sexta-feira, abril 30, 2021

The Warriors (1979)

Jogo de PlayStation que chegou meio século antes ao cinema, "The Warriors" é um retrato fantasiado, exacerbado e, porque não, cool, dos subúrbios de Nova Iorque, da rivalidade entre gangs e da cultura violenta que apoderava-se das ruas, tanto na realidade como numa esfera cultural/social - livros de ficção, séries de televisão, relatos jornalistícos, etc. A violência estilizada - a única arma de fogo usada é a que dá o pontapé-de-saída e o apito final a toda a confusão infundada que se gera em torno dos "Warriors" - com tacos de beisebol, mimos, hippies, paralelos e todo um conjunto de elementos e factores que, não glorificando a morte, mas sim a necessidade de adrenalina e o instinto de sobrevivência, transformam este filme de culto de Walter Hill numa experiência um tanto ou quanto sobrevalorizada pelo tempo mas, ainda assim, de inegável influência em incontáveis obras que se seguiram.

quinta-feira, abril 29, 2021

Harold and Maude (1971)

Um filme de Hal Ashby que, como o seu fenomenal "Being There", confia de forma destemida na sua audiência. Esse voto de confiança é dado logo à partida numa cena absolutamente memorável em que o jovem Harold decide "pendurar" a sua vida ao som de Cat Stevens, abraçando a morte ao mesmo tempo que a sua mãe assiste e ignora por completo a mais uma "parvoíce" infantil do filho. Era, afinal, apenas mais uma das inúmeras tentativas de suicídio de Harold, tão desejoso e obcecado com a morte - assistir a funerais aleatórios era o seu único hobbie - como impossibilitado por alguma ironia suprema de a concretizar. Até que conhece Maude, uma velhota que ama (e vive) a vida no limite - que o diga o polícia de mota que a tenta deter -, o seu total oposto em quase tudo. Humor negro, relação de intimidade tão polémica quanto deliciosa, um verdadeiro compêndio de mensagens subliminares sobre a existência humana: porque não viver a vida é um destino bem pior que a morte em si.

quarta-feira, abril 28, 2021

To Catch a Thief (1955)

Mistério muito mais soft e descomplexado do que é habitual em Hitchcock, "Ladrão de Casaca" exulta sensualidade na belíssima cinematografia centrada na Riviera Francesa entre dois ícones do cinema norte-americano e, porque não, da própria carreira de Hitch. Como se o romance fosse tão cheio de suspense quanto a própria acção, repleto de alusões sexuais, Hitchcock filma a esplendorosa e glamorosa Grace Kelly com um perfil clássico de mulher fria e confiante que, a pouco e pouco, cede aos encantos tão rudes quanto irresistíveis de Cary Grant. Tal como qualquer "mulher hitchcockiana" - aqui também o é Brigitte Auber no papel de filha de um dos antigos amigos do Gato Robie -, Kelly cria um sentimento de intimidade com o espectador, num filme que parece premonitório: a mais tarde intitulada princesa do Mónaco viria a falecer nas mesmas estradas em que aparece em "Ladrão de Casaca" a conduzir de forma perigosa.

terça-feira, abril 27, 2021

Nalgas FR: The Immigrant

segunda-feira, abril 26, 2021

Mortal Kombat (2021)

