sexta-feira, janeiro 31, 2014

We must protect the legacy of Dr. Strangelove

"It may make us feel better, but does this approach serve any concrete function? Further testament to the power of the film, Dr. Strangelove so shocked people into awareness of the fallibility of supposed nuclear weapon fail-safes that it actually incited internal operational changes within the military so as to prevent the scenario in the movie from actually transpiring. Basically, the Department of Defense took one look at the film, assessed their protocols, and determined that they were actually vulnerable to the exact situation, a situation that seemed so comically far-fetched." [FSR]

quinta-feira, janeiro 30, 2014

12 Years a Slave (2013)

Baseado num livro publicado em 1853, "12 Anos Escravo" documenta a história verídica de Solomon Northup, um afro-americano livre que, apesar de ser um talentoso e respeitado violinista/carpinteiro em Nova Iorque, é raptado, drogado e vendido por dois homens, transformando-se, da noite para o dia, num escravo sem quaisquer direitos em fazendas do interior norte-americano. Com uma nova identidade, o agora Platt Hamilton terá que sobreviver o máximo tempo possível na esperança que justiça seja feita e que volte a ver, um dia, a sua mulher e filhos.

Realizado pelo agora em voga Steve McQueen (autor dos intimistas "Hunger" e "Shame"), "12 Years a Slave" é, mais do que um filme sobre a liberdade - ou a ausência dela, neste caso -, um retrato cruel e emocionalmente devastador sobre a falta de humanidade do ser humano num período não muito distante da sua história e a forma como esta se invariavelmente dissipa naqueles que a possuem quando a decência e a dignidade são valores punidos de forma severa pelos opressores. McQueen sabe filmar como poucos da sua geração e não receia os longos planos angustiantes, que incomodam o espectador não só pela sua barbaridade física, mas principalmente por serem neles que se encerram a aniquilação de almas humanas inocentes. Provocador, McQueen não tem pudor nas imagens que mostra, tornando "12 Anos Escravo" uma obra de difícil digestão, tão desnecessária na forma abrupta como transmite a sua mensagem-chave quanto importante e fundamental para fazer a mesma perdurar nas nossas memórias. Se "Django Unchained" satisfaz-me muito mais enquanto cinéfilo de ocasião, a verdade é que "12 Years a Slave" enriquece-me assustadoramente além enquanto Homem. E, não sendo o meu favorito para os Óscares - a culpa é de Scorsese -, irá sem dúvida alguma arrebatar o principal prémio da noite pelo seu relevo social e humano. O que, tendo ainda para mais em conta que é infinitamente melhor que "Argo", último vencedor da Academia, não me chateia absolutamente nada.

quarta-feira, janeiro 29, 2014

Just another Gilliam mind f*ck

terça-feira, janeiro 28, 2014

A verdade escondida de Dr. Strangelove

"In retrospect, Kubrick’s black comedy provided a far more accurate description of the dangers inherent in nuclear command-and-control systems than the ones that the American people got from the White House, the Pentagon, and the mainstream media. “This is absolute madness, Ambassador,” President Merkin Muffley says in the film, after being told about the Soviets’ automated retaliatory system. “Why should you build such a thing?” Fifty years later, that question remains unanswered, and “Strangelove” seems all the more brilliant, bleak, and terrifyingly on the mark." [The New Yorker]

segunda-feira, janeiro 27, 2014

Ocho y Medio

Na minha última passagem por Madrid em Novembro passado, descobri aquela que é, possivelmente, a melhor livraria do mundo dedicada à Sétima Arte, de seu nome Ocho y Medio. Depois de visitar várias mini-livrarias temáticas em cinematecas como a britânica, a francesa ou a holandesa, este café-livraria madrileno deixou-me completamente arrebatado. Foram quase duas horas a correr estantes, com livros cinéfilos e televisivos em várias línguas - português inclusive, com destaque de prateleira para uma obra dedicada ao Festival de Curtas de Vila do Conde (que, curiosamente, nunca vi à venda em Portugal)-, de várias décadas, com preços para todas as carteiras e formatos para todos os gostos. Algumas edições limitadas, bem como vários manuscritos universitários raríssimos, estavam mesmo etiquetados acima dos trezentos euros. O melhor? Qualquer livro está disponível para consulta gratuita no café. Não faltam, claro, os DVDs, os cartazes, as t-shirts e restantes itens de merchandising cinematográfico. Mas ninguém liga. Ali respira-se cinema em papel. E, logo à frente do café, situado bem no centro de Madrid, um complexo de cinemas. Dos poucos com áudio na língua original. Se um dia viver em Madrid, serei feliz. E sei bem onde vou passar muitas tardes, a beber um copo e a ler um livro.

