segunda-feira, janeiro 31, 2022

Identity

domingo, janeiro 30, 2022

King Richard (2021)

"King Richard" tem sido apontado por muitos como um biopic meramente formatado para as estatuetas, com os ingredientes todos para não falhar - a mensagem que enche o coração e todas as barreiras raciais e adversidades sociais que são ultrapassadas rumo à glória - mas que raramente ousa sair da sua zona de conforto, da imagem quase pura e benfeitora de Richard Williams, reforçada pelo título escolhido para a obra. Conseguindo concordar com essa perspectiva, principalmente no que toca à forma como o lado lunar de Richard Williams é ignorado ou amaciado - uma pesquisa rápida na internet conta-nos uma série de histórias e traições que não são aqui abordadas -, algo natural se tivermos em conta que as próprias filhas assumiram a produção do filme e que muitos desses episódios aconteceram depois desta fase juvenil das irmãs Williams que é aqui retratada. Ainda assim, muito mérito na forma extremamente laboriosa e competente como Reinaldo Marcus Green monta todo o percurso, filma o desporto e consegue transformar uma odisseia de duas horas e meia numa experiência compacta e ritmada, em que duas jovens actrizes e Aunjanue Ellis (mãe) brilham, na minha opinião, ainda mais que Will Smith. Aliás, se olharmos para toda a história de vida daquela família e pela forma quase hipócrita como evita o conflito e a descredibilização da figura paternal, não se percebe o porquê do filme não ter sido intitulado "Queen Oracene" e focar-se antes na perspectiva maternal do trajecto de Venus (e Serena) até ao estrelato. E porra, Will Smith, nem umas aulinhas de ténis para preparar a personagem?

sábado, janeiro 29, 2022

After Kogonada

sexta-feira, janeiro 28, 2022

Forced Vengeance (1982)

Regra número um do cinema de acção: nunca amarrotar o chapéu preferido do Chuck Norris, ainda para mais em Hong Kong, uma selva dura e perigosa, uma chapada na cara que nos faz sentir bem, uma selva de jade e néon que vive segundo uma só lei: fazer dinheiro rápido. Estou a citar a personagem de Norris, cobrador penteadinho de um agiota dono de um casino, motorista, conselheiro, guarda-costas e narrador espirituoso. Um Norris que brinca com bonecas da Miss Piggy, que tem cicatrizes de uma forquilha nas nádegas e que vive num barco com a belíssima Mary Louise Weller, uma actriz que infelizmente desapareceu do radar nos meados dos anos oitenta. Bom arranque com o triângulo relacional entre Norris e o pai/filho donos do Lucky Dragon, que rapidamente se esvai com a morte precoce destes. Depois é um "whodunnit" conspiracional com polegares tramados em zonas específicas dos braços, mulheres a levar estaladas, bordéis, sanitas a serem usadas como armas de arremesso, conversas de amigos a gabarem-se de andarem com miúdas de dezassete anos e um vilão igualzinho ao Rocha do "Duarte e Companhia". Que não é o vilão master, porque esse descobrimos mais tarde que é um velhote numa cadeira de rodas que gosta de ver desenhos animados na TV. Como não amar os anos oitenta.

quinta-feira, janeiro 27, 2022

Michael Mann's Time

quarta-feira, janeiro 26, 2022

Free Guy (2021)

Há quem defenda que é uma espécie de "The Truman Show" para a geração dos Fortnites e afins. Não creio que mereça um elogio tão forte na comparação que é feita com um clássico que desafiou vários conceitos e ideias e que equilibrou quase na perfeição humor com drama, mas percebe-se a intenção derivada do formato que molda a acção. Podemos até ir buscar tanta coisa ao "They Live" ou mesmo a qualquer outro filme recente de Ryan Reynolds com o seu humor Deadpooliano. Que era porreiro quando era novidade, mas que já começa a tornar-se pateta, enjoativo e previsível. Ainda assim, no meio do festim visual de CGI que convence - até porque, na verdade, trata-se mesmo da vida dentro de um jogo de computador - e das várias sub-ideias criativas, este "GTA" cinéfilo com o Taika Waititi a destruir servidores à Jack Torrance cumpre com aquilo a que se comprometeu e diverte q.b. Falta-lhe o charme e o coração do "Ready Player One", por exemplo, mas não é Spielberg quem quer. Muito menos o Shawn Levy.

terça-feira, janeiro 25, 2022

Netflix Leatherface Massacre

segunda-feira, janeiro 24, 2022

Enron: The Smartest Guys in the Room (2005)

