quarta-feira, dezembro 31, 2014

Adeus 2014


Na minha opinião, o melhor ano cinematográfico dos últimos dez anos. O meu favorito? Este. Este e este lá perto. A verdade é, se 2015 oferecer metade dos grandes filmes de 2014, serei um cinéfilo feliz.

terça-feira, dezembro 30, 2014

Balanço anual

Em trezentas e setenta e três publicações, oitenta e um (81!) filmes e seis séries analisadas fazem de 2014 o ano mais produtivo do Cinema Notebook desde 2005. Objectivo para 2015? Surpresa, surpresa. Das boas. Para já, e a muito curto prazo, que a festa de entrega dos TCN Blog Awards 2014 seja um sucesso para todos os presentes, uma experiência gratificante e inolvidável. Ou, no mínimo, uma tarde diferente e agradável.

segunda-feira, dezembro 29, 2014

The Specialist (1994)

Realizado pelo peruano Luis Llosa - que mais tarde teria em "Anaconda" o grande hit comercial da sua carreira -, "The Specialist" é um guilty pleasure antigo aqui do estaminé. Por várias razões, quase todas elas nada cinematográficas. A primeira, porque no início dos anos noventa Sharon Stone era uma verdadeira vixen de Hollywood, uma cujas curvas, voz e glamour deixavam qualquer puto canastrão como eu de olhos vidrados, por mais insignificante que fosse o seu papel. A segunda, não menos importante, porque Miami, a bela Miami dos prazeres de South Beach, da art deco da Ocean Drive, do groove de Little Havana e das vistas esplendorosas de Key Biscayne trilhava os sonhos de quem nunca imaginou que um dia pudesse lá ir. E, por fim, o Stallone do costume e um Eric Roberts verdadeiramente detestável. Hoje, vinte anos depois, a casa onde quase tudo acontece continua a fazer parte dos principais tours da cidade; e essa é a maior prova da sua resiliência temporal e cultural.

domingo, dezembro 28, 2014

A ciência de Interstellar


"Discovery Channel has released The Science of Interstellar, a 42 minute documentary about the Cosmology and science behind Christopher Nolan‘s sci-fi epic. The documentary is narrated by Interstellar star Matthew McConaughey and takes us behind the sci-fact of the sci-fi. The film’s producer and consultant Kip Thorne (Cal Tech theoretical physicist) guides us through how Nolan adapted science and theory into the story, and explains the real science behind the ideas presented in the film."

sábado, dezembro 27, 2014

Pegg, o assassino

sexta-feira, dezembro 26, 2014

The Counselor (2013)

É impressionante como um filme que contém um par de cenas memoráveis, um elenco soberbo e três ou quatro personagens opulentas consegue ser, no seu todo, um vazio profundo sem qualquer sentido, um drama sufocado pela sua atmosfera exótica, um conjunto inócuo de metáforas sobre a humanidade e a sua falta de escrúpulos. Concupiscente ao limite, Ridley Scott arrasa a narrativa de Cormac McCarthy, reduzindo quase todos os elementos-chave de trama a panfletos estilísticos frívolos. Mulheres como objectos sexuais e minorias como entulho social contribuem para a decapitação de um realizador histórico, que ao contrário do vinho do Porto parece deteriorar-se com o passar do tempo.

quinta-feira, dezembro 25, 2014

TCN 2014: Votações encerradas

Nove notas soltas sobre as votações este ano: 1) agradecer a todos os blogues que alojaram as urnas de voto e promoveram a votação; 2) maior circulação e, consequentemente, uma maior disparidade entre a categoria mais votada e a menos votada; 3) 2148 votos para Página de Facebook (e, no entanto, a votação da Academia pode ainda alterar o vencedor, pois entre primeiro e segundo não há diferença percentual decisiva); 4) apenas 120 votos para Artigo de Cinema; 5) Blogger do Ano praticamente decidido pelo público; 6) pelo menos duas categorias entregues, independentemente das escolhas da Academia; 7) Rubrica sem dúvida alguma o TCN mais equilibrado (apenas 14% de diferença entre o mais e o menos votado); 8) manter a divulgação dos resultados das votações do público e da academia pós-gala como nas edições anteriores ou deixar no segredo dos deuses quem foi segundo e quem foi último, tal como acontece em qualquer outra cerimónia do género? 9) o que mudar e o que manter?