domingo, janeiro 26, 2014

Room 237 (2012)

Room 237” é um documentário norte-americano de 2012 sobre possíveis interpretações e significados escondidos de alguns filmes de Stanley Kubrick, com especial enfoque na análise de “The Shining”. Um grupo de entusiastas cinéfilos - para não dizer mesmo cismáticos e extravagantes - explana as suas teorias em nove segmentos separados, focando-se cada um deles em diversos elementos na adaptação cinematográfica da obra de terror de Stephen King que, defendem, podem esconder pistas para um universo macabro de teorias e conspirações relacionadas com o mundo e com o própria vida de Kubrick.

Tributo ao amor ao cinema em geral e à obra do realizador norte-americano em particular, os conspirad…, perdão, os Kubrickistas entrevistados defendem as mais variadas conjecturas: do holocausto ao genocídio da população índia norte-americana, da participação de Kubrick na simulação da aterragem do Apollo 11 na Lua (1969) - esta foi, a nível pessoal, a que mais me prendeu ao ecrã, fazendo com que as dicas visuais sobre o assunto em “The Shining” se associassem, na minha cabeça, ao domínio pela técnica de projecção frontal que Kubrick possuía e tão bem usou de modo revolucionário em “2001: Odisseia no Espaço” (1968) - ao modo de governação norte-americano, em que o presidente é só uma fachada e quem controla serão outros nos bastidores, tornando “Room 237” uma obra de nove segmentos de difícil digestão para os mais cépticos, mas de tremendo interesse para todos aqueles que, no fundo, estão receptivos a querer perceber a lógica de raciocínio de um homem com uma inteligência fora do normal.

Sim, muitos apontamentos são completamente forçados - da história do minotauro à cara de Kubrick nas nuvens na sequência inicial - e foi o próprio assistente de realização de Kubrick em “The Shining”, em entrevista recente ao The New York Times, o primeiro a descredibilizar o documentário, afirmando que setenta a oitenta porcento das ideias apresentadas no mesmo são uma “treta completa”. O que, no meu ponto de vista, apenas significa que algumas outras estarão assustadoramente correctas. Quais? Fica a dúvida. O que importa é que ainda há quem se interesse em analisar a beleza de um filme complexo de forma tão apaixonada, mesmo que muitas vezes algumas supostas denotações escondidas não o sejam, manipulando um pouco o espectador para uma análise surpreendente e coerente que, no fundo, não o é. Ainda assim, não deixa de ser divertido e curioso descobrir a forma que Kubrick encontrou para, em pleno filme, espetar o dedo do meio a Stephen King e a todas as suas críticas durante a produção do filme.

sábado, janeiro 25, 2014

sexta-feira, janeiro 24, 2014

Ainda a propósito do chauvinismo crítico...

"Art has issued from Hollywood’s most populist domains, from the very start. It’s as important for critics to recognize it in “The Wolf of Wall Street,” “The Master,” and “Funny People,” as in the more conspicuously artistic tones of such independent films as “Upstream Color” and “Computer Chess.” It’s here—with movies that have little or no festival exposure and go straight to wide release—that mainstream critics can have a salutary effect by according aptly serious discussion, and apt appreciation, to movies that themselves are contending in the mainstream market." [F]

