terça-feira, novembro 30, 2021

The Deep House (2021)

Ideia irresistível, execução técnica louvável - a construção do cenário subaquático e a forma como tudo flui quase que nos faz esquecer a dificuldade logística tremenda e invulgar a que toda a equipa técnica esteve certamente sujeita - e uma maldição que, não tendo muitas camadas, reviravoltas inesperadas ou até grande lógica nos meios que arranja para "fazer" terror, acaba por ser mais do que suficiente para aguentar o suspanse no meio do sufoco que toda a envolvente promove. Um found footage debaixo de água, que devia dar um making-of delicioso, numa produção franco-belga que só peca pela falta de criatividade e ousadia no guião para conseguir fugir à fórmula genérica e tradicional do sub-género "amaldiçoado". Todos os outros defeitos - interpretações, sonoplastia, etc. - são facilmente desculpáveis pelo contexto submerso do set. Aviso de cena pós-créditos, para os mais distraídos.

segunda-feira, novembro 29, 2021

Red Notice (2021)

Alguém lembrou-se que seria porreiro transformar o conceito de bloopers num filme com um trio de ataque galáctico, o maior orçamento da história da Netflix - duzentos milhões de dólares - e um guião escrito a pensar no número máximo de piadas em que o Deadpool interior do Ryan Reynolds pudesse brilhar. Depois é ver o Rochedo a ser um rochedo, a Gal Gadot a deixar qualquer um em aviso vermelho com tanta sensualidade e o Ed Sheeran a ser o Ed Sheeran. Esperem, o quê? Enfim, mais uma parvoíce à "Guerra dos Tronos", que goza com isso mesmo. Diverte, não se leva a sério, pagou o mesmo à Gadot que aos seus colegas masculinos - vinte milhões cada - e ainda enfiou um easter egg delicioso lá no meio: quando o The Rock chega à festa de máscaras, entrega um convite com um código QR ao segurança; se pararmos a cena e lermos o código com o telemóvel, vamos parar a um vídeo não listado de bloopers. Bloopers a sério, desta vez.

domingo, novembro 28, 2021

Never Say Never Again (1983)

O filho bastardo do universo 007 - o único fora da franchise oficial da Eon -, com Bond a fazer dieta de pão branco para tirar as toxinas do corpo e ver se deixa de envelhecer. O Blofeld mais fraquinho que há memória - que miséria Max von Sydow - e o agente secreto menos secreto de sua majestade a despachar vilões com urina. A história do "Thunderball" mais uma vez - como se não tivesse chegado a banhada da primeira tentativa -, mas agora com o Mr. Bean a fazer de embaixador Mr. Bean, a Kim Basinger quase sempre toda esticadinha num maillot de ballet e o James Bond de jardineiras. As linhas de engate e as piadas não são nada de se deitar fora, bem como a perseguição de mota nas ruas da Riviera francesa, a morte da egocêntrica marota Fatima Blush e até, porque não, o Largo atípico de Klaus Maria Brandauer. Mas caramba, dos tubarões inteligentes a toda a acção deslavada, dentro e fora de água - combate virtual com joysticks que dão choques nas mãos, que perigo! -, sem esquecer a temerosa banda-sonora, eis toda uma nova linhagem real que não tinha outra hipótese que não morrer à nascença, mesmo com o Rei emérito Connery de volta ao trono.

sábado, novembro 27, 2021

Riz Ahmed stealing the show... again

sexta-feira, novembro 26, 2021

Anguish (1987)

Que experiência multi-camadas bizarra e deliciosa. Uma abordagem única e original ao género slasher do espanhol Bigas Luna, que nos oferece três filmes dentro de si mesmos ao preço de um, um ensaio meta que une realidade e ficção numa sala de cinema - a sala de cinema é mesmo o cenário perfeito nesta carta de amor, o que fará com que um possível visionamento também em sala torne a experiência ainda mais multidimensional -, confundindo-nos muitas vezes sobre o "universo" em cena, mas nunca descurando nem na tensão nem nas interpretações maravilhosas de Michael Lerner - o oftalmologista maluco da mamã -, Zelda Rubinstein - o raio da velha - ou Ángel Jovè, o assassino impiedoso. Sonoplastia que poderia muito bem ser de um qualquer Argento e o sonho de um dia ver isto no único sítio que devia ser permitido neste caso - cá está, a sala de cinema -, com alguém a preparar uma partida nos bastidores.