quarta-feira, dezembro 24, 2014

Ari Gold is back

terça-feira, dezembro 23, 2014

The Grand Budapest Hotel (2014)

Cada plano, cada cena de "The Grand Budapest Hotel" é uma carta de amor à cinefilia, um poema de simetria e beleza rara, irónica e perversamente o filme mais divertido, dramático e trágico do riquíssimo currículo do ainda jovem Wes Anderson. Um elenco de luxo, de Fiennes a Law, de Norton a Dafoe, de Swinton a Ronan, numa jornada tão profunda quanto simbólica sobre a amizade, a liberdade e a lealdade. Um buffet superlativo de talento do primeiro ao último minuto, numa estadia que só peca pela curta duração - hora e meia que podia muito bem ser dia e meio - e pela ausência de uma opinião política mais vincada.

segunda-feira, dezembro 22, 2014

domingo, dezembro 21, 2014

sábado, dezembro 20, 2014

Diverted (2009)

No dia 11 de Setembro de 2001, trinta e oito das várias centenas de aviões que se dirigiam para os Estados Unidos da América foram obrigados a divergir para a pequena cidade de Gander, no Canadá, devido ao encerramento do espaço aéreo norte-americano. E, de repente, uma terra de nove mil habitantes e três hotéis ficou com sete mil passageiros durante quatro dias para alojar e alimentar. Com uma premissa verídica e interessante a vários níveis - da componente operacional inesperada de tráfego aéreo a toda a questão social e sentimental de milhares de pessoas que regressavam a casa e não sabiam o destino dos seus familiares e amigos -, a execução resulta, no entanto, num telefilme banalíssimo que roda em torno de dois romances insípidos e enfadonhos, quase ofensivos perante a forma como vulgarizam um ponto de partida tão rico como o de "Diverted". O "Poirot" David Suchet ainda dá um ar da sua graça, mas tudo o resto é medonho. Mais uma oportunidade perdida para que um dia caótico para o controlo de tráfego aéreo norte-americano e adjacente pudesse resultar num produto que fizesse justiça à sua índole excepcional e singular.

sexta-feira, dezembro 19, 2014

Almost Human (S1/2013)

Com um conceito tecnológico ambicioso, visual competente e um pedigree muito interessante (J.J. Abrams e J.H. Wyman, dupla de sucesso em "Fringe"), "Almost Human" é, de alma e coração, um drama de polícias parceiros com um twist fora do normal: em 2048, numa Los Angeles irreconhecível, um deles é um andróide mais emocional e humano que o próprio detective interpretado por Karl Urban. Mistura de "Blade Runner" - referências gráficas constantes, questões filosóficas (o que signifca ser humano ou poderá algo sintético ter uma alma), massas chinesas etc. etc. - com "Minority Report", a série da FOX foi cancelada ao fim de treze episódios, sem desfecho para a grande conspiração que assombrava todos os casos-da-semana. Uma pena já que crimes fora-do-comum, aliando gadgets hoje apenas possíveis na nossa imaginação e o trio Minka Kelly, Michael Ealy e Urban conseguiam cativar o interesse do espectador com facilidade. Mas com um orçamento elevadíssimo e resultados de audiência abaixo da média, já se sabe que o potencial narrativo pouco interessa.

quinta-feira, dezembro 18, 2014

Choose a job you love and...


