quinta-feira, setembro 30, 2021

PTA & Seymour Hoffman’s son

quarta-feira, setembro 29, 2021

Dr. No (1962)

A primeira vez que Bond aparece no ecrã é a jogar "chemin de fer" num casino, de smoking, a fumar e a meter-se com uma mulher - Sylvia Trench, a primeira Bond Girl da história. Que melhor cartão de apresentação para uma personagem que continua a reinventar-se sessenta anos depois, mas cujas bases de personalidade, como aliás muitos outros elementos estilísticos da saga, nasceram aqui. Sem grande articulação entre eles ainda, mas com impacto suficiente para convencer estúdios, crítica e público do sucesso da fórmula. Connery, bonito, charmoso e matreiro, talvez o único Bond que conseguiria fugir ao typecast da personagem e continuar a sua carreira na fase pós-007, a estonteante e ousada Ursula Andress, qual Deusa cantante que emerge para a praia, o amigo jamaicano que leva um t-shirt vermelha berrante para uma ilha onde não quer ser visto e apanhado por ninguém e o misterioso e pragmático Dr. No, com muito pouco tempo de ecrã - faltava apenas meia hora para terminar quando o vemos pela primeira vez - e sem oportunidade de brilhar no confronto directo com Bond. Falta tensão nas situações de perigo - a tarantula no quarto acaba por ser mais angustiante que o patético dragão ou que a fuga pelas canalizações -, para além da ausência do genérico e dos gadgets que viriam a tornar-se imagem de marca. Mas as localizações e o set design - Jamaica e a base do Dr. No - marcaram imediatamente um primeiro passo sólido para décadas de boas escolhas neste capítulo. Dispensava-se o racista "busca os meus sapatos", mas não vamos já cancelar isto ok?

terça-feira, setembro 28, 2021

segunda-feira, setembro 27, 2021

Goldfinger (1964)

Bond disfarçado com um capacete de gaivota logo a abrir, o icónico fato branco com rosa vermelha no bolso, conversas de homens com palmadas nas nádegas de mulheres que não são para ali chamadas e a Shirley Eaton banhada a ouro, naquela que ficaria como uma das mais eternas imagens da saga. Aston Martin DB5 com banco ejectável a substituir o até então insubstituível Bentley, o Q que não brinca em serviço - "I never joke about my work 007" - e lasers entre as pernas, bem perto dos famosos double o's que dão nome ao nosso herói machista. Goldfinger, batoteiro nato, seja a jogar cartas ou golfe, Oddjob e o seu chapéu feito de um material qualquer capaz de destruir estátuas e a Pussy Galore, a Bond Girl que se diz imune ao charme de Connery, com o nome mais reconhecível e duradouro entre fãs e não fãs do agente secreto. Miami, Alpes Suiços, uma sala de operações deliciosa - mesas de snooker que se transformam em painéis de controlo - e uma bomba-relógio que acaba o timer no 007. Clássico.

domingo, setembro 26, 2021

Manuel Pureza @ Sala Azul

sábado, setembro 25, 2021

Candyman (2021)

Óptimo aspecto visual e sonoro, arranque e final com energia e identidade e uma mensagem metafórica que poderia ter convencido se não tivesse constantemente a ser escarrapachada ao espectador de raciocínio mais lento: o "Candyman" como produto, resposta vingativa e representação dos males sofridos durante gerações pela comunidade negra nos EUA. Vibe completamente diferente do original, confusão narrativa durante uma hora entre ideias que não desenvolvem e momentos saborosos de slashing - não faço ideia se o termo existe, mas soa bem - e o desperdício mais cruel do ano: a voz e a presença carismática de Tony Todd. Aposto que daqui a ano e meio ninguém se lembra disto; ao contrário do original que continua bem presente em todos nós, trinta anos depois da sua estreia.

sexta-feira, setembro 24, 2021

Nalgas Flash Review: Black Bear

quinta-feira, setembro 23, 2021

Old (2021)

