“Room 237” é um documentário norte-americano de 2012 sobre possíveis interpretações e significados escondidos de alguns filmes de Stanley Kubrick, com especial enfoque na análise de “The Shining”. Um grupo de entusiastas cinéfilos - para não dizer mesmo cismáticos e extravagantes - explana as suas teorias em nove segmentos separados, focando-se cada um deles em diversos elementos na adaptação cinematográfica da obra de terror de Stephen King que, defendem, podem esconder pistas para um universo macabro de teorias e conspirações relacionadas com o mundo e com o própria vida de Kubrick.
Tributo ao amor ao cinema em geral e à obra do realizador norte-americano em particular, os conspirad…, perdão, os Kubrickistas entrevistados defendem as mais variadas conjecturas: do holocausto ao genocídio da população índia norte-americana, da participação de Kubrick na simulação da aterragem do Apollo 11 na Lua (1969) - esta foi, a nível pessoal, a que mais me prendeu ao ecrã, fazendo com que as dicas visuais sobre o assunto em “The Shining” se associassem, na minha cabeça, ao domínio pela técnica de projecção frontal que Kubrick possuía e tão bem usou de modo revolucionário em “2001: Odisseia no Espaço” (1968) - ao modo de governação norte-americano, em que o presidente é só uma fachada e quem controla serão outros nos bastidores, tornando “Room 237” uma obra de nove segmentos de difícil digestão para os mais cépticos, mas de tremendo interesse para todos aqueles que, no fundo, estão receptivos a querer perceber a lógica de raciocínio de um homem com uma inteligência fora do normal.
Sim, muitos apontamentos são completamente forçados - da história do minotauro à cara de Kubrick nas nuvens na sequência inicial - e foi o próprio assistente de realização de Kubrick em “The Shining”, em entrevista recente ao The New York Times, o primeiro a descredibilizar o documentário, afirmando que setenta a oitenta porcento das ideias apresentadas no mesmo são uma “treta completa”. O que, no meu ponto de vista, apenas significa que algumas outras estarão assustadoramente correctas. Quais? Fica a dúvida. O que importa é que ainda há quem se interesse em analisar a beleza de um filme complexo de forma tão apaixonada, mesmo que muitas vezes algumas supostas denotações escondidas não o sejam, manipulando um pouco o espectador para uma análise surpreendente e coerente que, no fundo, não o é. Ainda assim, não deixa de ser divertido e curioso descobrir a forma que Kubrick encontrou para, em pleno filme, espetar o dedo do meio a Stephen King e a todas as suas críticas durante a produção do filme.
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