para identificação. Luta de milfs que prova que a ex-playboy está a envelhecer como um bom vinho do Porto. Arco narrativo fechado aos vinte minutos. Afinal vem aí outro na Arábia Saudita relacionado com os pesadelos do nosso herói. É como se tivessem atravessado a rua, ninguém sabe como lá chegaram, se em turística se em executiva. Pim, pam, pum, explosões e tiros e o nosso Hulk é injectado com um vírus mortífero que lhe dá, no máximo, setenta e duas horas de vida. Na vida real seria o tempo que demoraria a voltar para a Califórnia, mas ok, passam a rua novamente e estão de volta a casa. Quais negacionistas da ciência, nada de confiar nos médicos para o curar, toca a ir procurar o vilão que certamente terá o antídoto. Tic tac, tic tac, o tempo voa (devagarinho). Torpedo contra míssil, hovercraft contra motas de água, Hogan contra vilão, antídoto encontrado, planeta salvo do apocalipse viral, tá despachado mais este clássico injustiçado na filmografia do melhor amigo dos seus amigos, aquele que até aquece a cama alheia se for preciso.

sexta-feira, fevereiro 19, 2021

Lenny (1974)

Biopic atípico sobre a ascensão e a queda de Lenny Bruce, um comediante nova-iorquino que quebrava regularmente nos seus espectáculos os limites do politicamente correcto na década de cinquenta, com obscenidades e observações mordazes sobre etnias, orientações sexuais ou forças policiais, levando-a a várias condenações e batalhas em tribunal. Uma vida fora da caixa, nos palcos e fora deles, que conduziram-no às drogas, à depressão, à miséria e à morte com apenas quarenta anos. O stand-up como escape, num filme com uma estética ousada e singular, que nem sempre é eficaz narrativamente mas que funciona artisticamente enquanto homenagem obsessiva a uma personagem compulsiva, como se o filme fosse tomado de assalto por Lenny na sua forma, na relação que estabelece com Honey (Valerie Perrine) e nas inseguranças em torno dessa sua paixão. Como aquele brilhante monólogo final gravado num só take exemplifica, Lenny tornou-se um homem perdido na sua própria irreverência; tal como nós na estrutura que Bob Fosse orquestrou neste seu preito cinematográfico.

quinta-feira, fevereiro 18, 2021

Nalgas Flash Review: Dust Devil

quarta-feira, fevereiro 17, 2021

Midnight Run (1988)

Um filme que funciona e sobrevive ao tempo graças à química incomparável e inesquecível entre Grodin e De Niro, antagonistas no feitio e no estilo, nas expressões faciais, nos timings de humor. Aquele charme e ambiente típico dos eighties, na história, na imagem, na banda-sonora, nos diálogos, na quantidade interminável de cigarros que De Niro fuma e na forma despreocupada com que um "fuck" sai entre bafos, cena após cena. Um buddy cop sem cops, uma aventura deliciosa que atravessa cenários urbanos e rurais - que pena aquele avião pilotado por Grodin não ter ido para o ar - com a mesma facilidade com que soltamos uma gargalhada com a punhofobia sugerida por De Niro. Duas horas e dez que parecem curtas; e isso é um elogio do caraças.

terça-feira, fevereiro 16, 2021

Raw Deal (1986)

Lição de vida do Arnie nº1: não beber e fazer bolos ao mesmo tempo. Schwarzenegger como xerife ainda papo, mas a tentar representar numa discussão com a esposa, porra, há limites. Foi rápido, fartou-se da mulher e infiltrou-se na máfia. Como? Cabelo puxado para trás com gel, um truque tão credível como os óculos do Clark Kent. Lição de vida do Arnie nº2: quanto melhor o gosto de uma mulher para as jóias, pior o gosto para os homens. História meio pateta que só se resolve à lei da bala ao som dos Rolling Stones, porque o Arnie não consegue ter satisfaction de outra maneira. É o seu conceito favorito de justiça poética, que nos leva à lição de vida do Arnie nº3: para quê tomar comprimidos para dormir quando existe champanhe? Checked.

