segunda-feira, outubro 27, 2014

TCN 2014: Nomeados Crítica de Cinema



2001: Odisseia no Espaço, por Jorge Teixeira, do blogue Caminho Largo

"No alvorecer da humanidade, o início da vida é como uma rocha ainda por se degastar, por se polir e por se definir, pelo facto de que a experiência, essencial, ainda está por adquirir. As pré-existências, a história e o conhecimento empírico podem facultar e instigar à evolução animal e à adaptação ao meio envolvente, tão natural quanto impressionante - o crescimento, a mudança ou o desenvolvimento são sempre etapas estimulantes - mas o que é certo é que de algum modo existe frequentemente no processo, e no progresso, um persistente efeito misterioso e extra-ordinário (extra-terrestre), que teima ora em esconder-se, ora em aparecer."


A Propósito de Llewyn Davis, por André Olim, do blogue Terceiro Take

"A beleza de A Propósito de Llewyn Davis, pontuada por deslumbrantes momentos musicais, reside no efeito quase fantasista que a jornada de Llewyn parece tomar. A sua viagem para Chicago na companhia de dois desconhecidos – um dos quais fantástica e hilariantemente interpretado por John Goodman – é o momento fulcral em que o espectador se questiona sobre a veracidade de toda a história. Atravessando estradas vazias no meio de nenhures, esta sequência partilha as características de um sonho tido algures, já meio esquecido."

A Vida de Adèle: Capítulos 1 e 2, por Catarina D'Oliveira, do blogue Close-Up

"Em retrospetiva, o Cinema é muitas vezes referido como o grande meio criado pelo Homem, proporcionando a possibilidade de mergulhar noutra história que não a nossa, vivendo assim novas vidas e experiências que o tempo que por cá passamos não permite. Na maior parte das vezes, essa possibilidade não é preenchida, e o Cinema acaba por funcionar mais como um meio de escapismo do que propriamente identificação e extensão da vida. No entanto, de vez em quando, surgem os raros filmes que incitam à descoberta, que se cosem a nós, que nos propiciam crescimento e introspeção, e que nunca mais nos abandonam."

Debaixo da Pele, por Tiago Ramos, do blogue Split Screen

"Um filme áspero, enigmático e simultaneamente cativante. Uma narrativa que dialoga com muito daquilo que o espectador quiser apreender: a natureza humana, a feminilidade na sociedade contemporânea, as noções do desejo e morte. Uma noção que actua precisamente debaixo da pele, das personagens e do espectador, num movimento incessante, aparentemente aleatório, um sentido de violência estética e sonora, um estranho e esmagador fascínio, uma hipnótica abstracção. Debaixo da Pele permanecerá no cinema como um clássico da ficção-científica contemporânea. Na nossa mente permanecerá como o mais pontiagudo e ressonante objecto dos últimos anos."


O Lobo de Wall Street, por Rui Alves de Sousa, do blogue Espalha Factos

"O Lobo de Wall Street é um grito de guerra e uma acusação visceral de uma mentalidade consumista, irracional e arrogante, e um dos retratos mais animalescos da humanidade jamais feitos em Cinema, com um elenco excecional e uma fotografia deslumbrante. E foi preciso voltar aos temas de corrupção e manipulação para Martin Scorsese fazer a sua grande obra prima do século XXI."


Robocop, por Pedro, do blogue CinemaXunga

"A pequena memória sentia-se rasgada em duas. O hálito a álcool de Padilha na sua cara e as dores que sentia fizeram-na desmaiar. Três horas de sodomização depois, por cima de uma memória inconsciente e ensanguentada, Padilha levanta-se e sai. Na rua espera-o um carro de vidros fumados. Aproxima-se. O vidro baixa e uma mão estendo um maço de notas de 100 dólares. Padilha chora enquanto aceita o dinheiro e de dentro do carro uma voz demoníaca diz “That’ll do, José. That’ll do!”"



Wadjda, por Hugo Barcelos, do blogue Rick's Cinema.

"Rodou-se, assim, o primeiro filme inteiramente filmado na Arábia Saudita, e uma obra cinematográfica que, sem precisar de ser uma obra-prima, se revestiu de especial importância. Ajudou, ainda, a que se alargassem as liberdades femininas, e hoje em dia até já é permitido às mulheres sauditas andarem de bicicleta à vista de todos – é verdade que apenas em parques, e desde que acompanhadas por um guardião masculino. "


Videodrome, por Rafael Santos, do blogue Memento Mori

"Imergir num filme do Cronenberg é como comprar um bilhete só de ida para o inferno da mente humana. Removida a camada superficial adornada de violência, o espectador descobre nos seus filmes questões fundamentais que rodeiam a essência humana. Distribui numa bandeja obras que levam o indivíduo a questionar-se a si mesmo, tentando afastar-se do conjunto para avaliar a sua posição integrante perante o mesmo. Faz ressurgir desejos reprimidos que aparentam não ter lugar numa sociedade civilizada. "

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