sexta-feira, outubro 31, 2014
TCN 2014: Nomeados Blogger do Ano
TCN 2014: Nomeados Reportagem/Cobertura
quinta-feira, outubro 30, 2014
TCN 2014: Nomeados Crítica de Televisão
"“Band of Brothers” não é perfeita, mas é interessante e emocionante. Vê-la, do início ao fim, é um acontecimento. Consegue transmitir como poucas a brutalidade e o desespero da guerra, e com a mesma facilidade retrata o divertimento ingénuo e a forte amizade e entreajuda de um grupo de soldados dos Estados Unidos. Tudo parece funcionar de forma apurada, e tal deve-se a um grupo de notáveis indivíduos com um talento acima da média, a quem posso perfeitamente agradecer - a Spielberg, a Hanks, a Erik Bork, a Damian Lewis, a Ron Livingston, mas acima de tudo a Herbert Sobel, por ter criado, graças às suas profundas e abundantes neuroses, uma das mais memoráveis companhias de paraquedistas do exército norte-americano."
"Mas não apenas pelos risos que proporcionou este enredo merece louvores, visto que ele conseguiu ser fiel ao que havia sido construído até aqui. Foi possível ver como Jake é um bom polícia – apesar dos seus métodos pouco convencionais –, ver como Amy já se consegue importar menos com o que os seus superiores pensam dela – algo que no episódio anterior havia tido destaque – e como Holt valoriza o trabalho de Peralta. Tudo isto foi extremamente gratificante, fazendo sentido que os três acabassem a colaborar juntos contra ordens superiores. Sendo que no final desta história estas relações saem bastante reforçadas e com uma dose de confiança mútua verdadeiramente assinável. Todos colocaram o lugar em risco devido à segurança na palavra do colega, do chefe, do amigo. E isso sim é bonito de ser ver."
"Termina assim, com um futuro um pouco incerto, a melhor série do ano bem como uma das melhores a preencher a história da televisão. Um poço infindável de referências a inúmeros filmes dos Irmãos Coen. Uma ode ao melhor filme desta dupla. Uma fusão perfeita e um tanto ou quanto rara entre drama e humor negro. Albergue de um leque de personagens muitíssimo bem trabalhadas no curto decorrer de dez episódios. Um portento de escrita, a melhor desde que Breaking Bad nos abandonou. Bravo, Noah Hawley! Série absolutamente soberba do início ao fim."
"Os jogos mentais sempre foram uma tendência dominante nesta série mas nesta segunda temporada os mesmos alcançam ainda um maior protagonismo. As incessantes manipulações, as experimentações sociais, a constante competição de inteligência e de quem está realmente a dominar este jogo são uma variável constante e não apenas entre os dois protagonistas. Não, desta vez Fuller faz questão de nos envolver ao máximo nestes jogos psicológicos, brincando lentamente com as nossas percepções, palpites e até emoções. É um dos aspectos mais admiráveis da temporada, a forma como desafiam a nossa mente, oferecendo-nos pequenas e irrelevantes pistas num episódio que se viriam a revelar uma peça fundamental do puzzle dois ou três episódios à frente."
"Adoro quando um final nos deixa assim. As possibilidades são imensas, podemos teorizar sobre o que acontecerá quando “Person of Interest” regressar mas dificilmente chegaremos a qualquer conclusão. As palavras de ordem são: Ditadura e Esperança. Ditadura de Greer e da sua Samaritano que agora têm o poder e podem usá-lo a seu belo proveito, sendo que Greer parece querer dar toda a autonomia à sua Deusa. Esperança, a palavra final de Root, na qual os quatro “foragidos” terão de se agarrar, de se unir, para que, de uma forma ou de outra, consigam impedir a Samaritano de reinar. Esperança também foi a palavra deixada pela Máquina directamente a Finch, dando a entender que ele terá de a conquistar novamente. Final de temporada de uma das melhores séries da actualidade, com uma season fantástica e nivelada sempre por cima."
