segunda-feira, outubro 31, 2005
Dodgeball (2004)
Peter LaFleur é o carismático proprietário de um decadente ginásio chamado “Average Joe”, cheio de divídas e que dentro de um mês, será comprado pelo seu concorrente White Goodman, poderoso desportista de Fu-Manchu-d e egomaníaco dono do ginásio “Globo”, um moderno clube de “fitness”. Para que “Average Joe” sobreviva e não feche as portas, Peter precisa de 50 mil dólares, decidindo então entrar no torneio nacional anual de “Dodgeball” (jogo do mata).
Em bom inglês, "This Sucks!". Que é como quem diz, "Mas que porra é esta?" Sem piada, mais previsível que a liga inglesa e completamente estúpido e ridículo (só por isto já perceberam que está para lá metido o Ben Stiller não já?). A todos os níveis, "Uma Questão de... Bolas" está repleto de clichés e tiques habituais nestas andanças, seja nas personagens vazias, seja na estupidez e previsibilidade do argumento. Gargalhadas comuns? Aquelas que a bola ou lá o que fosse acertava na tomatada de alguém? É esta a definição de uma boa comédia? Pelos vistos, e para muitos, umas "boladas na saca" bastam.
No elenco, Vince Vaughn teve um papel à sua altura, ou seja fraquito e quanto a Ben Stiller, já nem o consigo ver à frente. Se "Starksy and Hutch" já foi péssimo, este consegue ser ainda pior. Comédia não tem que ser estupidez. E que tal alguma inovação nas personagens que aceita? De resto, safam-se os cameos de David Hasselhoff (o nosso Mitch Buchannon/Michael Knight) e de Chuck Norris. O de Lance Armstrong, arghhhh, horrível! Aquilo era suposto ser uma lição? Dediquem-se mas é à pesca e levem lá com um par de duques (2)!
domingo, outubro 30, 2005
Perdão, como disse?!? (I)
Apocalipse Now , por David Santos em Cinefilosofia
"Heart of Darkness – Apocalipse Now : entre Conrad e Coppola, no eixo negro em que nos moveremos nesta breve reflexão, ocuparnos-nos-á apenas e tão-somente o que de nodular diz respeito aos filigrânicos matizes e poliédricos cintilares que mais nos parecerem relevantes no trânsito tantas vezes crítico de duas obras que metafisicamente nos parecem ponto sintomático (...) mas certamente gravitando em torno do mesmo coronário e violento centro que as determina em direcção à rumorosa escuridão fechada do mais imo do Ser e seu retirar-se para a presença do ente no seu todo. (...) A dilaceração originária do quase-nada que é tudo, de Kurtz, surpreende-se exactamente no facto de que ele, como infinito se torna finito enquanto objecto do sacrifício (...) A queda para o ser-aí da consciência tética de si mesma é o núcleo vazio e negro do que imóvel se doa apenas no seu retirar-se para a sua morte em poema. Kurtz é o Deus que lê poesia, a estranha sobrevalorização da sua voz e da sua eloquência são tradução da absolutidade da sua vontade criadora ; a selva olha os vagabundos que a penetram – este autoposicionamento na finitude é um instalar-se conquistador na feminina e caótica fissura que em verdade impulsiona este ser-posto. O caminho do rio, o caminho por um simbólico originário panta khorei nada mais é senão o caminho do ser sobre si mesmo, é o arrancamento em instâse da consciência natural: o perder-se para a morte colossal de Deus corresponde ao acto de Horror metafísico da auto-limitação do ser, do seu sacrifício primordial para que de novo a mentira habite o possível. (...)
http://cinefilosofia.com.sapo.pt/artigos/conteudo/apocdavid.htm
"Heart of Darkness – Apocalipse Now : entre Conrad e Coppola, no eixo negro em que nos moveremos nesta breve reflexão, ocuparnos-nos-á apenas e tão-somente o que de nodular diz respeito aos filigrânicos matizes e poliédricos cintilares que mais nos parecerem relevantes no trânsito tantas vezes crítico de duas obras que metafisicamente nos parecem ponto sintomático (...) mas certamente gravitando em torno do mesmo coronário e violento centro que as determina em direcção à rumorosa escuridão fechada do mais imo do Ser e seu retirar-se para a presença do ente no seu todo. (...) A dilaceração originária do quase-nada que é tudo, de Kurtz, surpreende-se exactamente no facto de que ele, como infinito se torna finito enquanto objecto do sacrifício (...) A queda para o ser-aí da consciência tética de si mesma é o núcleo vazio e negro do que imóvel se doa apenas no seu retirar-se para a sua morte em poema. Kurtz é o Deus que lê poesia, a estranha sobrevalorização da sua voz e da sua eloquência são tradução da absolutidade da sua vontade criadora ; a selva olha os vagabundos que a penetram – este autoposicionamento na finitude é um instalar-se conquistador na feminina e caótica fissura que em verdade impulsiona este ser-posto. O caminho do rio, o caminho por um simbólico originário panta khorei nada mais é senão o caminho do ser sobre si mesmo, é o arrancamento em instâse da consciência natural: o perder-se para a morte colossal de Deus corresponde ao acto de Horror metafísico da auto-limitação do ser, do seu sacrifício primordial para que de novo a mentira habite o possível. (...)
http://cinefilosofia.com.sapo.pt/artigos/conteudo/apocdavid.htm
sábado, outubro 29, 2005
House of Wax (2005)
Um grupo de amigos decide viajar de carro para assistir ao decisivo e mais importante jogo do ano do campeonato de futebol americano. Fez-se tarde e os "teenagers" lá decidiram acampar no meio do nada para lá passar a noite. Depois de uma cena um bocado assustadora, lá foram "chonar" e ao acordarem um dos carros tinha a correia de transmissão partida. Lá aceitam a boleia de um desconhecido a uma cidade ali perto (que nem sequer aparecia no GPS do "tunning" lá do grupo) e enquanto esperam pelo dono da loja de serviço, supostamente no funeral da sua mãe, descobrem que a principal atracção turística da terrazinha era uma "Casa de Cera". E depois...? Sangue, muito sangue!