quinta-feira, janeiro 23, 2014

Há homens cujo ódio os glorifica

quarta-feira, janeiro 22, 2014

Um Filme Para Inglês Não Ver

A 17 de Março de 2000, a “Laranja Mecânica” tornou-se um filme livre. Vinte e sete anos após a sua polémica e curta estreia em solo britânico, a obra-prima ultra-violenta de Stanley Kubrick finalmente passou a estar disponível comercialmente no Reino Unido, tendo inclusive sido exibida em alguns cinemas, que exultaram com a sua libertação. Isto porque desde o seu enjaulamento em 1973, gerações de cinéfilos cresceram sem a mínima hipótese de a desfrutar, a não ser através de VHS piratas ou escapadinhas a outros países onde a paranóia british sobre a sua influência negativa na sociedade não pairava nos ombros de adultos cientes que não seriam duas horas de tortura visual que os tornariam em marginais. Segue-se a verdadeira história sobre a proibição cultural mais discutida do último século nas terras de Sua Majestade.

A Clockwork Orange” teve estreia absoluta no Reino Unido em Janeiro de 1972. Milhares queriam ver a produção mais recente do mestre de todos os géneros. Pois bem, primeira polémica: ditaram as autoridades competentes pela sua distribuição o confinamento a uma única sala de cinema, a Warner West End, em Londres, onde esteve isolado durante mais de um ano. E foi quando, finalmente, o burburinho de incompreensão geral começou a dissipar-se, que a fita ficou disponível para dezenas de outros cinemas. Pois bem, novamente nas bocas do mundo, começou então a grande campanha de ódio dos tablóides ingleses em relação aos efeitos do filme nos adolescentes, campanha essa que tomou proporções devastadoras e levou à sua proibição durante quase três décadas.

Culpado nos media por quase todos os actos de violência cometidos no Reino Unido entre 1972 e 1973, tivessem ou não os criminosos sequer conhecimento da existência do filme, a situação chegou a um ponto em que foi o próprio Kubrick que pediu à Warner Brothers que removesse o seu mais recente trabalho de forma definitiva das salas de cinema britânicas. Na altura, muitos não deram sequer conta disso, pensando que a sua exibição teria naturalmente acabado após 61 semanas de sobrevivência. Só passado sete anos, quando a prestigiada “National Film Theatre” dedicou uma retrospectiva à carreira de Kubrick e omitiu a existência de “Laranja Mecânica” na filmografia do realizador, é que se percebeu que além do pedido de Kubrick, o filme tinha também sido banido pela British Board of Film Censors. E assim permaneceu até ao novo milénio, não tenho sido comercializado em VHS/DVD ou passado em nenhum canal de televisão britânico até Março de 2000.

Indignados com a censura cultural, muitos foram os casos em que os tribunais tiveram que agir. Os mais conhecidos foram o do cinema Scala em King’s Cross, que exibindo o filme de forma ilegal, foi processado de forma financeiramente severa, o que acabou por levar ao seu encerramento alguns meses depois. Outro caso famoso, mas em que a justiça inglesa acabou por decidir a favor do réu, foi a exibição de um documentário em 1993 intitulado “O Fruto Proibido” por parte do Channel Four, em que a estação britânica mostrou várias cenas completas de “Laranja Mecânica”.

Mas porquê este celeuma, esta atenção exagerada a qualquer referência a uma obra que até tinha sido nomeada para um óscar de Melhor Filme pela conceituada Academia de Hollywood? Considerada pelas autoridades britânicas como um filme que incentivava à violência física e sexual extrema, ocorreram três julgamentos aos quais a comunicação social inglesa deu especial relevo e aos quais “A Clockwork Orange” não passou incólume. Em Março de 1972, um jovem de catorze anos acusado do assassinato de um colega de turma, admitiu que o visionamento do filme tinha tido uma relevância macabra nos seus actos; posteriormente, o assassinato de um idoso por um adolescente de dezasseis anos foi considerado uma restituição de uma das cenas icónicas do filme; e, por fim, a violação grupal a uma rapariga enquanto os agressores cantavam “Singin’ in the Rain” não deixou dúvidas da relação do crime com a obra de Kubrick. Estes três casos, entre muitos outros, explicam o ataque dos media de então a “Laranja Mecânica” e a razão pela qual foi banido do Reino Unido até depois da morte do seu criador cinematográfico.