"O momento mais esperado desta temporada, e que certamente não dececionou os fãs, foi o momento em que Sherlock revela a Watson que está vivo. Convencido que vai ser recebido de braços abertos, a reacção de John não corresponde bem às suas expectativas. Um destaque para esta cena, ao mesmo tempo hilariante e de partir o coração, onde, para além do timing perfeito, a inconveniência e a falta de tato de Sherlock não têm limites. Outro dos momentos mais aguardados foi a revelação de como o grande Sherlock Holmes enganou a morte. O elaborado esquema é revelado pelo próprio, num plano bem engendrado que remete para muito mais do que se podia estar à espera. É plausível… mas será real?"
"Esta reimaginação das personagens deu-lhes um visual muito diferente e alterou bastante os protagonismos. Por exemplo, Snarf tornou-se definitivamente uma mascote. É inteligente, mas não fala. Panthro, o mecânico, foi desviado para outro papel nesta sociedade não-tecnológica. Todos os outros são bem mais novos e impulsivos. No fundo, encaixaram em personagens-tipo de várias outras séries de aventuras, tendo apenas um leve cunho dos Thundercats de outrora. Não é que isso seja mau, uma série feita no espírito dos anos 80 não funcionaria em 2011. Claro que isso teria funcionado melhor se usassem uma história original, mas em quase todos os episódios, mesmo que não se identificasse a proveniência daquela ideia, pareceria muito familiar a algo visto nos anos 80."
"“Utopia” consegue criar um mundo fantasioso muito divertido, pela forma parodiosa com que aborda o seu tema, onde a utilização de um aguçado humor negro muito contribui (aquela conversa na cena inicial é hilariante). Mas, que ninguém se iluda, estamos perante um assunto sério que deu resultado a um dos produtos televisivos mais negros da actualidade. Aqui não há heróis, nem respostas fáceis e as utopias não existem."
TCN 2014: Nomeados Artigo de Cinema
"Ninjas, justiceiros à procura de vingança, desaparecidos em combate, artes marciais, dança, mestres de terror, aventuras místicas, campeonatos clandestinos e cyborgs em futuros pós-apocalípticos… tudo elementos que fazem parte do vasto cinema que compõe o legado da Cannon Films, uma produtora que respira anos 80 por todos os seus poros."
"Há muito que se debate do outro lado do Atlântico a questão de como nos últimos anos se tem testemunhado um nivelamento entre a televisão e o cinema norte-americanos. O debate tem sido aceso, com posições discordantes, algumas até extremadas, mas assente numa realidade muito própria, que, pasmem-se os incrédulos, nada tem a ver com o resto do mundo."
"Aquilo que Portugal tem neste momento é uma amálgama desconexa de tralha sortida, completamente desligada da realidade tecnológica do momento. A Blockbuster foi à falência por não ter se ter adaptado aos tempos e em Portugal só suportamos esta pouca vergonha porque não há alternativas. O que há é o mesmo que havia em 1989, só que mais caro. Na cabeça das grandes mentes das distribuidores andamos todos a ver CRTs de 27 polegadas com aspect ratio 4:3."
"Existem muitos actores e actrizes. Vários têm talento, outros nem por isso, uns brilham mais alto e destacam-se mais do que os seus colegas, outros nunca passam do anonimato. Depois existem aqueles que conquistam a imortalidade, o direito a serem recordados por todos e nunca serem esquecidos, mesmo que a sua presença no Mundo terreno tenha terminado há várias décadas atrás. Greta Garbo, nascida Greta Lovisa Gustafsson, a 18 de Setembro de 1905, em Estocolmo, ultrapassou todas essas distinções e alcançou um patamar próximo das divindades cinéfilas, criando uma imagem misteriosa à volta da sua figura, arrebatando com o seu talento e sensualidade."