Ao contrário da maioria, "House of Wax" surpreendeu-me e bastante. Estava à espera de uma terrível banhada, ainda para mais tendo em conta que recentemente tinha visto o original de 1953 (http://cinemanotebook.blogspot.com/2005/06/house-of-wax-1953.html) e este supostamente era um remake do mesmo. Não tendo achado o da década de 50 nada por aí além, e respeitando a morfopsicológica teoria dos remakes ( Bom -> Médio ; Médio -> Mau ; Mau -> Minha Nossa Senhora, Livrai-nos disto!), "Casa da Cera" de Collet-Serra, foi efectivamente uma boa surpresa.
Com "gore" quanto baste e mortes bastante decentes e imaginativas, "House of Wax" conta ainda com vários momentos de genialidade grotesca. Com a bela Elisha Cuthbert ("24", "The Girl Next Door") a atrair o público masculino e o "Justin Timberlake II", Chad Murray a atrair o feminino, Collet-Serra consegue ainda um importante trunfo a nível comercial: Paris Hilton.
Sim, não estou parvo. É óbvio que de actriz, Hilton tem muito pouco. Mas não se esqueçam que aquela "noite em Paris" vendeu que se fartou.
Assim sendo, se virem "House of Wax" pelo puro divertimento do típico "slasher-movie", pelas interessantes cenas de gore/mortes, e não pela procura de razões para que aquilo ou aquele não fosse possível (já vi por aí tanta porcaria: a cera estava quente e queimava-os, aquilo não podia ter acontecido porque... etc...) e esperando um argumento de génio, sairão certamente agradados. E não haja dúvidas, "House of Wax" 2005 é bem melhor que o de 1953. Acontece!
Sai um Full House (7) para o gémeo siamês!
quinta-feira, outubro 27, 2005
Wag the Dog (1997)
Realizado por Barry Levinson ("Rain Man", "Sleepers", "Good Morning Vietnam"), "Wag the Dog" é uma das mais duras sátiras já feitas ao sistema político americano. Pena foi, que devido a diversos rasgos de genialidade que nos fizerem esboçar largos sorrisos, "Manobras na Casa Branca" (ai este facilitismo infeliz das traduções) se afastasse demasiado da realidade, criando situações extremas, que na vida real seriam mesmo impossíveis de esconder. Se como sátira, as diversas ideias e planos funcionaram eficazmente, o enredo em si ficou a perder totalmente. Ou seja, quando o filme passa de situações satirícas pausíveis para uma sátira pura e crua, o argumento perde toda a lógica e passamos puramente a assistir a um "desafio" ao poder. Não é mau de todo, mas Levinson poderia ter tentado encontrar um equílibrio e fazer algo memorável.
O argumento parece que preveu o que mais tarde viria a acontecer com Bill Clinton: um presidente à beira da reeleição é envolvido num escândalo de abuso sexual de uma rapariga que visitava a Casa Branca. Não se chega a saber se o episódio é verdadeiro – porque o que conta é a percepção –, como não se chega sequer a ver o presidente propriamente dito. O protagonista é o marketing, o dominío dos "media" sobre o povo.
Num primeiro momento, é chamado um “Mr. fix-it” (Robert de Niro), o consultor de imagem das situações apertadas, que, para começar, decide adiar por 24 horas o regresso do presidente, na altura em viagem oficial à China. Justificação? Dizer que tem uma gripe e desmentir ele próprio, assim do nada, que o verdadeiro motivo do adiamento se deve a uma negociação difícil sobre bombas nucleares. A repercussão é imediata e mediática: o desmentido cria o rumor de um problema grave nuclear. E assim do nada lá foi a notícia do escândalo sexual para segundo plano. O problema é que uma suposta negociação dura apenas um ciclo noticioso e as eleições estão a dez dias de distancia. O que fazer? Uma guerra na TV. Como? Contratando um produtor de Hollywood (Dustin Hoffman). E assim temos durante 10 dias uma guerra que verdadeiramente não existe, mas que é acompanhada nos telejornais norte-americanos e que fortalece a necessidade da continuidade do actual presidente norte-americano. Presidente de País em guerra, dizem os compêndios, tem a vitória assegurada. A Nação une-se em torno do líder, as sondagens tornam-se mais optimistas, a reeleição é canja. Ponto final parágrafo!
Com um elenco de luxo, todos com representações seguras, uma ideia forte e vários momentos de genialidade, podemos afirmar então que "Wag the Dog" poderia mesmo ter sido brilhante a todos os níveis. Não o foi, mas a mensagem foi clara e passou ao público: as aparências iludem!
quarta-feira, outubro 26, 2005
Blogue da Semana: Gonn1000
Pois é, muitos de vós, senão mesmo todos, já devem conhecer o blogue Gonn1000. De qualquer maneira, todo o louvor ao magnífico e desgastante trabalho e empenho de Gonçalo Sá, neste blogue, nunca será pouco. Seja música, seja teatro, seja literatura ou cinema, toda a cultura é analisada e discutida no Gonn1000. De uma forma complexa e profunda, Gonçalo analisa os mais diversos temas, parecendo ter dias de 60 horas e semanas de 10 dias, tal é a diversidade e constante actualização do seu espaço. E se tivermos em conta que o mesmo ainda colabora noutros blogues...
