sexta-feira, janeiro 30, 2009

Dexter - Terceira Temporada

Apesar de ser dono e senhor de uma das personagens mais interessantes da actualidade e ser nomeado, ano após ano, para a categoria principal de representação de grandes prémios como os Emmy ou Golden Globes, Michael C. Hall nunca levou nenhuma estatueta para casa – tanto com “Dexter”, como previamente por “Sete Palmos de Terra”. Um sentimento esquivamente impróprio e injusto de reconhecimento com um actor que conseguiu com que o grande público torcesse, episódio após episódio, por um assassino em série que esfaqueia brutalmente as suas vítimas, cortando-as em seguida em várias partes, de modo a despejá-las no fundo do oceano e limpar qualquer rasto que o ligue aos crimes.

Nesta terceira temporada, a série continua o caminho de humanização de Dexter, concedendo-lhe agora um amigo em quem pode confiar e contar todos os seus segredos, bem como duas oportunidades para avançar na sua relação com Rita: a união de facto e o nascimento do primeiro filho. E a verdade é que é a linha narrativa que foca a luta pessoal entre os valores e as motivações de Dexter e os seus actos que mantém o produto televisivo da Showtime tão intrigante e interessante de seguir agora, como há três anos atrás. Os casos estruturais estão longe de ser banais, mas sem o conflito interno, espelhado pela constante presença do pai na sua imaginação, a fórmula mágica teria certamente pouca durabilidade.

Com uma performance fantástica de Jimmy Smits na pele de um temido procurador/advogado da cidade de Miami, cabe a ele o mérito de reformular o isolamento do mundo real de Dexter e conferir à narrativa alguns novos lugares nunca antes explorados. Sem nunca precisar das reviravoltas argumentativas de outras séries para brilhar, “Dexter” sabe, no entanto, tratar o espectador com inteligência ao colocá-lo a gostar de algo reprovável, a fazê-lo sentir bem com situações moralmente duvidosas. O único senão desta temporada, tal como já havia acontecido na anterior, é o final cauteloso e algo previsível, a preparar sem riscos uma nova temporada. Resta ter fé que quando chegar a hora de fechar definitivamente a história, os devidos responsáveis saibam dar a “Dexter” um final de culto, tão esplendoroso e enigmático como a mente da sua personagem chave.
Cinema Notebook: TV.com: 9.1 (12,558 votos) Média dos Leitores CN:

11 comentários:

F. disse...

És maravilhoso. Escreves tão bem

F. disse...

Quando escreves sobre o Milk? É o teu tipo de filme não é?

dianamatias disse...

8/10, mesmo.

F. disse...

Já chega de brincadeira. Peço desculpa pelo exagero de piadola de mau gosto.

Confesso ainda ter visto muito Dexter mas a avaliar por tudo o que tenho lido e pelo pouco que vi deve ser uma série fenomenal.

Michel C. Hall é muito bom actor.

Anónimo disse...

Grande série, grande actor... uma pena continuar a ser esquecida nas cerimónias de prémios... enfim...

JB disse...

Michael C. Hall já merece o reconhecimento prático, ou seja, que receba todos os prémios e mais alguns pois merece.
Quanto à série é só a melhor série de sempre desde "twin Peaks".
Fantástica

Filipe Machado disse...

Grande série, das mais originais desta última vaga da televisão norte-americana. As duas primeiras temporadas foram fascinantes! Michael C. Hall já devia ter sido premiado aquando das suas interpretações em Sete Palmos de Terra! Que injustiça...

André disse...

Grande grande série. Por curiosidade comprei o último livro da série e constatei que, embora muito semelhante, a narrativa da série televisiva segue um rumo ligeiramente diferente. Mas Dexter é Dexter...

E Michael C. Hall parece destinado a um futuro muito risonho na indústria, quem sabe cinematográfica.

Rita disse...

Michael C. Hall prova mesmo ser um actor brilhante, e, ainda no seguimento do comentário feito pelo André, penso que, apesar de os livros serem bons, a série está uns bons degraus acima, em parte pela fantástica representação de Hall.

Por curiosidade, Knoxville, sabe se a série já estreou no FX?

Carlos M. Reis disse...

Rita, estreou no passado dia 28 de Janeiro, se não estou enganado. Houve uma campanha interessante da ZON sobre a estreia, já que o FX é um canal exclusivo deles.

Quanto a Dexter, vamos lá ver se a quarta temporada mantém o nível das três primeiras. E vamos ver o que vai mudar na vida de Dexter com o nascimento do filho ;)

Cumprimentos a todos, obrigado pela visita!

Neila Pamplona disse...

adorei a descrição, estou mais ansiosa para terminar a segunda temporada depois de ler isso.

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