"Hoje Eu Quero Voltar Sozinho começa e termina, simbolicamente, sem nenhuma imagem em tela. Apenas um fundo preto enquanto a faixa de áudio do filme ainda está presente. Uma pequena mostra do mundo de Leo, sempre no escuro. O que é maravilhosamente retratado quando seu pai atende a um chamado do filho que toma banho e pede ajuda para se barbear. Ao chegar ao banheiro, ele encontra o filho no escuro em frente a um espelho."
" "Ars gratia artis" - "Arte pela Arte". Este é o lema da Metro-Goldwyn-Mayer, um dos históricos estúdios de Hollywood. Em 2014, o estúdio comemora noventa anos de vida. Noventa anos de História e de histórias, de grandes momentos e alguns fracassos, contribuindo de forma inolvidável para a sétima arte e proporcionando alguns grandes momentos a quem gosta de cinema. Neste artigo, procuramos efectuar uma breve exposição sobre o passado, presente e futuro da MGM, um estúdio que um dia primou por ter "mais estrelas do que aquelas que estão no céu". "
"Este artigo supõe-se ser uma análise visual do pior que se fazia a nível de design nas famosas videocapas VHS da Tv Guia desde o início dos anos 90. Mas no virar do milénio, a procura do público escasseou e a revista viu-se perante a decisão de parar de as fazer, lá por alturas de 2002. Mas se o nosso passado mais recente ficou com um vazio tremendo (eu nunca consegui ultrapassar o trauma, olaréx), decidi recriar mais capas com este sistema de grafismo linear, formatado e quase idêntico a todos eles. Comecei a fazer capas para filmes recentes, como se a revista nunca tivesse parado de as fazer..."
"Desde os primórdios do terror, que homens pujantes de virilidade e força física ultrapassam os obstáculos mais difíceis que se lhes atravessam no caminho. Mais impressionante só a heroína de aparência frágil mas de força anímica superior que consegue sobreviver ao Homem. Vários realizadores fizeram vida (milhões) de retratar essas mulheres. Chegou pois a vez de o Not a Film Critic homenagear as heroínas dos filmes de terror, leia-se terror terrífico e não terror como em pedaço de trampa que se vê uma vez ao engano e depois se apaga o filme do computador."
quarta-feira, outubro 29, 2014
terça-feira, outubro 28, 2014
segunda-feira, outubro 27, 2014
TCN 2014: Nomeados Crítica de Cinema
"No alvorecer da humanidade, o início da vida é como uma rocha ainda por se degastar, por se polir e por se definir, pelo facto de que a experiência, essencial, ainda está por adquirir. As pré-existências, a história e o conhecimento empírico podem facultar e instigar à evolução animal e à adaptação ao meio envolvente, tão natural quanto impressionante - o crescimento, a mudança ou o desenvolvimento são sempre etapas estimulantes - mas o que é certo é que de algum modo existe frequentemente no processo, e no progresso, um persistente efeito misterioso e extra-ordinário (extra-terrestre), que teima ora em esconder-se, ora em aparecer."
"A beleza de A Propósito de Llewyn Davis, pontuada por deslumbrantes momentos musicais, reside no efeito quase fantasista que a jornada de Llewyn parece tomar. A sua viagem para Chicago na companhia de dois desconhecidos – um dos quais fantástica e hilariantemente interpretado por John Goodman – é o momento fulcral em que o espectador se questiona sobre a veracidade de toda a história. Atravessando estradas vazias no meio de nenhures, esta sequência partilha as características de um sonho tido algures, já meio esquecido."
"Em retrospetiva, o Cinema é muitas vezes referido como o grande meio criado pelo Homem, proporcionando a possibilidade de mergulhar noutra história que não a nossa, vivendo assim novas vidas e experiências que o tempo que por cá passamos não permite. Na maior parte das vezes, essa possibilidade não é preenchida, e o Cinema acaba por funcionar mais como um meio de escapismo do que propriamente identificação e extensão da vida. No entanto, de vez em quando, surgem os raros filmes que incitam à descoberta, que se cosem a nós, que nos propiciam crescimento e introspeção, e que nunca mais nos abandonam."