E porque teria este, por sua iniciativa, pedido à Warner Brothers para retirar o filme dos cinemas? Christiane Kubrick, viúva do realizador, esclareceu a dúvida recentemente, afirmando que o marido e a sua família receberam inúmeras ameaças e começaram a ter vários protestantes à porta de sua casa – Kubrick, apesar de ser norte-americano, viveu grande parte da sua vida no Reino Unido -, o que fez com que a polícia local quase que o obrigasse a tomar essa decisão, para sua segurança. “Ele sentiu-se artisticamente magoado, mas também estava muito assustado. Nunca quis ser mal interpretado, mas também queria acabar com as ameaças de morte à sua família, aos seus filhos. Queríamos continuar a viver em Inglaterra, logo…”, afirmou Christiane. E assim desvendou-se o enigma por detrás de um dos tabus cinematográficos e sociológicos mais controversos da carreira e vida de Kubrick.

Nota: Artigo publicado originalmente na Take 35 - Kubrick.

terça-feira, janeiro 21, 2014

Jack Bauer vai ter boa companhia

segunda-feira, janeiro 20, 2014

This is the End (2013)

Los Angeles, um final de tarde como outro qualquer, uma festa de arromba em casa de James Franco como tantas outras. Sim, ele mesmo, o actor egocêntrico com queda para as drogas leves e para figuras tristes na apresentação dos Óscares, bem como um grupo considerável de colegas famosos, entre os quais Jonah Hill, Seth Rogen, Danny McBride, Craig Robinson e Jay Baruchel. Do nada, começa o apocalipse; fogo por todo o lado, pessoas a serem sugadas para o além - aparentemente só aqueles que merecem um lugar no céu - e monstros bíblicos a arrancarem cabeças aos pecadores. Aos que cá ficam na Terra, só importa sobreviver. Pelo menos tempo suficiente até justificarem um passaporte para o Paraíso.

Comédia apocalíptica com várias ideias e conceitos não só interessantes a nível cómico como de certa forma originais e refrescantes, o findar de "This is the End" deixa no espectador, no entanto, um sabor agridoce: se por um lado este revela-se um produto globalmente divertido e descontraído na realidade ficcionada das suas personagens, com vários momentos de humor inteligentes e uma mão-cheia de referências pop e cinematográficas ousadas, por outro, cai várias vezes em caminhos banais no meio, sentindo uma necessidade quase arcaica e estupidificante de conquistar uma fatia de público mais alargada através de gags low-cost (e low-brain) de casa-de-banho, com muita ganza e ejaculações à mistura, apelando de forma gratuita à gargalhada inconsciente. De resto, um ou outro cameo de relevo - destaque merecido para o de Channing Tatum - e algumas mortes bem arquitectadas abrilhantam esta reunião cinéfila da malta de "Freaks & Geeks", que peca apenas pela forma rasca com que, perdoem-me a redundância, "desenrasca-se" à falta de ideias melhores.



domingo, janeiro 19, 2014

sábado, janeiro 18, 2014

CCOP - Top de Dezembro de 2013

O último top mensal de 2013 reservou quatro títulos a merecerem entrada directa no top 10 do ano. Temporário 12 não deixou ninguém indiferente e conseguiu uma nota média de 8,75 em 10, ligeiramente abaixo do filme mais votado de 2012 (Tabu, com 8,89). O filme é o líder de Dezembro de 2013 e o segundo melhor classificado do ano, abaixo de Antes da Meia-Noite (8,82). A surpresa - ainda que notoriamente merecida - ocupa a segunda posição do mês (e quinta do ano) com o brasileiro Kleber Mendonça Filho e o seu O Som ao Redor a receberem a nota média de 8,50 - apesar do filme ter tido uma distribuição limitada em Portugal. Já os irmãos Coen finalizam o pódio de Dezembro, com A Propósito de Llewyn Davis a receber a nota média de 8,45 (é agora o sexto filme melhor classificado do ano). Nota ainda para O Hobbit: A Desolação de Smaug que conseguiu quatro décimas acima que o primeiro filme, o ano passado. Destaque para as reposições nacionais (e por isso inelegíveis para o top mensal) de Hiroshima, Meu Amor e Casablanca. O filme de Alain Resnais recebeu a nota média de 9 e o de Michael Curtiz atingiu os 8,54.

