quinta-feira, janeiro 31, 2013
quarta-feira, janeiro 30, 2013
A regra da casa de banho
Ninguém usa uma casa de banho pública no cinema ou na televisão por estar à rasquinha. Só o fazem para consumir drogas, cometer suicídio, fugir por uma janela pequena ou ter uma conversa secreta. Será a minha vida assim tão desinteressante, que quando precisei de uma foi para a deixar inabitável durante as horas seguintes?
terça-feira, janeiro 29, 2013
segunda-feira, janeiro 28, 2013
TCN Blog Awards 2013
Resultados Votações:
Lisboa - 15
Porto - 11
Sistema Misto - 14
Votação Academia - 10
Votação Público - 2
domingo, janeiro 27, 2013
That's some Bad Hat, Harry
"The Usual Suspects", "House MD", "X-Men" ou "Superman Returns" são apenas algumas das produções mais conhecidas da "Bad Hat Harry Productions". No vídeo que se segue, eis de onde surgiu a ideia para o nome da produtora, dado por Christopher McQuarrie e Bryan Singer, em homenagem ao filme favorito de ambos.
sábado, janeiro 26, 2013
The Artist (2011)
Hollywood, anos trinta. George Valentin (Jean Dujardin) é uma das figuras principais do cinema mudo norte-americano. Amado e respeitado por cinéfilos, produtores e realizadores, ao conhecer e relacionar-se com Peppy Miller (Bérénice Bejo), uma jovem e desconhecida actriz em início de carreira, dá-lhe algum protagonismo, algo que a vai catapultar para a fama em pouco tempo. No entanto, com o aparecimento do som na indústria cinematográfica, inicia-se uma revolução artística que irá aniquilar o cinema mudo e, por consequência, a carreira de Valentim. E, quase como do dia para a noite, passa do estrelato à miséria, enquanto que Peppy transforma-se numa diva da grande tela. Será ele agora suficientemente forte e humilde para aceitar essa inversão de papéis?
Escrito e realizado pelo francês Michel Hazanavicius (meu grande amigo, ou não), "O Artista" foi o grande vencedor da última edição dos Óscares, arrecadando as estatuetas para Melhor Filme, Melhor Realizador e Melhor Actor, bem como conquistando a admiração do público que julgava impossível que um filme mudo e a preto e branco conseguisse triunfar nos dias que correm. A honestidade e simplicidade de uma linha narrativa clássica são os grandes trunfos da fita, cuja cuidada e estudada cinematografia resulta numa bonita carta de amor a uma era marcante da história do cinema. Homenagem repleta de glamour, "The Artist" consegue, sem palavras, dizer tudo sobre o amor, a amizade, a fama e o poder do cinema. E, quando assim é, será preciso dizer mais alguma coisa?
Escrito e realizado pelo francês Michel Hazanavicius (meu grande amigo, ou não), "O Artista" foi o grande vencedor da última edição dos Óscares, arrecadando as estatuetas para Melhor Filme, Melhor Realizador e Melhor Actor, bem como conquistando a admiração do público que julgava impossível que um filme mudo e a preto e branco conseguisse triunfar nos dias que correm. A honestidade e simplicidade de uma linha narrativa clássica são os grandes trunfos da fita, cuja cuidada e estudada cinematografia resulta numa bonita carta de amor a uma era marcante da história do cinema. Homenagem repleta de glamour, "The Artist" consegue, sem palavras, dizer tudo sobre o amor, a amizade, a fama e o poder do cinema. E, quando assim é, será preciso dizer mais alguma coisa?
sexta-feira, janeiro 25, 2013
quinta-feira, janeiro 24, 2013
Alguém consegue explicar?
Sendo o oposto de "Guest Star" a expressão "Recurring Role", como é que um filme pode ter um "Guest Star"? Sendo um evento único, não uma série com vários episódios, não será qualquer actor tão "guest star" como qualquer outro presente na produção do mesmo? Gosto especialmente quando usam o "Special Guest Star"; deve ser um actor fã do José Mourinho.
quarta-feira, janeiro 23, 2013
Brighton Rock (2010)
Pinkie Brown (Sam Riley) é um jovem e ambicioso criminoso que pretende vingar a morte do chefe do seu grupo organizado e, ao mesmo tempo, conseguir ganhar o respeito necessário entre os seus para ocupar o lugar vago no topo da cadeia alimentar. Já Rose (Andrea Riseborough) é uma modesta empregada de mesa que, de forma completamente involuntária, acaba por testemunhar e descobrir provas que podem mandar Pinkie o resto da vida para a prisão. Agora sobra ao jovem gangster tomar uma decisão complicada: deixar-se apaixonar por Rose de forma a controlar a verdade ou... limpar-lhe o canastro, provando ter o que é necessário para ser líder.