Aquele feeling inconfundível dos anos noventa: o Jax, única personagem negra, o primeiro a morrer. Sonya Blade jeitosa, check. O Kano especialista em massagens nos pés e piadas secas, desde que não envolvam gnomos de jardim. O Liu Kang com cara de quem passa o dia a beber leite de amêndoa e a espalhar cremes na pele. Oh caparau, afinal o Jax não morreu, lá se foi o mood dos noventa, Black Lives Matter malta. O Rayden - que saudades do Christopher Lambert - com os piores efeitos especiais nos olhos desde que transformaram o The Rock no Rei Escorpião: bastavam umas lentes de contacto, caraças. Acting sofrível da malta toda de olhos em bico com excepção do Sub-Zero e especial destaque para o Kung Lao, detentor de um chapéu frisbee mas de nenhum curso de representação. Isto foi um bocado racista não foi? Oh well, continuemos. A rir muito com o Kano, é matar já a saga e fazer um reboot isolado de personagem, qual Logan. Anciães montanheiros especialistas em cirurgias complexas e braços robóticos. O Kano a trocar de equipa em troca de um templo transformado em casino; o vício do jogo desgraça mesmo muita gente. Shang Tsung a fazer um favor à audiência ao sugar a alma do Kung Lao. Hora e meia de filme certinha, finalmente uns acordes do tema mítico que nos levanta da cadeira, acompanhado por um "Get Over Here" do Scorpion. Pau feito e nem foi com a Sonya. O famoso torneio que nunca acontece, mas o cabrão do Johnny Cage pronto para dar espectáculo na sequela. Venha ela, já vi bem pior que isto e a pagar.

domingo, abril 25, 2021

Promising Young Woman (2020)

Nunca pensei viver o dia em que uma música da Britney Spears me desse arrepios na espinha. Filmado em pouco mais de vinte dias, a estreia na realização da britânica Emerald Fennell - a mesma que faz aquele cameo maravilhoso em forma de tutorial sobre como ficar com lábios perfeitos para sexo oral - resulta num filme refrescante, repleto de energia, de mudanças constantes de tom tão subtis quanto intensas e de uma banda-sonora que articula-se de modo sublime com o estilo visual (e até narrativo) deste "Uma Miúda com Potencial". Papelão de Carey Mulligan - completamente fora do registo que habitualmente nos oferece -, química cativante - e inesperada - com Bo Burnham e um final que, por mais conveniente e martelado que muitos possam achar, apanhou-me completamente na curva. Espero que não saia de mãos a abanar do Dolby Theatre mas, dê no que der, muita atenção no futuro a esta E(s)merald(a) rara.

sábado, abril 24, 2021

Nomadland (2020)

Percebe-se o encanto de "Nomadland" mas não exageremos no hype: a carta de amor às profundezas de uma nação, às personagens autênticas que precisaram de adaptar a sua vida a uma falta de recursos inesperada - crise económica - ou a uma necessidade interior de um quotidiano sem raízes geográficas nem fundações ideológicas num contexto esperado pelas sociedades modernas, é também um produto misto - certamente funcionaria muito melhor como documentário - incapaz de dar qualquer tipo de nó no coração ou no estômago do espectador pelo simples facto da personagem de McDormand (presente em todas as cenas do filme) ser, para desgraça da mensagem, uma das únicas cuja a história não é real. Dois minutos de conversa do nómada cujo filho suicidou-se valem emocionalmente muito mais do que as quase duas horas da "mentira" forjada em torno do papelão de Frances, o que entre tiques Malickianos e uma edição que, ao contrário da maioria, raramente me convenceu da sua genialidade, transformam este favorito aos óscares numa obra não mais do que capaz e simpática sobre o envelhecimento e a solidão.

sexta-feira, abril 23, 2021

Nalgas FR: Extreme Prejudice

quinta-feira, abril 22, 2021

The Girlfriend Experience (2009)

De longe o filme da Sasha Gray que me deu menos prazer. Literalmente. Soderbergh em modo férias, num dos seus vários projectos alternativos que sucederam/antecederam "reformas" e reinvenções anunciadas. Milhão e meio de budget - e mesmo assim um flop na bilheteira, com menos de um terço de retorno -, um estilo narrativo confuso que pouco ou nada fez por uma história que provavelmente ganharia mais em ser contada de forma linear e, bem, a prova que mesmo setenta minutos de filme podem ser demasiado longos quando não se consegue desenvolver uma ideia de base - a vida privada de uma escort de luxo em Nova Iorque.

quarta-feira, abril 21, 2021

Judge Dredd (1995)