Top de Dezembro de 2013

1. Temporário 12, de Destin Cretton | 8,75
2. O Som ao Redor, de Kleber Mendonça Filho | 8,50
3. A Propósito de Llewyn Davis, de Joel Coen e Ethan Coen | 8,45
4. O Passado, de Asghar Farhadi | 8,38
5. O Hobbit: A Desolação de Smaug, de Peter Jackson | 7,00
6. O Grande Mestre, de Wong Kar-Wai | 6,89
7. Mandela: Longo Caminho para a Liberdade, de Justin Chadwick | 6,11
8. A Vida Secreta de Walter Mitty, de Ben Stiller | 5,86
9. Oldboy - Velho Amigo, de Spike Lee | 5,33

sexta-feira, janeiro 17, 2014

Take 34 - Stanley Kubrick

O MESTRE DE TODOS OS GÉNEROS

Stanley Kubrick (1928-1999) foi um génio. Um génio que levou a arte de realizar um filme mais longe do que qualquer outro cineasta, um perfeccionista técnico e criativo cujo trabalho inspirou e continua a fascinar gerações de cinéfilos. No ano em que se celebra o décimo quinto aniversário do seu desaparecimento, a nossa equipa dedica-lhe uma edição muito especial, analisando apaixonadamente a sua filmografia completa e oferecendo aos leitores curiosidades, histórias e até conspirações associadas a muitas das suas obras.

Kubrick realizou apenas uma dúzia de longas-metragens em toda a sua vida, dedicando a todas elas tempo mais do que suficiente - e takes tantas vezes repetidos, que muitos foram os actores que odiaram trabalhar com ele - para revolucionar a indústria com detalhes técnicos e estéticos nunca antes vistos no seu tempo. Sendo um dos primeiros realizadores da história de Hollywood a conseguir total domínio e independência dos estúdios nas suas produções - mesmo que para isso tenha tido de se mudar de malas e bagagens para Londres, onde acabaria por viver grande parte da sua vida -, Stanley Kubrick tornou-se um ícone intemporal da Sétima Arte, verdadeiro todo-o-terreno com aclamadas obras-de-arte em inúmeros géneros, do terror à sátira, da guerra à ficção científica. Senhoras e senhores, o mestre.

http://www.take.com.pt/

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quinta-feira, janeiro 16, 2014

quarta-feira, janeiro 15, 2014

La cage dorée (2013)

Maria e José são um casal de emigrantes portugueses em Paris há mais de trinta anos, onde são amados e respeitados por todos aqueles que os rodeiam a nível pessoal e profissional. Se são devidamente valorizados? Essa já é outra conversa, uma que ficará bem clara quando, inesperadamente, os Ribeiro decidem mudar-se de malas e bagagens para Portugal de modo a receber uma choruda herança de um familiar falecido. De promoções consideráveis nos empregos a obras gratuitas em casa, tudo vai valer para manter a porteira e o construtor em terras gaulesas.

Comédia de costumes familiar de produção francesa mas coração lusitano, "A Gaiola Dourada" encarna de forma descontraída e divertida o espírito e os preconceitos relacionados com a cultura e o viver português fora de portas. São, aliás, essas diferenças culturais, os trejeitos linguísticos e o constante sentimento de inferioridade perante os outros que criam alguns dos momentos mais risonhos da fita do luso descendente Ruben Alves, sabendo este manter o tom do filme num caminho ideologicamente seguro, sem grandes ofensas a possíveis egos nacionalistas que poderiam sentir-se afectados pela imagem de submissão transmitida. Visualmente bem trabalhado e com uma sonoplastia tão pomposa quanto tradicional, "La cage dorée" tem charme no seu background, classe e talento nas suas interpretações - de Rita Blanco a Chantal Lauby - e, melhor que tudo, sabe muito bem os momentos em que deve ser sério e aqueles em que pode esticar a corda. Não falta o glorioso Benfica, os tremoços e o bacalhau; verdade seja dita, não falta sequer um final surpreendente e gratificante, mesmo quando tal parecia missão impossível a certa altura da história. Baril, Ruben.

terça-feira, janeiro 14, 2014

TCN 2013 - A Cerimónia

by Nuno Reis

segunda-feira, janeiro 13, 2014

Um lixo de sinopse.