Se a malta que está a pensar votar na Iniciativa Liberal visse este documentário sobre como uma série de chicos-espertos aproveitou a desregulamentação dos mercados para fazer centenas de milhões de dólares à custa de necessidades e bens essenciais às populações, provocando, por exemplo, blackouts propositados de energia durante várias horas do dia para, desta forma, justificar o aumento do preço da electricidade que a sua empresa - Enrom - fornecia a toda a Califórnia, provavelmente a IL acabaria sem um único deputado na Assembleia. Acabou como sempre acaba em todo o lado, com o governo a ter que intervir para resolver o assunto e verificar o que se passava - declarou estado de emergência na Califórnia para ter acesso às centrais e ordenou investigações à "estranha" contabilidade da empresa -, e com a inevitável bancarrota daquela que já tinha sido uma das dez empresas mais lucrativas dos EUA, trinta mil trabalhadores desempregados e milhares de pequenos accionistas com as poupanças de uma vida queimadas. Os tubarões venderam tudo a tempo e horas, demitiram-se antes da queda e hoje, depois de meia dúzia de anos na prisão por crimes fiscais e corrupção, estão certamente a gozar a reforma "escondida". Sim, já sei que corruptos e chico-espertos há em todo o lado, seja qual for o sistema em vigor. Sim, até me dava jeito a taxa única de IRS a 15%, que desconto quase 50%. Não se chateiem comigo, betinhos liberais. Fugindo ao tema e numa análise mais técnica ao documentário do hoje conceituado Alex Gibney, imagens de arquivo, entrevistas a figuras secundárias e pouca ou nenhuma criatividade na forma de contar a história. Fica a curiosidade da tentativa de streaming da Blockbuster, demasiado cedo e sem recursos - banda larga - para ter sucesso.

domingo, janeiro 23, 2022

sábado, janeiro 22, 2022

Dexter: New Blood (S1/2021)

Regresso feliz de uma série que tinha perdido o brilho nas últimas duas temporadas de vida na Flórida. Nove episódios de alto calibre, perto do melhor que a Showtime já nos tinha oferecido com esta personagem, com novas dinâmicas relacionais, familiares e sociais aliadas a toda uma nova envolvente e uma nova identidade. Foguetes lançados demasiado cedo, calma. Quase tudo estragado com um episódio final - o décimo - escrito em cima do joelho, sem talento nem audácia para fazer um build-up sentimental, lógico e credível para o momento chave que encerra a temporada. Nada contra o "propósito" de fecho definitivo de um ciclo, mas o impacto desse mortal encarpado inesperado não chega para disfarçar tal desleixo na forma como quase todas as personagens saltam para o trampolim no último episódio. Batista, que vinha a caminho, fica esquecido no mapa, Harrison muda radicalmente o sentido da agulha na sua bússola emocional e, pior que tudo, Dexter perde o norte com um assassinato desnecessário e de justificação risível. Ficam as memórias de uma personagem icónica da história da televisão e Clancy Brown, mais um vilão bem conseguido e trabalhado na longa lista de psicopatas que Dexter enfrentou. Agora deixem lá o miúdo em paz e não inventem nenhum spinoff.

sexta-feira, janeiro 21, 2022

A Shot Worth a 1000 Words: Promised Land

quinta-feira, janeiro 20, 2022

The Pink Panther (2006)

Nem sei por onde começar. Jason Statham, seleccionador nacional francês de futebol e namorado da Beyonce, assassinado com um dardo no pescoço no final de um jogo contra a China. Anos e anos a levar pancada da grossa para nada. Clive Owen como agente secreto 006. A Emily Mortimer como secretária tontinha. O Jean Reno como polícia que confunde a manobra de Heimlich com uma canzanada. O Kevin Kline como chefe da polícia malvado. E o Steve Martin a desrespeitar completamente a memória de Peter Sellers, destruindo uma personagem cujo humor nem sempre subtil mas quase sempre inteligente deu lugar a peidos em estúdios de som e uma série de parvoíces tão parvas e infantis que transformam tudo em seu redor numa parvalheira pegada, bem longe da classe do original de Blake Edwards.

quarta-feira, janeiro 19, 2022

Matrix Resurrections @ Sala Azul

terça-feira, janeiro 18, 2022

Top Dog (1995)

Chuck Norris com uns boxers com corações. Chuck Norris com um testículo a querer fugir de outros boxers largueirões quando se levanta. Chuck Norris como filho perfeito da mamã velhota que sabe a data de aniversário do Hitler. Chuck Norris a aviar neonazis, palhaços e drogados com rotativos, já que os outros polícias a única coisa que fazem é mascar pastilha elástica de boca aberta. Chuck Norris a falar com um cão, que por sua vez não perde um episódio do "Cops". Chuck Norris com a bandeira de Portugal ao fundo enquanto um puto atravessa a cidade inteira de bicicleta para chegar a tempo da cena final num jardim completamente aleatório. O Chuck Norris a perguntar ao chefe porque raio tem que trabalhar com um cão quando também não aceita trabalhar com uma mulher - ou um homem, para ser honesto. Que saudades desta sensibilidade dos anos noventa. Top Dog? Top Norris. O Miguel Ferreira diz que foi um duplo, mas ninguém no seu perfeito juízo acredita que o homem que usa o livro do Guinness como diário alguma vez tenha precisado de um duplo.