segunda-feira, fevereiro 15, 2021

Sherlock, Jr. (1924)

Buster, projeccionista numa sala de cinema, sonha ser detective. Começa a metamorfose da sua personagem logo aí, quando rejeitado pela jovem que ama imagina-se a atravessar o ecrã para resolver o enigma de um filme, como que por magia adaptado aos personagens que o circundam. A realidade e o imaginário de mãos dadas há quase um século, através de técnicas e truques então ousados e inovadores para os meios que existiam, qual teatro ilusionista que desmistificou a imagem enquanto figura imutável ao mesmo tempo que rasgou horizontes. Keaton, o sonhador, o cinéfilo inspirado em Houdini que não acreditava em impossíveis, como mostra o making-of tão valioso e irresistível quanto o filme.

domingo, fevereiro 14, 2021

Nalgas Flash Review: Pontypool

sábado, fevereiro 13, 2021

Assault on Devil’s Island (1997)

Hulk Hogan em modo "Commando" com um mau pressentimento misturado com uma daquelas paneleirices de artes marciais espirituais do Keanu Reeves que ninguém viu. O Carl Weathers fiel companheiro como sempre recusa-se a morrer enquanto alguém lhe dever dinheiro e o Billy Drago arqui-vilão da droga que não resiste a um bom rabinho de saia, mesmo que seja comunista. Ou pseudo-comunista, já que só mesmo um realizador nascido em Malta se lembraria de pôr a Shannon Tweed com sotaque soviético. Se ainda fosse o John Kreese quando aparece de charuto na boca num submarino. Melhor metrelhadora de sempre, nas mãos laboriosas de Weathers. Tubarões, claro, porque estão numa ilha. Nem são os famosos "brancos", mas gostam muito de uma boa costela com granadas para acompanhar. Voltemos à Shannon Tweed, temos que falar dos seus tops sem soutien por baixo. Saudades destes tempos em que os mamilos tinham autorização para brilhar na tela. Ou um bonito soutien debaixo de uma camisa masculina aberta. De volta ao "The Expendables" low budget: namoradas que são relações públicas de um empresa de cruzeiros mas oferecem de prémio viagens de avião. Desaparecem tão depressa quanto apareceram, sem explicação. O mesmo com a pistola nas mãos do Billy Drago na cena final. Era preciso despachar a coisa. Estou doido para ver a sequela, se alguém souber onde a encontro, é favor deixar mensagem após o sinal sonoro.

sexta-feira, fevereiro 12, 2021

Blind Fury (1989)

O Rutger Hauer fica ceguinho durante uma batalha na Guerra do Vietname e é salvo por uma tribo local, que o ensina a usar os seus outros sentidos e uma bela catana para compensar a falta de visão. Nem tudo foi mau, não deu conta do estado calamitoso do seu cabelo naqueles dias. Vinte anos depois, Miami. Cabelo arranjado e pele muito mais suave, vá-se lá perceber como. Um miúdo filho de um ex-colega da tropa diz-lhe por maldade "see you later" e acaba ao seu cuidado, para sobreviver a um vilão de charutinho na boca que deu um tiro de caçadeira na barriga da mãe. Charuto fininho, tipo palhinha, contra um cego que come pedras como se fossem caramelos e que não se importa de ficar na coxia nos comboios porque, bem, na verdade, não vai ver nada à mesma na janela. Já perceberam quem levou a melhor naquele que é o filme com a melhor cena de sempre com um cego a conduzir no meio de uma cidade com um navegador meia-leca que não sabe distinguir a esquerda da direita, não perceberam? O Zatoichi até deu voltas na campa.

quinta-feira, fevereiro 11, 2021

I Saw the Devil (2010)

