Los cronocrímenes (2007)

Aclamado pela crítica e pelo público, o filme que lançou o nome do espanhol Nacho Vigalondo para a mais respeitável roda dos apaixonados pelo sci-fi de todo o mundo revela-se uma série de acontecimentos e peripécias que, quanto mais se encaixam e começam a fazer sentido, menos astúcia e brilhantismo revelam. Há, sem dúvida, um mérito tremendo no modo como de forma tão apaixonada, simples e com baixo orçamento se monta toda uma teia de curtas viagens no tempo com consequências tão imprevisíveis quanto inevitáveis; mas, aos poucos e poucos, o misterioso torna-se expectável, o aparentemente aleatório afinal tem uma explicação mais simplista do que qualquer uma que as nossas altas expectativas tinham formulado e "Los cronocrímenes" acaba por cair algures naquela fina linha entre o genial e o vulgar, tornando-se repetitivo e entediante perto do fim. Não me levem a mal, mas não é qualquer Triângulo que me convence.

VHS Vault

"An organization called Vista Group recently uploaded dozens of VHS and cassette tapes from the 90s and early 2000s to the Internet Archive, and the content within is worth a retro-nostalgia trip back to a simpler, weirder, more wavy time. Vista Group uploaded nearly 200 in the last two months, most of which were uploaded on January 5—a rate noticeably higher than their usual 50-70 per month. They're being added to the VHS Vault, an Internet Archive collection of more than 17,500 VHS scans." [Vice]

Fé nisto!

210 Days: Around The World With Jessica Watson (2011)

Documentário que segue a odisseia marítima a solo de Jessica Watson, uma rapariga australiana de dezasseis anos que decide dar a volta ao mundo num pequeno veleiro. Parte desconhecida, regressa uma heroína nacional, numa viagem solitária de duzentos e dez dias, sem paragens intermédias, que acompanhamos através das gravações a bordo que a mesma fez nos períodos altos e baixos da sua aventura. Alguns sorrisos, infinitas lágrimas, numa história de superação humana em tão tenra idade que a tornou na mais jovem pessoa a navegar sozinha o nosso planeta. Impressionante.

Fight for Freeedooooooom!

Milla, sempre!

MacGyver: Trail to Doomsday (1994)

MacGyver, o verdadeiro e original - não o recém recriado pela CBS com tiques de pateta -, a resolver uma conspiração internacional em torno do assassinato de um dos seus melhores amigos. Bombas nucleares, MacGyver num descapotável vermelho (um belíssimo Shelby Cobra) nas ruas de Londres, brains over guns, horas de pesquisas em bibliotecas - Internet, o que foste tu fazer -, mortes inesperadas de suspeitos que afinal eram inocentes, uma noitada inconsciente - literalmente - com uma ex-agente da KGB para "baixar a febre" à Hollywood e nostalgia a rodos em cada fio de cabelo do único e incomparável Richard Dean Anderson. Que saudades desta época em que não haviam panos verdes nem computadores envolvidos numa descontraída conspiração de acção. "It was you all along"; que saudades quando tudo era assim tão simples.

Nas Nalgas do Mandarim - S07E02

Say my name

Booksmart (2019)

Estreia deveras impressionante de Olivia Wilde na realização, com uma comédia ousada em torno de duas adolescentes melhores amigas que decidem sair das suas rotinas de estudantes exemplares durante uma noite. Um coming of age bizarro, até surreal, repleto de momentos deliciosos de humor, de empatia, de fortes mensagens de identidade e inclusão, tudo sobre um manto feminista envolvente, ritmado, divertido e, porque não, apaixonante. Kaitlyn, Beanie e Olivia, já tinham o meu respeito, agora têm a minha atenção.

Bruno Aleixo & Sr. Joaquim @ VHS

The Horribly Slow Murderer with the Extremely Inefficient Weapon (2008)

Que maravilha. Dez minutos de puro deleite em torno de uma entidade demoníaca que não descansará enquanto não assassinar um homem aleatório com uma colher. De sobremesa. Um falso trailer para um filme que nunca existiu - reza a lenda que a vítima ainda não morreu dos ferimentos da colher, pelo que enquanto isso não acontecer, não haverá desenvolvimentos nesse sentido -, uma piada repetida vezes sem conta - and again, and again, and again, and again - mas que não cansa; não cansa porque Richard Gale muda constantemente de cenário, acrescenta pequenas reviravoltas no ataque e na defesa, terminando tudo num momento de esperança que rapidamente se desvanece. Original e hilariante, eis uma curta que não envelhece.