Acting miserável de praticamente todo o elenco numa história que poderia funcionar maravilhosamente como fábula de contornos científicos inexplicáveis sobre o envelhecimento e a morte mas que banaliza-se por completo ao tentar arranjar forçosamente uma explicação, um twist Shyamaliano que dê algum sentido ao que se passou na praia. Mas mesmo antes de se banalizar, este "Presos no Tempo" - tradução absolutamente descontextualizada, até porque na verdade as personagens estão é demasiado soltas no tempo - é de uma inabilidade atroz: diálogos surreais, falta de urgência credível das personagens numa situação dramática e inexplicável, ansiedades existenciais e paternais no patamar mais rasteirinho e superficial possível e uma necessidade inexplicável de focar o terror no envelhecimento do corpo do que na consciência interna de sentirmos o fim cada vez mais próximo. Saudades do velho Night, aquele que tomava as vitaminas e o cálcio de manhã.

quarta-feira, setembro 22, 2021

Wilson is now a dog

terça-feira, setembro 21, 2021

From Russia with Love (1963)

Prólogo com momento de máscaras à "Missão: Impossível", muitos anos antes de sequer alguém imaginar que um dia teria essa designação imediata sempre que acontece em tela. A primeira vez com sequência que se tornaria de assinatura de créditos iniciais, bem como com muitos dos temas de John Barry que ressonaram sempre daí em diante com a personagem mais famosa de Ian Fleming. SPECTRE de volta, vilões com números ímpares, testes exigentes para saber a preparação física de um agente malvado - abdominais de ferro que aguentem pancadaria com soqueira da chefe -, o café "medium sweet" - não é só o Martini que é "shaken, not stirred" -, um periscópio para o interior da embaixada russa na Turquia, a eterna Tatiana Romanova a "dar um gostinho ao lobo, para o deixar esfomeado por mais", as palmadinhas no rabo ou as chapadonas na face. Felizes e saudosos anos sessenta em que ninguém se ofendia com nada. Um dos capítulos mais icónicos e respeitados da saga, com interpretações e personagens equilibradas que não se deixam levar pelo lado mais fantasioso e divertido do universo Bond, localizações exóticas - da Turquia a Veneza, sem esquecer o famoso Expresso do Oriente -, uma amizade rara e verdadeira fora da agência para 007 - com Kerim Bey - e um complexo triângulo de espionagem que agarra e convence. Nem tudo funcionou - a cena no acampamento cigano é demasiado longa e gratuita, o final com a mão de Bond a acenar adeus é medonho, a perseguição de helicópteros merecia uns tiros de rajada e a nossa Bond Girl (antiga Miss Itália), por mais gira e sensual que seja, não deve muito à inteligência -, mas é aqui, talvez até mais do que em "Dr. No", que nasce toda uma mitologia cinéfila.

segunda-feira, setembro 20, 2021

Nas Nalgas do Mandarim - S08E12

domingo, setembro 19, 2021

Us (2019)

Jordan Peele é o novo Shyamalan. O Shyamalan de 1999 a 2006 claro, o único que contou até ser substituído por um clone, tal e qual o que acontece neste "Nós". Entertainer nato, tecnicamente irrepreensível na forma como filma e trata o género, sempre com os planos certos e os sons no timing perfeito para moldar a atmosfera e o suspanse em prol de uma experiência cinematográfica tremendamente eficaz e personalizada. Personagens que nos conquistam - dez minutos bastaram para estar a sofrer por aquela família -, cenas de morte cruéis e memoráveis, um papelão de Lupita Nyong e humor de categoria na dose certa para não aparvalhar e retirar-nos daquele ambiente de tensão. Pena que aquele texto logo no arranque estrague logo um dos principais twists da narrativa, num fenómeno que teria resultado muito melhor se não tivesse tido qualquer tipo de explicação. Porque a que teve não convenceu ninguém e transformou todo o puzzle num conceito muito menos aterrador do que o atrevimento e insolência do desconhecido. Ainda assim, Peele, tens a minha atenção.

sábado, setembro 18, 2021

Del Toro's Nightmare Alley

sexta-feira, setembro 17, 2021

The Lobster (2015)