segunda-feira, janeiro 17, 2022

Scream (1,2 & 3) @ VHS

domingo, janeiro 16, 2022

Police Academy (1984)

Toda uma mitologia e uma série de personagens icónicas edificadas em pouco mais de hora e meia. Único capítulo da saga com classificação R-Rated e felácios em púlpitos. Não foi fácil explicar à criançada essa cena em que o comandante Lassard revira os olhos, mas nada que retire mérito à forma como Hugh Wilson consegue montar um filme que diverte quase por igual miúdos e graúdos. Do calinas do Mahoney ao correctíssimo Hightower, do alucinado das armas do Tackleberry ao nerd gordinho do Leslie Barbera, do macho latino à sargenta ninfomaníaca, da voz fina - inspirada no Michael Jackson - da Marion às mil e uma vozes e sons do Larvell, sem esquecer a dinâmica entre Harris e Lassard ou a visita ao Blue Oyster Bar, "Academia de Polícia" deixou um legado inegável na geração adolescente dos anos oitenta. Clássico, quer queiram quer não.

sábado, janeiro 15, 2022

Blacker Swan

sexta-feira, janeiro 14, 2022

Get Carter (2000)

Stallone e Rourke completamente acabados - felizmente haveriam de se recompor passado uns anos -, edição esquizofrénica medonha, história de vingança completamente amorfa, desconexa e artificial - "és só uma fotografia em cima do piano" -, Michael Caine a precisar de uns trocos, Rhona Mitra de peruca sem qualquer pujança, Alan Cumming a ser Alan Cumming - ou seja, irritante - e Rachael Leigh Cook tão novinha, a tentar dar nas vistas no meio de tantos pesos - talvez fardos seja mais apropriado - pesados. Uma série de discursos paternalistas de Stallone em aquecimento para "Rocky Balboa" meia década depois, perseguições de carro que nunca mais acabam e uma barbicha. Entre a barbicha e o remake, não sei qual foi a pior ideia, Silvestre.

quinta-feira, janeiro 13, 2022

Kimi Soderbergh

quarta-feira, janeiro 12, 2022

The Lair of the White Worm (1988)

Não me entendam mal: ninguém fica tão triste como eu por falar mal de um filme inspirado numa obra do irlandês Bram Stoker que tem uma cena com um strap-on gigante e duas actrizes escaldantes - pacote completo ainda por cima, com uma loira e outra morena - em lingerie. Mas caramba, a irmã (Sammi Davis) do arqueologista (Capaldi) da gaita de foles é capaz de ser a pior actriz da história - e estou a contar com a Anna Nicole Smith - e tive que levar com ela durante hora e meia. O Hugh Grant com uma espada gigante. Sequências de sonho tão rídiculas e visualmente aberrantes que não conseguem sequer ter piada. Cobras, romanos e elementos de forma fálica a saltitar cena sim cena sim. Estrutura e lógica inexistentes. Ken Russell, senhoras e senhores, de agora em diante conhecido aqui em casa como o Francis Ford Crappola.

terça-feira, janeiro 11, 2022

Neeson Badass Grandpa

segunda-feira, janeiro 10, 2022

The Beta Test (2021)

Um terço Ari Gold, um terço Patrick Bateman, um terço Jim Carrey - o lunático da vida real -, a personagem do realizador/actor/guionista/produtor Jim Cummings é um agente de Hollywood com manias e fantasias de grandeza. Recebe um envelope misterioso no correio e entra numa espiral Eyes Wide Shutiana que atira toda a narrativa para um imbróglio que nunca sabe bem se quer ser sátira à indústria e aos sindicatos, comédia negra tecnológica, thriller erótico ou whodunnit policial. Muitas ideias interessantes meramente afloradas no meio de tanta vontade e uma interpretação demasiado over the top - de um actor que normalmente vive bem nesse registo - para o tipo de personagem que foi moldado desde início, um idiota falso e arrogante por quem o espectador não consegue sentir a mínima empatia e, consequentemente, preocupação pelo que lhe vai acontecendo. Sentem-se vários rasgos de genialidade aqui e ali, mas faltou talento para os unir num todo coeso e eficaz. Para memória futura: "não estou a insultar-te; estou a descrever-te".

