quarta-feira, fevereiro 28, 2018

Tóquio sem franja

terça-feira, fevereiro 27, 2018

Black Mirror (S4/2017)

Tudo começa com "USS Callister", uma ode a uma geração televisiva de ficção científica adaptada a um futuro tecnológico tão fantasioso quanto cativante. Um arranque promissor, onde uma pobre vítima transforma-se num temível vilão e todo um elenco brilha com personagens riquíssimas em backgrounds deliciosos. Depois veio "Arkangel", o tal muito antecipado por ser realizado pela Jodie Foster. Fraco, fraquinho, sem rasgos, sem fim, sem alma. Mau Maria - ou, melhor, mau Jodie. Arrancamos logo para o seguinte, qual necessidade de recompensar este café aguado, sem sabor. "Crocodile"; incoerente em várias decisões, previsível no segundo acto mas, ainda assim, todo um conceito e reviravolta final com o aroma a grãos torrados de "Black Mirror". Depois veio o "San Junipero" desta temporada, "Hang the DJ", mas em mau. Não me levem a mal, tudo muito bonito num mood risonho, mas o palco deveria ter sido um futuro distópico e não uma dimensão virtual. Ups, spoiler. Paciência. E eu a ficar sem paciência, por esta altura. O que é feito do brilhantismo consistente do passado? Seguiu-se "Metalhead", uma curta-metragem universitária que ganhou um concurso para entrar na série idealizada por Charlie Brooker. É mentira, claro, mas parece verdade. Tensão q.b. mas tudo o resto muito metálico, muito sem cor. Literalmente. M*rda, que foste tu fazer a isto, Netflix? Vamos ao último, "Black Museum". E, maravilha das maravilhas, qual café irlandês acompanhado de um bom whisky - e não uísque -, faço as pazes com a televisão. Três histórias, três conceitos, três mini-episódios encaixados na perfeição num finale irrepreensível, ao nível do melhor que a série já fez. Uma homenagem fechada em si mesma com uma dupla de excelência num frente-a-frente improvável. Tudo somado... não fiquemos por aqui.

segunda-feira, fevereiro 26, 2018

Lewis Gilbert (1920-2018)

domingo, fevereiro 25, 2018

Posters com Ciência @ Lagos

sábado, fevereiro 24, 2018

Meghan Markle e a TVI

Vergonhosa, ainda que facilmente (ou tristemente) compreensível, a promoção da estreia de "Defesa à Medida" nas noites da TVI. "A Princesa", como a TVI lhe intitula, endeusada a personagem principal, foco de toda a narrativa, em trajes menores no chuveiro e na cama, num quick spot de estratégia, no mínimo, desonesta. Vá lá que acredito que, ao fim deste tempo todo, mesmo quem vá ao engano acabará por cair nos encantos de Harvey Specter. Mas não havia necessidade...

sexta-feira, fevereiro 23, 2018

Nas Nalgas do Mandarim - S05E06

quinta-feira, fevereiro 22, 2018

Derren Brown: The Push (2018)

A premissa é tão simples quanto complexa: será possível manipular os comportamentos de alguém ao ponto dessa pessoa cometer um homicídio? O mentalista britânico Derren Brown cria um esquema real ao nível daquele imortalizado por David Fincher no maravilhoso "The Game", com um elenco de dezenas de actores, figuras públicas e um pseudo-evento de caridade como pano de fundo para provar que a maioria de nós, pressionados por uma situação extraordinária e pelos comportamentos dos que nos envolvem, seríamos capazes de colocar a nossa decência e os nossos valores de parte e assassinar alguém com um empurrão no topo de um prédio. Os resultados são impressionantes, numa horinha que passa a correr no sítio do costume. Netflix, claro.

quarta-feira, fevereiro 21, 2018

A little knowledge is a dangerous thing

terça-feira, fevereiro 20, 2018

Mute (2018)