"Um filme áspero, enigmático e simultaneamente cativante. Uma narrativa que dialoga com muito daquilo que o espectador quiser apreender: a natureza humana, a feminilidade na sociedade contemporânea, as noções do desejo e morte. Uma noção que actua precisamente debaixo da pele, das personagens e do espectador, num movimento incessante, aparentemente aleatório, um sentido de violência estética e sonora, um estranho e esmagador fascínio, uma hipnótica abstracção. Debaixo da Pele permanecerá no cinema como um clássico da ficção-científica contemporânea. Na nossa mente permanecerá como o mais pontiagudo e ressonante objecto dos últimos anos."
"O Lobo de Wall Street é um grito de guerra e uma acusação visceral de uma mentalidade consumista, irracional e arrogante, e um dos retratos mais animalescos da humanidade jamais feitos em Cinema, com um elenco excecional e uma fotografia deslumbrante. E foi preciso voltar aos temas de corrupção e manipulação para Martin Scorsese fazer a sua grande obra prima do século XXI."
"A pequena memória sentia-se rasgada em duas. O hálito a álcool de Padilha na sua cara e as dores que sentia fizeram-na desmaiar. Três horas de sodomização depois, por cima de uma memória inconsciente e ensanguentada, Padilha levanta-se e sai. Na rua espera-o um carro de vidros fumados. Aproxima-se. O vidro baixa e uma mão estendo um maço de notas de 100 dólares. Padilha chora enquanto aceita o dinheiro e de dentro do carro uma voz demoníaca diz “That’ll do, José. That’ll do!”"
"Rodou-se, assim, o primeiro filme inteiramente filmado na Arábia Saudita, e uma obra cinematográfica que, sem precisar de ser uma obra-prima, se revestiu de especial importância. Ajudou, ainda, a que se alargassem as liberdades femininas, e hoje em dia até já é permitido às mulheres sauditas andarem de bicicleta à vista de todos – é verdade que apenas em parques, e desde que acompanhadas por um guardião masculino. "
"Imergir num filme do Cronenberg é como comprar um bilhete só de ida para o inferno da mente humana. Removida a camada superficial adornada de violência, o espectador descobre nos seus filmes questões fundamentais que rodeiam a essência humana. Distribui numa bandeja obras que levam o indivíduo a questionar-se a si mesmo, tentando afastar-se do conjunto para avaliar a sua posição integrante perante o mesmo. Faz ressurgir desejos reprimidos que aparentam não ter lugar numa sociedade civilizada. "
domingo, outubro 26, 2014
TCN 2014: Nomeados Artigo TV
"Na televisão, a experiência é diferente. Muitas séries duram anos a fio e esse acompanhamento da evolução das personagens é-lhe intrínseco e vital, mas se a televisão tem o poder de estimular a familiaridade, o facto da história ser revelada num longo espaço de tempo não deixa aquele verdadeiro sentimento a saudade. Falta-lhe a capacidade para criar nostalgia. Mas há excepções e “Agatha Christie’s Poirot” é uma delas."
"Nos últimos anos temos assistido à época áurea da ficção televisiva com dezenas de séries, mini-séries e telefilmes de elevada qualidade. A televisão aparenta ter trocado de lugar com o cinema no que ao prestígio da ficção respeita. É no pequeno ecrã que encontramos os projectos mais provocadores, experimentais, seminais, tecnicamente complexos e artisticamente deslumbrantes. Os valores de produção permitem a combinação de diversos elementos que concorrem para a qualidade do objecto filmado: bons argumentistas, criativos e experimentalistas; produtores conhecedores da realidade audiovisual e cada vez mais próximos dos interesses das audiências; realizadores que cruzam muitas vezes a fronteira entre cinema e televisão e actores de grande qualidade que crescem na televisão e se revelam ao mundo com interpretações muitas vezes maiores do que a vida, outras minimalistas e discretas repletas de nuances."