Qualquer filme que arranque com narração do James Earl Jones começa logo da melhor maneira possível e imaginária. Ver o Rob Schneider logo de seguida na cena de abertura é que não ajuda nada à causa. Mas bem, vamos a isto. Stallone como juiz que não concorda com o conceito de circunstâncias atenuantes quando se trata do Rob Schneider. Conquistou-me logo, pena que não tenha calhado em sorte no sorteio para o Sócrates, não o filósofo, o do "porreiro, pá". Sessenta e cinco milhões de pessoas a viver numa cidade projectada para um terço disso. Max von Sydow preocupado com a noção de ética do Stallone, determinado em torná-lo num símbolo de liberdade e não de repressão, enfia-o na Academia a dar aulas a jovens cadetes. Diane Lane com claras dificuldades em resistir aos olhos azuis falsos do Stallone, por mais desinteressada que finja estar. Stallone injustamente acusado de homicídio e traição do Conselho. Boa oportunidade para tentar engatar a Diane Lane, pedindo-lhe para ser sua advogada. No fim das contas, o Stallone não quebra a lei, o Stallone é a lei. Pelo menos nas ruas, no quarto ninguém sabe ainda, desconfio. Grande conspiração que para aqui vai, Stallone com prisão perpétua e Von Sydow despachado para o deserto, a chamada Terra Maldita. Reviravoltas do destino, lá se encontram mais tarde, mestre e aluno, quando um grupo de canibais finalmente decide dar bom uso ao Rob Schneider. Irmão bom, irmão mau, clones, uma chinesa a chamar cabra à Diane Lane e o Rob Schneider, que afinal não foi comido, a salvar o dia. Com piada e tudo. Oh caramba, que isto afinal era bem melhor do que eu me lembrava.

terça-feira, abril 20, 2021

Balada triste de trompeta (2010)

Vamos dividir este "The Last Circus" em quatro actos em vez dos tradicionais três. Um primeiro de introdução histórica, política e sentimental do nosso anti-herói absolutamente maravilhoso, que culmina num palhaço de machete em punho a varrer inimigos armados num cenário de guerra civil espanhola entre republicanos e nacionalistas. Um segundo em que todo um mundo "circense" é construído à sua volta, já adulto, com emoção, dor, insanidade, diversão, relações complexas entre personagens, humor negro, pancadaria e uma cena de sexo à bruta capaz de corar o arquitecto Taveira. Uma hora de alto nível a que se sucede a trapalhada que já não é novidade na filmografia Álex de la Iglesia quando parece perder a paciência e enfiar tudo o que falta fazer ao monte, qual faceta Rob Zombie que toma conta da sua costela Guillermo del Toro. Cena descuidada atrás de cena despachada, palhaço feliz e palhaço triste acabam aos poucos sem nada que os distinga num rol de acções banais que desonram a primeira metade. Ainda assim, vale bem a pena.

segunda-feira, abril 19, 2021

Nas Nalgas do Mandarim - S08E06

domingo, abril 18, 2021

Mirindas asesinas (1990)

Primeira experiência como realizador de Álex de la Iglesia ("El día de la bestia"), numa curta-metragem que sabe apresentar muito bem - e rapidamente - a sua premissa - um assassino que não lida bem com as armadilhas e trocadilhos inocentes da comunicação verbal - mas que depois tem dificuldades em rematá-la com a mesma eficácia. Ainda assim, vale pela curiosidade de assistir ao nascimento de vários traços artísticos (e até narrativos) que acabariam por tornar-se imagem de marca do realizador. Tudo sem grandes recursos, mas já com Álex Angulo, actor fetiche do basco que faleceu em 2014 vítima de um acidente automóvel.

sábado, abril 17, 2021

Noah (2014)