Futuro distópico e bizarro numa espécie de comédia negra metafórica Orwelliana em torno do peso dos relacionamentos e da pressão individual e da sociedade para vivermos de acordo com as suas regras e expectativas, mesmo quando se tratam de grupos e comunidades minoritárias supostamente independentes e marginais ao próprio sistema - a segunda metade do filme do grego Yorgos Lanthimos. Sátira que primeiro se estranha, depois se entranha, ainda que no meio do seu gongorismo muitas sejam as metáforas que soam a fanfarronice estilística pura. Lanthimos não quer saber se exagera ou não - até porque o exagero e o ridículo fazem parte da própria definição de sátira -, agarrando-se a uma cinematografia e sonoplastia de outro campeonato que, como diria o ditado, não é para quem quer, é para quem sabe. Se fosse um episódio de "Black Mirror" seria considerado meio pateta, mas vindo de quem vem - e com quem tem, de Weisz e Seydoux a um Farrell barrigudo - passa bem por obra-prima.

quinta-feira, setembro 16, 2021

Ted F**king Lasso

quarta-feira, setembro 15, 2021

Knives Out (2019)

Daniel Craig numa espécie de Hercule Poirot de sotaque redneck mas classe muito british, num whodunnit cativante com ritmo, cenários e interpretações de primeira linha. Nem todas as pequenas reviravoltas são inesperadas, revelar à partida o suicídio da personagem de Chritopher Plummer foi um trunfo perdido para condensar ainda mais o mistério e faltou definitivamente tempo de ecrã a Jamie Lee Curtis e Michael Shannon. Ainda assim, experiência cinematográfica indiscutivelmente prazerosa, que reanima um género e um estilo que parecia condenado no tempo, misturando mistério e humor, forma e resolução com talento, equilíbrio e competência. E vocês, o que fariam se a Ana de Armas fosse empregada aí em casa?

terça-feira, setembro 14, 2021

The Matrix Rebooted

segunda-feira, setembro 13, 2021

Freaked (1993)

O Mr. T como uma mulher com farta barba e o Keanu Reeves como Ortiz, o Rapaz Cão - começou aqui o seu trilho para toda a revolta de John Wick - como exemplos de uma mão-cheia de personagens mutantes que fazem todo o filme gravitar numa onda cartoonesca de identidade muito própria e bizarra. Não será para todos, nem para todos os dias, mas com o espírito certo e muita paciência para aturar as caretas de Alex Winter - aqui também co-realizador -, eis uma espécie de "Meet the Feebles" em live action geração MTV com uma saca de milhões em maquilhagem e efeitos visuais bem palpáveis. Gags que resultam a espaços e a Brooke Shields para limpar a vista. Já vi pior e a pagar.

domingo, setembro 12, 2021

How Denis Villeneuve Found His Voice

sábado, setembro 11, 2021

Nalgas Flash Review: The Last Circus

sexta-feira, setembro 10, 2021

Collision Course (1989)

Se o "Red Heat" tivesse um irmão inesperado, renegado, gordinho e baixinho como o Schwarzenegger no "Twins", seria este "Embate". Mood e banda-sonora típica dos eighties (várias dos Surface e o irresistível "Runnin'" dos The Whispers), Jay Leno como Tony-San em descapotáveis e motas, sempre com cara de gozo mesmo quando rasteja ferido no chão, Pat Morita na personagem que mais envergonhou o Japão desde que foi considerada a nação com o tamanho médio de pénis mais modesto do planeta e nem uma única mulher - nem precisava de ser fatal - para apimentar a história. Bandidos incompetentes contra polícias patetas, num filme que, reza a história, esgotou o orçamento antes do que era suposto, deixando assim várias cenas-chave por filmar. Nem se deu conta, mas percebe-se a vergonha de Leno em relembrar esta sua aventura fora dos talk-shows. Ainda assim, melhor pontapé à Liu Kang fora do universo "Mortal Kombat".

quinta-feira, setembro 09, 2021

quarta-feira, setembro 08, 2021

The Strangers (2008)