"Acabou-se a teoria que a televisão era para começar ou acabar carreiras. O pequeno ecrã depressa se tornou num ganha-pão muito importante na indústria do entretenimento. Reputações nasciam e morriam com base no que as estrelas faziam semanalmente. O cinema claro que se começou a sentir ameaçado. Com televisão de qualidade e ecrãs do tamanho de uma tela, cada vez menos pessoas abandonam o conforto para pagar um filme que provavelmente detestarão. No cinema, um filme mau é dinheiro perdido. Na televisão podem deixar de ver sem perder dinheiro."
"O culto. Os últimos 2 anos da vida de Walter White sujeitam-se a ser carregados por fans até à eternidade. Vários elementos foram inspirados em inúmeros filmes de culto e obras de grandiosidade intemporal. Também Breaking Bad terá esse “fim”. Podemos ver referências, ou simplesmente semelhanças a filmes como Scarface, Pulp Fiction, The Godfather, Sunset Blvd. e Reservoir Dogs quer seja em aspectos técnicos, o caminho para o qual o argumento se vai destinando, nomes de personagens e até expressões e one linners."
"Claro que, quando se fala do Doctor, os espectadores associam logo a um ser bondoso, o anjo da guarda da humanidade. Moffat não tenta discutir essa ideia, até porque ela já está tão entranhada nos espectadores/fãs da série que é impossível combater. O que ele tenta é brincar exactamente com essa ideia entranhada: será que não perdoamos demasiado o Doctor?"
"Quero acabar este artigo com uma consideração final: este não é, de todo, um artigo que escolhe lados, não é um artigo para elevar os livros e humilhar a série. Pelo contrário, é uma homenagem a todo um universo criado por George RR Martin que se manifesta em dois meios completamente diferentes – o literário e o televisivo. E se o primeiro representa a base do segundo, não quer dizer que o segundo seja uma versão inferior ao primeiro. Os dois valem por si e ambos são fantásticos."
"Não conheci o cinzentismo da era que se vivia antes disso. Cresci num Portugal espevitado por um jornalismo interventivo, ativo. Um jornalismo com espaço para a investigação, para o povo e para os mais desfavorecidos. Um jornalismo que saiu dos ministérios para as manifestações, dos gabinetes para as praças públicas. Aprendi a viver num país estranho onde um canal de informação é líder de audiências na TV paga. Este jornalismo é o jornalismo lançado por Emídio Rangel, alguém vivaz e sem medo, sem papas na língua até aos últimos momentos em que o pudemos ver."
"Neste artigo em duas partes procuramos analisar a presença e o impacto da nudez e da sexualidade na televisão. Atualmente é comum vermos todo o tipo de cenas de cariz sexual na TV. Uns dirão que é exagerado, outros que são uma alavanca de audiências e importantes para definir o tom de uma série. A verdade é que esta foi uma evolução lenta e cheia de sobressaltos."
sábado, outubro 25, 2014
sexta-feira, outubro 24, 2014
TCN 2014: Nomeados Entrevista
"Eu acho que o grande problema de Portugal (e o Antero de Quental apanhou isso na Conferência do Casino, sobre as Causas da Decadência dos Povos Peninsulares) foi a proeminência da Igreja Católica, sobretudo a partir da Contra-Reforma. E eu não sou anti-clerical, e andei num colégio de jesuítas durante um ano, mas não sou crente. Mas de facto o papel da igreja em Portugal foi devastador. E o país vive deprimido com altos e baixos, principalmente a partir da dinastia de Bragança, com uma monarquia que, de mãos dadas com a igreja, manteve o povo na ignorância."