Experiência cinematográfica brutal e sadística que usa a violência como arma para deixar o espectador desconfortável, eis um revenge thriller arrojado e original que desumaniza ao máximo o conceito de vingança, mostrando como um homem bom pode também ele tornar-se o monstro que odeia e caça. Cabeças a rolar, desmembramentos, objectos metálicos de todas as formas e feitios a esmagar crânios e testículos, tudo sob uma estética tão cruel quanto primorosa, qual vingança que se serve num prato frio mas que se esquece que o desgraçado do prato, sendo de porcelana, pode ser atirado de volta com perigo. A boleia de táxi mais furiosamente sarcástica da história do cinema, um polícia com caganeira no sítio errado à hora errada e dois actores do camandro. Vou já correr a filmografia deste Kim Jee-woon de lés a lés.

quarta-feira, fevereiro 10, 2021

Nalgas Flash Review: Ghostwatch

terça-feira, fevereiro 09, 2021

Steamboat Bill, Jr. (1928)

Sempre à procura do gag perfeito - um que implicasse uma trabalheira técnica descomunal de bastidores para exaltar a sua comédia física -, naquele que foi um dos seus últimos filmes independentes antes de ser engolido por Hollywood, pelo som que matou o cinema mudo e o slapstick. Humor feito de cara séria, numa realidade paralela muito distante e irrepetível, que quase um século depois continua a resultar num produto mais divertido, refrescante e cool que tanta parvoíce feita com cores e ruídos. Uma sequência antológica com Keaton a lutar contra um furacão, a famosa casa de janela aberta que cai no sítio certo - se não o fizesse, era direitinho para o hospital - e uma obsessão irresistível pelo risco. Fiquei fã, Sr. Keaton.

segunda-feira, fevereiro 08, 2021

The Big Sleep (1946)

Howard Hawks disse uma vez em entrevista "que nem ele nem o guionista deste "À Beira do Abismo" sabiam quem matou quem, simplesmente não era esse o objectivo". O mistério é, de facto, usado como uma desculpa óbvia para os prazeres visuais e verbais que rodeiam a personagem de Bogart, sejam os diálogos ousados em torno de corridas de cavalos, o descaramento de Martha Vickers ou Dorothy Malone ou peças de um puzzle/narrativa que raramente percebemos onde encaixar. Qual paródia muito séria a um género então em voga - os filmes com detectives privados -, ninguém percebe ainda hoje porque olhou Bogart para o céu quando cruzou a estrada entre livrarias ou porque tanto charme e atrevimento na língua foram suficientes para catapultar este filme para as listas dos melhores de sempre.

domingo, fevereiro 07, 2021

Unhinged (2020)

Russell Crowe gordo e anafado na tela a comportar-se na estrada como em casa ou nos hotéis na vida real. As forças policiais mais estúpidas e lentas do planeta, provando que o O.J. Simpson teve um azar do caraças nos anos noventa, com helicópteros e tudo a acompanhar a sua fuga. Este nem tenta fugir, mas ninguém o descobre, quanto mais apanhá-lo. Ultra violento, sem medo do choque - o literal e o não literal -, tecnicamente irrepreensível apesar do modesto orçamento, Crowe mau como as cobras e Caren Pistorius mais do que convincente na sua angústia. "Falling Down" dá as mãos a "Duel", numa cidade repleta de "Super Troopers". Seja como for, nunca mais dou uma apitadela na estrada.

sábado, fevereiro 06, 2021

Nalgas Flash Review: The Tenant

sexta-feira, fevereiro 05, 2021

48 Hrs. (1982)

Escrito muitos anos antes por Walter Hill com Clint Eastwood e Richard Pryor em mente, acabou por ser a química inesperada entre Nick Nolte e um então humorista de vinte anos do Saturday Night Live, de seu nome Eddie Murphy, que catapultou este buddy cop movie - em que, na verdade, um deles não é polícia mas sim um condenado a quem são concedidas quarenta e oito horas de liberdade condicional para ajudar na captura do seu antigo parceiro de crime - não só para valores respeitáveis de bilheteira (o triplo do seu orçamento), mas principalmente para todo um legado geracional que acabou por elevar Murphy ao topo do estrelato em Hollywood durante mais de uma década. Repleto de conflitos entre Hill e a Paramount na rodagem - Hill queria um filme mais violento e cru, a Paramount uma história mais divertida -, acabou-se com um equilíbrio não muito harmonioso entre os dois tons, deixando a genial cena no bar dos campónios uma impressão muito clara que era a Paramount quem tinha razão. O resto é história.