Pobre Haneke, o que foste tu inspirar? Zero razões para tanta tormenta, mesmo que aparentemente alguém estivesse à procura de uma Tamara. Decisões ridículas atrás de decisões ridículas por parte do casal massacrado, tão estapafúrdias que a certa altura questionamos se um deles não faz mesmo parte do esquema. Mãos que aparecem e desaparecem no banco traseiro de um carro com a mesma velocidade de um qualquer espírito ou fantasma... mas que afinal não, é tudo mesmo humano, vá-se lá perceber como. Cinematografia bonitinha e tal e aquele feeling muito niilista que muitas vezes passa como arte. Nada mais errado aqui: setenta minutos a ver Tyler e Speedman sem química nenhuma a deambular pelos cenários a pensar na vida, dez minutos com três palermas com máscaras e sacos na cabeça, ora parados ao longe, ora a entrar e a sair de casa só porque sim. Matar? Só pela manhã, que de noite é para meninos.

terça-feira, setembro 07, 2021

Just another disaster for Emmerich

segunda-feira, setembro 06, 2021

Nas Nalgas do Mandarim - S08E11

domingo, setembro 05, 2021

The Four Seasons (1981)

Filme de estreia na realização de Alan Alda - aqui também guionista e estrela no elenco -, "As Quatro Estações do Ano" é um exemplar raro, divertido e agridoce de como é possível abordar com profundidade, coração e razão as complexidades da vida, das relações amorosas e das amizades sem para isso precisar de recorrer a violência, sexo, doenças terminais ou mortes inesperadas. Cada estação do ano, cada capítulo na vida de um grupo de casais amigos, em localizações e épocas diferentes - do frio do interior norte-americano ao calor das Caraíbas -, com gargalhadas e anseios, amores e desamores sempre de mãos dadas com diálogos inteligentes, interpretações sólidas e uma sinceridade facilmente identificável com o espectador - seja na melancolia, na necessidade de uma nova paixão, na degradação física do nosso corpo ou no aproximar do fim. Química insuperável entre casais com pitadas de Vivaldi ("The Four Seasons") aqui e ali. Para rever sempre que a PDI atacar.

sábado, setembro 04, 2021

sexta-feira, setembro 03, 2021

Upgrade (2018)

Vingança sci-fi com baixo orçamento mas resultado, tanto visual quanto narrativo, estrondoso. Atmosfera futurística credível, conceito sombrio, sets simples, modernos e eficazes e Logan Marshall-Green, uma vez mais, a brilhar numa batalha consigo próprio. No fundo, o cozinheiro Leigh Whannell atirou "Black Mirror", "Robocop" e "Death Wish" para a liquidificadora, juntou uma pitada de coreografias de acção de excelência, meia colher de humor negro e sangue e serviu um daqueles cocktails baratuchos de praia que sabem melhor na praia do que qualquer garrafa de tinto caríssima. 01010000 01010011 00111010 00100000 01000110 01110101 01101001 00100000 01101111 01100010 01110010 01101001 01100111 01100001 01100100 01101111 00100000 01110000 01100101 01101100 01101111 00100000 01010011 01110100 01100101 01101101 00100000 01100001 00100000 01100100 01101001 01111010 01100101 01110010 00100000 01100010 01100101 01101101 00101110 00001010.

quinta-feira, setembro 02, 2021

Deadpool vs Wonder Woman

quarta-feira, setembro 01, 2021

Blow Out (1981)

Algures entre o clássico de Antonioni de título quase homónimo - aqui com som em vez de fotografias - e a paranóia de Coppola em "The Conversation", "Blow Out" é, tecnicamente, um dos exemplos mais completos e perfeitos do virtuosismo ímpar enquanto realizador de Brian de Palma. A forma fluida como a história se desenvolve, de como seguimos as personagens no meio do caos naqueles momentos finais, de como tudo se enquadra de forma magistral nos planos pensados ao pormenor, cena após cena, fazem deste flop de box-office que praticamente destruiu a carreira de Travolta enquanto actor dramático durante mais de uma década - até Tarantino, fã confesso e devoto deste "Blow Out" o reavivar em "Pulp Fiction" - uma obra obrigatória na filmografia do cineasta hitchockiano. Mesmo que Nancy Allen, Lithgow e Travolta cumpram sem nunca deslumbrar e que a história não seja mais do que uma revisitação habitual aos encobrimentos e conspirações políticas norte-americanas. Estilo e ritmo constante até ao grito perfeito. O que veio directamente da alma e nasceu verdadeiramente do medo.