Uma fotografia. Efígie indestrutível da Guerra do Pacífico, o momento em que cinco soldados norte-americanos erguem a bandeira americana no monte Suribachi, na ilha japonesa de Iwo Jima. Para os homens que a ergueram, a bandeira era a mais fácil e vulgar tarefa no seio de um conflito sanguinolento. Mas para quem, na sua terra-mãe assistia a uma guerra que parecia perdida e sem fim, esta era um símbolo imediato de esperança e o renascimento dos heróis que tudo davam pela sua pátria. Era a reaparição do desejo forte e ardente de todas as mães: aquele que lhes confiava que um dia os seus filhos iam voltar, ou que, pelo menos não iriam morrer em vão.
“As Bandeiras dos Nossos Pais” é desolador, imoderadamente demonstrativo e durante vários períodos, fastidioso. Não existe – à excepção dos últimos quinze minutos – uma articulação equilibrada entre as histórias das três personagens, e passamos o filme todo a ser bombardeados com cenas desordenadas, numa estrutura narrativa tristemente mal montada, em que é dada especial proeminência ao aspecto crú do campo de batalha e não à faceta emocional do espectador.
O facto de “Flags of Our Fathers” ser esteticamente magistral não esconde o completo falhanço apelativo da obra. As personagens são inócuas e o principal culpado foi, na minha opinião, um desastroso processo de casting. Ryan Phillippe e Jesse Bradford não possuem qualquer estaleca para este tipo de papel e apenas Adam Beach nos faz, por alguns momentos, acreditar que existem realmente consequências funestas e profanas em participar numa guerra sangrenta.
Felizmente, e porque Clint Eastwood é, e sempre foi, mago em encerrar histórias muitas vezes banais em finais comoventes e imponentes, o último quarto de hora de “As Bandeiras dos Nossos Pais” é, ele mesmo, suficiente para travar a grave hemorragia que pronunciava uma morte lastimosa. Finalmente virado para o coração do espectador e não para a frieza da propaganda norte-americana, Clint acaba por conseguir criar uma leve esperança que “Letters from Iwo Jima” continue com o ritmo final de “Flags of Our Fathers” e seja o que este raramente foi: um bom filme.
7 comentários:
Concordo, é muito desequilibrado mas para mim ainda é um bom filme. Também espero que “Letters from Iwo Jima” seja melhor, acredito que sim.
Eu acho que é muito bom filme na parte final, mas não é o suficiente para equilibrar a desgraça entediante que foi todo o resto do filme. Um abraço Gonçalo!
É só criticas medianas em relação a este.. tenho-o programado para ver este fim de semana.
Abraço!
Eu não desgostei. Se dizem que o Letters é melhor, ainda bem!
Agora o que mais gostei apesar de tudo, foi o bombardeamento ao monte... Fogo-de-artifício!
Coutinho, um forte abraço!
Edgar, para mim esse fogo-de-artifício não vale de nada sem um argumento coerente e apelativo por trás. E a verdade é que não o teve. Um grande abraço.
flag of our father
é um filme magestral discordo de quem escreveu esse artigo o que falta ao telespectador e assistir o filme mais de uma vez ja que sua narrativa nao é linear o filme é lindo tem uma narrativa e uma ediçao complexa mas ta de nota dez
É essa a maravilha do cinema: a divergência de opiniões que uma mesma obra cria ;) Cumprimentos.
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