E, de repente, uma vontade tremenda de rever e escrever sobre "Pushing Tin", "Ground Control" e "Diverted". E, já agora, continuar a sonhar que o Aaron Sorkin - ou alguém com o mesmo talento e sagacidade - faça uma série sobre nós. Porque ainda há muita gente que não tem a mínima noção do que significa ser Controlador de Tráfego Aéreo, vinte e quatro horas por dia, trezentos e sessenta e cinco dias por ano.

quarta-feira, dezembro 17, 2014

CCOP - Top de Novembro de 2014

Os membros do CCOP elegeram Boyhood: Momentos de Uma Vida como o melhor filme estreado em Portugal durante o mês de Novembro. Além de ser o filme com maior amostragem (79% dos membros do colectivo viram-no) e aquele com a maior nota individual (três membros atribuíram-lhe nota 10), o filme de Richard Linklater foi ainda um dos mais controversos do mês (4 pontos marcam a diferença entre a sua nota máxima e a sua nota mínima). A nota média de 8,60 permitiu-lhe ainda ocupar a terceira posição no TOP 2014, apenas abaixo de 12 Anos Escravo e Ida. Na segunda posição do mês, destaca-se a estreia de Dan Gilroy na realização: Nightcrawler - Repórter na Noite foi classificado com um 8,29 e deu entrada imediata no último lugar do top 10 do ano. O italiano Viva a Liberdade recebeu uma redonda nota de 8 valores, finalizando assim o pódio do mês de Novembro dos críticos do CCOP.

Top de Novembro de 2014

1. Boyhood: Momentos de Uma Vida, de Richard Linklater | 8,60
2. Nightcrawler - Repórter na Noite, de Dan Gilroy | 8,29
3. Viva a Liberdade, de Roberto Andò | 8,00
4. Dois Dias, Uma Noite; de Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne | 7,64
5. Saint Laurent, de Bertrand Bonello | 7,50
6. 20,000 Dias na Terra, de Iain Forsyth e Jane Pollard | 7,43
7. Interstellar, de Christopher Nolan | 7,27
8. O Desaparecimento de Eleanor Rigby: Eles, de Ned Benson | 7,00
9. John Wick, de David Leitch e Chad Stahelski | 6,67
10. The Hunger Games: A Revolta - Parte 1, de Francis Lawrence | 6,20
11. Cornos, de Alexandre Aja | 5,86
12. Serena, de Susanne Bier | 5,25

terça-feira, dezembro 16, 2014

TCN 2014: Data, Local e Reservas

É com imensa satisfação que anuncio que, após negociações com diversos espaços que permitissem cumprir com os objectivos da organização para o modelo de espectáculo que pretendíamos este ano, a quinta edição dos TCN Blog Awards irá realizar-se no próximo dia 10 de Janeiro de 2015, Sábado, pelas 15:00, no Deliart Caffé, restaurante de cozinha criativa com espaço gourmet e galeria de arte, na Avenida Duque de Loulé 5A-5B, em Lisboa.

Pela primeira vez na história dos TCN Blog Awards, este ano a presença no evento terá um custo de 7,50€ por blogger ou acompanhante. Este valor assegura um lanche ajantarado, com uma bebida e sobremesa incluída. Para garantirem um lugar na cerimónia de entrega dos TCN Blog Awards 2014, terão que enviar um e-mail para tcnblogawards@gmail.com com os seguintes dados:

Título da mensagem
- Reserva de Lugar TCN 2014

Corpo da mensagem
- Primeiro e último nome, bem como primeiro e último nome de convidados/acompanhantes;
- Blogues/sites que representam.


De seguida receberão um e-mail de resposta com detalhes para a transferência bancária que assegurará a reserva. Para evitar confusões, cada transferência terá um valor único (ex: 1º 7,50€ , 2º 7,51€, 3º 7,49€, 4º 7,52€, 5º 7,48€ etc etc). Deste modo, ficará claro quem pagou e garantiu assim lugar dia 10 de Janeiro no Deliart Caffé.