quinta-feira, novembro 25, 2021

Nas Nalgas do Mandarim - S08E19

quarta-feira, novembro 24, 2021

Nineteen Eighty-Four (1984)

Numa sociedade totalitária, um homem torna-se um rebelde simplesmente por se apaixonar. Quase como que um daqueles cadernos de resumo amarelos - mas em fita - do clássico literário maior de George Orwell - reconhecemos não só o universo opressivo, sujo e paranoico como uma mão-cheia de momentos do livro -, que consegue passar a mensagem sem, no entanto, capturar e conseguir focar as nuances de linguagem e muitos dos restantes temas centrais do pesadelo Orwelliano - a domesticação das classes médias/baixas e os defeitos dos sistemas educacionais. O fim sem muitos dos meios - as palavras afinal podem valer muito mais do que mil imagens -, numa adaptação ainda assim complexa e desconfortável de uma obra visionária que muitos julgavam ser inadaptável. O Big Brother manda-vos ler o livro; toca a obedecer.

terça-feira, novembro 23, 2021

Nalgas Flash Review: Altered (2006)

segunda-feira, novembro 22, 2021

Serial Mom (1994)

Um John Waters muito parvo, ainda assim longe do absurdo surreal a que nos habituou e que se tornou na sua imagem de marca enquanto realizador. A Kathleen Turner como "Mãe Galinha" num filme que se anuncia como uma história verídica - apenas mais uma laracha na sátira que se forma aqui à obsessão e cobertura popular e mediática em torno dos dos assassinos em série nos EUA - e malta que não rebobina cassetes VHS antes de as devolver ao videoclube local despachada com justa causa com um naco de carne na cabeça. Um jovem a agitar o néctar enquanto assiste ao "Seios de Morte" e a revelação inesperada de Waters num dos extras disponíveis em formato físico: a de que este "Serial Mom" é o filme favorito da sua carreira. Entretém q.b. nas suas ideias enquanto comédia negra, mas falta-lhe ou subtileza para ser mordaz e corrosivo ou gargalhadas honestas, daquelas que não se conseguem evitar. Nem flamingo nem peixe é que não.

domingo, novembro 21, 2021

Nalgas Flash Review: Shiva Baby

sábado, novembro 20, 2021

Absentia (2011)

Mike Flanagan, e eu que pensava que tu também eras lindo sem make up, como a letra daquela música do AGIR. Mérito ao tanto - em quantidade e não qualidade - que é aqui feito com um orçamento miserável, mas nada resiste a um acting tão fraquinho, a uma mão-cheia de diálogos sofríveis e a uma qualidade de imagem digna de um qualquer tijolo da Nokia. Uma espécie de fantasia de terror à Del Toro sem sal nem pimenta, sem tensão nem, espante-se, terror. Nem eu, fã confesso dos trabalhos mais recentes de Flanagan, consegue perceber os lençóis de seda que envolvem a reputação deste exercício independente de início de carreira. Entediante, para ser simpático.

sexta-feira, novembro 19, 2021

Fast Times at Ridgemont High (1982)

Forest Whitaker, Eric Stoltz e Nicolas Cage em pequenos papéis de início de carreira. Sean Penn como surfista meio atrasadito sempre com uma grande moca. A Jennifer Jason Leigh com muita fome - não, não estou a falar de comida - e as maminhas e aquela cara laroca da Phoebe Cates. Estreia na realização de Amy Heckerling, numa adaptação de uma obra literária rara de Cameron Crowe - nunca mais foi reeditada após o lançamento do filme. Várias personagens, um ano de histórias e pequenas desventuras no último ano do ensino secundário. Ora comédia sexual adolescente, ora drama, há aqui de tudo um pouco e isso talvez explique porque razão este "Viver Depressa" se tenta tornado um clássico norte-americano numa altura em que as comédias do género focavam-se muito mais na javardice e no sexo do que em questões sérias como ansiedades relacionadas com a primeira vez ou interrupções voluntárias de gravidezes inesperadas. Quarenta anos depois, o todo pareceu-me tão complexo quanto quase sempre desconexo e pateta - principalmente a parte dos surfistas -, mas não há tempo nenhum que apague aquela cena em que a Phoebe Cates usa uma banana para ensinar a Jennifer Jason Leigh a fazer sexo oral.

