quarta-feira, março 31, 2021

Moonraker (1979)

Um vaivém espacial sequestrado em pleno voo de transporte às cavalitas de um 747. James Bond em queda livre sem paraquedas, depois de um engate que não correu bem a trinta mil pés de altitude. Jaws de volta, literalmente pronto para o circo. Cães esfomeados por uma Bond Girl, numa das cenas mais sórdidas da saga. Caixões com armadilhas, gôndolas com motor que transformam-se em hoverboards, perseguições náuticas nos canais de Veneza, humor slapstick uma mão-cheia de cenas, com sonoplastia a acompanhar. A Dra. BoaCabeça, porque é cientista da NASA - ou agente da CIA, talvez. Uma viagem de Concorde para o Rio de Janeiro, terra de samba, Carnaval e mulheres bonitas. O Jaws a parar as roldanas de um teleférico com as mãos e a cortar os cabos de aço com os dentes. O Jaws apaixonado pela Pipi das meias - ou mamas - altas. James Bond, o rei do gado, qual António Fagundes meets Clint Eastwood. Barcos com mísseis e asas-delta nas Cataratas do Iguaçu. Um oásis de mulheres deslumbrantes no meio da selva. Só podia ser armadilha, claro. Uma anaconda e uns guardas com capacetes de boxe amarelos. Um crematório privado nas fundações de um lançamento espacial. James Bond no espaço, rói-te de inveja Toretto. Michael Lonsdale, sem cabelo nem barba grisalha, com um plano para acabar com a vida humana na Terra. Astronautas e cientistas numa batalha de lasers em espaço aberto. Jaws finalmente no lado dos bons, prova de que uma grande paixão pode amolecer o mais metálico dos corações. A essência está toda cá, não percebo tanto ódio.

terça-feira, março 30, 2021

Nalgas Flash Review: Boy

segunda-feira, março 29, 2021

The Hot Spot (1990)

Uma espécie de neo-noir com uma forte componente erótica que remete praticamente para segundo plano quase todos os ganchos em torno da chantagem, do assalto a um banco e de um homicídio que Dennis Hopper parece obrigado a enfiar na narrativa quando tudo o que queria era explorar os seus sonhos mais perversos. Virginia Madsen em modo mega femme fatale com um par de cenas de sexo, seja de pistola em punho ou facalhão enfiado numa melancia, capazes de fazer o Papa trepar paredes, Don Johnson ainda mais cool que em "Miami Vice" e a Jennifer Connelly, bem, não tenho palavras para uma mulher que parece condenada para a eternidade a ser perfeita. Tudo muito bonito isolado, uma confusão tremenda nas mãos de Hopper: ritmo irregular, duração desnecessária e a Jennifer Connelly como veio ao mundo a apanhar sol. Certamente que esta última parte deve chegar para vos convencer.

domingo, março 28, 2021

Ted Lasso (S1/2020)

Um treinador de futebol americano universitário é contratado para treinar uma equipa que luta pela manutenção na Premier League inglesa. Sim, de futebol a sério, não aquele em que eles usam as mãos e capacetes. Objectivo? A ex-mulher do antigo patrão do clube decide vingar-se da traição de que foi alvo e, tendo herdado o clube no divórcio, nada melhor que levá-lo à miséria. Só que afinal Ted Lasso, não sabendo sequer o que é um fora-de-jogo, tem algo muito mais importante dentro dele que, aos poucos, vai conquistar o balneário: preocupa-se com as pessoas e não com os resultados. Série fabulosa de Zach Braff ("Garden State") para a Apple TV+, com um coração enorme, charme irresistível e humor tão natural quanto eficaz. Mais de uma dezena de personagens com identidade vincada e uma palavra a dizer - do director de futebol que sempre foi um pau mandado, ao ponta-de-lança arrogante com a mania que é estrela, sem esquecer o velho capitão que não aceita que a PDI está a enfraquecê-lo, o roupeiro envergonhado, o lateral nigeriano com saudades de casa ou o avançado mexicano apaixonado pela vida, entre tantos outros -, tudo em "Ted Lasso" funciona de forma terna e interligada. Mérito de Braff verdade, mas também de Jason Sudeikis, absolutamente intratável na pele do homem que sabe que não há problema nenhum em ser vulnerável e acreditar que a bondade é o valor mais importante que um homem pode ter.