Estreia na realização do até então guionista Rowan Joffe ("The American" ou "28 Weeks Later"), "Crime e Pecado" sofre a nível de construção e coerência narrativa da inexperiência de Joffe - filho do reputado realizador de "The Killing Fields" ou "The Mission", Roland - nos comandos da obra, especialmente a nível técnico, com uma montagem desequilibrada à qual parece faltar, por várias vezes, algumas cenas de ligação entre momentos importantes da trama. Readaptação - já Attenborough o tinha feito nos anos quarenta - ao grande ecrã do conceituado romance criminal de Graham Greene, este revivalismo cinematográfico brilha a nível de fotografia e elenco, mas revela-se ingénuo na sua dimensão dramática, bem como pouco eficaz nos seus propósitos perante o espectador. Com muito pouca alma, sobra-lhe um sentimento melancólico onde se esperava alguma tensão, fazendo deste "Brighton Rock" numa não mais do que elegante reincarnação de um clássico da literatura britânica e mundial.
Estreia na realização do até então guionista Rowan Joffe ("The American" ou "28 Weeks Later"), "Crime e Pecado" sofre a nível de construção e coerência narrativa da inexperiência de Joffe - filho do reputado realizador de "The Killing Fields" ou "The Mission", Roland - nos comandos da obra, especialmente a nível técnico, com uma montagem desequilibrada à qual parece faltar, por várias vezes, algumas cenas de ligação entre momentos importantes da trama. Readaptação - já Attenborough o tinha feito nos anos quarenta - ao grande ecrã do conceituado romance criminal de Graham Greene, este revivalismo cinematográfico brilha a nível de fotografia e elenco, mas revela-se ingénuo na sua dimensão dramática, bem como pouco eficaz nos seus propósitos perante o espectador. Com muito pouca alma, sobra-lhe um sentimento melancólico onde se esperava alguma tensão, fazendo deste "Brighton Rock" numa não mais do que elegante reincarnação de um clássico da literatura britânica e mundial.
terça-feira, janeiro 22, 2013
segunda-feira, janeiro 21, 2013
Qualquer dia ainda vai ser um extra
Colorir um filme que originalmente foi exibido a preto e branco destrói-o por completo - vejamos o exemplo da restauração a cores de "Casablanca". Curiosamente, experimentei ver a preto e branco um filme "colorido" e a sensação foi completamente diferente: pareceu-me muito mais misterioso e interessante do que a primeira vez que o vi, a cores. A atmosfera ficou subitamente mais pesada e "Zodiac", de David Fincher, ganhou com isso. Experimentem vocês aí em casa e depois digam-me se eu é que estou a ficar maluco.
domingo, janeiro 20, 2013
Pôr os tomates nos i's!
sábado, janeiro 19, 2013
sexta-feira, janeiro 18, 2013
Holy Motors (2012)
Oscar é um homem estranho. De assassino a mendigo, de criatura abominável a pai preocupado, Oscar varia de personagem sempre que entra numa elegante limousine branca, conduzida por uma misteriosa mulher que parece ser a única que o conhece verdadeiramente. Serão todas estas estranhas histórias uma metáfora existencialista estilizada através do conceito de vidas paralelas? É provável que sim, ficando apenas por explicar a razão de tanto absurdo surrealista desconexo ter sido recebido de forma tão calorosa por grande parte do púbica e da crítica nacional e internacional.
Com guião e realização do francês Leos Carax, "Holy Motors" é um exercício cinematográfico demasiado pretensioso, presunçoso e disparatado, que através da sua total aleatoriedade e ausência de sentido óbvio consegue levar o espectador a acreditar que está perante uma narrativa altamente complexa e intelectual. Sim, a cinematografia e fotografia não deixa de ser interessante e o role-playing de Denis Lavant nada menos do que impressionante. Mas, no todo, "Holy Motors" é um vazio deprimente e confuso, que desilude e cansa a cada minuto que passa, apenas para terminar esgotado na sua arrogância, sem clímax nem emoção. Uma obra de arte, com múltiplas interpretações, defendem alguns; algo que custa-me a aceitar quando criatividade, talento, risco e fantasia não são combinados de forma minimamente coerente e organizada, apenas atirados que nem sal e açúcar para um mesmo bolo de difícil ingestão.