"O Felipe ficou uma semana na ala dos esquizofrénicos. Ficou lá de manhã a acompanhar as actividades. Eles caminham, jogam à bola, conversam, recebem a medicação, ele ficou a acompanhar esse dia a dia. É então que o Felipe conheceu um sujeito e me disse “eu vi o Dante”. Todos tinham medo desse doente devido a ter partido o braço a uma enfermeira. Em alguns dias em que ficava mais agitado ele ficava preso. O Felipe ficou muito impressionando com esse indivíduo e chegou a falar com ele. Não só conversou sobre a vida dele, como pedia para o Felipe dar autorização para sair devido a pensar que este era um médico."
"Na animação com areia as ideias devem ser muito boas, sólidas e universais para serem compreendidas com a mesma facilidade por um japonês, um russo, um italiano ou um português. É muito importante que todos possam de igual modo compreender a história. Nunca trabalhei com texto nos meus filmes, portanto nunca existiu a necessidade de tradução. Pensemos em histórias infantis: quanto mais texto existir, menos animação é necessária para se compreender a narrativa e mais fácil se torna transmitir a mensagem. Na ausência de palavra tem de haver mais animação e muito mais movimento para se explicar uma história a uma criança apenas através de imagens."
"Posso ser eu que sou um optimista, mas o cinema português tem sido bastante falado e reconhecido internacionalmente. E acho que as pessoas que estão mais próximas sabem o estado em que o cinema português está. A cultura é aquilo que fica, não me parece que seja possível vivermos sem cultura. O cinema faz parte da cultura e não me parece que isso possa ser ignorado durante muito mais tempo. E depois também vai aparecendo tanto sangue novo, gente tão talentosa a fazer coisas e com cada vez menos dinheiro. O único risco que existe nesta nova geração é que quem está só a assistir, pode achar que o cinema se faz com pouco dinheiro."
"Foi um processo muito rápido arranjar estas pessoas todas especialmente tendo em conta que eu tenho outra profissão, tenho de dar aulas todos os dias e tratar de outras coisas, mesmo assim com alguma rapidez consegui pôr o filme a rodar, mesmo com os contratempos todos: o técnico de som desaparecer, o director de fotografia desaparecer a um mês da rodagem, sempre a arranjar substitutos à última da hora. Porque eu estipulei logo prazos e para serem cumpridos. às vezes perguntavam “achas que já tens os actores todos?” e eu dizia “Tenho os que tenho. O prazo para encontrar actores era esta data, se eu começo a adiar isto, a certa altura adio tudo!”"
"Claro que nenhum filme poderá ser feito no contexto português a pensar que os bilhetes das salas vão cobrir as suas despesas. Simplesmente não há numero de espectadores suficiente, por isso de que lógica de mercado é que estamos a falar? Enquanto não forem inventadas novas formas de disfrutar da experiência do cinema, novos modelos de distribuição e exibição, pontes com outros países que falem a mesma língua e que possam fazer circular as várias cinematografias, é impossível pensar em alguma autonomia do cinema em relação aos financiamentos estatais."
"Não nos podemos colocar numa posição de fazer o filme mais incrível possível. Encontramos uma história que queiramos contar, e depois procuramos os ingredientes. É como cozinhar. Se não tivermos fome, não vamos fazer um porco de 150 quilos. É demasiado. Basta fazer uma tortilla. Depende. Sinto que cada vez mais o extravagante é fazível."
"Eu não pensei em decadência psicológica. O meu objetivo era reescrever a história de uma pessoa que faz uma viagem interior, através da sua memória, e que começa a diferenciar etapas, com os vários momentos, as emoções e os sentimentos que fazem a sua própria história de vida. E portanto, nesse sentido, as diferentes cores que usei acompanham esses momentos, essas emoções e esses sentimentos. "
quinta-feira, outubro 23, 2014
E vocês, quantos contam?
quarta-feira, outubro 22, 2014
Novidade nas Votações TCN 2014
terça-feira, outubro 21, 2014
The Affair
segunda-feira, outubro 20, 2014
Simpsons & Kubrick
"The Simpsons continued their annual Halloween tradition on Sunday night with the series' 25th "Treehouse of Horror" episode. Like past installments, it featured three short segments – but the clear highlight was "A Clockwork Yellow," a spirited spoof of Stanley Kubrick's iconic filmography."
