sexta-feira, setembro 30, 2022

Nas Nalgas do Mandarim - S09E09

quinta-feira, setembro 29, 2022

Lou (2022)

Apresento-vos a Lou: a mulher que John Rambo nunca encontrou, a mãe que John Wick nunca teve. Allison Janney, uma vénia. De porta-voz do presidente Josiah na Casa Branca a velhota Eastwoodiana capaz de despachar bombadões das forças especiais com uma lata de refrigerante. O Tom Hardy do Intermarché que não tarda nada transforma o original no Logan Marshall-Green do Aldi e uma Jurnee Smollett extremamente credível enquanto mãe aflita com o pior casamento da história - e uma sogra problemática. Uma hora de altíssimo nível até ao primeiro encontro entre anti-heroína e anti-vilão e, depois disso, um cerrar de fileiras que não envergonha ninguém, por mais óbvio e genérico que seja. Bom uso dos cenários, terríveis escolhas musicais - devia ser proibido usar o rádio mais do que uma vez como desculpa para enfiar temas completamente fora de tom na história. Em suma, "Taken" do LIDL aprovado.

quarta-feira, setembro 28, 2022

terça-feira, setembro 27, 2022

Hypnotic (2021)

Conceito de primeira, execução de segunda. Thriller competente mas sem surpresas nem caminhos apertados, por mais potencial para tal que tivesse a base da sua estrutura - hipnose e controlo da mente por parte de um psiquiatra descompensado. A Kate Siegel - a Angelina Jolie que resiste da primeira década do século, já que a verdadeira evaporou-se em ossos e peles - bem que poderia ter trazido o marido (Mike Flanagan) para o set, deixando o casal de crianças que realizou isto a brincar no parque. Ainda assim, longe de ser a miséria anunciada por quase todos, nem que seja por ter apenas noventa minutos e um Batman taradão.

segunda-feira, setembro 26, 2022

Cuckoo Iñárritu

domingo, setembro 25, 2022

Suits (S8/2018)

"Suits" renasceu nesta oitava temporada com a saída de Patrick J. Adams e Meghan Markle e a entrada de um trio de novos advogados, com especial destaque para a Samantha Wheeler de Katherine Heigl, uma personagem feminina forte e destemida que tanta falta fazia às dinâmicas da série depois da saída de Gina Torres para o seu próprio spinoff no final da sexta temporada. Os cem por cento de pontuação da crítica no Rotten Tomatoes comprovam isso mesmo, apesar das fragilidades telenovelescas que a série de Aaron Korsh manteve com a relação entre Donna e Harvey - Donna brilha sempre que joga sozinha mas parece uma marioneta tonta quando entra no papel de eterna paixão não correspondida de Specter - e o cada vez menos aparvalhado Louis, que passou de comic relief eficaz nos primeiros anos para marido/futuro pai sem qualquer tipo de piada ou interesse no presente. A dez episódios e uma temporada do grande final, está na hora certa de fechar a loja. É que daqui a nada não cabem tantos nomes na parede. Destaque para o décimo primeiro episódio desta oitava temporada ("Rocky 8"), um autêntico mimo para todos os cinéfilos que adoram a saga de Balboa.

sábado, setembro 24, 2022

Make the choice, Shyamalan

sexta-feira, setembro 23, 2022

Pickpocket (1959)

Eu devo ser mesmo um labrego, mas não consigo perceber qual o encanto deste Bresson lento, aborrecido e, imagine-se, de aspecto terrivelmente amador. Actores que não o eram e edição sapateira - é uma questão de estilo, defendem os experts, para violar as nossas expectativas no que toca a história, expressões faciais e envolvimento emocional -, num filme que manda as convenções cinematográficas (americanas) para o lixo e espera que seja isso mesmo que o diferencie pela positiva. O João César Monteiro riu-se. Nietzsche de algibeira - o cleptómano que se sente na obrigação de o ser -, "Crime e Castigo" em versão resumo de caderninho amarelo de Dostoiévski, Nova Vaga Francesa para amar ou odiar. Tudo bem, não me venham é compará-lo com os "Taxi Driver" desta vida que eu deixei o casaquinho de malha nos perdidos e achados da universidade da vida.

quinta-feira, setembro 22, 2022

Nas Nalgas do Mandarim - S09E08

quarta-feira, setembro 21, 2022

The Net (1995)