Assim, o que lhe falta a nível de percepção, sobra-lhe em pseudo-intelectualidade, tornando a curiosidade que naturalmente surge no seu receptor perante tão anormal e enigmático produto apenas resultado do bizarro e não de uma estrutura narrativa hábil e inteligente. E, perante tamanha confusão, não admira que a sua distribuidora nacional nem sequer tenha arriscado num título em português. Porque, tal como muitos que o elogiaram, aposto que adoraram o que viram mas não perceberam patavina do que se passou. E assim nasce um dos filmes mais sobrevalorizados dos últimos anos.
Com guião e realização do francês Leos Carax, "Holy Motors" é um exercício cinematográfico demasiado pretensioso, presunçoso e disparatado, que através da sua total aleatoriedade e ausência de sentido óbvio consegue levar o espectador a acreditar que está perante uma narrativa altamente complexa e intelectual. Sim, a cinematografia e fotografia não deixa de ser interessante e o role-playing de Denis Lavant nada menos do que impressionante. Mas, no todo, "Holy Motors" é um vazio deprimente e confuso, que desilude e cansa a cada minuto que passa, apenas para terminar esgotado na sua arrogância, sem clímax nem emoção. Uma obra de arte, com múltiplas interpretações, defendem alguns; algo que custa-me a aceitar quando criatividade, talento, risco e fantasia não são combinados de forma minimamente coerente e organizada, apenas atirados que nem sal e açúcar para um mesmo bolo de difícil ingestão.
Assim, o que lhe falta a nível de percepção, sobra-lhe em pseudo-intelectualidade, tornando a curiosidade que naturalmente surge no seu receptor perante tão anormal e enigmático produto apenas resultado do bizarro e não de uma estrutura narrativa hábil e inteligente. E, perante tamanha confusão, não admira que a sua distribuidora nacional nem sequer tenha arriscado num título em português. Porque, tal como muitos que o elogiaram, aposto que adoraram o que viram mas não perceberam patavina do que se passou. E assim nasce um dos filmes mais sobrevalorizados dos últimos anos.
quinta-feira, janeiro 17, 2013
CCOP - Top de Dezembro de 2012
Amor, talvez sem grandes surpresas, é o filme com a melhor classificação do mês de Dezembro (8,70 em 10) e também do ano, superando Tabu (8,63). A Vida de Pi ocupa a segunda posição, mas com uma nota média de 7,43. Segue-se Entre Irmãs, no terceiro lugar, com 7,20. Como nota: Holy Motors ocupa a quarta posição da tabela, mas não deixa de ser um dos filmes mais polémicos dentre todos os já votados pelo CCOP, liderando como o filme com a maior desvio médio entre votações (± 2,8).
1. Amour, de Michael Haneke | 8,70
2. A Vida de Pi, de Ang Lee | 7,43
3. Entre Irmãs, de Lynn Shelton | 7,20
4. Holy Motors, de Leos Carax | 7,17
5. O Hobbit: Uma Viagem Inesperada, de Peter Jackson | 6,60
6. Anna Karenina, de Joe Wright | 6,56
7. Também a Chuva, de Icíar Bollaín | 6,50
8. Pela Estrada Fora, de Walter Salles | 6,00
9. The Paperboy - Um Rapaz do Sul, de Lee Daniels | 5,80
10. Hotel Transilvânia, de Genndy Tartakovsky | 5,75
11. Jack Reacher, de Christopher McQuarrie | 5,00
quarta-feira, janeiro 16, 2013
Reclamação à casa mãe!
terça-feira, janeiro 15, 2013
segunda-feira, janeiro 14, 2013
Flight (2012)
Whip Whitaker (Denzel Washington) é um homem cujos problemas graves com o álcool, drogas e fmília se escondem dentro dos bolsos dos seus luxuosos fatos de piloto comandante de uma das principais companhias aéreas norte-americanas. Numa manhã como tantas outras, abandona o seu quarto de hotel rumo a mais um voo com a sua actual namorada e colega de tripulação, uma grande ressaca e um traço de cocaína nariz acima. Depois de uma descolagem conturbada devido ao mau tempo, tudo parece normal, à excepção da sua valente dor de cabeça. Até que o avião, inexplicadamente, entra em queda vertical e desamparada, sem comentários básicos, e Whip é chamado a colocar em prática toda a sua perícia enquanto piloto. Numa abordagem tão heróica quanto milagrosa, consegue ganhar algum controlo da aeronave e fazer com que a mesma se despenhe de forma menos catastrófica. Destinados à morte, apenas meia dúzia das quase duas centenas de almas a bordo - o termo almas é técnico e comum na aviação - não sobrevivem ao impacto. Mas só agora, numa cama de hospital, é que a vida de Whip vai ser posta à prova: será ele considerado herói ou vilão em toda esta história?