Incompetentes gramaticais e factuais substituídos por idiotas com demasiada liberdade criativa. Assim vai a vida por aquelas bandas.

domingo, janeiro 12, 2014

Fey & Poehler > DeGeneres

#5
"The Wolf of Wall Street shocked viewers by using the F-word 506 times in three hours. Which is the new record. Unless you count my dad trying to hang some curtains rods in our living room."

#4
"The Wolf of Wall Street is another nominee tonight. I really loved the film, but some of it was too graphic. I mean, if I wanted to see Jonah Hill masturbate at a pool party, I'd go to one of Jonah Hill's pool parties."

#3
"Here's the moment you've all been waiting for, The President's Speech. Or as they call it at home, the bathroom break."

#2
"Gravity is nominated for Best Film. It's the story of how George Clooney would rather float away into space and die than spend one more minute with a woman his own age."

#1
"And now, like a supermodel's vagina, let's all give a warm welcome to Leonardo DiCaprio."

Resultados TCN 2013 - Blogue Individual

sábado, janeiro 11, 2014

Runner Runner (2013)

Decidido a conseguir pagar as suas propinas numa das melhores universidades do país, Richie Furst (Justin Timberlake) utiliza o seu domínio no póquer e na teoria das probabilidades para apostar todo o seu dinheiro numa mesa de jogo online. Sem perceber bem como mas completamente convencido de que aquele casino cibernético estava viciado, Richie perde tudo o que apostou e resolve deslocar-se à remota Costa Rica para confrontar o dono do site, o milionário Ivan Block (Ben Affleck), com a falha de segurança no seu sistema. E é aí que vai aceitar uma proposta de trabalho que promete enfiar-lhe muito dinheiro no bolso, mas também a compactuação com um mar de ilegalidades e crimes que o irão colocar sob a alçada do FBI.

Inspirado numa história verídica, "Jogo de Risco" revela-se um thriller banal, pouco ou nada corajoso em correr alguns riscos a nível narrativo - vejamos, como exemplo, que nem a cena com crocodilos famintos à mistura consegue ser filmada e pensada até ao fim -, transformando com o passar dos minutos uma premissa interessante q.b. e um setup construído de forma competente num desenvolvimento penoso para o espectador, sem tensão nem ansiedade de qualquer género, onde Affleck de vilão tem muito pouco, Gemma Arterton serve apenas para encher o olho, com meia dúzia de cenas sem qualquer profundidade dramática e Timberlake treina o seu terrível e falso espanhol, com um sotaque de bradar aos céus. All in… all lost.


sexta-feira, janeiro 10, 2014

Eu sei… já chega!

quinta-feira, janeiro 09, 2014

Gravity (2013)

A novata Ryan Stone (Sandra Bullock) e o veterano Matt Kowalski (George Clooney) encontram-se em missão espacial com o objectivo de reparar um satélite com problemas técnicos. Quando tudo corria de acordo com os planos, mais enjoo menos enjoo de Stone, eis que são surpreendidos com a explosão de um satélite russo em órbita que provoca uma chuva de detritos que irá destruir a sua nave e deixá-los abandonados na escuridão do espaço, sem comunicações com a Terra e dependentes um do outro para encontrar uma forma de sobrevivência. Cada minuto que passa é menos um com oxigénio disponível, pelo que no meio do caos silencioso terão que encontrar uma solução rápida para sobreviverem.