Apesar da limitação de lugares (90) do Deliart Caffé, este ano não existem regras na distribuição das reservas. Os primeiros noventa a enviarem o e-mail de reserva e a fazerem o respectivo pagamento serão aqueles com lugar garantido no evento. Após esse número ser atingido, não serão aceites quaisquer reservas e pagamentos posteriores. Nomeados ou não, todos os que querem estar presentes no Deliart Caffé têm que enviar este e-mail e fazer o respectivo pagamento. Neste momento, não há qualquer lugar guardado ou reservado.

Segunda-feira, dia 5 de Janeiro de 2015, é a data limite para recepção de pedidos de reserva e respectivos pagamentos.

PS: Surgiram algumas dúvidas por e-mail, que aproveito para esclarecer: não é possível marcar presença na gala sem incluir o lanche e os 7,5€. O aluguer do espaço em exclusivo para os TCN 2014 e respectivo catering ficou a um preço por pessoa para todos os presentes, com este lanche incluido. As mesas serão livres e compostas na altura por todos os presentes, aleatoriamente ou não.

segunda-feira, dezembro 15, 2014

Crónicas de uma Entrevista Conturbada


Anne Rice, autora da saga literária, confessou numa entrevista que criou a personagem de Lestat e pensar no actor Rutger Hauer. Quando os direitos de adaptação cinematográfica foram adquiridos pela Paramount por cento e cinquenta mil dólares ainda antes da publicação do primeiro livro em 1976, John Travolta era a primeira opção dos produtores para o papel principal, escolha que não agradava a Rice mas contra a qual nada podia fazer. Felizmente, o excesso de projectos vampirescos da altura - "Dracula", "Nosferatu" e "Love at First Bite" - acabaram por adiar a decisão da Paramount para outra altura. E quando já ninguém se lembrava dele, eis que no início dos anos noventa volta tudo para cima da mesa e Tom Cruise é anunciado para o papel de Lestat. E Rice, em várias entrevistas, dava conta da sua insatisfação pela aposta no Top Gun da altura.

Pelo caminho ficaram Jeremy Irons - não queria um papel com a necessidade de tantas horas diárias numa cadeira de maquilhagem -, John Malkovich, Peter Weller, Alexander Godunov e Johnny Depp, na altura o preferido de Rice devido ao seu desempenho em "Edward Scissorhands". Mas não foi o único: River Phoenix, contratado com o aval de Rice para o papel do jornalista Daniel Molloy, acabou por falecer quatro semanas antes do início das filmagens e teve que ser substituído por Christian Slater, que rezam as crónicas doou todo o seu salário de duzentos e cinquenta mil dólares para instituições de caridade relacionadas com Phoenix. Já para o lugar da jovem Kirsten Dunst concorreram nomes hoje consagrados como Christina Ricci, Julia Stiles ou Evan Rachel Wood. Mas foi Dunst, na altura com doze anos e nojo de beijar o dezoito anos mais velho Brad Pitt na boca, que conquistou a personagem... e a crítica.

As filmagens não foram fáceis para ninguém. Brad Pitt confessou em 2011 que participar em "Entrevista com o Vampiro" foi a experiência cinematográfica mais miserável da sua carreira. Constantemente desconfortável com a maquilhagem, roupas e lentes de contacto, Pitt não gostava ainda de ser considerado o secundário de Cruise, tanto em cena como nos bastidores. Diz inclusive ter ligado ao seu amigo e produtor David Geffen para arranjar maneira de sair do filme, algo que se revelou impossível devido à especificidade do seu contrato. Como se não bastasse, todos os actores "vampiros" eram obrigados a passar largos minutos ao longo do processo de maquilhagem com a cabeça para baixo e os pés para cima, de forma a que o sangue se acumulasse nas suas cabeças e as veias nas suas caras ficassem salientes. Processo que era repetido várias vezes ao longo do dia. Ninguém gostava.