Magistralmente realizado por Robert Zemeckis - como é hábito, aliás, em quase todos os seus live action -, "Decisão de Risco" conta com um ritmo narrativo imaculado, um par de interpretações de alto calibre de Washington e Kelly Reilly e uma banda sonora muito cool, liderada por temas históricos dos Rolling Stones, Joe Cocker e Red Hot Chili Peppers, entre outros. Mais do que uma história sobre um desastre de aviação, "Flight" é uma odisseia pessoal sobre vícios e responsabilidade, numa abordagem refrescante ao tema do alcoolismo, que transforma a personagem principal num verdadeiro case study, que divide o espectador entre a razão e o coração. Se a investigação e respectivo julgamento poderiam ter sido melhor aprofundados, a verdade é que mesmo quando "Flight" desacelera, nunca deixa de ser interessante e cativante. Para tal, bem pode agradecer também a um elenco secundário de luxo, comandado por Cheadle, Goodman e Greenwood, que ajudam Washington e Zemeckis a regressar em grande forma a um drama tão humanamente complexo quanto tecnicamente irrepreensível.
Magistralmente realizado por Robert Zemeckis - como é hábito, aliás, em quase todos os seus live action -, "Decisão de Risco" conta com um ritmo narrativo imaculado, um par de interpretações de alto calibre de Washington e Kelly Reilly e uma banda sonora muito cool, liderada por temas históricos dos Rolling Stones, Joe Cocker e Red Hot Chili Peppers, entre outros. Mais do que uma história sobre um desastre de aviação, "Flight" é uma odisseia pessoal sobre vícios e responsabilidade, numa abordagem refrescante ao tema do alcoolismo, que transforma a personagem principal num verdadeiro case study, que divide o espectador entre a razão e o coração. Se a investigação e respectivo julgamento poderiam ter sido melhor aprofundados, a verdade é que mesmo quando "Flight" desacelera, nunca deixa de ser interessante e cativante. Para tal, bem pode agradecer também a um elenco secundário de luxo, comandado por Cheadle, Goodman e Greenwood, que ajudam Washington e Zemeckis a regressar em grande forma a um drama tão humanamente complexo quanto tecnicamente irrepreensível.
domingo, janeiro 13, 2013
sábado, janeiro 12, 2013
Gordon Behind Bars
Produto de entretenimento sociologicamente interessante, "Gordon Behind Bars" consegue cativar o espectador comum durante os primeiros dois episódios, graças ao foco que é dado aos prisioneiros e a todos os constrangimentos e obstáculos que estes terão que ultrapassar para serem parte do projecto de Ramsey. Com estatutos dentro da prisão a manter, muitos deles mostram a sua pior face perante a mais insignificante ocorrência, o que faz com que o chefe "Michelin" fique muitas vezes reticente sobre o que fazer ou dizer, algo novo e surpreendente para quem está habituado a vê-lo em programas como "Hell's Kitchen" ou "Masterchef". Daí em diante, a série banaliza-se em prol de um bem maior, de uma "salvação" em forma de comida que, mais do que real, é meramente espalhafatosa e pouco credível. Tudo porque, catastroficamente, atribui mais importância ao papel e história familiar de Gordon Ramsey na transformação de alguns canalhas do que, propriamente, às personalidades complicadas e complexas que atraíram a atenção do espectador desde o início. Não admira portanto que a norte-americana FOX tenha recusado a adaptação sugerida por Ramsey no outro lado do Atlântico.
sexta-feira, janeiro 11, 2013
quinta-feira, janeiro 10, 2013
End of Watch (2012)
Chegar sem mazelas, físicas ou psicológicas, ao "Fim do Turno", não é tarefa fácil para os agentes Taylor (Gyllenhaal) e Zavala (Peña), ou não fossem eles responsáveis pela patrulha de uma das zonas mais problemáticas e violentas de Los Angeles. Com Taylor a filmar o dia-a-dia da dupla para mais tarde recordar, os dois vão ser marcados por um dos mais perigosos cartéis de droga depois de apreenderem algum dinheiro, armas e estupefacientes numa banal acção de fiscalização de trânsito. As suas vidas, bem como daqueles que os amam, jamais serão as mesmas.