Uma mão cheia de nada - mais uma da Netflix - numa distopia cyberpunk muito bonitinha enquanto pano de fundo mas completamente vã para a história de um empregado de bar mudo que procura, entre travestis e criminosos, o seu amor desaparecido. Esperava-se mais, muito mais de Duncan Jones - "Moon" e "Source Code" - do que uma história banal que quase nunca faz sentido quando tenta brilhar ou chocar, ainda para mais assente numa performance de expressividade teatral de Alexander Skarsgård, que raramente entra em sintonia com a câmara ou com o espectador. Salvaram-se as personagens de Rudd e Theroux, ainda assim perdidos numa química confusa cujo objectivo, aposto, nem os próprios entenderam até aos dias de hoje. Mais um "Blade Runner" de algibeira, sem razão nem talento. Amigos da Netflix, a qualidade pesa mais que a quantidade e, convosco, "mais" tem sido significado cada vez "menos". Vamos lá com calma.

segunda-feira, fevereiro 19, 2018

Nas Nalgas do Mandarim - S05E05

domingo, fevereiro 18, 2018

Narcos (S2/2016)

A segunda temporada de "Narcos" tinha à partida o principal problema da primeira resolvido: os mesmos dez episódios cobririam desta vez um período de vida muito mais curto do que toda a ascensão de Escobar ao poder, duas décadas de assassinatos, esquemas e politiquices enfiadas ao barrote na temporada de estreia. Da fuga da Catedral à sua morte passaram apenas dezasseis meses e, por isso, toda a narrativa teve agora tempo para respirar, aprofundar relações - principalmente familiares -, explorar conflitos entre patrões da droga e, com tudo isso, provocar reacções muito mais sentidas e fundamentadas nos espectadores. Cinematograficamente irrepreensível - chega a ter pormenores fenomenais que facilmente passaram despercebidos, como um episódio que começa com Pablo em casa a segurar os sapatos da filha e acaba com um qualquer pai a fazer o mesmo no meio dos destroços de um atentado bombista ordenado por Escobar -, sobrou apenas o desagrado por algumas invenções (a morte de Valeria Velez) e distracções (errarem o nome do clube de futebol de Pablo, do qual até foi dono nos anos oitenta) que colocam a veracidade de tudo o resto em causa. Cheira-me que a terceira temporada, agora sem Escobar, entrará ainda mais na esfera da pura ficção mas, ainda assim, não se deixa material desta qualidade pelo caminho. Até porque já estou num ponto que respondo "Si, patrón" quando recebo uma chamada do meu pai.

sábado, fevereiro 17, 2018

Braindead @ VHS

sexta-feira, fevereiro 16, 2018

First Blood (1982)

Tudo neste clássico intemporal do ainda vivo Ted Kotcheff mantém-se irresistível: do realismo das cenas mais arriscadas, ao ritmo perfeito que equilibra drama, humor e acção numa narrativa simples, à fabulosa caracterização quase silenciosa de John Rambo ou o trabalho irrepreensível na sala de montagem. Tudo em "First Blood" é tenso, inteligente, arrebatador e, ainda assim, de uma modéstia despretensiosa que não pretende transformar o estilo - e que bem filma Kotcheff nas sombras - em nada mais do que uma arma para fortalecer a luta interna, mas também selvagem, de Rambo. Fica aquela perseguição de mota para a história, a interpretação crua de Brian Dennehy e uma decisão no final que mudou a história da personagem.

Filmmaker: It’s so ironic that Kassar and Vajna opposed the suicide ending so strongly, because they basically built their empire on this character, and they never would have been able to do those sequels if you had killed him! Did they ask you to do the follow-up, Rambo: First Blood Part II?

Kotcheff: I didn’t want to do the sequels. They offered me the first sequel and after I read the script I said, “In the first film he doesn’t kill anybody. In this film he kills seventy-four people.” It seemed to be celebrating the Vietnam War, which I thought was one of the stupidest wars in history. 55,000 young Americans died and so many veterans committed suicide. I couldn’t turn myself inside out like that and make that kind of picture. Of course, I could have been a rich man today – that sequel made $300 million.

Filmmaker: Well, it’s interesting, because even though he kills dozens of people in the sequel, your film actually feels faster paced and more intense. Why do you think that is?