Considerado um dos grandes favoritos do ano a ganhar os mais importantes prémios da indústria, "Gravity" revela-se uma experiência técnica e visualmente visceral, que provavelmente será o mais próximo que todos nós, comuns mortais, teremos de estar presencialmente no espaço. Isto porque "Gravidade" é claramente um filme feito e pensado para uma tela gigantesca com tecnologia 3D e, nessa vertente, terá sido sem dúvida alguma uma obra cinematográfica de relevo impressionante e duradouro. Mas, fora dela, na sua transição para o cinema em casa, as suas fraquezas e incoerências de linha narrativa ficam destapadas, perdendo o filme do mexicano Alfonso Cuarón muito do seu deslumbramento. Não deixando de ser um estudo psicológico empenhado, chega a ser embaraçosa a pouca naturalidade com que algumas das imagens icónicas da película surgem na narrativa, da posição fetal de Stone em pleno espaço ao levantar final - a fraqueza natural dos membros é esquecida minutos antes quando o esforço necessário era muito maior -, parecendo algo forçada a tentativa de Cuarón em dar toques simbólicos e interpretativos Kubrick-a-like à sua incursão sci-fi galáctica. Na imensidão computorizada do espaço, não deixa de ser engraçado que as únicas vertentes que parecem plásticas e superficiais são o rosto e as expressões faciais de Bullock, destoando em absoluto com o domínio soberbo dos efeitos especiais da obra, que de tão bons que são passam completamente despercebidos ao espectador.

quarta-feira, janeiro 08, 2014

terça-feira, janeiro 07, 2014

Rush (2013)

"Rush - Duelo de Rivais" narra o percurso de duas lendas da Fórmula 1 até uma das mais memoráveis temporadas de sempre do desporto automóvel, a de 1976, em que o austríaco Niki Lauda e o britânico James Hunt, em carros da Ferrari e da Mclaren respectivamente, discutiram até à última corrida do ano, no Japão, o título de campeão do mundo da modalidade, com uma rivalidade ímpar e fascinante numa era onde o sexo era seguro e conduzir era perigoso. Lauda, desportista profissional, rigoroso e analista em choque constante, dentro e fora das pistas com Hunt, piloto rebelde, playboy e sem regras; enfrentando a morte corrida após corrida, no desejo de triunfar sobre o outro, quase perderam a vida. No final, quem levará a melhor?

Realizado por Ron Howard, figura cinematográfica com provas incontornáveis de qualidade, complexidade e durabilidade no meio nos últimos trinta anos, "Rush" revela-se, mais de que uma fita desportiva, uma obra focada na força e no dinamismo das suas duas personagens principais, personagens estas interpretadas de forma ilustre e irreprensível por Daniel Bruhl e e Chris Hemsworth. Experiência cinematográfica visceral e interessante, o maior trunfo de Howard é conseguir-nos transportar para o mundo da Fórmula 1 na década de setenta de forma autêntica e realista - tal como, aliás, já o havia feito na documentação artística e técnica elaborada em "Frost/Nixon" -, com especial atenção aos detalhes e não tanto ao cenário em si que, ainda que maior na imagem, consegue passar despercebido perante pequenos estímulos visuais, de publicidade de patrocinadores a particularidades no vestuário, levando-nos assim para o ambiente glamoroso da época dourada da F1 e não tanto para as bancadas dos circuitos Grand Prix. O que, ainda assim, não implica que Howard e, principalmente, o cinematógrafo Anthony Dod Mantle, não consigam de forma excelsa, através de ângulos de filmagem fabulosos, transportar-nos para o lugar dos pilotos, nas suas excitações e nos seus receios, nas mais variadas cenas de condução a alta velocidade da fita. Esta autenticidade é ainda realçada pelo uso dos carros reais da temporada de 1976, hoje posse de vários coleccionadores privados. O pós-76 poderia e deveria ter sido explorado nem que por breves minutos, principalmente no que diz respeito à vida boémia de Hunt pós-título (dizem que teve relações com mais de cinco mil mulheres), aos seus problemas com a droga e com os bancos, mas ainda assim o final orquestrado por Howard satisfaz, com um monólogo final de Lauda inspirado e sentimental - com direito a cameo e tudo -, que encerra "Rush" com chave de ouro. Para memória futura, um slogan: "Sexo: pequeno-almoço dos campeões!".

segunda-feira, janeiro 06, 2014

domingo, janeiro 05, 2014

sábado, janeiro 04, 2014

The Hangover Part III (2013)