Escrito (em menos de uma semana) e realizado por David Ayer, guionista de "Training Day" e realizador de outros dois thrillers policiais com base na Cidade dos Anjos, "End of Watch" é um muito interessante exemplo de utilização do estilo "found footage" em prol de uma narrativa crua, tensa e dramática de uma realidade que Ayer conhece e explora como poucos. Mais do que uma disputa entre bons e maus, polícias e bandidos, "Fim de Turno" é o relato de uma amizade apimentada pelas dificuldades e suportada pelo sentido de dever em prol do moralmente correcto, mesmo quando tudo isso coloca em causa ligações afectivas e amorosas.
Intensamente interpretado por Gyllenhall e Peña, o amadorismo das filmagens e a sua engenhosa montagem coloca o espectador quase sempre como terceiro elemento do corpo policial, seja no banco de trás do carro policial ou a fugir num beco escuro e sujo da sombria Los Angeles. E assim, num filme que nunca é preto nem branco, mas sempre cinzento, inclusivamente com direito a alguns momentos de boa disposição, encontramos facilmente o melhor policial dos últimos anos, repleto de adrenalina e personalidade.
Escrito (em menos de uma semana) e realizado por David Ayer, guionista de "Training Day" e realizador de outros dois thrillers policiais com base na Cidade dos Anjos, "End of Watch" é um muito interessante exemplo de utilização do estilo "found footage" em prol de uma narrativa crua, tensa e dramática de uma realidade que Ayer conhece e explora como poucos. Mais do que uma disputa entre bons e maus, polícias e bandidos, "Fim de Turno" é o relato de uma amizade apimentada pelas dificuldades e suportada pelo sentido de dever em prol do moralmente correcto, mesmo quando tudo isso coloca em causa ligações afectivas e amorosas.
Intensamente interpretado por Gyllenhall e Peña, o amadorismo das filmagens e a sua engenhosa montagem coloca o espectador quase sempre como terceiro elemento do corpo policial, seja no banco de trás do carro policial ou a fugir num beco escuro e sujo da sombria Los Angeles. E assim, num filme que nunca é preto nem branco, mas sempre cinzento, inclusivamente com direito a alguns momentos de boa disposição, encontramos facilmente o melhor policial dos últimos anos, repleto de adrenalina e personalidade.
quarta-feira, janeiro 09, 2013
Porra, e agora?
terça-feira, janeiro 08, 2013
segunda-feira, janeiro 07, 2013
Por uma definição justa de pirataria
A pirataria é um mal que paira sobre a Humanidade. Todas as semanas, navios de praticamente todas as nacionalidades correm grandes riscos de serem abordados por piratas somalis nos Mares Arábico e Índico. Enquanto isso é um atentado à integridade física de pessoas e um roubo de produtos físicos - e a também antiga contrafacção de artigos coloca em risco a vida ou a saúde das pessoas - os governos e entidades mais ou menos oficiais preocupam-se principalmente com um tipo de pirataria bem mais ofensivo ou perigoso: a democratização do conhecimento cultural, através da partilha de conteúdos digitais.
Os conteúdos digitais foram uma invenção da indústria. Dando variedade de formatos e portabilidade, tencionavam vender mais, mais depressa e com maior lucro. E tal como no tempo dos gravadores de VHS, os consumidores contornaram as regras. Se há vinte anos as revistas apoiavam o consumidor fornecendo capas e códigos para gravar à hora certa, agora são os próprios fornecedores de serviços televisivos a permitir a gravação e visionamento posterior com um mínimo de esforço. E isso é legal porque, apesar de os fabricantes de conteúdo não gostarem, como são empresas que o fazem pagam impostos, continua a ser negócio. Os consumidores agradecem o serviço prestado.