domingo, outubro 19, 2014
TCN 2014: Horários dos Anúncios
Encerradas que estão as candidaturas aos TCN Blog Awards 2014, eis um breve sumário dos resultados recorde desta edição: 39 blogues participaram, 66 críticas de cinema e 59 de TV a concurso e dezenas de candidaturas nas restantes categorias levam a que a Academia TCN tenha mais de 300 opções de voto para escolher 8 nomeados para cada categoria desta edição dos TCN. São tantos os conteúdos para analisar que a organização decidiu dar uma semana inteira aos membros da Academia para decidirem e ponderarem as suas escolhas, alterando assim o plano de anúncio dos nomeados de dia 25 de Outubro para dia 29, 30 e 31 de Outubro. As votações do público começam no dia 1 de Novembro. Seguem-se os horários:
Dia 29 de Outubro:
17:00 - Entrevista
20:00 - Novo Blogue de Cinema/TV
21:00 - Artigo de Televisão
22:00 - Crítica de Cinema
Dia 30 de Outubro:
17:00 - Página de Facebook
20:00 - Iniciativa
21:00 - Artigo de Cinema
22:00 - Crítica de Televisão
Dia 31 de Outubro:
17:00 - Reportagem/Cobertura
19:00 - Rubrica
20:00 - Blogue Colectivo de Cinema/TV
21:00 - Blogue Individual de Cinema/TV
22:00 - Blogger do Ano
sábado, outubro 18, 2014
Extraordinary Measures (2010)
sexta-feira, outubro 17, 2014
CCOP - Top de Setembro de 2014
1. Os Maias - Cenas da Vida Romântica, de João Botelho | 8,00
2. Jersey Boys - Em Busca da Música, de Clint Eastwood | 6,75
3. Magia ao Luar, de Woody Allen | 6,63
4. Os Gatos Não Têm Vertigens, de António-Pedro Vasconcelos | 6,00
5. The Giver - O Dador de Memórias, de Phillip Noyce | 4,50
6. The Equalizer - Sem Misericórdia, de Antoine Fuqua | 3,75
quinta-feira, outubro 16, 2014
quarta-feira, outubro 15, 2014
Transcendence (2014)
terça-feira, outubro 14, 2014
Update Categorias TCN 2014
segunda-feira, outubro 13, 2014
Sugar Man em digressão europeia?
domingo, outubro 12, 2014
sábado, outubro 11, 2014
Highway to Hell?
sexta-feira, outubro 10, 2014
quinta-feira, outubro 09, 2014
10 Anos
Durante vários meses pensei na forma perfeita de iniciar este texto comemorativo. Não cheguei lá e decidi escrever qualquer coisa apenas hoje, 9 de Outubro de 2014, uma década após a primeira entrada deste estaminé. Tenho tanto para dizer e, no entanto, não sei como dizê-lo. Podia começar por contar que este meu estimado CN acompanhou-me ao longo destes dez anos em várias mudanças e etapas decisivas na minha vida: de puto estúpido a pai babado, de universitário engenheiro baldas nas praias da Caparica a verdadeiro crânio empresarial nas redondezas do estádio do glorioso, de assessor de imprensa sempre à espera do fim-de-semana a controlador de tráfego aéreo que não quer saber que dia é - porque qualquer dia é uma alegria - de solteiro tresloucado de discoteca a marido responsável que só está bem em casa, enrolado no sofá a ver qualquer coisa na televisão que não meta o Adam Sandler ao barulho. Mas tudo isto seria demasiado pessoal, demasiado lamechas.