Christopher Plummer (1929-2021)

quinta-feira, fevereiro 04, 2021

Druk (2020)

Provas fossem precisas que o Mads Mikkelsen é um dos melhores actores da actualidade, nada como embebedá-lo para mostrar que o talento é natural. Vinterberg (responsável pelo maravilhoso "Jagten") e Mads juntos de novo, desta vez numa viagem entre o êxtase e a depressão do álcool, num filme de premissa e narrativa simples, sem uma resposta definitiva para uma pergunta que, na verdade, pouco interesse tem: o álcool pode ser benéfico para o ser humano? Não temos respostas mas temos diferentes perspectivas, dos que se afundam e dos que se endeusam, num conjunto de interpretações irrepreensíveis sobre uma realização tão fria quanto eficiente. Ainda assim, falta-lhe impacto e surpresa, algo inesperado que nos deixasse a pensar depois do copo final.

quarta-feira, fevereiro 03, 2021

Under Siege 2: Dark Territory (1995)

Como testar a eficácia de um novo e revolucionário satélite secreto militar, capaz de destruir cidades inteiras em segundos? Fazer um mega zoom a uma jeitosa em topless na praia. Maminhas perfeitas, imagem bem nítida sem pixelização, a coisa funciona. Katherine Heigl com dezasseis aninhos, morena, gira que dói, sobrinha do nosso herói cozinheiro, Casey Ryback. Ryback esse que continua sem saber dizer obrigado, seja ao tipo da bilheteira na estação de comboios ou à empregada do bar. Mau feitio, mas bom coração, ao contrário do Peter Greene e do Everett McGill, verdadeiros patifes com cara de patifes, só para não deixar dúvidas a ninguém. Seagal sempre em slow motion com as pernas mas altíssima rotação quando mete as mãos em modo de ataque, bombas feitas com óleo de côco, cerveja e beepers, o melhor sidekick de sempre bagageiro e o Eric Bogosian, qual mastermind vilão pateta impossível de resistir. "Força em Alerta 2" é bom, bem melhor do que a memória vos relembra sempre que alguém fala de Seagal. E uma grande lição para a vida: "assumption is the mother of all fuck ups".

terça-feira, fevereiro 02, 2021

Nalgas Flash Review: Don't Look Now

segunda-feira, fevereiro 01, 2021

Succession (S1/2018)

Vamos lá tentar fazer isto a brincar com provérbios: família, família, negócios à parte. Um olho no peixe (Kendall), outro no gato (Cox), porque o seguro teima a morrer de velho e para ser lobo não lhe basta vestir a pele. Águas passadas sempre a mover moinhos, porque nem sempre quem ri por último ri melhor. Filhos criados, trabalhos dobrados, porque quando se trata de poder e dinheiro, quem bate esquece, mas quem apanha não. Uma família disfuncional em episódios longos e de ritmo inconstante, que tanto excita a espaços como aborrece a compassos. De boas intenções está o inferno cheio, num mundo de personagens senhores do que pensam mas escravos do que falam e fazem. Tom, estilo e narrativa com mais pretensão e presunção do que engenho e habilidade para criar um produto consistente nas suas oscilações entre o drama familiar e o humor negro empresarial. Por vezes é preciso plantar verde para colher maduro e não arrancar logo com todas as personagens num ponto extremo de canalhice, sem histórico de motivações e experiências que os levaram a esse ponto. Não me apanham na segunda temporada, até porque pau que nasce torto tarde ou nunca se endireita.