Vender DVD contrafeitos é ilegal. Porque nesse cenário não ganha quem faz o conteúdo, nem quem o vende paga impostos sobre o seu trabalho. O consumidor agradece pagar menos do que por um bilhete de cinema ou uma cópia oficial e, como os tempos estão difíceis, já sente que é justo cortar numa despesa “supérflua” como é o entretenimento. Disponibilizar conteúdos online equivale ao anterior porque, atingindo determinada escala, começa a arrecadar quantias consideráveis de dinheiro com a publicidade.
E se quem os coloca online não estiver a ter lucro, nem a roubar a ninguém? Esse era o caso do blog My One Thousand Movies. Os três mil filmes que tinha eram clássicos que não se encontram à venda nem passam na televisão. Pretendiam dar a conhecer o património cinematográfico da humanidade. Serviam para descobrir cineastas esquecidos e obras de culto, mas com pouca resolução para que ninguém se sentisse tentado a ficar com essa versão em vez de se dedicar a procurar no mercado convencional de importação uma versão melhor. Outra vantagem é que no My One Thousand Movies todos os filmes tinham legendas em português ou numa língua mais ou menos compreensível. Na importação não.
Dia 16 foi fechado pela Google sem qualquer aviso por incentivo à pirataria. Estamos a falar de filmes quase impossíveis de encontrar no mercado, que em nada rivalizavam com a versão comprada, se existisse uma, e que tinham no máximo uma centena de downloads provenientes de todo o mundo, não apenas de Portugal. O que o My One Thousand Movies fazia era complementar (ou substituir) a missão da deficiente televisão pública de educar cinéfilos. Muitos bloggers recorreram a este repositório para rever um título acarinhado, ou, a partir do filme e da pequena resenha que o acompanhava, fazerem publicações com as quais muitas outras centenas de pessoas ficaram com vontade de descobrir um cinema marginal e esquecido. Isto não é pirataria, é serviço público, e é preciso (re)definir o enquadramento legal adequado.
Se alguém errou no meio disto tudo foram as distribuidoras que não viram interesse em comercializar os filmes. Ninguém o pode ver porque não compensa comprar os direitos e fabricar para pouca gente? Sugeríamos que houvesse um videoclube online no qual, por um valor simbólico, se pudesse ver o filme contribuindo para a distribuidora. A distribuidora não teria encargos com a manufactura de cópias físicas que ficariam a ocupar espaço em armazém. Os consumidores exigentes encontrariam o que queriam imediatamente sem remexer em caixotes de promoções nas superfícies comerciais.
Os retalhistas não estão interessados em ter uma cópia única de milhares de filmes que poderão nunca vir a comercializar, mas estariam interessados em vender cartões pré-pagos de acesso a esse serviço, como fazem para as consolas. Se o preço fosse suficientemente baixo toda a gente poderia espreitar e talvez descobrir algo único.
Enquanto este tipo de serviço não existir, estaremos sempre dependentes da boa vontade, dedicação e cultura de pessoas como o autor do MOTM. Mesmo que achem que isso vai contra a lei. De todos nós, obrigado.
Signatários
Ana Sofia Santos Cine31 / Girl on Film
André Marques Blockusters
António Tavares de Figueiredo Matinée Portuense
Armindo Paulo Ferreira Ecos Imprevistos
Carlos Martins Um dia fui ao Cinema
David Martins Cine31
Francisco Rocha My Two Thousand Movies
Eduardo Luís Rodrigues EddyR Corner
Gabriel Martins Alternative Prison
Inês Moreira Santos Hoje Vi(vi) um filme / Espalha-Factos
Jorge Rodrigues Dial P for Popcorn
Jorge Teixeira Caminho Largo
Luís Mendonça CINEdrio
Manuel Reis Cenas Aleatórias / TV Dependente
Miguel Reis Cinema Notebook
Nuno Reis Antestreia
Pedro Afonso Laxante Cultural
Rita Santos Not a Film Critic
Samuel Andrade Keyzer Soze's Place / O Síndroma do Vinagre
Victor Afonso O Homem que Sabia Demasiado
domingo, janeiro 06, 2013
Aos anos que eu não ouvia isto!