Gonn1000 é, neste momento, não só um blogue mais do que completo sobre toda a cultura artística nacional e internacional, como um local informativo. Um espaço onde ficamos a par das últimas tendências discográficas e cinematográficas, com uma linguagem simples mas eficaz. E em Português!
http://www.gonn1000.blogspot.com/
terça-feira, outubro 25, 2005
Recordar é Viver: Ciclo de Memória Xunga - Cartoons
Cartoons para crianças de 30 anos (ou mais)
Por dubois, originalmente postado no dia 8 de Agosto, no seu blogue, Cinema Xunga.
"Geração criada a Tom Sawyer, Conan Future Boy, Verão Azul e que já entradotes ainda viam a Rua Sésamo...
Todas as gerações têm as suas características. Aqueles que eram crianças nos anos 50 e 60 gostarão para sempre de Westerns e Gladiadores. Os putos mais recentes irão jogar videogames até terem 90 anos. No que me diz respeito, a geração nascida nos anos 70, irá sempre gostar de desenhos animados. Mesmo nos trintas, a grande máquina americana não se esquece de nós e continua a produzir em massa quantidades massivas de séries cartoon para crianças grandes. Aqui fica um resumo incompleto e a raspar a superfície.
..:: DUCKMAN ::..
O mestre será sempre o mestre. Duckman era a alegria de segunda-feira (ou terça?) há uns 10 anitos atrás. Duckman era um detective privado desprovido de moral. O seu lema com os clientes do sexo feminino era "Só as queremos ver oleadas e semi-conscientes". O seu ajudante, responsável por resolver 100% dos casos era um porco intelectual de voz profunda chamado Cornfed. Tinha dois ajudantes bastante "fofinhos" de peluche chamados Fluffy e Uranus aos quais aconteciam sempre coisas, digamos, desagradáveis. Vive com a irmã gémea da sua falecida esposa que odeia de morte. Tem três filhos. Dois dos quais vivem no mesmo corpo com duas cabeças, são Charles e Mambo. O outro filho de QI 12 chama-se Ajax e é um grande pato estúpido que a tarefa de respirar ocupa 99% do seu cérebro.
Resta acrescentar que a voz de Duckman era do genial (esquecido?) Jason Alexander, também conhecido como George do Seinfeld. Aliás, Duckman e George partilham as mesmas características de personalidade.
..:: THE CRITIC ::..
Esta série fala-nos de Jay Sherman, um crítico de cinema de Nova Iorque com um programa de TV. Começa sempre com um clip de um filme qualquer, normalmente um blockbuster conhecido ligeiramente modificado, e a crítica de Sherman eram sempre "It Stinks". Além das críticas de cinema tinha imensas cenas em que eram ridicularizados imensas personalidades do mundo do cinema e posto a céu aberto a imensa fossa que é Hollywood.
Sherman era baseado nos críticos idiotas americanos chamados Siskel e Ebert, que tem um meio idiota de classificar filmes que consiste em thumbs up e thumbs down. Além disso, Sherman era um patético homem, obeso e sem vida social que passava a vida a lamuriar-se dos seus apoquentos.
Era uma boa série, talvez percursora aqui do vosso Cinema Xunga, que teve pouca aderência. Dava também há uns 10 anos no segundo canal, às 2 da madrugada e apenas estudantes bêbados e sem grande coisa com que preencher as horas viam, como era o meu caso. Foi bastante ignorada, apesar de boa, e acabou por se esfumar em nada. A qualidade nem sempre se safa, e neste caso era uma série para um nicho de mercado bastante reduzido para dar lucro.
..:: THE SIMPSONS::..
Em primeiro lugar fica a pergunta: Quem não conhece os Simpsons?! Quem responder "Eu!" pode sair debaixo da pedra de onde estive durante os últimos 16 anos e atirar-se para baixo da linha do comboio. Se possível, um daqueles de 300 carruagens que transporta cimento ou aqueles enormes blocos de mármore.
Os Simpsons são, sem dúvida, a mais conhecida sitcom animada de todos os tempos. Aliás, atrevo-me mesmo a dizer que é capaz de ser a mais conhecida sitcom animada ou não. Não há muito a dizer acerca dos Simpsons, porque toda a gente que é gente conhece tudo o que há a saber. Apenas um assunto está no ar há mais de 10 anos: Simpsons, The Movie. O seu criador sempre disse que iria existir um filme dos Simpsons quando a série acabasse. O certo é que ele falou nisso na série 6 e já vamos na série 16 sem fim à vista.
Na minha humilde opinião, Os Simpsons deveriam acabar com dignidade em vez de definharem para o esquecimento. A cada novo episódio todas as situações são previsíveis, todos os personagens fazem o mesmo de sempre, todas as ofensas são light e mesmo ao nível de celebridades convidadas, a lista está a acabar. Não me levem a mal, sou grande fã, mas o que é demais também enjoa. Quem tem paciência para rever um dia em DVD 16x23 episódios? Não sei se estão a ver, mas são 368 episódios o que dá um total de 135 horas. Uma semana 24/7 de Simpsons com intervalos para almoço sem horas para dormir.
..:: BEAVIS AND BUTT-HEAD ::..