domingo, janeiro 09, 2022

Jackass Forever

sábado, janeiro 08, 2022

Warriors of the Year 2072 (1984)

Apocalíptico italiano que se passa em 2073. Leva 2072 no título mais difundido a nível internacional, mas chegou a ser lançado em alguns países com o título "Rome 2033 - The Fighter Centurions" ou mesmo no mercado interno em VHS como "I Guerrieri Dell' Anno 2079". Pouco interessa o ano, eu sei, mas mostra bem a salganhada que vai para aqui. Dois canais de televisão rivais lutam pela liderança das audiências com a única fórmula que interessa no futuro: combates mortais e violência sem regras. Uma espécie de "Rollerball" com motas sarapintado com traços de "Logan's Run", que decepciona no meio do aspecto barato e da falta de tensão. Decepciona porque esperava-se o clássico Fulci - gore, sangue, violência gráfica e macabro - e não um Fulci para maiores de doze. E porque queria muito ver o Fred Williamson a varrer tudo. Mal se mexe. Arghhh.

sexta-feira, janeiro 07, 2022

Foo Fighters go Jack Black

quinta-feira, janeiro 06, 2022

14 Peaks: Nothing Is Impossible (2021)

Documentário sobre o "Project Possible", o plano aparentemente impossível do nepalês Nirmal Purja de subir ao cume das catorze montanhas mais altas do mundo - todas elas acima dos oito mil metros de altitude - em menos de sete meses, batendo o anterior recorde mundial de um sul-coreano que o tinha feito em pouco mais de sete anos. Com coragem, perseverança e tenacidade, constrói as bases da sua aventura na intenção de mostrar as capacidades únicas de um povo e de uma etnia específica da região mais montanhosa do Nepal - os xerpas -, constantemente esquecidos nos feitos de outros alpinistas ocidentais, mesmo fazendo essas escaladas como guias e membros das equipas de apoio, dezenas de vezes ao ano. Uma mensagem bonita sobre o trabalho de equipa envolta num nacionalismo orgulhoso, que infelizmente se vai desvanecendo ao longo da edição das centenas de horas de filmagens, com o realizador Torquil Jones a focalizar constantemente toda a narrativa em Nirmal, na sua história de vida, nos obstáculos financeiros que enfrentou e na sua relação com a mãe. Ainda assim, e mesmo tendo em conta a "batota" das máscaras de oxigénio que outros no passado não usaram, eis um feito extraordinário para descobrir na Netflix.

quarta-feira, janeiro 05, 2022

Ti West goes A24

terça-feira, janeiro 04, 2022

The Matrix Resurrections (2021)

Desilusão tremenda, mas esperada. Faltou tensão no desenrolar da narrativa, faltou o encanto e a audácia conceptual revolucionária do arranque da saga, faltou criatividade para tornar as cenas de acção memoráveis como no passado. Perdeu-se o cool factor, perdeu-se uma oportunidade para explorar todo um novo subplot tecnológico relacionado com a nossa dependência de telemóveis e redes sociais, perdeu-se a voz e presença de Fishburne e Weaving em troca directa com duas personificações sem sal nem pimenta. Nem o menos céptico dos fãs consegue papar a figura de Neil Patrick Harris como grande mestre da vilania e, entre condenações disfarçadas à ganância da Warner Brothers em continuar a saga, Lana Wachowski transforma este regresso no mesmo produto destituído de pertinência que crítica naquela reunião de gabinete inicial. E nem vou falar do Son Goku Neo em piloto automático.

segunda-feira, janeiro 03, 2022

Where are my manners?

domingo, janeiro 02, 2022

Betty White (1922-2021)

sábado, janeiro 01, 2022

Logan (2017)

Abordagens mais terra-a-terra de super-heróis: nada contra, tudo a favor. Mas não senti honestidade nenhuma neste processo de humanização dos mutantes em "Logan", culpa talvez da falta de mãozinhas de Mangold para escapar a tantos lugares comuns do género. A violência muito mais visceral funciona às mil maravilhas - aquele adamantium a rasgar carne humana como se fosse manteiga - e as paisagens áridas e poeirentas são, permitam-me o trocadinho, um lufada de ar fresco daquelas salganhadas de CGI que juntam grandes cidades, universos distantes e diversos superpoderes num pano verde gigantesco. Mas por mais eficaz que seja a pequena lunática ou mesmo Jackman enquanto farrapo alcoólico, Mangold não consegue criar qualquer química emocional na relação pai-filha nem credibilizar todo o lado vilanesco da história. Malta de fatinho, militares e SUVs pretos, que original. E Boyd Holbrook, pau mandado sem presença suficiente, carisma ou sequer personagem para ser a representação de todos os problemas de Wolverine e companhia. Pouca parra, média uva.