Depois de uma valente ressaca em Las Vegas e de uma tirada a papel químico alguns anos depois em Banguecoque, a matilha voltou para um terceiro e último capítulo, anunciado como a conclusão "épica" para uma das sagas cinematográficas recentes mais rentáveis na bilheteira nacional e internacional. Desta vez, Phil, Stu e Doug estão pela Cidade dos Anjos, reunindo-se com um objectivo complicado: levar Alan para uma instituição de saúde mental chamada "New Horizons", de modo a que este recupere de algumas crises recentes relacionadas com o falecimento do pai. Tudo a correr conforme os planos, até ao momento em que, em plena viagem automóvel, são raptados por um mafioso (John Goodman), que os obriga a encontrarem o lendário Mr. Chow (Ken Jeong) a troco da vida de Doug. E eis que começa nova aventura - ainda que com menos álcool no sangue - que os levará não só a um México sórdido, como de volta à extravagante Las Vegas.

Importa começar por afirmar que "A Ressaca - Parte III" de épico, como prometeu, não tem nada. Todd Phillips limita-se a encher os bolsos ao máximo com uma sequela final tão desnecessária quanto rentável, construída de forma preguiçosa em cima do joelho, sabendo o realizador que não teria que se esforçar muito para alcançar o sucesso comercial óbvio resultante das indicações de box-office dadas pelos dois primeiros hits do franchise. Dinheiro fácil em torno de um quarteto com química mas já sem energia, que se deixa socorrer narrativamente por secundários como Goodman, Jeong ou Melissa McCarthy, tornando-os os reis da festa à falta de melhor. Sobram uma ou duas gargalhadas - a cena pós-créditos dos implantes mamários e, dirão alguns, a cabeçada fatal da girafa - e pouco mais. Descansa em paz, "A Ressaca", e por favor não ressuscites em forma de continuações adolescentes injustificáveis à le "American Pie".

Resultados TCN 2013 - Artigo TV

sexta-feira, janeiro 03, 2014

Despacha-te Março.

quinta-feira, janeiro 02, 2014

Arbitrage (2012)

A festejar o seu sexagésimo aniversário, Robert Miller (Richard Gere) é presenteado com a sua cara na capa da conceituada revista Time, ou não fosse ele um dos empresários de maior sucesso nos Estados Unidos da América, milionário a pulso e pai de família respeitado. O que ninguém sabe, nem mesmo os que lhe são mais próximos, é que o seu império está à beira da falência e a sua sobrevivência depende de um último negócio, no qual a sua imagem de homem íntegro e intocável será fundamental para desvalorizar algumas incongruências financeiras que serão descobertas no processo. O problema é que nessa mesma semana, Robert irá envolver-se num trágico e fatal acidente de viação com a sua... amante, o que irá obrigá-lo a refugiar-se numa teia de mentiras e contradições que podem levar não só ao fim do seu casamento e da sua empresa, mas também ditar o seu encarceramento vitalício.

Thriller riquíssimo a vários níveis, dos valores de produção - ainda para mais se tivermos em conta o seu modesto orçamento - à magnânima interpretação de Richard Gere - sem dúvida alguma a sua melhor desde "Pretty Woman" -, "Arbitrage - A Fraude" concilia de forma muito competente duas linhas narrativas díspares (uma profissional e outra pessoal), orquestrando um sentimento omnipresente de tensão e condescendência do espectador perante uma personagem que, à primeira vista, teria tudo para ser odiada e repugnada nos seus propósitos criminosos e de ganância exacerbada. Escrito e realizado pelo promissor Nicholas Jarecki, o nova-iorquino coloca-nos várias vezes a pensar que, estivéssemos nós na pele de Robert, provavelmente faríamos exactamente o mesmo que o vilão-herói desta história, de modo a proteger todos aqueles que amamos. Se o final aberto acaba por ser algo frustrante e intelectualmente pouco recompensador depois de hora e meia de suspense em alta voltagem, destaque obrigatório deve ser dado para a forma sublime em como os vinte minutos iniciais da fita colocam-nos completamente a par da personalidade, feitio e carácter de Robert. Pena apenas que o mesmo não tenha sido feito em relação ao detective interpretado por Tim Roth, personagem esta completamente desaproveitada na sua dicotomia entre caçador e presa; uma única cena de diálogo intenso entre Gere e Roth soube a muito pouco. Moral da história? O dinheiro e o poder são um bom álibi.

quarta-feira, janeiro 01, 2014