Primeira produção de Hollywood a ter autorização para encerrar ao tráfego duas faixas da famosa Golden Gate Bridge, várias foram as cenas em que Tom Cruise foi colocado em cima de uma plataforma de modo a reduzir a diferença de alturas entre Lestal e os restantes vampiros. Lestat que, no livro de Rice, era homossexual e queria dormir com Louis. No filme, são apenas uma família disfuncional. Também Louis chegou a ser uma mulher numa versão inicial do guião de Jordan, que considerou mesmo Cher e Anjelica Huston para o papel. Talvez por pressão do estúdio, Jordan acabou por voltar atrás nessa decisão. Já Claudia no livro tem apenas cinco anos, no filme doze. Alterações profundas várias no argumento cinematográfico por parte de Neil Jordan que, no entanto, não foram reconhecidas pelos Writers Guild, que obrigou a Paramount a dar os créditos de guionista do filme à autora. Mas desengane-se quem julga que Rice não ficou satisfeita com o resultado final: uma "obra-prima", classificou a escritora norte-americana em entrevista ao New York Times. E Cruise, um portento no ecrã. As voltas que a vida dá.

domingo, dezembro 14, 2014

Yup, looks like Terrence Malick alright

sábado, dezembro 13, 2014

True Lies (1994)

Harry Tasker (Arnold Schwarzenegger) leva uma vida dupla: agente super secreto do governo norte-americano com licença para fazer tudo o que seja necessário para prevenir ataques terroristas, para a sua mulher e amigos não passa de um vendedor de computadores sem qualquer interesse. E eis que, quando está na pista de um conjunto de armas nucleares que estão nas mãos de um grupo de criminosos fanáticos, descobre que a sua mais que tudo (Jamie Lee Curtis) está a ter um caso com outro homem porque precisa de alguma excitação e aventura na sua vida. Conseguirá Harry parar os terroristas e salvar o seu casamento ao mesmo tempo?

Cocktail personalizado de acção, pirotecnia e boa disposição do sempre megalómano James Cameron, "A Verdade da Mentira" é entretenimento de primeira categoria, filmado de forma exímia e estruturado a nível de narrativa em perfeita harmonia com o estilo dos seus principais intérpretes. Se à partida muitos julgavam impossível qualquer espécie de química entre duas estrelas de campos tão opostos - a bela e o monstro -, rapidamente percebemos que acaba por ser essa mesma índole que conquista o espectador. Como que um James Bond casado e com filhos que salta constantemente entre cenas de humor e cenas de acção, coadjuvado na perfeição por uma dupla hilariante (Bill Paxton e Tom Arnold), Schwarzenegger voltava a mostrar - porque já não havia nada a provar - o seu talento para a comédia de acção. Para a história, uma sombra no fundo do quarto e um striptease tão sensual quanto irónico.

sexta-feira, dezembro 12, 2014

Falta menos de um mês

quinta-feira, dezembro 11, 2014

Boyhood (2014)

Drama ficcionado moldado pela realidade - os actores são filmados ao longo de doze anos, acompanhando assim Richard Linklater o envelhecimento natural de todos eles, o que confere ao filme uma beleza única - "Boyhood: Momentos de uma Vida" é um épico despretensioso de qualidades raras sobre os instantes simples de uma vida que desfiguram, para o bem ou para o mal, a nossa personalidade. Sem twists, sem clichés - o primeiro beijo ou a primeira relação sexual -, sem pressas. Conversas simples, discussões violentas, papelinhos durante as aulas, tudo o que é aparentemente mundano mas marca, sem razão aparente, o nosso comportamento e atitude perante a vida. Espelho de milhões de crianças, mães e pais através de uma história familiar tão simples quanto cativante, Linklater volta a provar a sua mestria em tornar o tempo, essa medida arbitrária de contornos abstractos e temíveis, num elemento visível, de adoração, respeito e amor profundo. Universal, "Boyhood" é um marco cinematográfico cuja ambição do seu conceito é nivelada pela magnanimidade da sua execução.