Angela Bennett, Jack Devlin e os Pretorianos. Tudo nomes que estranhamente resistiram um quarto de século no meu imaginário cinéfilo, sem nunca evaporarem-se no meio de tantos outros. Culpa provavelmente das dezenas de vezes que isto passou na televisão no final da década de noventa, mas também de uma Sandra Bullock em ponto de rebuçado no período auge da sua carreira. A internet prevista como um "novo preservativo" para a sociedade, numa previsão tão natural para os experts de então quanto visionária para a maioria do público que pouco ou nenhum contacto tinha com a World Wide Web. Entre calhamaços e gráficos arcaicos, o filme de Irwin Winkler envelheceu com algum charme e uma mensagem cada vez mais pertinente nos dias que correm: a dependência da sociedade nos conteúdos informatizados em rede. A nossa vida está de fio a pavio em computadores e nem vale a pena pensarmos muito nesta nossa dependência digital identitária. Mais vale apreciar Bullock como uma mulher à frente no tempo, a testar a versão beta de Wolfenstein 3D com a primeira lareira screensaver de que há memória. Thriller mais do que competente, na estreia de Jeremy Northam em Hollywood. Para rever, qual cápsula de tempo, todas as décadas.

terça-feira, setembro 20, 2022

AZORESPLOITATION @ Sala Azul

segunda-feira, setembro 19, 2022

Nalgas Film Festival

domingo, setembro 18, 2022

In Spielberg (i still) trust

sábado, setembro 17, 2022

Samaritan (2022)

Cena animada de créditos iniciais que nos apresenta grande parte da história: começa por parecer uma boa maneira de introduzir as personagens e despachar a mitologia associada, mas acaba por deixar de fazer sentido quando recuperamos constantemente em modo flashback ou nas palavras de herói e puto fanático exactamente os mesmos detalhes. Puto fanático que não é grande actor mas consegue uma química notável com Stallone, que por sua vez é um herói de acção dos anos oitenta preso quase por obrigação geracional no corpo de um super-herói. Efeitos especiais muito duvidosos até para o estilo meio despreocupado de Julius Avery ("Overlord"), guião/edição tenebrosa - "vamos a XYZ depois de eu ir trabalhar", sendo a cena imediatamente seguinte já em XYZ - e um twist final que se viu a milhas. Giro para miúdos, algo penoso para graúdos. Vale pelo vilão competente de Pilou Asbæk e pelo facto de quase quarenta anos depois de comer pizza ao pequeno-almoço com o seu Cobretti, podermos apreciar Stallone a comer cereais banhados com sumo de maçã em vez de leite. Sempre pioneiro este homem!

sexta-feira, setembro 16, 2022

Park Chan-wook after Parasite

quinta-feira, setembro 15, 2022

Octopussy (1983)

Politicamente "Octopussy" talvez até seja mais pertinente agora do que aquando da sua estreia: um general soviético com a mania da grandeza, farto de ver a sua nação a ser considerada uma potência em declínio. Bombas nucleares desactivadas a milissegundos da explosão, artistas de circo, elefantes, tigres, crocodilos telecomandados e uma série de peripécias extremamente atractivas - o carro sobre carris é tão simples quanto genial - de Bond encaixadas fora de tom numa das intrigas mais banais de toda a saga. Nada resulta neste guião desinspirado: das Bond Girls aos vilões de segunda linha, do ritmo sonolento que se prolonga para lá das duas horas com a bota que não bate com a perdigota. Falo, claro, de um Moore demasiado velho e cansado para ser credível enquanto herói de acção que salta entre carruagens e orquestra todo um sem número de acrobacias, lutas e corridas. Um conjunto desconexo e ilógico de set pieces, ora com Bond vestido de palhaço, ora de gorila, que não sabe se há-de ser sério ou pateta. Índia estereotipada ao máximo: camas de pregos, encantadores de serpentes, maluquinhos a andar sobre o fogo e cenas de rua filmadas em estúdio, não fossem os indianos cheirar a caril. E, claro, imagens do Tah Mahal aos pontapés, mesmo que o Taj Mahal estivesse a oitocentos quilómetros da cidade onde supostamente tudo acontecia. Música e créditos iniciais medíocres e Bond a usar um gadget para ver melhor as maminhas de uma colega. Afinal de contas, nem tudo podia ser mau.

quarta-feira, setembro 14, 2022

James Gray & Anthony Hopkins

terça-feira, setembro 13, 2022

A Nightmare on Elm Street (1984)