Imaginei então que talvez o melhor para arrancar com as festividades seria homenagear todos aqueles que ao longo destes dez anos inspiraram-me a continuar, a sentir-me parte de um bem precioso maior, a não parar mesmo quando a vontade para ligar o computador era nula. Mas isso acabaria por se tornar injusto para muitos que, no meio de tantas memórias dispersas, acabariam esquecidos. Bem... que se lixe, é dia de festa, ninguém leva a mal. Ao Xunga, por num qualquer fórum de newsgroups em que eu era administrador, ter divulgado o seu blogue e, com isso, ter criado dentro de mim uma vontade inigualável de criar o meu próprio espaço, ter uma relação com alguém como ele tinha com os seus leitores. Ao Pedro Soares, pelo seu Royale with Cheese ter servido de base e inspiração aos primeiros anos do Cinema Notebook, um local de crítica pura, sem trailers, sem notícias, sem distracções. Hoje, dez anos depois, continuas nos meus favoritos, escondido do mundo no meio de tanto hamburguer. Ao Francisco Mendes pela paixão, ao João Paulo Costa pela excelência, ao Miguel pela descontracção e ajuda inigualável nos TCN, ao Samuel pela dedicação, à Helena pela profundidade, ao Zé Bruto por mostrar que não há limites para um blogue, ao Aníbal por provar que não há limites para um blogger, ao Tiago pelo esforço de, num círculo, promover a blogosfera cinematográfica nacional ao quadrado, ao Bruno por ter sido diferente de todos os outros, ao Filipe por revelar que não há sonhos impossíveis, ao Nuno pela camaradagem, ao Manuel pela coragem, à Catarina, à Inês, à Rita, à Teresa (ainda hoje relembro com carinho a cópia de BSG) e à Sofia pelo charme e atitude, ao Luís Mendonça pela newsletter e pela pala, ao Luís Alves por ser o Michael Mann da blogosfera, ao Zombie pela excentricidade, ao Francisco pela perseverança e serviço público, ao José Carlos por ser uma lufada de ar fresco, ao Jorge pelas perucas e pelos desafios, ao Edgar pelo banner, pelos cartazes, pelos DVDs, pela originalidade, pela criatividade e pela genialidade, aos leitores que por aqui passaram e comentaram - muitos deles esquecidos por culpa de uma mudança de sistema (Haloscan para Blogger) que apagou centenas de comentários da primeira meia década do blogue - ao longo destes mais de três mil e quinhentos posts e, por fim, ao José Soares e toda a equipa de colaboradores pela Take, uma paixão equiparável ao Cinema Notebook, uma que um dia que não está assim tão longe, acredito, terá a visibilidade e consistência física que merece. Certamente esqueci-me de muitos que aqui mereciam ter sido referidos. Mas pelo menos estes que passaram por estas linhas ficam a saber que foram, ou ainda são hoje, um dos motivos pelos quais este blogue viveu e sobreviveu dez anos. Mas, voltando ao início do parágrafo, tudo isto seria demasiado cliché e romântico para começar.
Planeei então começar pelo fim; não sei se o Cinema Notebook aguentará outra década. Citando Joaquim Pessoa, "a vida oferece-nos tudo, até ao dia em que tudo devolvemos à vida. E o pouco tempo que nos foi concedido, mesmo quando dele gozamos uma sensação de permanente sucesso, não é mais, afinal, do que um fracasso bem sucedido". Amar-te é escrever-te e, aconteça o que acontecer, foi até agora uma viagem dos diabos. Uma que, ao fim de uma década, ainda consegue ensinar-me algo: não há histórias nem inícios perfeitos; porque todo o começo é nada mais do que uma continuação quando o livro está aberto a meio.
quarta-feira, outubro 08, 2014
terça-feira, outubro 07, 2014
segunda-feira, outubro 06, 2014
Um minuto chega quando há talento
domingo, outubro 05, 2014
sábado, outubro 04, 2014
sexta-feira, outubro 03, 2014
Twisted (2004)
quinta-feira, outubro 02, 2014
quarta-feira, outubro 01, 2014
Welcome to Sweden (S1/2014)
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