sábado, março 27, 2021

Cleveland Abduction (2015)

Telefilme de um canal norte-americano de cabo que transporta de forma muito crua e, consequentemente, cruel a história de três raparigas raptadas e mantidas em cativeiro durante anos a fio. Baseado no livro de memórias de Michelle Knight - a mais antiga das vitímas, que passou cerca de onze anos acorrentada num quarto a ser alvo de todo o tipo de abusos sexuais -, o choque e o desconforto tomam dianteira a uma narrativa que não se preocupa, provavelmente por respeito à dor das envolvidas e dos familiares, a criar qualquer tipo de suspanse ou mistério em torno dos acontecimentos. Fiel que nem um documentário, falta-lhe cinema, intriga e vingança mas não lhe falta sofrimento. Para desanuviar, nada como dar uma vista de olhos no YouTube à entrevista feita no próprio dia ao vizinho que descobriu e salvou as raparigas: "Percebi que algo muito errado se passava ali quando vi uma rapariga branca a correr para os braços de um homem negro como eu".

sexta-feira, março 26, 2021

Nalgas Flash Review: Roger Dodger

quinta-feira, março 25, 2021

Imagine Me & You (2005)

Piper Perabo com sotaque britânico porque todos sabemos que não existem actrizes suficientes no Reino Unido. A Cersei, perdão, Lena Headey, com o mesmo carisma e vontade de interpretar uma personagem lésbica da Marine Le Pen. Um cacto de forma fálica como melhor piada de uma "comédia" romântica. Muito pouco tempo de ecrã dos pais da noiva, de longe as personagens mais interessantes e divertidas da narrativa, os únicos com química e timing para fazer sorrir. Enfim, faço fretes pelo Nalgas Film Club que não faria pela minha própria mulher.

quarta-feira, março 24, 2021

The Incredibles (2004)

Se eu disser que este "clássico" de Brad Bird ("The Iron Giant") é ainda o melhor filme de super-heróis depois de quase duas décadas de contentores de efeitos especiais da Marvel e da DC, alguém fica chateado comigo? Vilão divertido, com motivações credíveis e um plano estruturado. Dinâmicas familiares, traumas de adolescência, discussões entre marido e mulher e reviravolta final com alma, piada e engenho. Alegra miúdos, entretém graúdos e resiste a inúmeros revisionamentos. E nem foi preciso aquele arco narrativo que a Pixar tanto gosta que deixa qualquer coração bem apertadinho.

terça-feira, março 23, 2021

Colossal (2016)

Ideia e conceito refrescante e um realizador fora-da-caixa como Nacho Vigalondo, responsável pelo aclamado "Los cronocrímenes" ou pela simpática comédia romântica com toque sci-fi "Extraterrestrial". Tinha tudo para funcionar, mas a verdade é que "Colossal" perde todo o seu encanto quando passa do primeiro acto para o segundo, perdendo-se num drama semi-pateta entre amigos de infância, com casting ineficaz - nem Jason Sudeikis nem Dan Stevens convencem nas suas personagens, parecendo até estarem trocados nos papéis - e uma angustiante falta de ambição que confina um oceano de oportunidades a uma espécie de moralismo bacoco sobre relações tóxicas. Faltou ambição e coragem para arriscar saltar o abismo, nadar contra a corrente para chegar à fonte. Pena.

segunda-feira, março 22, 2021

Double Impact @ VHS Podcast

domingo, março 21, 2021

Mortal Kombat: Annihilation (1997)