Hoje em dia é um facto quase esquecido, mas houve um tempo em que a MTV era um canal livre disponível por satélite. No tempo antes da TV Cabo, todos os prédios tinham uma antena parabólica (analógica, gigante) que distribuia meia dúzia de canais pelos condóminos. Era um tempo em que a MTV Europe era um canal alternativo, com boa música e boa TV. Vivia-se o tempo do grunge, do britpop e o power rock irlandês. O tempo em que os Therapy? eram uma granda banda, antes de andarem por aí bêbedos em todas as queimas das fitas.
Havia uma série animada chamada Beavis And Butt-Head que intercalava crítica a videoclips com as aventuras destes 2 teenagers anormais e retardados que traziam à superfícia toda a idiotice da América redneck (e não só). Só pela crítica musical, esta série já valia a pena. Grandes bandas foram criadas pela máquina Beavis and Butt-Head. De repente só me lembro dos White Zombie, mas decerto haverá mais uma ou outra. Também grandes bandas eram ridicularizadas, claro... Os Metallica eram os bombos da festa.
Beavis and Butt-Head eram 2 adolescentes preguiçosos, retardados e completamente alheados da realidade. A sua missão da vida era um dia comer uma gaja. Claro que as oportunidades eram mais que muitas mas eles, estúpidos, acabavam por desperdiçar tudo. Jovens headbangers, gostavam de metal, mas eram altamente influenciados pela TV. Criaram um extenso vocabulário que ainda hoje é usado pelos teens americanos e a sua maneira de rir ainda hoje é lembrada por todos os que viam.
Mais tarde ainda saiu um filme chamado Beavis and Butt-Head Do America e na minha opinião foi a cereja em cima do bolo. Claro que tudo tem um tempo para existir e esta série em boa altura acabou, deixando saudade aos fans."
http://cinemaxunga.blogspot.com/2005/08/ciclo-memas-de-30-anos-ou-mais-v.html
domingo, outubro 23, 2005
Minority Report (2002)
Washington 2054. O departamento Pré-Crime revolucionou a sociedade. O método: um grupo de três seres "pós-humanos" - pre-cogs - prevê a intenção de crime (literalmente, vê o crime) e lança o alerta (as imagens); imediatamente, um grupo de polícias apreende o potencial criminoso antes do acontecimento. O resultado: a erradicação do homicídio. Este é um mundo que encontrou nos pre-cogs novos deuses, mantidos num uterino e tecnológico templo aquoso, um laboratório. O seu sacerdote mais poderoso é John Anderton (Tom Cruise), o polícia que chefia o departamento. Finalmente, é um mundo em que os limites temporais se anularam e o futuro se tornou permanentemente presente em visões definitivas: "Can you see?", pergunta a pre-cog Agatha (Samantha Morton). Aparentemente.
No entanto, esta sociedade perfeita, este sistema infalível, vão ser postos em causa pelo seu maior defensor - quando John Anderton vê e manipula as imagens que o incriminam como futuro assassino. Como John afirma aos antigos colegas que agora o perseguem: "Everybody runs". Mas, quem é John Anderton? Um homem confrontado com o paradoxo temporal de provar uma inocência futura já afirmada como falsa. E tem apenas poucas horas para o fazer.
Esteticamente o filme é quase perfeito. As ideias futuristas, toda a tecnologia ao serviço das forças da lei de tal maneira que já é possível prever os crimes, tudo está muito bem imaginado. Porém há algumas discrepâncias difíceis de entender. Temos assim dois mundos. Um super avançado tecnologicamente com estradas verticais e carros ultra sónicos e outro super sujo e degradante onde desaparece a super tecnologia. Até podemos considerar esta diferença como uma ironia, pois em certo ponto do filme surge uma frase que poderá nos indicar esse sentido. “Inventam tudo menos a cura para a gripe” ou seja toda a disparidade pode ser explicada pela prioridade nos avanços tecnológicos. Curiosamente este aspecto do filme pode ser encarado como uma visão literária onde fica em aberto o porquê desta disparidade. Imaginem e criem a razão!No fundo de tudo isto está a mensagem subliminar...somos ou não capazes de mudar o nosso destino? Será possível a falha num sistema aparentemente “intocável”?
A principal desvantagem do argumento foi a ausência de personagens secundárias de verdadeiro valor na acção, o que limitou as opções de mistério e de quem estaria por trás de tudo. Uma delas seria demasiado óbvia, logo, só poderia ser a outra o que retira alguma surpresa ao filme. Que não se pense porém que o filme é fácil de captar e que à partida já tudo se sabe. Não é assim, e Spilberg conseguiu criar uma boa teia e sequência lógica ao qual só faltou aquele click final de genialidade. De resto, a realização foi acima da média, tal como a fotografia, e as interpretações principais brilhantes. Tom Cruise, provou aqui, que não é apenas um bom actor. É, de facto, um excelente actor. Quer queiram, quer não. E como tal, sai um Poker, que é como quem diz, um Four of a Kind.
sábado, outubro 22, 2005
Recordar é Viver: O Futuro do Cinema
Por Miguel Batista, originalmente postado no dia 9 de Setembro, no seu blogue, Black Spot.
" Estamos em 2005 e o cinema surgiu há mais de 100 anos. Arte relativamente recente, nova em comparação com tantas outras, desde a pintura (cujas raízes remontam à pré-história) à escultura, arte proveniente também da idade da pedra. Talvez por isso, seja altura de se olhar para trás, mas principalmente, supor o que, de futuro, nos espera neste vasto campo da arte/cultura.