quinta-feira, novembro 18, 2021

Escape Room: Tournament of Champions (2021)

A fórmula de sucesso da primeira sequela d'Os Jogos da Fome adaptada a uma das sagas com mais potencial de alimentar incontáveis capítulos nos próximos anos, todos eles com retorno financeiro garantido - só para terem uma noção, o primeiro "Escape Room", em 2019, fez cento e cinquenta milhões de bilheteira num orçamento "miserável" de nove milhões de dólares. Já sabemos ao que vamos, e para onde vamos, mas mesmo assim não resistimos. Os cenários convencem, tanto visualmente como na "ciência" lógica de cada armadilha - que ainda assim tem que ser explicada tintim por tintim para nenhum espectador ficar perdido no meio de tanta complexidade destinada a "campeões" - e, mesmo não havendo brilharetes nenhuns a nível de elenco, aquela semi-reviravolta final que nos atira para os bastidores do jogo foi mais do que suficiente para me deixar agarrado ao que aí vier. A todo o vapor, prova atrás de prova, com pavor que fique tudo muito parvo. Vapor, prova, pavor e parvo: tudo anagramas. Ah, pois é amigos, é só para campeões!

quarta-feira, novembro 17, 2021

The Rage: Carrie 2 (1999)

Não era para ser sequela, mas quando os produtores perceberam as semelhanças do guião com o clássico de De Palma, toca a aproveitar a embalagem. Amy Irving voltou - com autorização e bênção do mestre -, Sissi Spacek disse "nem pensar". Emily Bergl estreou-se - e logo como protagonista - e quase tudo correu mal: todos os conflitos parecem mal cozinhados, o acting dos parvalhões é sofrível e o tom passa o tempo a oscilar entre o grunge e o adolescente pateta. Bocejo atrás de bocejo, até ao massacre final. E o que me diverti neste "baile" sangrento, quase como que uma obrigação contratual para justificar a ligação ao conto de Stephen King. CDs assassinos, arpões de caça submarina a atravessarem crânios, portas e tomatadas, vidros a sério a rebentar contra tudo e todos - Bergl acabou no hospital com vários cortes, recusando-se a filmar mais do que os três takes que já tinha feito -, piscinas com cobertura e malta a voar por telecinesia da nossa anti heroína recém-tatuada pelas forças do mal. Dez minutos com muito jeitinho e amor que salvam tudo o resto.

terça-feira, novembro 16, 2021

S. Darko (2009)

Que confusão dos diabos. Rewinds narrativos, wormholes, fim do mundo, sonambulismo, penas mágicas, um padre maroto, livros sobre unicórnios, meteoritos radioactivos - a única explicação para as infecções de um dos artistas que por lá andava -, tudo envolto numa aura mitológica que, tal como uma personagem afirma sobre os planos de Deus, não se explicam, sentem-se - ah, Nolan malandro, foi aqui que foste buscar essa desculpa para o "Tenet". Diz quem percebeu esta sequela "oficiosa" não reconhecida pelo Richard Kelly que trataram-se de personagens de universos tangentes a salvarem o mundo - ou elas próprias - através de viagens no tempo. Por mim tudo bem, fez tanto sentido quanto o "Donnie Darko", e como bónus até fiquei meio excitadão com a banda sonora e a irmã já crescidota do Donnie.

segunda-feira, novembro 15, 2021

Pokémon Detective Pikachu (2019)