Narração medonha a arrancar de um tipo que não seria contratado nem para uma rádio amadora na margem sul. Ah, claro, tinha que ser o novo Rayden, que não só perdeu o Lambert, como o chapéu e toda a (já pouca) piada que tinha. Sonya com direito a uma (nova) actriz, o que por si só já seria um upgrade, mesmo sem o bónus do top branco justinho o tempo todo, ora com soutien, ora sem. Talisa Soto (Kitana) tão esplendorosa como novamente insignificante para a narrativa, desta vez enfiada o tempo todo numa jaula. Johnny Cage morto e Subzero do lado dos bons; só aqui mais reviravoltas que o primeiro filme inteiro. Jax comediante, coreografias de luta superiores e finalmente alguém a abordar problemas reais neste tipo de cenários: como é que um gajo vai cagar e o que usa como papel higiénico quando está numa paisagem rochosa desértica? Obrigado Jax, mal por mal esta sequela ao menos é orgulhosamente pateta.

sábado, março 20, 2021

Red Dot (2021)

Thriller sueco da Netflix amorfo até ao último acto, altura em que finalmente transforma-se numa história de vingança com contornos moralmente ambíguos que atiram todas as personagens envolvidas na trama para um limbo entre vítimas e vilões, entre o compreensível e o desumano. Atmosfera e cinematografia de mãos dadas no frio, várias decisões de fuga e protecção frustrantes para o espectador - teria sido tão fácil a certa altura acabar com o assunto, fosse dando melhor uso ao telefone ou aproveitando a mota de neve do primeiro socorrista - mas, e este é um bom mas, um final corajoso, mesmo que semi-previsível, que acaba por compensar a experiência. Uma lição para mais tarde recordar: um felácio enquanto conduzem, por mais tentador que seja, pode revirar-vos a vida do avesso.

sexta-feira, março 19, 2021

The Avengers (1998)

Logo a arrancar os créditos iniciais mais horríveis da história do cinema, quais tempestades eléctricas coloridas sem qualquer propósito que não causar um choque epiléptico a alguém mais fotossensível. Uma espécie de MI6 para atrasados mentais. Mensagens secretas entregas por estafetas a dizer: "por favor atenda o telefone de casa". Porque se a Uma Thurman de sotaque british não tivesse recebido a mensagem, não atendia, estava ocupadíssima a olhar pela janela. O Sean Connery como vilão meteorológico com bigode mexicano, ainda assim com mais charme e sedução num simples sorriso maroto que o Ralph Fiennes todo esforçado de smoking e cartola. Diálogos de merda em torno de crisálidas e rosas. O Sean Connery vestido de urso de peluche, numa reunião de vilões vestidos como ursos de peluche. Nem sequer estou a brincar, o Austin Powers roeu-se de inveja de não se ter lembrado disto. Uma clone da Uma Thurman, vestida de urso de peluche, claro está. Drones em forma de abelhas gigantes, o Eddie Izzard proibido de abrir a boca para que a sua personagem não seja ainda mais ridícula e olhem, rebenta a bolha, porra, que isto está a fazer com que o "Highlander 2" pareça um filme mais credível com escudos meteorológicos. Nem vos vou dizer o que há mais em comum entre estes dois filmes, que o homem começa a dar voltas no caixão.

quinta-feira, março 18, 2021

Nalgas Flash Review: Extra Ordinary

quarta-feira, março 17, 2021

Highlander III: The Sorcerer (1994)