Conversão muito mais literal de uma das histórias da Biblia - e daí muito menos intelectualmente desafiante e recompensadora - que o seu mais recente "Mother!", "Noah" resulta muito bem enquanto espectáculo visual, mas quase nunca como thriller ou, porque não, drama. Primeiro porque quase todo o público sabe à partida os pressupostos da história contada pelo ateísta - quem diria - Aronofsky e, segundo, porque as diferenças criativas introduzidas no guião pelo realizador para potenciar a relação e os conflitos - fé, pecados, esperança, vingança, perdão - entre as personagens acabam por não funcionar como pretendido. Fica o desastre épico de aspecto convincente e uma mão-cheia de interpretações de alto calibre - o que não deve ter sido fácil com tanto ecrã verde à volta.

sexta-feira, abril 16, 2021

Noises Off… (1992)

O ritmo frenético e a simbiose notável entre as cenas, o elenco e os timings fazem deste filme do conceituado Peter Bogdanovich uma experiência cinematográfica fora do vulgar sobre a vida em palco - e atrás dele - de uma peça de teatro, no antes (preparação), no durante (as diferenças inesperadas que muitas vezes o público nem se apercebe que não eram programadas) e no depois (a fúria ou euforia do encenador). Não é fácil entrar no humor e no mood de "Apanhados no Acto" naquela primeira meia hora mais vagarosa, mas quando Bogdanovich finalmente acerta o tom, somos todos brindados com uma espiral de humor nas mais variadas formas - do slapstick mudo nos bastidores ao pandemónio de intrigas entre personagens que se vingam umas das outras em plena actuação - que só peca por sabermos que tudo o que vemos não é, ao contrário do que acontece num teatro, obra de um trabalho tremendo para que tudo bata certo ao segundo e ao milímetro, numa única tentativa. Saber que tudo foi editado e filmado em inúmeros takes acaba por matar a ilusão de todos os seus méritos, ao mesmo tempo que nos deixa cheios de vontade de assistir a esta farsa ao vivo e a cores, com levantar e baixar de cortinas no verdadeiro sítio onde a mesma pode brilhar sem restrições. Último papel de Denholm Elliott, o eterno Marcus Brody da saga Indy.

quinta-feira, abril 15, 2021

Nalgas Flash Review: Butt Boy

quarta-feira, abril 14, 2021

El ascensor (2021)

Primeira nota: gostava muito de ver um making-of deste pequeno (setenta minutos) filme espanhol da estreante Daniela Bernal para perceber como filmou todas aquelas cenas de elevador com reflexo de espelho no fundo sem aparecer nenhum material/pessoal técnico uma única vez. Conceito desgastado (mas sempre irresistível) de timeloop, desta vez num elevador durante vinte e oito segundos - o tempo que demora chegar do décimo andar ao piso térreo para levar o lixo. Mas, e é este "mas" que acaba por ser algo refrescante, ora uma personagem presa na falha espaciotemporal ora outra, ora as duas, com todo um puzzle sci-fi que pede para ser desmontado de forma a tudo voltar ao normal. É nessa ambição que "El ascensor" se espeta, perdendo o charme da dinâmica relacional do casal - as infinitas oportunidades para arranjar a melhor abordagem para uma discussão ou a descoberta de segredos, mentiras e traições - para entrar numa espiral de resolução do mistério sem chama nem alma. Ainda assim, confort food para os fãs do género.

terça-feira, abril 13, 2021

Alias (S1/2001)