Um filme para crianças em que as crianças chegam ao fim e não perceberam metade do que se passou - "Mas o pai afinal está vivo? Onde é que andava o corpo dele? A cabeça percebi que estava dentro do Pikachu! O tempo andou para trás? Com que justificação?", perguntou-me um dos meus filhos no final. "Não sei, também não percebi", respondi eu. Boa construção de universo alternativo - qual "Blade Runner" onde pokemons e humanos vivem em harmonia -, estética cyberpunk que convence e CGI nas criaturas que acaba por fazer funcionar visualmente a transição para imagem real. Mas tudo o resto é tudo menos uma tentativa de se manter fiel ao universo Pokemon - a ausência das batalhas, dos treinadores e do valor da amizade -, com a personalidade e o humor deadpooliano do Ryan Reinolds constantemente a sobrepor-se sobre a figura quase institucional do Pikachu e uma narrativa tão complicada nas suas reviravoltas que confunde mais do que entretém - e o seu público-alvo queria era divertir-se. Próxima vez, por favor, deixem lá o peluche amarelo ficar pelo "pika pika". KISS - Keep It Simple, Stupid!

domingo, novembro 14, 2021

American Psycho II: All American Girl (2002)

Na realização um Morgan Freeman branco e como nova psicopata - uma que começa o filme, num flashback em criança, a despachar o Patrick Bateman -, nada mais nada menos que a Mila Kunis a começar carreira, catapultada pelo sucesso de "That '70s Show". Do clássico que lhe precede, nada sobra, nem o género, quanto mais o tom narrativo e a classe. Tudo aqui é teen aparvalhado, da narração medonha de Kunis às motivações absolutamente banais dos crimes, ao mini-mistério que se tenta criar de início sobre a identidade do assassino quando o próprio cartaz do filme não deixa qualquer dúvida sobre o assunto. Banda-sonora desadequada, qual "Wild Things" em pele de cordeiro, edição tenebrosa - atentem a primeira cena com o psicólogo, ora com fade outs ora com mudanças brutas de planos - que sem razão nenhuma lembra-se de enfiar uns slow-mos pelo caminho e o William Shatner como professor malandro. Não há coragem nem arrojo para mostrar as mortes, não há qualquer tipo de explicação sobre como os corpos são escondidos nem uma única consequência ou desconfiança em torno dos enigmáticos desaparecimentos. Um preservativo como arma e um gato dentro de um micro-ondas. Ousado. Esperem, falso alarme, a dona chegou a tempo de o salvar.

sábado, novembro 13, 2021

Seuwingkizeu (2018)

Bipolaridade: perturbação de humor caracterizada por alternância entre estados depressivos e estados de excitação eufórica. Ou, num putativo dicionário cinéfilo: "Swing Kids". Ora num mood quase pateta similar ao de um qualquer "Kung-Fu-Zão", ora inesperadamente cruel e sombrio qual "Lista de Schindler", eis uma forma nada convencional de juntar humor e tragédia, com uma mão-cheia de actores claramente escolhidos pelo seu talento e know-how em sapateado e não pelos seus dotes de representação, numa narrativa que mistura personagens a falar duas línguas tão diferentes (coreano e inglês), mas onde tudo é entendido independentemente do idioma usado por várias personagens sempre que assim dá jeito. Campos de concentração coreanos nos anos cinquenta, verdadeiras tocas de poliglotas comunistas e anti-comunistas. Fora de brincadeiras, a história verídica tem, obviamente, interesse e carácter histórico relevante, mas tal é o desfasamento e inconsistência entre tons que raramente nos cativa ou emociona. Nem no pós-créditos, onde em vez de usarem registos fotográficos de então, metem retratos a preto-e-branco dos bastidores das filmagens. PS: Agora que falei nisso, era mesmo engraçado haver um dicionário cinéfilo em que cada termo era associado a um filme específico.

sexta-feira, novembro 12, 2021

Kate (2021)