Mario Van Peebles de brinco no nariz - e nos mamilos, como descobriremos mais tarde quando vai às prostitutas e come, literalmente, um preservativo - montado num cavalo, a falar inglês de voz grossa mas japonês com voz fina. É preciso talento, não é para qualquer um. Um novo Ramirez, desta vez asiático, que com tantos séculos de vida ainda não aprendeu a representar. MacLeod, uma vez mais, a aprender a lutar no passado, num continente diferente. Presente: o escocês de cabelo curto, em modo padrasto num deserto qualquer marroquino. Relâmpagos em céu limpo, sinal que tem que voltar a Nova Iorque - sim, porque o mundo é pequeno e todos sabemos que os imortais acabam lá mais cedo ou mais tarde. Pancadaria num guetto, é baleado e, naturalmente, acaba num hospital psiquiátrico. Uma gaja imortal, esta agora ninguém estava à espera. Ainda por cima a Deborah Kara Unger, fresca e fofa, ora loira ora ruiva, pré-pauzão ao James Spader e ao Michael Douglas. MacLeod a treinar nas montanhas, nos lagos e na praia, só faltou o "Eye of the Tiger". Por falar nisso, banda-sonora dos Queen já era, agora só música celta mas com uma espécie de Maria Leal em vez da Enya. O bonito matagal da Kara Unger, afinal nem loiro nem ruivo, bem moreno. Meia estrela logo aqui. Mais meia estrela pelo rabo e outra pelos mamilos. Filho adoptado raptado pelo Van Peebles, que consegue transformar-se em MacLeod graças a poderes mágicos adquiridos através da decapitação do tal Ramirez asiático. Caldo entornado, vamos ter um duelo MacLeod verdadeiro contra MacLeod falso. Ou não, ia custar dinheiro e dar uma trabalheira descomunal, mais vale voltar à forma original. Está feito, pelo menos neste não houve nenhum escudo planetário contra o sol.

terça-feira, março 16, 2021

Mortal Kombat (1995)

Ena, que isto envelheceu mal. Mais uma bonita memória de infância - o primeiro filme para graúdos que vi numa sala de cinema - arrasada por um revisionamento um quarto de século mais tarde. CGI completamente datado, torneio sem bases nem ordem narrativa que permita crescer a expectativa e o interesse no espectador, zero "fatalities" que nos deixem angustiados - só morrem os mauzões, não fosse a malta do bem fazer falta para as sequelas -, o Lambert com voz rouca só nas primeiras cenas, uma banda-sonora e uma theme song imortal, o Cary-Hiroyuki Tagawa a dar cartas como Shang Tsung, a belíssima Talisa Soto unicamente a passear pelo set como Princesa Kitana, o campeão Goro despachado de forma demasiado fácil e banal pelo Johnny Cage e... uma sequela que não se vai rever sozinha. Já volto, se sobreviver.

segunda-feira, março 15, 2021

Monster Hunter (2020)

Oh Milla, mil e uma noites de amor com você, na praia, no futuro, num deserto repleto de zombies. Numa realidade paralela, em mares de areia, altos monstros, lá em Hollywood o teu marido mete tudo a rolar. Vendo aranhiços saltando, vendo os diablos a passar, eu e você, no mundo novo, no mundo novo. Era bastante óbvio que mais cedo ou mais tarde teria que usar a música do Netinho num filme da Milla Jovovich. Cenários credíveis no meio da Namíbia, Milla como peixe na água nestas adaptações de videojogos do Paul Anderson com menos talento mas melhor sexo quando o dia acaba, o Tony Jaa tão feliz com velcro como a distribuir porrada da grossa no "Ong-Bak" - as artes marciais não o deixam envelhecer - e um final completamente em aberto com o Ron Perlman, uma ratazana gigante e uma jeitosa asiática a suplicar a todos os mercados por uma sequela. Por mim...

domingo, março 14, 2021

Nalgas Flash Review: Monster Hunter

sábado, março 13, 2021

Over the Top (1987)

Como diria o Manuel Serrão, digam-me um. Vá, digam-me um único filme sobre lutadores de braço de ferro melhor do que este. Ou uma transformação mais convincente em super guerreiro ao virar a pala do boné para trás. Não conseguem, eu sei. Menahem Golan a divertir-se na cadeira de realizador - tão melhor que isto teria sido se Stallone tivesse sido incluído na escrita do guião ou mesmo na realização -, baladas soft rock cena sim cena não para ficar tudo muito mais cool, o puto mais nariz empinado de sempre a moldar-se ao pai camionista sem precisar de levar uns valentes tabefes e um misto de testosterona e coração sem necessidade de um único vilão de acção, pancadaria, tiros e explosões. Só não percebo a razão pela qual este "puto" que caiu no esquecimento da indústria ainda não foi ao podcast VHS falar sobre este "O Lutador".