Vão desabrochando obras (alguns mesmo produtos) completamente filmados em estúdio, uma vez que filmar um filme em estúdio é muito mais barato, obviamente, do que filmar no exterior. Entre esses obras, encontram-se os relativamente recentes Sky Captain e Sin City, ambas obras razoáveis, que funcionam como entretenimento eficaz. Por agora, é engraçado ver um filme e pensar que os únicos elementes reais lá presentes são os actores e alguns objectos, mas futuramente, será assim tão engraçado constatar que parte dos filmes que estream são filmados em estúdio e cujos cenários e tudo o resto, à parte dos actores, é criado digitalmente, não havendo portanto interacção com o mundo exterior? (...)
(...) porquê recriar o mundo recorrendo à tecnologia, quando este existe e está pronto e disposto a ser filmado? Para se poupar dinheiro? É verdade, poupar dinheiro é a principal razão pela qual se vai adoptar cada vez mais os métodos green-screen ou blue-screen. Então e será que assim não se perderá a alma do cinema, que faz com que este esteja em contacto com a realidade, e, em muitas vezes, apenas se baseia nela para a enfatizar e criar algo mais fantástico, tudo isto por questões económicas? Não me parece justo, para nós espectadores, que gerações futuras de pessoas na mesma posição que nós não possam desfrutar de um Lost In Translation ou um 21 Grams, ambos filmes do ano passado, que retratam a vida tal como ela é, não precisando de recorrer a nenhuma tecnologia, usufruindo apenas do seu argumento e da sua simplicidade para chegar até ao público. (...) Com argumentos fracos, e vivendo apenas dos efeitos especiais, do que vai viver o cinema?
Outra coisa que depende do rumo que lhe derem, se para o bem ou para mal, é a adopção do formato digital em vez das clássicas películas. Tivémos recentemente um exemplo bem concreto de êxito que foi Collateral, quase totalmente filmado em digital, não perdendo assim as sensações que o cinema provoca em nós, e permitindo ao espectador respirar cinema no filme em questão. Tal se deve, é também verdade, à mestria de Mann e ao trivial de cores criado pela fotografia. Na melhor das hipóteses, o formato digital pode servir apenas para alguns casos, continuando a película a liderar o ranking de popularidade, pior será se o digital substituir a película, algo em que nem pensar é bom. Afinal quem é que não gosta de ver alguns riscos na película quando um filme é exibido? Isso faz ou não parte do cinema? Eu cá acho que faz, e o cinema dificilmente poderá viver sem isso, pois se esta desaparecer, o cinema deixa de ser uma arte para ser algo que não tem um nome deifinido, que se limita a criar anúncios e videclip, mas com uma ligeira diferença na duração.
Onde quero eu chegar com isto tudo? Que o futuro do cinema se deve a escolhas que têm de ser tomadas agora, e têm de se ser bastante prudente, não caindo em falsas ilusões, como a de gastar menos dinheiro e facturar mais, mas em vez de uma filmagem de um prédio apresentar também um prédio sim, mas que afinal se resume a pixels, que não existe, portanto. O futuro do cinema pode ou não ser promissor, tudo depende de quem está à frente dele e das escolhas que fizer agora. Mas lembrem-se, não destruam o cinema por motivos económicos, pois aí ele deixa de ser cinema para passar a ser a fonte de rendimento de algumas famílias. Há coisas que o dinheiro não compra, ou melhor, não deveria comprar. "
http://miguel12.blog-city.com/o_futuro_do_cinema.htm
" Estamos em 2005 e o cinema surgiu há mais de 100 anos. Arte relativamente recente, nova em comparação com tantas outras, desde a pintura (cujas raízes remontam à pré-história) à escultura, arte proveniente também da idade da pedra. Talvez por isso, seja altura de se olhar para trás, mas principalmente, supor o que, de futuro, nos espera neste vasto campo da arte/cultura.
Vão desabrochando obras (alguns mesmo produtos) completamente filmados em estúdio, uma vez que filmar um filme em estúdio é muito mais barato, obviamente, do que filmar no exterior. Entre esses obras, encontram-se os relativamente recentes Sky Captain e Sin City, ambas obras razoáveis, que funcionam como entretenimento eficaz. Por agora, é engraçado ver um filme e pensar que os únicos elementes reais lá presentes são os actores e alguns objectos, mas futuramente, será assim tão engraçado constatar que parte dos filmes que estream são filmados em estúdio e cujos cenários e tudo o resto, à parte dos actores, é criado digitalmente, não havendo portanto interacção com o mundo exterior? (...)
(...) porquê recriar o mundo recorrendo à tecnologia, quando este existe e está pronto e disposto a ser filmado? Para se poupar dinheiro? É verdade, poupar dinheiro é a principal razão pela qual se vai adoptar cada vez mais os métodos green-screen ou blue-screen. Então e será que assim não se perderá a alma do cinema, que faz com que este esteja em contacto com a realidade, e, em muitas vezes, apenas se baseia nela para a enfatizar e criar algo mais fantástico, tudo isto por questões económicas? Não me parece justo, para nós espectadores, que gerações futuras de pessoas na mesma posição que nós não possam desfrutar de um Lost In Translation ou um 21 Grams, ambos filmes do ano passado, que retratam a vida tal como ela é, não precisando de recorrer a nenhuma tecnologia, usufruindo apenas do seu argumento e da sua simplicidade para chegar até ao público. (...) Com argumentos fracos, e vivendo apenas dos efeitos especiais, do que vai viver o cinema?