Visualmente, "Kate" convence no meio de toda a iconografia nipónica, cenas de acção viscerais e bem coreografadas e um trabalho de câmera notável entre drones em movimento e filmagens de proximidade corpo a corpo. Agora, como diria o Rui Veloso, não é pelo lado solar que lhe quero amar, embora seja ele que me esteja a enganar. A face negra, o lado lunar, a arca escondida debaixo do chão, está longe de ser à prova de bala, à prova de tudo: a história nunca convence nem cativa apesar do seu sentido de urgência, Mary Elizabeth Winstead é a única que consegue escapar à banalidade - quantas vezes já vi Harrelson neste piloto automático secundário e a miúda que faz de Ani, bem, vamos ser simpáticos, era uma estreia absoluta e tão mau como a primeira vez raramente volta a ser - e, reviravolta previsível atrás de final esperado, não podia ser maior a nossa indiferença quando tudo termina. Tiremos à expressão todo o dramatismo, fiquemos com a poeira dos sonhos e esqueçamos as ruinas de amor.

quinta-feira, novembro 11, 2021

Turning Point: 9/11 & the War on Terror (2021)

Comecemos pelo fim: uma série documental de 2021 que ficou parcialmente desactualizada ainda em 2021. Toda a evolução a nível de direitos humanos e igualdade de género no Afeganistão que serve como uma das poucas conclusões positivas de anos e anos da "Guerra ao Terror" evaporou-se em poucos dias, com a saída das forças militares norte-americanas do território e a subida ao poder dos Talibãs. Mais do que um retrato sobre o 11 de Setembro de 2001, "Turning Point" é uma lição de história sobre a "bigger picture", uma que olha para o 9/11 não como o início de um conflito cultural/religioso/político mas sim como o momento em que o mesmo tocou nos corações de todo o mundo. Da invasão soviética ao Afeganistão às ligações norte-americanas com a Arábia Saudita, às histórias de heroísmo e filmagens inéditas em torno do ataque às torres gémeas, eis um documentário que educa ao mesmo tempo que faz cair uma série de mitos em torno da política externa dos EUA.

quarta-feira, novembro 10, 2021

Solace (2015)

Não percebo muito bem as bases do ódio generalizado da crítica e do público em torno deste "Solace". Inicialmente pensado e escrito para ser uma sequela directa do "Se7en" com o regresso do detective Somerset (Morgan Freeman) desta vez dotado de poderes psíquicos, o filme realizado pelo brasileiro Afonso Poyart acabou por não ter autorização de Fincher para revisitar o clássico e moldou-se para um stand-alone que, algures numa dinâmica policial entre "O Silêncio dos Inocentes" e o "Next" com o Nicolas Cage, acaba por cumprir de forma mais do que satisfatória com os requisitos mínimos do género: interpretações sólidas, química entre uma mão-cheia de velhos conhecidos do elenco de "The Walking Dead" e uma série de crimes para descodificar e entender. Os efeitos especiais - visões sobrenaturais - são manhosos, verdade, e a energia/ritmo nem sempre cativa. Mas caramba, não falta talento e competência aqui para não ser arrasado da forma que foi.

terça-feira, novembro 09, 2021

The Lie (2018)

Baseado numa história verídica. Não, estou a brincar, ninguém seria tão burro e pateta ao ponto de deixar os pais que ama e respeita entrarem numa espiral de loucura e decisões criminosas só para deixar a amiga ir descansada agitar o néctar ao namorado durante uns dias. Sim, estraguei-vos o filme com um mega spoiler do twist decisivo que, surpresa, até está escarrapachado no título do filme. Não chorem, não vale a pena. Mesmo que seja triste que uma realização segura e cuidada de Veena Sud e um par de interpretações fenomenais - e não uso o termo de forma leviana - de Sarsgaard e Mireille Enos enquanto pais destroçados e perdidos por um erro inimaginável da filha sejam desaproveitados de forma tão leviana por uma ideia de reviravolta que não convence nem no papel, quanto mais no ecrã. Blumhouse, go home, you're drunk.

segunda-feira, novembro 08, 2021

Nas Nalgas do Mandarim - S08E18

domingo, novembro 07, 2021

Aliens (1986)