sexta-feira, março 12, 2021

Memories of Murder (2003)

Expectativas defraudadas, naquele que foi o segundo filme da carreira de Bong Joon-Ho, uma espécie de "Zodiac" sul-coreano em torno de uma série de assassinatos nos anos oitenta que levou as forças policiais do país ao total descrédito por parte da opinião pública. Uma espiral obsessiva que perde eficácia e impacto ao brincar constantemente com o tom da narrativa, ora com as suas personagens numa esfera quase de paródia para retratar a sua própria incompetência, ora numa gama dramática e obscura de violência e loucura. Não me entendam mal: está aqui um filme muito interessante, magistralmente realizado numa perspectiva técnica e interpretado com competência pelo seu vasto elenco de polícias e suspeitos. Mas a palhaçada - os pontapés voadores um bom exemplo - corta constantemente o feeling angustiante, aquela sensação de paranóia que toma conta dos envolvidos, deixando a clara sensação de que o resultado final seria muito mais polido e capaz se a experiência tivesse sido mais noir e imersiva. Como curiosidade, o caso foi finalmente resolvido em 2019 - mesmo já tendo prescrito -, quando exames de ADN a um violador preso e condenado desde 1994 revelaram ter sido ele o serial killer que ninguém conseguiu apanhar na época.

quinta-feira, março 11, 2021

Pound of Flesh (2015)

Van Damme de óculos de leitura, especialista em raptos e resgates, acaba de aterrar na China. Van Damme nu numa banheira cheia de gelo, sem saber como foi lá parar. Uma fodinha por um rim, raios partam as hormonas masculinas. Van Damme em modo furioso, ameaça espancar tudo o que lhe apareça à frente com a biblia, naquele que todos sabemos é o melhor uso que se pode dar a um calhamaço daqueles. Perdão, o Van Damme não faz ameaças, faz promessas. Discoteca inteira varrida pela palavra do Senhor e pelos pontapés do senhor. Sem sequer tirar os óculos. Espargata com o pé no retrovisor. A sobrinha a precisar de um rim. Clubes de combate ilegais. Afinal não é sobrinha, é filha. Malandro. O rim desaparecido encontrado num miúdo. Que grande gaita.

quarta-feira, março 10, 2021

Nas Nalgas do Mandarim - S08E04

terça-feira, março 09, 2021

Lady Terminator (1989)

"First she mates... then she terminates". Uma Deusa do Mar do Sul que não faz a depilação nos sovacos. Enguias mágicas que saiem e entram por esse sítio que estão a pensar, de modo a possuir a próxima vítima com o espírito e a malvadez de tal figura mítica. Cinco minutos a olhar para ondas enquanto passam os créditos iniciais. Cuecas que aparecem e desaparecem conforme o plano. O mesmo com armas automáticas de todas as formas e feitios. Militares com capacetes de motas, velocidade da fita aumentada para parecer que os carros iam prego a fundo, olhos com raios laser que destroem helicópteros e um quarteto de polícias estarolas que, depois de tentarem bazucas, explosões e rajadas de tiros, acharam que a nossa vilã ia mesmo morrer era com uma marretada na cabeça. Dobragem que cobre quase todas as vezes que as personagens mexem a boca e um ou outro som ambiente. "Come with me if you wanna live" neste cinema indonésio, porque "i've heard of the ultimate blowjob... but this is too much". Tão trash e irresistível quanto se esperava, não se percebe porque é que esta Barbara Ann Contable nunca mais fez nada num planeta que já viu a Rita Blanco em vários filmes. Terá sido por ter passado vários dias no hospital a recuperar de lesões causadas por vidros nas filmagens? Puff, Terminator que é Lady não desistia por tão pouco.