Outra coisa que depende do rumo que lhe derem, se para o bem ou para mal, é a adopção do formato digital em vez das clássicas películas. Tivémos recentemente um exemplo bem concreto de êxito que foi Collateral, quase totalmente filmado em digital, não perdendo assim as sensações que o cinema provoca em nós, e permitindo ao espectador respirar cinema no filme em questão. Tal se deve, é também verdade, à mestria de Mann e ao trivial de cores criado pela fotografia. Na melhor das hipóteses, o formato digital pode servir apenas para alguns casos, continuando a película a liderar o ranking de popularidade, pior será se o digital substituir a película, algo em que nem pensar é bom. Afinal quem é que não gosta de ver alguns riscos na película quando um filme é exibido? Isso faz ou não parte do cinema? Eu cá acho que faz, e o cinema dificilmente poderá viver sem isso, pois se esta desaparecer, o cinema deixa de ser uma arte para ser algo que não tem um nome deifinido, que se limita a criar anúncios e videclip, mas com uma ligeira diferença na duração.
Onde quero eu chegar com isto tudo? Que o futuro do cinema se deve a escolhas que têm de ser tomadas agora, e têm de se ser bastante prudente, não caindo em falsas ilusões, como a de gastar menos dinheiro e facturar mais, mas em vez de uma filmagem de um prédio apresentar também um prédio sim, mas que afinal se resume a pixels, que não existe, portanto. O futuro do cinema pode ou não ser promissor, tudo depende de quem está à frente dele e das escolhas que fizer agora. Mas lembrem-se, não destruam o cinema por motivos económicos, pois aí ele deixa de ser cinema para passar a ser a fonte de rendimento de algumas famílias. Há coisas que o dinheiro não compra, ou melhor, não deveria comprar. "
http://miguel12.blog-city.com/o_futuro_do_cinema.htm
quinta-feira, outubro 20, 2005
Cocktail (1988)
“I am the last barman poet. I see America drinking the fabulous cocktails I make. Americans getting stinky on something I stir or shake. The sex on the beach. The schnapps made from peach. The velvet hammer. The alabama slammer. I make things with juice and froth. The pink squirrel. The 3-toed sloth. I make drinks so sweet and snazzy. The iced tea. The Kamikaze. The orgasm. The death spasm. The Singapore sling. The dingaling. America you’ve just been devoted to every flavor I got. But if you really want to get loaded, why don’t you just order a shot? Bar is open”
E assim acaba o filme. "O" filme que indubitavelmente lançou Tom Cruise como um "Most Wanted" pelo sexo femenino de todo o mundo. Mas muito mais do que isso... "Cocktail" é um filme sobre a esperança, a força da vontade, o amor e as desilusões da vida. "Cocktail" é um marco numa geração, um filme ordinário mas poderoso que muitos ainda hoje não se esqueceram certamente. "Cocktail" não é sobre copos, é sobre pessoas.
Após deixar o exército, Tom Cruise, ou melhor Brian Flanagan (clara homenagem ao inventor dos cocktails, que assim se chamava), um jovem muito ambicioso, tenta um emprego em Nova Yorque, sem sucesso no entanto devido à sua falta de formação escolar e universitária. Assim sendo, não lhe restou outra hipótese que não estudar e trabalhar ao mesmo tempo, de forma a conseguir sobreviver na "Big Apple". Como só podia trabalhar de noite, devido às aulas, começa a servir uns copos num bar, com o patrão Doug Coughlin, (Bryan Brown) um dos mais famosos "bartenders" da cidade. Mas a sua ambição não tinha limites e o seu comportamento na busca de algo maior começa a chocar com os que trabalha e com a sua namorada Jordan (a formidável e bela Elisabeth Shue). O resto é uma história de vida que muita esperança deu a quem o viu.
E assim acaba o filme. "O" filme que indubitavelmente lançou Tom Cruise como um "Most Wanted" pelo sexo femenino de todo o mundo. Mas muito mais do que isso... "Cocktail" é um filme sobre a esperança, a força da vontade, o amor e as desilusões da vida. "Cocktail" é um marco numa geração, um filme ordinário mas poderoso que muitos ainda hoje não se esqueceram certamente. "Cocktail" não é sobre copos, é sobre pessoas.
Após deixar o exército, Tom Cruise, ou melhor Brian Flanagan (clara homenagem ao inventor dos cocktails, que assim se chamava), um jovem muito ambicioso, tenta um emprego em Nova Yorque, sem sucesso no entanto devido à sua falta de formação escolar e universitária. Assim sendo, não lhe restou outra hipótese que não estudar e trabalhar ao mesmo tempo, de forma a conseguir sobreviver na "Big Apple". Como só podia trabalhar de noite, devido às aulas, começa a servir uns copos num bar, com o patrão Doug Coughlin, (Bryan Brown) um dos mais famosos "bartenders" da cidade. Mas a sua ambição não tinha limites e o seu comportamento na busca de algo maior começa a chocar com os que trabalha e com a sua namorada Jordan (a formidável e bela Elisabeth Shue). O resto é uma história de vida que muita esperança deu a quem o viu.
quarta-feira, outubro 19, 2005
Blogue da Semana: Pasmos Filtrados
Pasmos Filtrados é, possivelmente, um dos melhores blogues cinéfilos do panorama nacional. Relativamente recente na blogosfera nacional (Maio de 2005), PF, é actualizado diariamente, seja com críticas extremamente bem estruturadas e completas, seja com antecipações ou com as últimas notícias e os já famosos "Momentos Zen".