quarta-feira, dezembro 10, 2014

Posters Caseiros em exposição


"O género gráfico de posters alternativos tem ganho cada vez mais terreno e inúmeros designers vão deixando a sua marca. Com esta reinterpretação de cartazes de filmes portugueses e utilizando ferramentas digitais, quer-se redefinir um novo olhar no design dos filmes representados. Com uma mensagem escondida, um “double sense”, ou um grafismo totalmente novo para promover estas produções do passado. Numa altura em que o apoio ao cinema português é escasso, ou mesmo nulo, esta é uma forma de dar uma segunda vida ao que já estava conquistado, produzido, marcado na memória do público, para se dar o valor ao que já se possui. Factores da crise afectam em muito a visão que temos da cultura cinematográfica e esta série pretende reavivar memórias, enquanto as dificuldades e obstáculos não fossem ultrapassados. É pois, para relembrar o passado, que nem sempre é valorizado."

E a reportagem do Cartaz Cultural da SIC Notícias, aqui, com direito a TCN Blog Awards e tudo. A não perder, na Fábrica do Braço de Prata, até dia 1 de Janeiro de 2015.

terça-feira, dezembro 09, 2014

Até o título é puro marketing

segunda-feira, dezembro 08, 2014

Interstellar (2014)

Longe de ser a obra-prima intemporal que muitos anteciparam, "Interstellar" é ainda assim uma aventura espacial conceptualmente provocadora, bem interpretada e visualmente audaciosa. Filme sobre a natureza humana e todas as suas fragilidades, o último feito de Christopher Nolan revela-se uma experiência gratificante num ecrã IMAX - arruma o recente "Gravity" de Cuarón numa gaveta -, disfarçando fraquezas óbvias na sua sonoplastia exagerada e na sua narrativa pouco consistente - por vezes a ficção científica perde lugar para a fantasia científica - com uma imersão total do espectador numa fábula de amor e sacrifício paternal capaz de comover o mais rijo dos insensíveis. A necessidade de um twist com um vilão humano banaliza a força da sua mensagem e do seu impacto cinematográfico, mas seria injusto que numa selva obscena como a de Hollywood uma obra com a sofisticação e coragem de "Interstellar" não fosse elogiada pela forma como explora o infinito de modo destemido. Esperemos apenas que aquele final em aberto não resulte numa sequela supérflua.

domingo, dezembro 07, 2014

Interview with the Vampire (1994)

Baseado numa obra de tremendo sucesso nos Estados Unidos da América nos anos setenta do século passado, "Interview with the Vampire: The Vampire Chronicles" foi planeado como o primeiro filme de uma série de capítulos cinematográficos dedicados à saga literária de Anne Rice, uma que, em grosso modo, pode ser comparada a nível de fanatismo e sucesso comercial à recente onda "Twilight" que assolou as livrarias, os cinemas e, porque não, assombrou os cinéfilos nos últimos anos, também com vampiros à mistura. A comparação é ingénua, já que num género dominado pela futilidade juvenil, "Entrevista com o Vampiro" é uma pedra rara e preciosa. A sua sequela, "Queen of the Damned" oito anos depois, baseada no terceiro livro da saga (ninguém percebeu onde foi parar o segundo), já é outra conversa. Uma que não merece espaço nesta análise.

Mas comecemos pela polémica que se instalou entres fãs, fanáticos e a própria escritora quando Tom Cruise foi escolhido para o papel de Lestat na adaptação cinematográfica de Neil Jordan. Demasiado baixo, afirmaram alguns; muito comercial, criticaram outros; e, preparem-se, expoente máximo de heterossexualidade e do machismo em Hollywood, numa personagem que se queria incerta sobre a sua sexualidade. Ora bem, o que acabou por acontecer foi que Cruise convenceu gregos e troianos com a sua interpretação cativante de uma criatura diabólica e emocionalmente conturbada, entregando-se de corpo e alma à inquietação carnal da sua personagem, fazendo inclusivamente com que o conceituado crítico de cinema da revista Time, Richard Corliss, fosse violentamente atacado pela opinião pública quando, de forma algo homofóbica, considerou o filme uma "fábula para gays". O desempenho de Cruise foi tão unânime, que a própria Anne Rice publicou um texto de duas páginas em vários jornais de referência, pedindo desculpas ao actor pelas duras palavras que lhe destinou em várias entrevistas, aquando da escolha do Top Gun para o papel principal.