Run (fast)!

Nas Nalgas do Mandarim - S07E01

Army of Darkness (1992)

Apesar de ser provavelmente o capítulo mais acarinhado e popular da saga de Sam Raimi em torno de Ash, "Army of Darkness" não tem nem a consistência estrutural nem a piada do seu directo antecessor, "Evil Dead II". A abordagem cómica é tão forçada quanto reciclada e mesmo que Bruce Campbell esteja constantemente a superar-se no capítulo do humor físico, tudo o resto parece uma anedota, um sketch constante em torno de uma história outrora mais imaginativa e complexa. Há mérito, sem dúvida, nos visuais criados na maquilhagem e não num computador, no ritmo ainda assim simpático que o pauta. Mas este abordagem de paródia que pode ter excitado uma grande fatia, a mim deixou-me como naquela viagem a Phuket em que descobri bolas onde não era suposto. Brincadeirinha tem hora.

Fear can be a gift

Vai enganar tanta gente

Vicky and Sam (2010)

Galardoado nas categorias de melhor curta-metragem e melhor argumento original em 2010 no Caminhos do Cinema Português, "Vicky and Sam" é uma produção luso-americana de Nuno Rocha que em poucos minutos conquista a atenção do espectador através de uma premissa tão original quanto divertida. Uma paixão à primeira vista num videoclube que afinal não passa de um guião em desenvolvimento por três argumentistas; a procura por conflitos, por algo que apimente a história, leva a um twist inesperado: a ficção transforma-se em realidade no mesmo bar onde os três discutem ideias. Uma história de amor dentro de outra história de amor, uma aventura rápida que merecia mais tempo para vingar num infinito de possibilidades, quais marionetas da criatividade que não mereciam ser reféns do tempo.

Videojogos e Cinema

Hold My Symmetry

Matilda (1996)

Que fantástico é rever "Matilda" com os nossos filhos e perceber que a magia e o encanto de uma personagem irresistível continua bem viva, um quarto de século depois. Danny DeVito trabalha de forma soberba o filme do ponto de vista de uma criança, dos seus sonhos e dos seus receios, dos olhos inocentes de quem vê um mundo com tantas cores dividido entre o preto e o branco, a professora perfeita e a reitora terrível, a família detestável e as amiga queridas. Os elementos tradicionais de uma infância exponenciados por um conjunto de interpretações propositadamente exageradas, com destaque óbvio para a vilanesca Pam Ferris no papel da reitora Trunchbull, uma demonstração cinéfila de que quanto mais credível e detestável a vilã, mais nobre e apaixonante se torna a heroína. Humor tão astuto quanto subtil, coração quente e um final feliz. É simples, mas não é para todos.

Será que é desta?

Dyanne Thorne (1936-2020)

How to Get Away with Murder (S5/2018)

Ainda não foi desta que "Como Defender um Assassino" se espetou ao comprido. Sem trazer nada de novo ao formato de cada temporada - o crime violento que arranca uma série de acontecimentos entre flashbacks e casos de tribunal colaterais -, a fórmula continua a conseguir cativar o espectador graças a um elenco repleto de personagens multifacetadas, capazes de nos conquistar no bem e no mal, no certo e no errado, no esperado e no inesperado. E isso inclui os recém chegados Gabriel, Tegan e Emmett Crawford, cada um deles fundamental para criar incerteza nos arcos narrativos que os circundam. Resta saber até quando Viola Davis terá energia para aguentar tanta asneira.

Não é amor, é obsessão!

Kirk Douglas (1916-2020)

Happy Death Day (2017)

O conceito deixou de ser original há muito tempo - o dia que se repete sem conta - e nem a abordagem slasher/comédia negra salva uma série de repetições demasiado idiotas para não se tornarem entediantes, num universo gossip girliano onde morrer só se torna realmente um problema quando começa a dar cabo da saúde. Jessica Rothe não convence no papel principal, num filme para todas as idades e que, por isso, mesmo entre esfaqueamentos e mortes constantes, não mostra pinta de gore ou violência. Sem tensão nem imprevisibilidade, fica a questão: onde está o Bill Murray quando precisamos dele?

Jesse Eisenberg still being Jesse Eisenberg

Bojack Horseman: Para rir enquanto se chora