Poucos devem ser os que se lembram que este tema dos Primitive Radio Gods tornou-se popular em meados dos anos noventa quando fez parte da banda-sonora de "The Cable Guy", atingindo então num ápice a primeira posição da Billboard norte-americana de rock moderno. Só aí, depois do seu "sucesso cinematográfico", teve honras de video musical, já que Chris O'Connor, vocalista da banda e controlador de tráfego aéreo em Los Angeles, não sonhava sequer que o seu álbum de lançamento, "Rocket", tivesse o impacto que acabou por ter às custas desta trilha. Hoje, dezasseis ou dezassete anos volvidos, apanhei "Standing Outside a Broken Phone Booth with Money in My Hand" novamente, por acaso, numa rádio local. Década e meia depois, a melhor homenagem que lhe posso fazer é dizer-lhe que é a única coisa da qual me lembro do filme que juntou Jim Carey e Matthew Broderick. E, só por causa dela, valerá a pena rever a comédia negra um dia destes.
sábado, janeiro 05, 2013
sexta-feira, janeiro 04, 2013
French Roast (2008)
Num luxuoso café parisiense, um homem de negócios apercebe-se que não tem a sua carteira consigo, não tendo assim forma de pagar um miserável café. Para não dar uma de pobre ou pedinte, vai tentando ganhar tempo até arranjar uma solução, pedindo cafés atrás de cafés. Com a conta a crescer, o horário de encerramento a aproximar-se e vários personagens a passarem pela sua mesa, da freira distraída ao vagabundo, do detective ao empregado de mesa, "French Roast", obra de Fabrice O. Jubert, ex-ilustrador da DreamWorks, nomeada em 2009 para o Óscar de Melhor Curta de Animação, oferece-nos, de forma simples, divertida e eficaz, uma lição de que nenhum livro deve ser julgado pela sua capa. Touché.
quinta-feira, janeiro 03, 2013
Tower Heist (2011)
Josh Kovacs (Ben Stiller) é o responsável pelo funcionamento e segurança de um dos mais bem habitados prédios da cosmopolita Nova Iorque. Na penthouse do edifíio, vive nada mais nada menos que Artur Shaw (Alan Alda), magnata de Wall Street com quem Kovacs tem uma relação de amizade de vários anos, satisfazendo-lhe todos os seus caprichos e confiando-lhe, inclusivamente, os fundos das reformas de toda a sua equipa à sua gestão financeira. Tudo perfeito até ao dia em que Shaw é acusado de roubar milhões de dólares aos seus clientes - entre eles, Kovacs e os seus subordinados - e é colocado em prisão domiciliária. Agora resta fazer justiça pelas próprias mãos e recuperar as reformas perdidas.
Realizado pelo competente Brett Ratner - a trilogia "Rush Hour" continua a ser o expoente máximo do seu currículo enquanto realizador -, "Tower Heist" é uma comédia de acção banal e insonsa, que desperdiça o potencial humorístico das suas variadas estrelas num guião escrito em cima do joelho, sem pés nem cabeça durante grande parte da segunda metade do filme. Stiller volta a demonstrar que não consegue equilibrar o seu lado cómico com um lado mais sério, parecendo estar sempre em luta com a sua personagem quando tal é pedido; já Murphy é reduzido a meia dúzia de cenas pouco inspiradas e apenas Pena, talvez o único assumidamente fora de água no género, consegue arrancar uma ou outra gargalhada com o seu ar confuso. Não é que "Alta Golpada" seja péssimo; simplesmente joga sempre pelo seguro, nunca arriscando, nunca exigindo muito do espectador. E isso, seja hoje, ontem ou amanhá, será sempre uma valente desilusão para quem gosta de rir com inteligência e não apenas do absurdo.
Realizado pelo competente Brett Ratner - a trilogia "Rush Hour" continua a ser o expoente máximo do seu currículo enquanto realizador -, "Tower Heist" é uma comédia de acção banal e insonsa, que desperdiça o potencial humorístico das suas variadas estrelas num guião escrito em cima do joelho, sem pés nem cabeça durante grande parte da segunda metade do filme. Stiller volta a demonstrar que não consegue equilibrar o seu lado cómico com um lado mais sério, parecendo estar sempre em luta com a sua personagem quando tal é pedido; já Murphy é reduzido a meia dúzia de cenas pouco inspiradas e apenas Pena, talvez o único assumidamente fora de água no género, consegue arrancar uma ou outra gargalhada com o seu ar confuso. Não é que "Alta Golpada" seja péssimo; simplesmente joga sempre pelo seguro, nunca arriscando, nunca exigindo muito do espectador. E isso, seja hoje, ontem ou amanhá, será sempre uma valente desilusão para quem gosta de rir com inteligência e não apenas do absurdo.
quarta-feira, janeiro 02, 2013
terça-feira, janeiro 01, 2013
A passagem de ano já não é o que era...
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