Num excelente Português (o que é cada vez mais raro nos dias que correm), o seu autor, Francisco Mendes, cativa com os seus interessantes artigos e responde a todos os seus visitantes, numa simpática interacção, que em muito contribuiu para a rápida divulgação do blogue e seu desenvolvimento. Pasmos Filtrados, peca apenas a meu ver, e se me permites a deixa, caro Francisco, com a larga extensão de determinadas críticas, que, no caso do visitante não ter visionado o filme, se tornam muitas vezes cansativas e assustadoras.
De resto, se não conhece Pasmos Filtrados, aproveite agora que ainda não se paga a entrada. Se gosta de acompanhar o mundo cinéfilo a par e passo e em português, ficará certamente satisfeito.
http://pasmosfiltrados.blogspot.com
terça-feira, outubro 18, 2005
Nova Fase no Cinema Notebook!
Revolução!
Não existe melhor termo para o que já começou (em termos de aspecto) e o que vai começar a ocorrer sistematicamente a partir de amanhã, dia 18, no Cinema Notebook. Acabou o blogue que durante um ano apenas se dedicou a criticar os frutos principais da 7ª arte, as suas obras.
De forma a proporcionar uma actualização mais constante e uma melhor divulgação da blogosfera cinéfila nacional, o CN tentará enfrentar uma estrutura mais complexa que, desta vez, não se baseará apenas em criticas cinematográficas. Porque a blogosfera cinéfila nacional está de saúde e recomenda-se, o CN será também um espaço semanal de divulgação dos melhores artigos feitos por esse "mundo" fora, devidamente identificados e, também, de referência aos mais completos blogues do género.
Assim sendo, todas as Quartas-feiras, o CN premiará e divulgará o "Blogue da Semana", deixando os Sábados e as Terças-feiras para os "Melhores Posts Cinematográficos de Sempre" da blogosfera nacional. Mas é claro que o CN terá tempo para si mesmo: todas as Quintas-feiras e Domingos poderão continuar a comentar as critícas do costume.
E assim espero contribuir para o desenvolvimento e divulgação da blogosfera nacional de Cinema. Porque todos nós merecemos!
segunda-feira, outubro 17, 2005
Um ano de cinema "Blogástico" no CN!
Obrigado a todos os que comentaram e aos que ainda hoje comentam. Em Outubro de 2006 cá estarei novamente a agradecer, já com Portugal Campeão do Mundo de Futebol e com Tarantino finalmente decidido sobre o seu próximo projecto. Ah, e com a Angelina Jolie"zita" (apenas para os amigos) aqui a sacar imperiais!
Que nunca vos faltem gaijas!
quarta-feira, outubro 12, 2005
Scream (1996)
Enquanto se prepara para ver um filme de terror,uma jovem (Drew Barrymore) recebe uma chamada telefónica de alguém que a força a participar num jogo de trivialidades desse género cinematográfico. Em risco está a vida do namorado, e o excesso de confiança injectado com uma pergunta fácil para aquecer ("Halloween"), revela-se fatal perante uma rasteira na pergunta seguinte ("Sexta-Feira 13"). A notícia espalha-se pelo liceu e não é propriamente pânico que se gera. Os estudantes parecem achar tudo muito divertido, como qualquer adolescente num filme de terror. Sidney (Neve Campbell), cuja mãe foi assassinada há quase um ano atrás, começa também a receber telefonemas e a ser perseguida. Entretanto, uma repórter da zona, Gale Weathers (Courtney Cox), confronta-a novamente com o facto de que ela pode ter acusado, e levado ao corredor da morte, um inocente - o amante da mãe - e que o verdadeiro assassino está agora de volta.
"Scream" é um filme de terror auto-fágico, na medida em que se alimenta - mastiga e cospe fora - de referências que são debitadas a uma velocidade impressionante, condimentadas por uma lista interminável de in-jokes e clichés. Wes Craven dirige um filme que tem o difícil intuito de viver dos clichés dos slasher movies - em que os personagens agem muito inconscientemente, praticamente saltando contra as lâminas dos assassinos -, e contorná-los, decompondo-os, porque estes são personagens que viram muitos destes filmes e sabem o que não devem fazer.
"Scream", chegando a tocar no ridículo em vários momentos, consegue, mesmo assim, manter uma narrativa estável, que nos surpreende no fim. E são exactamente estes dois "opostos" as principais razões para o sucesso de "Gritos". Juntando ainda uma magnífica realização de Wes Craven, bem como a sua reputação, e entende-se o grande sucesso e alarido que este filme provocou por onde passou. Um filme que consegue deixar em muitos momentos com pele de galinha os espectadores, mesmo quando se estão a rir.
sexta-feira, outubro 07, 2005
Silence of the Lambs (1991)
Um psicopata está a raptar e a assustar jovens mulheres por todo o oeste americano. Com o intuito de tentar perceber a mente do assassino, o FBI manda a agente Clarice Starling (Foster) entrevistar um prisioneiro demente que poderá fornecer informações psicológicas, bem como pistas para o comportamento do homicida. Este prisioneiro, o psiquiatra Hannibal Lecter (Hopkins), é um canibal assassino e extremamente inteligente, que só concordará em ajudar Starling se esta saciar a mórbida curiosidade de Lecter com detalhes da sua complicada vida. Esta relação deturpada obriga Starling não só a confrontar os seus próprios demónios, mas também a encarar, face a face, um louco e horrendo homicida, uma tão poderosa encarnação do mal que ela poderá não ter a coragem ou força suficiente para o travar.