Prime Wes Craven. Talvez um dos mais eficazes e visualmente competentes filmes de terror dos anos oitenta - tantas são as cenas que entraram para o imaginário eterno do cinema, das garras de Krueger na banheira à liquidificação explosiva do estreante Johnny Depp -, numa obra que explora os sonhos/pesadelos numa perspectiva tão ousada e sumarenta que não poderia ter resultado noutra coisa que não numa saga carregada de sequelas e crossovers. A originalidade e o mérito artístico raramente voltaram a prosperar após este capítulo inaugural - talvez apenas o "Dream Warriors" e o "New Nightmare" mereçam um voto de confiança nesse sentido - e acaba por ser essa mesma necessidade de deixar a carteira em aberto que resulta num final contraditório: os comportamentos humanos demasiado surreais do pai e do namorado incapaz de se aguentar dez minutos acordado sempre que é preciso e o desleixo total no tratamento do tempo dentro da narrativa - cenários complexos de polícia e montagem de armadilhas perto do fim, tudo feito em pouco mais de dez minutos - sugeriam que todo o filme tivesse sido um sonho de Nancy, algo que o final aberto reescrito à pressa impugna. Seja como for, clássico de ontem, de hoje, de amanhã.

segunda-feira, setembro 12, 2022

Dave Bautista de tanga

domingo, setembro 11, 2022

Freelancer (2017)

Vida de freelancer não é fácil. Duas questões para começar: a que elemento da ficha técnica pertencia aquele fato de sadomaso - Francisco Lopes, não vale mentir - e o que raio é que o lendário apresentador da televisão pública açoriana Emanuel Medeiros andou a fazer no meio do Atlântico com sémen de cachalote? Sou um fã confesso dos visuais, das paletes de cores, da sonoplastia, dos temas musicais e da irreverência dos filmes de Francisco Lacerda e este "Freelancer" é um bom espelho de todas essas suas qualidades e decisões enquanto realizador. O arranque de vómitos não me convenceu por completo - demasiado simples e gratuito -, mas entre o quarto solitário e o casamento orgásmico, tudo explode para aquela dimensão maravilhosa onde sonhos, pesadelos e a psique criativamente demente de Lacerda brilham: despedimentos que podiam ter sido piores, quase suicídios, testículos de cachalote, sexo anal com bestas armadas com uma blica capaz de assustar o africano do Whatsapp e o riso de Francisco Lopes. Venham muitos mais, meus coriscos!

sábado, setembro 10, 2022

sexta-feira, setembro 09, 2022

In the Line of Fire (1993)

Jogo do gato e do rato entre um Eastwood que já era "too old for this shit" há trinta anos e o melhor Malkovich que existe, ou seja, o Malkovich psicopata. Último filme do velho Clint apenas como actor, comandado com mestria pelo recentemente falecido Wolfgang Petersen, que confia no talento ímpar dos dois pesos pesados para moldar a narrativa em torno das suas interpretações. Prova disso mesmo, a cena em que Malkovich improvisa de arma enfiada na boca, a rir-se como se fosse um blooper, a entrar de forma incólume na edição final. Conexões óbvias com uma história verídica contada no final dos anos sessenta por um dos agentes de Kennedy ao "60 Minutos", banda-sonora contida mas eficaz de Ennio Morricone e Rene Russo, tão mais nova que Eastwood mas, mesmo assim, tão natural na sua queda pelo Samson. "Vou pensar no assunto enquanto urino na tua sepultura" ou "Tens um rendezvous com a minha peida" com entrada directa no Hall of Fame do Dirty Harry, o novo John Wayne que o velho John Wayne aparentemente não apreciava.

quinta-feira, setembro 08, 2022

War is Hell

quarta-feira, setembro 07, 2022

Kindergarten Cop (1990)

Impressionante como um filme para toda a família nos anos noventa é, hoje em dia, um filme para maiores de dezasseis. É essa a classificação etária que acompanha a obra de Reitman na Netflix e percebe-se porquê: piadas sexuais de mães taradonas, homofobia descarada, violência, tiros e mortes no ecrã. Não sei, honestamente, o que isso diz de nós todos. Se estamos melhor ou pior. Se faz sentido ou não este maior controlo. Mas sei que éramos felizes a ver isto. Que nos ríamos com o politicamente incorrecto. Que vibrávamos com o vilão a dar à bota. Muitos detalhes que não fazem sentido - a avó malvada que aparece do nada e cujas motivações nunca são claras - fazem com que isto tenha envelhecido muito melhor nas memórias do que na realidade, mas caramba, há por aí uma sequela recente com o Dolph Lundgren que não se vai ver sozinha.

terça-feira, setembro 06, 2022

Nas Nalgas do Mandarim - S09E07

segunda-feira, setembro 05, 2022

Jaws 2 (1978)