O carisma e as perucas de Garner, a audácia visual e narrativa de JJ Abrams - velhos e saudosos tempos -, a frialdade de Ron Rifkin, a habilidade e a química de todo um elenco - do calculista Victor Garber ao então promissor Bradley Cooper -, numa temporada fenomenal que constrói de forma enérgica, corajosa - o assassinato de uma personagem-chave logo no episódio de estreia - e competente todo um universo de espionagem com vários arcos pessoais e profissionais que se interligam em prol de um mistério maior - Rambaldi - e de um objectivo comum aos bons da fita: o fim da SD6. Sequências de acção de alto calibre, personagens credíveis, escrita cuidada, relações sentimentais de amor, amizade e ódio com vários níveis de profundidade e complexidade, reviravoltas constantes, enfim, toda uma teia de mentiras, disfarces e traições que colocam constantemente todas as peças do tabuleiro em cheque. Tarantino como vilão num par de episódios, sonoplastia que brilha seja qual for o mood pretendido - de jazz a música techno, tudo encaixa na perfeição -, cenários diversos - discotecas, desertos, cidades europeias - como palco para coreografias destemidas de acção e o Marshall, o Q aqui do sítio que não perde uma oportunidade para fazer a nossa heroína sorrir no meio da escuridão. Disney +, aqui vou eu a correr para a segunda.

segunda-feira, abril 12, 2021

Walk the Line (2005)

Biopic completamente formulaico, tanto na realização como a nível narrativo, que só sobressai dos demais pelas interpretações tão exóticas quanto empenhadas - tanto Phoenix como Witherspoon tiverem seis meses prévios de aulas para tocarem e cantarem eles próprios no filme - da dupla principal. As histórias de bastidores são tão ou mais interessantes que o trabalho de Mangold em si - a relação conturbada entre os protagonistas fora de ecrã, os ataques de raiva e loucura de Phoenix que improvisou várias cenas que acabaram por entrar na edição, como aquela em que arranca o lavatório da parede -, trabalho esse que saltita constantemente entre momentos-chave na vida de Cash, criando todo um contínuo lógico confuso que seria facilmente resolvido com algumas artimanhas de realização. Faltou dar corpo a todo o caminho que levou aos sucessos e às desgraças da vida de Cash, desfocando por vezes a relação obsessiva com June em prol de tudo o resto. Não querendo ser mauzinho, o videoclip derradeiro do homem de negro num cover de "Hurt" dos Nine Inch Nails, faz melhor e mais sentida justiça a toda uma vida em menos de quatro minutos que Mangold em duas horas insonsas. Porque, como alguém escreveu um dia, aquele fechar do piano teve o mesmo peso do encerrar de um caixão.

domingo, abril 11, 2021

Nalgas FR: Zack Snyder's Justice League

sábado, abril 10, 2021

Ratatouille (2007)

Mais um capítulo da saga "mas porque é que toda a gente gosta tanto deste filme?". Falta a chama e o charme de tantos outros projectos da Pixar, falta química e profundidade à relação de amizade entre o Remy e o Linguini, falta coração apertadinho e, porque não, algum realismo no meio do irrealismo permitido a qualquer fábula de animação. Ou então sou só eu que não consegui sentir a vibe de um filme sobre o complexo mundo da restauração reduzido a estereótipos - sendo o crítico o mais óbvio e fácil de vilanizar. Tudo ok, desde que continue bem claro entre todos que, por melhor que seja a banda-sonora que os acompanhe, ratos na cozinha são um perigo para a saúde.

sexta-feira, abril 09, 2021

Red Heat (1988)

Schwarzenegger de tanga numa sauna para bombadões. Schwarzenegger de tanga na neve a arrear camaradas soviéticos com más intenções. Nova alcunha: cabeça redonda. Porque a tanga deixou escapar que era circuncidado, está giro. Arnie capitão do Exército Vermelho de boina com faro para cocaína em próteses e sotaque moscovita irrepreensível (cocanium!). Jim Belushi a enfrentar um dos maiores dilemas do final da década de oitenta: naturais ou silicone? Laurence Fishburne com uns óculos muito sérios para nos distrair do túnel entre os incisivos. Schwarzenegger e Belushi juntos em Chicago para apanhar um comunista malandro cheio de amigos na terra do Tio Sam. O Peter Boyle, que saudades do Peter Boyle, a lidar com o stress e tensão alta com música zen - e não vodka, nabo. Métodos soviéticos de interrogatório claramente mais económicos e eficazes que os norte-americanos. Hora de alimentar o periquito - não, não é o equivalente a esgalhar o pessegueiro em russo. Belushi de rabo espetado para levar uma vacina contra o tétano no rabo e o Arnie que não sabe quem é o Dirty Harry. Destruição em massa - com destaque para a cena com dois autocarros - para obter uma chave de um cacifo, porque dar cabo do cacifo com uma martelada é que não, era uma brutalidade. Walter Hill na melhor forma. Now, go and kiss your mother's behind.