Adaptação sombria, luxuosa, gótica e aparentemente fiel aos princípios literários de Rice, Neil Jordan, para o bem e para o mal, levou "Entrevista com o Vampiro" para um caminho cinematográfico muito personalizado, dentro do estilo autoral em que se sentia confortável e que tão bem lhe tinha servido no passado, conseguindo não ser pressionado pelo estúdio a aligeirar o conteúdo erótico perverso da escrita de Rice, nem o constante sentimento melancólico que a eternidade e a impossibilidade de uma morte tranquila provocava em personagens cujos vestígios humanos estavam em guerra aberta com a natureza vampiresca do seu sangue. E, no meio de tudo isto, conseguiu ainda dar algumas pinceladas de humor negro, quase sempre evidenciadas em cenas cuja família disfuncional - Cruise, Pitt e Dunst - entrava em conflito: "Never kill in the house!", gritou por mais de uma vez Cruise para Dunst.

Sim, Kirsten Dunst, aqui apenas com onze anos, uma vampira adulta eternamente prisioneira num corpo de criança. Uma performance portentosa que a lançou em Hollywood e que lhe valeu, inclusive, uma nomeação para Melhor Actriz Secundária nos Globos de Ouro desse ano. Já Brad Pitt, com muito tempo em cena mas poucas oportunidades para brilhar, Christian Slater, Antonio Banderas e a presença habitual na filmografia de Jordan, Stephen Rea, cumprem sem percalços nem grandes rasgos o que lhe é pedido.

Lançado em Novembro de 1994 e com um orçamento de sessenta milhões de dólares, "Interview with the Vampire" arrecadou duas nomeações técnicas aos Óscares e mais de duzentos milhões de dólares em todo o mundo, tendo-se perdido a saga inicialmente planeada nas supostas recusas de Cruise e Pitt em reencarnar as suas personagens. Para a história ficou um filme visualmente intenso, elegantemente pervertido, em que nos é pedido que nos identifiquemos com os vilões e não com as vítimas - e, por isso, nunca é verdadeiramente um filme de terror. Amor, arrependimento e culpa ao som de uma "Sympathy for the Devil" tocada pelos Guns N' Roses.

sábado, dezembro 06, 2014

Last Resort (S1/2012)

Com um episódio piloto que foi considerado pela maioria dos críticos de televisão norte-americanos com um dos melhores da temporada 12/13, "Last Resort" arrancou a todo o gás nas suas pretensões político-militares, perdeu flutuabilidade nas constantes invenções de conflitos secundários - e paixonetas sem interesse - que justificassem uma narrativa esticada para treze episódios e voltou ao equilíbrio hidrodinâmico num season finale que, embora retalhado para encerrar em cinco minutos todo um arco narrativo que seria certamente explorado numa segunda temporada, consegue mostrar novamente a coragem e habilidade do seu episódio inaugural. Com grande destaque para a interpretação portentosa de Andre Braugher, fica para a posteridade a sensação de que enquanto filme ou mini-série, o conceito e a ideia primordial de "Last Resort" teria deixado outro impacto, evitando o opróbrio de um cancelamento prematuro.

sexta-feira, dezembro 05, 2014

The Film before The Film

quinta-feira, dezembro 04, 2014

Silicon Valley (S1/2014)