"Aliens: O Recontro Final" - terá sido ou não gafe de quem escolheu o título nacional (conflito/encontro casual), sendo "Reencontro" o termo pretendido, tal como muitos outros países latinos que usaram "regresso" - aprofunda as ideias do original ao mesmo tempo que se diferencia de forma singular no tom e no contexto. Como que uma sequela com identidade própria, mérito da visão e da audácia de James Cameron, que renovou e multiplicou a premissa original, desta vez com mais combatentes e alienígenas, num espaço muito mais amplo e com dinâmicas relacionais, familiares e de género diferentes das de Scott. Tal como o antecessor, sobrevive visualmente muito bem ao peso do tempo e de todas as infinitas possibilidades que as novas tecnologias passaram a permitir. Nada aqui tem aspecto plástico ou falso; tudo é palpável e credível, por mais ousado que seja o cenário. Que saudades desta competência que tanto trabalho dava.

sábado, novembro 06, 2021

Alien (1979)

Um dos títulos fundamentais da história da ficção científica e do terror, tão actual e visualmente convincente hoje como quando estreou nos cinemas em 1979. Como que um slasher no espaço com o melhor que uma década e um género tiveram para oferecer, com o estreante Ridley Scott a manejar a batuta perante um universo tenebroso, deixando-nos em constante tensão e angústia num cenário claustrofóbico transformado em labirinto para ratos (tripulação) que tenta sobreviver a um monstro sofisticado que aparece apenas a espaços - e rapidamente, não se vá notar alguma imperfeição que faça rebentar a corda. Scott domina o medo e as cuecas da Sigourney Weaver com uma mestria ímpar memorável, lançando-se directamente para a lista dos mais requisitados em Hollywood - seguiu-se "Blade Runner", outro clássico, só assim como quem não queria a coisa. Deslumbrante. Sedutor. Perturbador.

sexta-feira, novembro 05, 2021

Celebrating Noirvember: Part I

quinta-feira, novembro 04, 2021

Mishima: A Life in Four Chapters (1985)

Filme biográfico ficcionado sobre Yukio Mishima, um dos escritores japoneses mais polémicos e controversos do século XX. Confesso que não conhecia a história de Mishima - e muito menos as suas obras mais celebradas, que servem aqui de base a três dos quatro actos representados -, e já desconfiava que Paul Schrader não seria certamente o tipo de realizador mais adequado para se preocupar com ignorantes como eu - muito pouca exposição e quase nenhum contexto. Por isso, entre todos os trunfos técnicos inegáveis - dos cenários coloridos à banda sonora da autoria de Philip Glass - do filme produzido por Coppola e Lucas que curiosamente nunca teve direito a estreia em sala ou em home video no Japão devido à faceta política e homossexual associada a Mishima, acaba por ficar a clara sensação de uma obra mais preocupada consigo própria do que com o espectador, um mero exercício artístico que nunca nos agarra - a nós, leigos em Mishima e cultura japonesa - emocionalmente no meio de tanto teatro literário. Bocejo atrás de bocejo até ao seppuku final.

quarta-feira, novembro 03, 2021

Nas Nalgas do Mandarim - S08E17

terça-feira, novembro 02, 2021

The Lodge (2019)

Que belíssima surpresa. Papelaço de Riley Keough num filme com uma atmosfera extraordinária de suspense e terror psicológico, repleto de silêncios rasgados por momentos de choque inesperados - como a cena inicial na sala de jantar -, e de uma mão-cheia de elementos narrativos - o passado religioso, o divórcio dos pais, o mau tempo, o isolamento, o período natalício, a assombração do líder do culto, entre tantos outros - que Veronika Franz e Severin Fiala transformam de forma extremamente hábil e competente em virtudes inquietantes que exponenciam toda a tensão que nos atormenta. Um cão com nome de zelador do Overlook Hotel como prendinha para os cinéfilos mais atentos, dúvidas, twists e uma sensação de desconforto constante. Vou atirar-me já de cabeça ao "Goodnight Mommy".

segunda-feira, novembro 01, 2021

Pope Verhoeven