quinta-feira, abril 08, 2021

Crawl (2019)

Tão bom que é ser surpreendido por um filme que nos consegue dar mais do que aquilo que estávamos à espera. Tudo óbvio a nível narrativo, todas as más decisões que eram precisas para manter a chama acesa no vendaval - só o cão é que consegue manter-se sempre seco e em segurança -, crocodilos tramados a rodos, efeitos especiais bem conseguidos e uma actriz - Kaya Scodelario - que consegue levar o filme às costas com credibilidade. Entretenimento de primeira linha, sempre a correr com tensão q.b. e aspecto nada ranhoso, ao contrário do que é habitual nestas andanças com "criaturas". Tubarões, anacondas e Barry Pepper, é favor segurar a cerveja destes crocs!

quarta-feira, abril 07, 2021

Nalgas Flash Review: Divino Amor

terça-feira, abril 06, 2021

Allen v. Farrow (S1/2021)

Documentário polémico da HBO sobre a "eterna" dúvida em torno da relação de Mia Farrow e Woody Allen que envolve alegados abusos sexuais deste último com a filha do casal de sete anos. Mais do que um referendo sobre a culpa ou inocência do realizador nova-iorquino - o documentário é objectivamente parcial, mas apoia essa faceta numa panóplia de factos e testemunhos descobertos em documentos policiais arrumados há mais de vinte anos em sessenta caixotes, escutas telefónicas, depoimentos em tribunal de envolvidos e psicólogos profissionais com experiência na área, etc, pelo que é fácil compreender essa inclinação no final -, "Allen v. Farrow" é um trabalho de contextualização de uma história cuja percepção pública foi várias vezes deturpada pelo "spinning" de vários assuntos colaterais - principalmente a relação com a filha adoptiva de Farrow de dezassete anos - em nada relacionados com esta acusação específica de abuso sexual de menores. Não, Allen nunca foi julgado por esse crime e considerado inocente, como todos já ouvimos dizer. Allen foi a julgamento pela custódia dos filhos de Farrow; e perdeu. Neste caso específico, o procurador decidiu não levar o caso a julgamento, supostamente baseado num relatório de uma instituição com credibilidade na área. "Dylan parece estar a mentir", declarou o director da mesma. Algo que descobrimos agora foi a conclusão exactamente contrária das várias entrevistas realizadas pelas duas psicólogas da instituição, cujas notas e relatórios foram não só ignorados, como destruídos, ao contrário do que a lei obriga. Sim, Allen passou num teste de polígrafo. Um teste privado, tendo recusado fazer o do departamento policial de Connecticut que investigava o caso. Entre muitas outras revelações. Já percebi como se sentem os portistas sempre que se fala no Apito Dourado e alguém partilha as escutas telefónicas que não foram consideradas válidas em tribunal: eu também tenho uma paixão enorme pela filmografia e pela arte de Allen, mas a única maneira de negar o óbvio é dizer que o assunto nunca foi provado em tribunal. O que, todos sabemos, não muda a verdade, por mais que Allen diga numa conversa telefónica agora revelada "que não interessa a verdade, interessa o que as pessoas vão acreditar". Facada no coração, mas eu acredito na Dylan.

segunda-feira, abril 05, 2021

Vampire's Kiss (1988)