Criada pelo responsável do divertidíssimo "Office Space", o equatoriano Mike Judge, "Silicon Valley" demora a convencer - os três primeiros episódios estão longe da perversidade neurótica da segunda metade da temporada de estreia - mas, quando faz o click numa cena memorável com o entretanto falecido Christopher Evan Welch - falo, claro, do delicioso monólogo do Burger King -, transforma-se num produto televisivo de consumo irresistível, uma espécie de "Entourage" versão nerd capitalista, uma comédia de pormenores que resultam em pormaiores, um casamento quase perfeito entre um tema, um estilo de narrativa e um canal, HBO, que não tem nem (nem nunca teve) medo de se aventurar por caminhos singulares. Oito episódios a desenvolver um conjunto de personagens que tudo têm para explodir na segunda temporada, esperemos nós ainda introduzida por um genérico fenomenal onde empresas como a Napster ou a AOL não resistem tanto ao tempo como ao sarcasmo.

quarta-feira, dezembro 03, 2014

The Mask (1994)

Filme que catapultou Jim Carrey para o estrelato e lançou a desconhecida Cameron Diaz para as bocas do mundo, "A Máscara" conta-nos a história de Stanley Ipkiss, um bancário tímido e azarento que é constantemente gozado pelos seus colegas e nunca tem sorte com nenhuma das raparigas pelas quais se apaixona. Mas tudo vai mudar quando, após ser barrado na discoteca local, a famosa Coco Bongo onde a sua mais recente paixoneta trabalha como dançarina, descobre uma máscara de madeira que, quando colocada, transforma-o numa espécie de super anti-herói, de corpo elástico e língua afiada. Um dos três filmes lançados em 1994 - os outros foram "Ace Ventura: Pet Detective" e "Dumb & Dumber" - que elevaram o actor canadiano para um patamar de super estrela da comédia em Hollywood, no qual se aguentou durante largos anos, "The Mask" tornou-se um clássico de culto irreverente que influenciou a indústria pelo seu sucesso inesperado: de repente, um super anti-herói com queda para a ironia era algo cool. Visualmente dinâmico, visceralmente divertido e verdadeiro showcase de talentos para Jim Carrey (quando a sua cara se tornava verde, Carrey ficava imparável), "A Máscara" é um dos melhores exemplos da história recente do cinema de perfeita união entre o humor físico e a mordacidade narrativa. Como se acabaria por comprovar em 2005 ("Son of the Mask", com Jamie Kennedy no papel principal e quatro Razzies no bolso), Carrey fez muito bem em recusar propostas milionárias (dez milhões de dólares ao invés dos 450 mil que recebera pelo primeiro) por uma sequela nos anos que se seguiram. Porque também é essa inteligência - e coragem - que marca a diferença na reputação de um actor. Sssmokin!

terça-feira, dezembro 02, 2014

Waltz, Bellucci, Seydoux e...

segunda-feira, dezembro 01, 2014

Jui kuen II (1994)

Só em 2000, aquando do seu lançamento em território norte-americano, é que "Drunken Master II" ganhou o título "The Legend of Drunken Master", provavelmente uma estratégia de marketing para um público que desconhecia por completo a fita original de 1978, produzida em Hong Kong, então com um muito jovem Jackie Chan, naquela que acabaria por ser uma das primeiras incursões do actor num sub-género que o próprio fundou, o da Comédia Kung-Fu. Considerado um dos cem melhores filmes da história pela revista Time, o charme da obra realizada pelo lendário Chia-Liang Liu ("A 36ª Câmara de Shaolin" e "Sete Espadas") está longe de estar na sua narrativa pateta ou nos seus personagens estereotipados; tudo o que fica na retina e na memória são as magníficas sequências de acção - principalmente a final, de vinte minutos -, onde uma coordenação física soberba e uma meticulosa coreografia conseguem entreter e deliciar até aqueles que defendem que a violência no cinema é um crime. Porque aqui, ao contrário de Hollywood, a violência é inocente e o seu clímax ocorre exactamente nos bloopers que acompanham os créditos finais, onde vemos Jackie Chan a sangrar vezes sem conta e literalmente em chamas numa cena que acabou por lhe deixar queimaduras para a vida. Porque, com Jackie Chan, os efeitos especiais ficam à porta.