domingo, fevereiro 27, 2005

The Door in the Floor (2004)

O famoso escritor de histórias infantis Ted Cole (Jeff Bridges) e a sua bela mulher Marion (Kim Basinger) tinham um casamento perfeito, que começa a desmoronar após uma tragédia, a morte de dois jovens filhos num acidente. O desânimo de Marion e as consequentes infidelidades de Ted impediram o casal de enfrentar os problemas da relação. Até que Ted contrata Eddie O’Hare (Jon Foster) para ser o seu assistente durante as férias de verão. A chegada do jovem vai provocar uma reviravolta no relacionamento do casal. Eddie idolatra Ted, mas os maus hábitos de trabalho de Ted logo vão deixar Eddie por sua própria conta. Marion torna-se um objecto de desejo para Eddie, reacendendo nela novas emoções como mãe e como mulher. Para surpresa e prazer de Eddie, o seu desejo é potencialmente correspondido.

O filme carece totalmente de sentido prático e baseia-se num simbolismo ilusório. Apesar da grande interpretação de Jeff Bridges, de vermos a Kim Basinger nua 3 ou 4 vezes, este filme não passa de uma pura desilusão. Não se encaixa num estilo, pois começa como uma pequena comédia, acaba com um grande drama, e tudo isto, sem um fio condutor que fizesse a transição. De certo, que, como eu, quando visionarem o filme vão perguntar muitas vezes a vós próprios: Mas porque é que eu estou a ver este filme? E fica a pergunta... Será que a Kim Basinger não consegue arranjar papéis mais interessantes?

quinta-feira, fevereiro 24, 2005

Million Dollar Baby (2004)

O treinador de boxe Frankie Dunn (Clint Eastwood), distante da filha há muito tempo, é uma pessoa extremamente fechada nos seus relacionamentos. Enquanto luta para mudar isso, chega ao seu ginásio a jovem Maggie Fitzgerald (Hilary Swank), que está determinada a ser treinada a ponto de se tornar uma profissional. Mas, antes disso, ela precisa de encontrar alguém que realmente acredite no seu potencial e é em Frank que ela vê essa pessoa. Durante os treinos, os dois encontram mais do que amizade, um sentimento familiar perdido há anos. "Million Dollar Baby" (Titulo Português, Sonhos Vencidos) é um filme humano e não um filme sobre boxe. Clint Eastwood prova, ao mesmo tempo, ser dos melhores realizadores e dos melhores actores em actividade. Visão, sensibilidade, carisma, enfim... perto da perfeição. Encarna as suas personagens como actor, e deixa sempre o seu toque humano nos seus argumentos, como realizador. Quanto a Hillary Swank, não julgo ser a sua melhor representação (devido a Boys Don't Cry), mas nota-se o esforço pelo qual passou. Mesmo assim, julgo que não irá ser o suficiente para ganhar o Óscar. Apesar da concorrência não ser muito forte. A narração de Morgan Freeman é exemplar, e a sua voz, dá outra profundidade à história. Resumindo, um filme tocante, extremamente bem filmado, ainda para mais, se tivermos em conta que foi gravado em menos de 40 dias.

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Escape from Alcatraz (1979)

"Escape from Alcatraz", de 1979, com Clint Eastwood no principal papel, é o filme que MacGyver nunca nos proporcionou. Ou noutro ponto de vista, é um episódio mais longo da clássica série da década de 80. Acaba por ser um filme feito para deixar uma intriga no ar, e, nesse aspecto, funcionou bem. De resto, apenas todos aqueles truques e artimanhas que tornam uma mera ventoinha para abafar o calor, numa chave de fendas electrica, destruidora de grades e condutas de ventilação. Ou a colher que se transforma, com uma simples caixa de fósforos e um corta-unhas, numa poderosa retro-escavadora. Filme que marcou um estilo, mas que fica muitos, mas mesmo, muitos furos abaixo do que Clint Eastwood já nos mostrou na sua longa e maravilhosa carreira.

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

Le Diner de Cons (1998)

Todas as semanas, Pierre e os seus amigos convidam o maior idiota que encontrarem, para participar num jantar, cujo objectivo é o de elegerem o maior idiota deles todos. É claro que os convidados não sabem do que se trata. O problema surge quando Pierre acha o supra-sumo de todos os idiotas, François Pignon. E a sua vida nunca mais foi a mesma. "Le Diner de Cons" ou "Jantar de Palermas" é, sem qualquer margem de dúvida, uma das comédias mais originais, divertidas e interessantes da última década. Com situações hilariantes, sempre no mesmo espaço, e com uma representação fora-de-série de Jacques Villeret, que faleceu não faz um mês, "Le Diner de Cons" marcou o cinema francês. É ainda o filme francês mais visto no cinema. Com um original e belo argumento, recomendo esta ligeira comédia a todos. Não se irão arrepender.

terça-feira, fevereiro 15, 2005

Ray (2004)