Kotcheff: People think pacing comes from playing everything fast, but that’s not true – if you do that it becomes flat and boring. You’ve got to juxtapose emotions and thoughts and experiences and movement to give it pace.

quinta-feira, fevereiro 15, 2018

Nalgas Flash Review: Gustavo Santos

quarta-feira, fevereiro 14, 2018

Altered Carbon (S1/2018)

"Carbono Alterado" chegou repleto de hype aos maluquinhos do sci-fi; a Netflix apostou forte na sua promoção e o lançamento simultâneo a nível mundial prometia reacções rápidas. Assim foi. Com um arranque muito pouco inspirado - os dois primeiros episódios tinham informação a mais, ritmo a menos e uma série de interpretações de baixo gabarito - com Ortega a liderar a troupe sempre que entrava em modo espanhol -, foi anunciada a sua morte aos deuses. Muitos desistiram - eu estive muito perto também de o fazer, para dizer a verdade - e a série criada pela guionista de "Shutter Island" ganhou o rótulo de "série que teria algum destaque no SyFy mas nunca na sala de troféus da Netflix". Pois bem, as notícias desta morte foram manifestamente exageradas: ao terceiro episódio, "Altered Carbon" explode e cada episódio até ao final transforma-se numa ode futurista, repleta de conceitos interessantes, visual competente e vida própria. O elenco não melhora por aí além - Dichen Lachman não convence e Hayley Law, com uma personagem de destaque no finale, é vergonhosamente terrível - mas suporta-se no meio de tantos momentos cativantes. Eu voltarei para a segunda - com ou sem Joel Kinnaman, mas sempre com Kovacs.

terça-feira, fevereiro 13, 2018

Nas Nalgas do Mandarim - S05E04

segunda-feira, fevereiro 12, 2018

The Ritual (2017)

"Do you really wanna go hiking? In fucking Sweden?". "The Ritual", recentemente chegado à Netflix - e, insolitamente, uns dias antes ao Sr. Joaquim - é uma maravilha enquanto se move nos terrenos de pânico de uma espécie de Blair Witch com adultos, tremendamente bem filmado, interpretado e envolto numa atmosfera tão certeira quanto desconcertante. A culpa enquanto catalisadora do medo e de uma corrosão não só individual como grupal das personagens, num cenário deslumbrante que facilita o encantamento de uma cinematografia insigne. Pena - e será certamente uma opinião meramente pessoal que não será partilhada pela maioria - a necessidade de, no último acto, dar corpo à bruxaria através da exploração de uma mitologia nórdica, criando um final anti-climático, quase relaxante, para uma narrativa que nos tinha, até então, assombrado. Destaque final para Rafe Spall, extraordinário actor britânico com um promissor futuro pela frente.

domingo, fevereiro 11, 2018

Molly's Game (2017)

Querida Jessica, basta um olhar para te amar. O teu cabelo ruivo, qual chama impiedosa que incinera todo o teu corpo num fogo denso, deixa-me sempre, qual haraquiri moderno, com vontade de saltar sobre a fogueira. Sem medo de me queimar, apenas aquecer nesses teus olhos que envergonhariam o verde mais esplendoroso do Jardim do Éden. Esse sorriso que fascina, esse atrevimento que alucina, esse talento que crepita, baixinho, até estremecer para lá das cinzas. As sardas. Meu Deus, as sardas. Que ardem com graça, fazendo-nos desejar o próprio inferno. Jessica, querida Jessica, nestas coisas sempre fui uma marioneta; mas, por ti, transformei-me em poeta. "Jogo de Alta-Roda"? Se a Jessica chegava, imaginem juntar o Aaron Sorkin à equação. Por falar nisso, já vos disse que tenho uma panca pela Chastain?

sábado, fevereiro 10, 2018

Nalgas Flash Review: Lauro Dérmio

sexta-feira, fevereiro 09, 2018

John Mahoney (1940–2018)

quinta-feira, fevereiro 08, 2018

Mom and Dad (2017)