Nicolas Cage em modo lunático, numa experiência cinematográfica de cariz único e indiscritível que acompanha uma autêntica viagem de montanha-russa de um homem até à insanidade. Ninguém pode dizer que conhece o Nicolas Cage actor enquanto não vir este "O Beijo do Vampiro", uma espécie de comédia negra que nos deixa tão desconfortáveis quanto boquiabertos, uma autêntica fábrica de memes para a eternidade. Gritos, caretas, dedos apontados, saltos em cima de secretárias, violações, morcegos, leitura do abecedário, a Jennifer Beals e a Maria Conchita Alonso, dentaduras falsas de vampiro, enfim, uma série de detalhes numa série de acontecimentos que nenhuma descrição escrita conseguirá fazer jus. Tudo nos trejeitos de Cage é tão absurdo e "over the top" que semanas depois de ter sido bombardeado com isto ainda não sei se amei ou odiei toda esta espiral de extravagância. Como li algures, é "American Psycho" corrompido por LSD; chega para vos convencer?

domingo, abril 04, 2021

Nefta Football Club (2018)

Um burro treinado para fazer entregas de cocaína na fronteira entre a Argélia e a Tunísia. Isto, claro, se os headsets tiverem postos no bicho a tocar "Someone Like You" da Adele em repeat infinito. Um dos traficantes que pensou que era para meter no leitor de mp3 Handel e não Adele. Erro inocente, ele nem sabe que cantor é o Pavlov que o outro fala. Burro desorientado, dois irmãos que discutem quem é melhor - Messi ou Mahrez -, uma pausa para xixi e um sacalhão de "sabão em pó" para levar para casa. O uso certo para tanto pó; Maradona seria imparável naquelas quatro linhas. Quinze minutos - um intervalo de um jogo de futebol - que passam a voar, com inteligência, humor e aquele afago caloroso que só a inocência de uma criança consegue propagar ao mais gélido coração adulto.

sábado, abril 03, 2021

Nas Nalgas do Mandarim - S08E05

sexta-feira, abril 02, 2021

Extremely Wicked, Shockingly Evil and Vile (2019)

Registo singular - e porque não inesperado - de Zac Efron como Ted Bundy, num filme que tenta evitar a todo o custo o choque e os terrores dos crimes hediondos de um dos assassinos em série mais badalados da história recente norte-americana. Extremamente... morno, como que um drama filmado do ponto de vista da mulher que, mesmo denunciando-o, duvidou sempre que o homem por quem se apaixonou pudesse realmente ter cometido tais atrocidades. O cepticismo e o receio do erro com o propósito de abrir asas à imaginação, algo extremamente difícil de colar no espectador que aqui chegou depois de assistir a um ou mais documentários sobre Bundy disponíveis, por exemplo, no catálogo Netflix. Frustração maior ainda quando uma rápida pesquisa mostra que a cena final que desequilibra completamente a balança moral das personagens é, afinal, uma liberdade criativa muito menos ambígua que o acontecimento real. Batota, senhor Berlinger.

quinta-feira, abril 01, 2021

Monsoon Wedding (2001)

Início de século e este "My Big Fat Indian Wedding" ganha não só o respeito da crítica internacional como um Leão de Ouro em Veneza, catapultando o nome de Mira Nair fora-de-portas. O choque cultural entre uma Índia mais arcaica e uma Índia contemporânea; personagens a rodos a gritar, cantar, dançar, fazer barulho e abanar a cabeça de forma nervosa. Quatro ou cinco arcos desinteressantes depois, finalmente a noiva que não sente amor pelo noivo "arranjado" que mal conhece. Dramas e indecisões de casamentos, tudo visto em mil e um outros formatos e feitios, um valente bocejo repleto de inúmeras histórias mal desenvolvidas - o "australiano" ou o irritante wedding planner, por exemplo - que tenta já perto do fim dar um abanão com uma revelação chocante de pedofilia. Mudança radical de tom, um problema gravíssimo no seio da família por resolver e... cinco minutos está tudo resolvido. Voltam as danças. Começo a perceber que afinal há um clube tão mau ou pior que o Nalgas Film Club: dá pelo nome de "Criterion Collection".