Anos e anos enganado a pensar que isto tinha sido apenas uma sequela para ganhar uns trocos. Bem, até pode ter sido, mas comparado com tanta porcaria que sai hoje em dia com tubarões, há aqui muito sumo para espremer. Roy Scheider completamente a borrifar-se, em conflito directo com o realizador, obrigado pelo estúdio a cumprir contrato. E, mesmo assim, tão eficaz, na paranóia a disparar contra o mar na praia ou na bebedeira no conforto do lar. Ele que, de acordo com a sua biografia, chegou a apresentar um atestado de insanidade para tentar roer a corda que o ligava à Universal, mas que hoje em dia olha para esta sequela com outros olhos. Falta-lhe a magia de Spielberg, mas para compensar temos o encanto de um série B... de orçamento milionário - o triplo do primeiro -, tão orgulhosamente pateta quanto repleto de adrenalina. Um verdadeiro slasher aquático, com mortes originais, helicópteros na boca do bicho e uma cena final electrizante. Literalmente electrizante. John Williams com a batuta na mão e uma rapariga com um death wish tremendo, em chamas. Good enough for me.

domingo, setembro 04, 2022

Weird Al Potter

sábado, setembro 03, 2022

Nope (2022)

Não tenho dúvidas do talento de Jordan Peele nem da qualidade dos seus primeiros dois filmes. O homem tem uma identidade e visão própria, sabe filmar como poucos e não tem medo de arriscar. É bom ver um guião fora-de-caixa como este a receber dos estúdios um orçamento de blockbuster, de franchises repetitivas que rendem milhões à indústria mas que não trazem nada de novo à arte. Dito isto, que barafunda descomunal. Ritmo complicadíssimo durante hora e meia, com tanto encher de chouriço que acaba por revelar-se completamente inócuo para o acto final. "Qualquer coisa estranha anda a acontecer por aqui", grita cada frame de "Nope", entre alegorias escancaradas à exploração animal, ao mundo do espectáculo, a Hollywood e ao racismo. A morte de um pai que pouco ou nada serve para a dicotomia relacional entre irmãos; não se sente o luto, o arrependimento ou saudade em nenhum dos dois. Aliás, em Kaluya, pouco ou nada se sente, seja o pânico do desconhecido ou a alegria de um plano que correu bem. A expressão facial é sempre a mesma e o tom de voz não oscila, algo que poderá funcionar noutros registos mas nunca num filme com tantos altos e baixos de tensão e emoção. Já a sua personagem magicamente sabe tudo o que fazer perante o desconhecido, qual cientista que estuda o fenómeno há décadas. "Pode ser que seja como um animal selvagem, não se olha nos olhos e não nos ataca". Resolvido. O grande plano? Arriscar a vida a filmar o "desconhecido" para ganhar uns trocos. Isto numa altura tão evoluída a nível tecnológico, que ninguém acreditaria à mesma em qualquer imagem ou vídeo, tal a facilidade com que qualquer comum mortal consegue fabricar os mesmos com um computador. Fake news, anyone? Sonoplastia dos diabos, cinematografia cativante e efeitos especiais convincentes. Certo. Mas hype a mais, lógica a menos. Mulher bonita que arde, burrinha que dói. Diálogos de voz grossa demasiado patetas, qual Fernando Pessoa enfiado à força no meio de um concerto dos Xutos, um projecto de vaidade desconstruído de forma tão fácil que o que lhe acaba a sobrar em espectáculo, falta-lhe em humanidade. E não nos esqueçamos que tudo arranca com uma história antiga de uma personagem secundária, prova mais do que cabal da desorganização que por aqui andou.

sexta-feira, setembro 02, 2022

Ryan Lasso

quinta-feira, setembro 01, 2022

Blue Jay (2016)

Envelhecer é uma treta, ainda para mais para quem vive com a dúvida de que o seu grande amor ficou perdido no passado. Quantos de nós? Juntemos a isso duas interpretações soberbas assentes em quinze páginas de ideias de Duplass e não num guião tradicional, aquele mood a preto e branco que torna tudo muito mais melancólico, sete dias de filmagens intensas em constante improvisação e não há como resistir à química tão real quanto credível entre Paulson e Duplass. A história não arrebata nem surpreende por ai além - até nisso poderia ser a história de qualquer um de nós -, mas a verdade é que tudo na sua simplicidade resulta bem. Poderia muito bem ter caído nos caminhos pouco cinematográficos de uma qualquer peça de teatro, mas nunca mete-se a jeito. Cinema, de sabor autêntico e independente... sob a asa da Netflix. Quem diria.