Antes de tudo, à partida, quem é que pode não vir a gostar de um filme com a música de Ray Charles do início ao fim? "Ray" é simplesmente, um dos melhores filmes biográficos de sempre. E um dos melhores filmes do ano, sem qualquer dúvida. E digo isto sem ser grande apreciador de filmes biográficos. Não gostei de Goodfellas, entre outros. Mas este... este toca-nos, e ainda para mais, além de sabermos que é tudo real, não conseguimos imaginar tudo. Só Ray mesmo o poderia ter feito, na escuridão, procurando todos os dias por uma, por mais ténue que fosse, luz. O sucesso deste filme fica a dever-se muito também, a uma representação incomparável e única numa vida inteira de Jamie Foxx, que certamente irá ganhar o Óscar para melhor actor. Jamie Foxx parecia não estar a representar, parecia que tinha encarnado Ray Charles Robinson, na alma, no corpo e na mente. Todos os tiques, todos os gestos... tudo! "Ray" é um filme que mostra a todos uma pequena parte do difícil mundo pelo qual Ray Charles passou. O "mundo" de um dos mais corajosos e audazes músicos de sempre.

quarta-feira, fevereiro 09, 2005

Saw (2004)

Dois homens acordam acorrentados num WC sujo, cada um num canto. No meio está um tipo morto, com o cérebro espalhado pelos imundos azulejos, com uma pistola numa mão e um leitor de cassetes noutra. Cada homem tem uma cassete consigo, mas não conseguem chegar ao senhor suicida. Um deles tem ainda uma chave e uma bala. Let the games begin... Um perigoso psicopata compõe assim mais um dos seus doentios puzzles de carne humana com contagem decrescente. Numa palavra: excelente!

Não via nada do género, com esta qualidade, desde Se7en. Como já vi algures, este é mesmo o Ei8ht! Quem adorou o filme de David Fincher com Brad Pitt, Morgan Freeman e Kevin Spacey, irá também por certo amar este. E tal como em Se7ven, também aqui o realizador se estreia. E que estreia! Realização quase perfeita, montagem ao mesmo nível, representações desconhecidas (à excessão de Danny Glover) mas de uma grande, enorme mesmo, classe. A premissa diz tudo, e não compromete. "Quanto sangue serias capaz de deitar para continuares vivo?" "Será que dás mesmo valor à tua vida?". Este é sem dúvida uma obra cada vez mais rara. E para não variar, teve de aparecer de sangue "fresco" que vai entrando no cinema. James Wan, é o nome deste puto australiano com descendência chinoca. Decorem-no. Vai ser dos melhores. Com um custo total de pouco mais de um milhão de dólares, este filme já rendeu apenas em cinemas, mais de 300! E ainda não estreou em muitos sítios, como em Portugal. Não o percam quando o fizer... POR FAVOR. E não peçam opiniões, críticas, spoilers, NADA! Não estraguem o delicioso e maravilhoso final! Que venha o já anunciado Saw 2 (apesar de ser contra sequelas e tal, mas já sei que se não vier, só daqui a 10 anos é que me aparece outro do género)!

terça-feira, fevereiro 08, 2005

Coming To America (1988)

"Coming to America", ou "Um Princípe em Nova Iorque", se assim o desejarem, é um conto de fadas romântico, divertido e bastante negro. Eddie Murphy mostra um lado mais calmo, com a sua personagem de príncipe africano à procura de um verdadeiro amor em Queens, Nova Iorque. Como era de esperar, tudo acaba bem e no final ninguém fica triste. Nada de inovador, portanto, mas que um grande elenco consegue atenuar e agarrar o espectador, além das diversas piadas "negras" que abundam no argumento. "Coming to America" é, digo eu, um dos mais engraçados e bem-dispostos filmes da carreira de Eddie Murphy. Comparada com outras comédias de negros, "Um Princípe em Nova Iorque" ganha pontos e não são poucos. Mesmo assim, fico com a sensação que falta sempre qualquer coisa, sempre que o filme repete na TVI ou na SIC. "Coming to America" é um filme a ver por todos os admiradores de Eddie Murphy.

sábado, fevereiro 05, 2005

The Terminal (2004)

Estar (e muito mais, viver) num terminal de um aeroporto é uma situação peculiar, passível de múltiplas interpretações. Por um minuto, por uma hora ... por meses, imagina-se. Está-se entre o cá e o lá. Física e espiritualmente. Uma verdadeira pátria de ninguém, que se pode tornar dramática, terrivelmente dramática e existencial, como acontece no caso real que deu o mote ao filme de Steven Spielberg, "The Terminal". O que talvez levasse outro realizador a explorar todo um drama psicológico, com Spielberg, surpreendentemente, ou não, vê-mo-lo decidir-se por filmar antes uma comédia despretensiosa e banal, que passaria ao lado da maior parte do público, não fosse a assinatura de quem o dirige. Efectivamente, Spielberg é Spielberg e o que noutro seria um tremendo bocejo, em "The Terminal" consegue ser contagiante e faz com que o entretenimento seja uma constante. A direcção de actores é perfeita e a câmara está sempre onde deve estar.