segunda-feira, março 08, 2021

Crime Scene: The Vanishing at the Cecil Hotel (S1/2021)

O hotel que inspirou a quinta temporada de "American Horror Story" como pano de fundo a uma morte misteriosa. A última gravação com vida da jovem canadiana, num dos elevadores do hotel, com contornos arrepiantes. As semelhanças brutais com o filme de terror "Dark Water". Os "detectives da internet" a questionar toda a investigação, adicionado novos dados, hipóteses e conspirações ao enredo. A resolução, afinal, tão simples e banal. A Netflix a brincar aos crimes como é habitual, esticando o mistério para quatro episódios de uma hora, guardando os factos decisivos que acontecem bem cedo para o fim, manipulando toda a linha de acontecimentos a seu belo proveito. Uma tampa fechada, como é que era possível? Três episódios disto. Ah, afinal estava aberta, o tipo da manutenção do hotel que andámos a entrevistar desde o primeiro episódio contou-nos, mas decidimos guardar isso para os últimos dez minutos do season finale.

domingo, março 07, 2021

Malapata (2017)

Um discurso em torno do momento em que o Marco Horácio deixou de acreditar no Pai Natal como gamechanger dramático e emocional. Como se o cabelo - ou a falta dele - do Marco Horácio num descapotável e a barba do Rui Unas não fossem suficientes para uma malapata, ficam com um bilhete premiado do totoloto que não é deles. A Floribela, fodasse, a Floribela como paixoneta do Marco Horácio. O Manuel Marques como rebocador, finalmente um ponto positivo; porque o mundo do reboquismo é muito bonito, até fazem concentrações. Oh carapau, a Ana Malhoa agora como vilã? Ninguém disse no casting que era preciso saber representar, a culpa não é dela. Retiro o que disse da Floribela, parece a Meryl Streep ao lado da Ana Malhoa. Os polícias, que deviam ser mesmo polícias, porque fizeram a Ana Malhoa parecer a Floribela, que por sua vez, já vos disse, até parecia a Meryl Streep. Uma espécie de teoria dos seis graus de separação do Kevin Bacon, mas à portuguesa. Estão a brincar comigo... o Luís de Matos também? Quem é que vem de seguida? O Zézé Camarinha, aproveitando o facto disto ter sido filmado no Algarve? Diogo Morgado, um realizador tão fenomenal e experiente que nem precisa de actores para fazer um filme. Uma velhota de gorro na cabeça que só sabe dizer a palavra "brutal"; deve ser a mãe/avó de alguém, casting zero. O Unas a falar com o pénis. Uma mão cheia de minutos com o Unas e o Horácio vestidos de mulher a cantar karaoke, porque sim. Twist completamente inesperado no final, qual Shyamalan tuga o Diogo Morgado, a salvar a face quando já ninguém esperava. Post Scriptum: Unas a confessar durante os créditos finais que não precisou de fazer casting porque era amigo do Diogo Morgado. Quem diria.

sábado, março 06, 2021

O filme que indignou Portugal

sexta-feira, março 05, 2021

Linhas Tortas (2019)

Discute-se à mesa de jantar qual a relevância do sentido de humor se não houver ninguém que o reconheça, a importância da pornografia e a realidade que apenas se forma na memória (Proust). Segue-se uma paixão proibida via Twitter ao mesmo tempo que um cartaz d'O Meu Tio de Tati na parede serve de prenúncio ao destino impossível de resistir de um homem de meia-idade, organizado e aborrecido, que está prestes a ver sua vida e as suas rotinas viradas do avesso por uma jovem rapariga repleta de sonhos e fantasias. Todos esses anseios e inseguranças na comunicação não verbal de Joana Ribeiro, uma actriz muito maior do que as fronteiras que a limitam neste país à beira-mar plantado. Um acidente inesperado, o duvidoso conceito de sorte, uma reviravolta quase trágico-cómica não fossem as consequências devastadoras em António, o homem que procurava um novo sentido para a vida. Vida essa, ora apaixonante ora cruel, que lhe ensinou que o seu sentido está nos ponteiros do relógio e que, entre vinganças e linhas tortas, há apenas que aproveitá-la nos momentos bons.