Ninguém nega que Brian Taylor, realizador do frenético "Crank", consegue imprimir um estilo peculiar em tudo o que mexe. O arranque fragmentado de "Mom and Dad" entre créditos e trivialidades do quotidiano familiar prova isso mesmo numa fase em que o espectador ainda nem colocou o telemóvel em silêncio. Segue-se um primeiro acto bem construído, misterioso q.b., sempre na dúvida entre a sanidade e a completa loucura de uma premissa anunciada, ou não tivesse sido revelada antecipadamente em todos os materiais promocionais. Ossos do ofício. Por falar em ossos, tudo o resto depois do levantar do véu é um slasher tradicional, provavelmente para alguns qual compêndio terapêutico, de como despachar desta para melhor crianças, mimadas ou não. Os próprios filhos, para ser mais específico. Irreverente por vezes, escusado noutras - a cena do parto é tão previsível quanto desnecessária -, ficam para a posteridade os rasgos de Selma Blair e Nicolas Cage, outrora figuras de relevo numa indústria que tanto os denegriu no passado recente.

quarta-feira, fevereiro 07, 2018

Dark Luna

terça-feira, fevereiro 06, 2018

Dark (S1/2017)

Poucas séries conseguirão encaixar melhor no famoso slogan de Fernando Pessoa para a Coca-Cola: primeiro estranha-se, depois entranha-se. E de que maneira, acrescentaria eu. "Dark", primeira série alemã produzida pela Netflix, constrói um maravilhoso enredo espácio-temporal em torno de um leque fenomenal de personagens que tenta, tal como o espectador, perceber todo um mistério em torno do inexplicável desaparecimento de crianças numa pequena vila conhecida pela sua central nuclear. Várias famílias, dezenas de personagens, caras e nomes complicados de decorar não estivéssemos nós pré-formatados para os tradicionais moldes norte-americanos. Por isso mesmo muitos partilharam nas redes sociais uma espécie de guia de personagens, um mapa para manter os neurónios interligados, algo que deixa de ser preciso quando tudo começa a fazer sentido perto do fim. Brilhante exercício mental, vasto elenco de luxo e a promessa de uma segunda temporada ao mesmo nível. Venha ela.

segunda-feira, fevereiro 05, 2018

Nas Nalgas do Mandarim - S05E03

domingo, fevereiro 04, 2018

Fe de etarras (2017)

Quatro peculiares terroristas bascos vivem juntos num apartamento com vizinhos também eles peculiares - da velhinha que ouve tudo do lado ao paranóico depressivo do andar debaixo. Decorre o Mundial de 2010 e a odiada selecção espanhola para estes bascos promete conquistar o título. Não há dúvidas: algo tem que ser feito para estragar a festa. Até lá, resta jogar Trivial Pursuit enquanto aguardam por ordens superiores e arranjar a banheira da vizinha jeitosa para juntar uns trocos. E, já agora, discutir como as suas alcunhas etarras soarão na televisão - Stallone ou Seagal, qual tem mais sainete. Uma comédia negra que funciona bem durante uma hora, perdendo-se perto do fim numa série de decisões fora do tom descontraído liderado por Javier Cámara até então. Para a história fica mais uma produção espanhola da Netflix que chega a todo o mundo; para quando a sucursal portuguesa segue o mesmo caminho?

sábado, fevereiro 03, 2018

Polónia, Polónia

sexta-feira, fevereiro 02, 2018

Bad Day for the Cut (2017)

Não existe vingança justa, escreveu Cervantes um dia. A estreia na realização do norte-irlandês Chris Baugh resulta num muito distinto thriller de combustão calma e serena em torno dessa mesma máxima. Um papelão do desconhecido Nigel O'Neill na pele de um camponês de meia-idade que vive com a mãe e, uma noite, presencia o seu assassinato, aparentemente sem qualquer razão ou sentido. Uma narrativa que arranca simples, sem outro motor que não a sede e a necessidade de uma vendetta, mas que aos poucos enrola-se em várias camadas emocionais que colocam todo aquele percurso em causa; não propriamente nos caminhos típicos do "não ganho nada de volta com isto", mas num refrescante "ups, será que quem despachou a minha velha não tinha razões para tal?". Seja como for, qual círculo infinito de vingança que leva a vingança que, por sua vez, lá levará a nova vingança, numa descoberta - mais uma, diga-se - deliciosa no fundo do baú da Netflix.

quinta-feira, fevereiro 01, 2018

Nalgas Flash Review: Saga Saw