"O Silêncio dos Inocentes", apesar de ter sido o primeiro filme de terror a ser premiado com o Óscar de Melhor Filme e ser um dos filmes do género mais bem amados pelo mundo fora, está longe de, quanto a mim, ser uma obra de arte. Não devido à sua maravilhosa realização, com pormenores sucolentos de Demme, até então pouco conhecido no meio, nem derivado às maravilhosas interpretações, que tão justamente premiaram mais tarde Hopkins e Foster. Não pelos maravilhosos "one-liners" e momentos simbólicos do filme, e muito menos pela arrepiante "encarnação" de Ted Levine como Bufallo Bill. Porquê então?
Pura e simplesmente devido à história principal do seu argumento, que, a meu ver, foi pouco explorada pelos guionistas do filme, apesar de, tal como referi anteriormente, ter sido aproveitada ao máximo, com momentos fantásticos (as cenas de visão nocturna já no final são delirantes) pelo realizador, que justamente ganhou também o óscar de Melhor Realizador. Aliás, repito, Foster, Hopkins e Demme transformaram este filme num delicioso (se é que se pode usar esta palavra relativamente a um filme de canibais) entusiasmo. Mas, com um argumento mais trabalhado em termos de assasíno e não tanto em Hannibal Lecter, "Silence of the Lambs" poderia ter sido muito melhor. Muito mesmo.
terça-feira, outubro 04, 2005
Days of Thunder (1990)
O acelerar dos motores. A febre das corridas profissionais de automóveis. "Dias de Tempestade" apresenta-nos as mais espetaculares corridas de carros alguma vez levadas ao ecrã... ou talvez não! Tom Cruise interpreta o papel do jovem condutor Cole Trickle, cujo talento e ambição se vêem superados pela necessidade constante de vencer. Descoberto por Tim Daland (Randy Quaid), um homem de negócios, Cole tem na equipa o lendário desenhador e construtor de carros, Harry Hogge (o enorme Robert Duvall). Mas um brutal acidente quase termina com a carreira de Cole, que só com a ajuda de uma bela doutora (Nicole Kidman) e de uma estranha amizade consegue readquirir a força que necessita para competir, ganhar e viver.
Antes de tudo, preciso de realizar uma leve confissão: Sim, sou admirador confesso do talento de Tom Cruise e da maioria dos seus filmes de "Eu quero e vou vencer!". Sim, e não sou gay! Esclarecido este aspecto, posso redimir-me o suficiente e dizer que "Days of Thunder" não é um grande filme, muito longe disso, sendo mesmo completamente previsível desde o primeiro ao último minuto. Mas dá pica!
Realizado pelo conceituado realizador Tony Scott e com uma banda sonora bastante animadora de Hans Zimmer, "Days of Thunder" é do longíquo tempo em que Tom Cruise não era "apanhado" pela cientologia, não fazia figuras na "Oprah" e não era esguichado em premieres. Nicole Kidman era "hot", bem "hot" e não entrava em 20 filmes por ano, como faz nos nossos dias. Duvall, esse sim, é e era grande, com uma enorme presença no ecrã.
Com duas ou três cenas muito boas, "Days of Thunder", peca, exactamente na sua essência: ser um filme sobre corridas de carros. Mas o elenco satifaz, o argumento "fora-de-pista" é suficientemente agradável, e, não chegando aos calcanhares de "Top Gun", consegue cativar e não decepcionar o menos sedento dos critícos ferozes de filmes à "le" Tom Cruise. Normalmente levaria um três estrelinhas, mas como conta com um Tom Cruise visualmente parecidissímo comigo (queria ele) , um Duvall no que faz melhor (papéis secundários) e uma Nicole Kidman ainda bem fresquinha, leva um quatrozinho fraquinho!
domingo, outubro 02, 2005
The 40 Year Old Virgin (2005)
Andy Stitzer (Steve Carrell) é o totó de serviço, fã de ficção científica e coleccionador de brinquedos cinéfilos e banda desenhada. Nunca pragueja ou deixa objecto fora do sítio, conduz uma bicicleta e tem como ponto alto do dia ver o "Survivor" na televisão com uma boa sanduíche de ovo. Ao descobrirem que Andy ainda tem "os três", os seus colegas da megastore de electrodomésticos fazem a perda de virgindade de Andy uma meta a alcançar - quer ele queira, quer não.
"Virgem aos 40 anos", é, antes de tudo, um filme bastante sobrevalorizado, devido a Steve Carrell, um ícone da comédia para muitos nos Estados Unidos e não só, devido à sua participação diária num famoso talk show norte americano. Steve Carrell é bom, a ideia é óptima mas o filme, como comédia (romance?) é francamente fraco e consegue apenas arrancar duas ou três gargalhadas, com momentos singulares que não dão consistência ao todo. Não fossem estas duas mais valias, e "Virgem aos 40 anos" teria todos os elementos que abomino numa comédia.
Nos Estados Unidos,"Virgem aos 40 Anos" tomou de surpresa as bilheteiras tornando-se no êxito inesperado do verão, consumando a vingança dos totós que, no momento, dão as cartas e ganham, o lugar de destaque no panorama cinematográfico. Mas, não se deixem enganar, este filme de Judd Apatow (série "Freeks and Geeks") está longe de ser algo especial dentro do género e não fosse Steve Carrell e provavelmente teria sido um fiasco. Continuamos assim à espera de algo de novo neste género. Enquanto esperamos, porque não relembrar um dos "Pink Panther" com Peter Sellers?
.: 5/10 :.
Subscrever:
Mensagens (Atom)