quinta-feira, março 04, 2021

Shuffle (2011)

Um tipo sem talento absolutamente nenhum decidiu pegar numa ideia fantástica - um fotógrafo que acorda todos os dias num ano e num dia diferente da sua vida, seja com dez anos ou com noventa -, chamar o elenco todo secundário da série "Bones" e fazer um telefilme da SIC Mulher sem chama, sem complexidade nenhuma - quando não sabe explicar bem alguma incongruência, o protagonista diz simplesmente que não percebe o que se passa - e com uma estética tão amadora que nem o baixo orçamento consegue servir de desculpa. Uma espécie de "Conto de Natal" de Dickens que esquece o seu lado sci-fi ao fim de meia-hora, matando todo o feeling e mistério com banalidades românticas e familiares que acabaram por me deixar mais desiludido com a morte do cão do que propriamente com a da namorada.

quarta-feira, março 03, 2021

The Commuter (2018)

Reza a lenda na Catalunha que um dia o Tony Scott e o Renny Harlin passaram de mãos dadas as grades de protecção das obras na Sagrada Família. Entraram no monumento de Gaudi e, por magia, debaixo daqueles tectos hipnóticos, transformaram-se num só homem: Jaume Collet-Serra. Melhor viagem do casal Serra/Neeson, que descarrila - literalmente e figurativamente - apenas bem perto do fim com uma série de decisões narrativas inconsistentes e falta de noção no capítulo do espectáculo visual. Fora isso, thriller mais do que competente, filmado com mestria num espaço confinado - a forma como a câmera segue os protagonistas e ultrapassa barreiras - e com uma sequência inicial de fazer inveja a muito realizador artsy fancy. "Wall Street, on behalf of the American middle class, go fuck yourself" e o Sam Neill com uma bela barba. Por mim está comprado.

terça-feira, março 02, 2021

The Last Days of Disco (1998)

Vibe irresistível, um par de diálogos com pinta e conteúdo suficiente para reflexão posterior - com especial destaque para o que analisa o enredo e as personagens de um clássico da Disney - e, claro, uma banda-sonora cativante que homenageia de forma eficaz uma era. De resto, uma mão-cheia de personagens sem carisma nem charme - salve-se com boa vontade Chloë Sevigny -, a debitar ideias e pensamentos fúteis em piloto automático, sem qualquer consistência, numa narrativa sem estrutura que não sabe sequer construir momentum para os poucos eventos que poderiam resultar num choque entre a teoria e a prática, entre os hábitos e as necessidades do grupo de jovens adultos. Não percebo nem o hype (Criterion) nem a vontade que me deu de dar duas bofetadas na Kate Beckinsale de sotaque e feitiosinho norte-americano. Não era suposto.

segunda-feira, março 01, 2021

Mad Max 2 (1981)

Uma sequela fantástica que não só superou o seu antecessor como criou todo um sub-género através da coragem com que abraçou de forma palpável - nem uma gota de CGI - todas as suas ideias insolentes e audazes. Duplos e mais duplos num motim complexo de patifes motorizados ultraviolentos, onde a gasolina é o bem supremo, numa obra seminal de ficção-científica sem medo de sujar as mãos nem necessidade de abrandar o ritmo para conceder profundidade às suas personagens. Uma sociedade desesperada, um ambiente desolador, um anti-herói filmado de forma tão criativa e pessoal que nos sentimos bem perto dele, no meio da acção. Deus no céu - seguido bem de perto do Capitão Gyro -, George Miller no deserto árido, Max num camião cisterna.