domingo, janeiro 31, 2016

The Wolfpack (2015)

Sete irmãos (seis rapazes e uma rapariga) isolados do mundo, num pequeno apartamento com uma vista fantástica em (e sobre) Manhattan. O pai, lunático e alcoólico, queria que os filhos não fossem escravos da sociedade, controlados como robôs pelo governo através do trabalho e da necessidade de dinheiro. Solução? Trancou-os em casa durante mais de uma década, qual seita comunitária, sendo estes educados pela mãe, professora certificada de ensino doméstico, donde vinha aliás todo o rendimento familiar. Sair de casa, só por necessidade extrema - anos houve em que não passaram da porta uma única vez. Como contactavam os seis rapazes - a rapariga, mais nova, é praticamente excluída do documentário - com o mundo exterior? Recriando e revivendo os seus filmes favoritos, de "Reservoir Dogs" a "Batman Begins". Mescla entre imagens de arquivo dos filmes caseiros da família com imagens da actualidade capturadas pela estreante Crystal Moselle, é no presente que "The Wolfpack" ganha algum interesse: vemos a primeira vez que todos saem de casa em grupo, como se fossem os Cães Danados de Tarantino, em alcateia, a primeira ida à praia, a primeira vez que andam de comboio, a descoberta do Google e, claro, a primeira vez que vão ao cinema. Mas, tudo somado, fica muito por dizer - culpa talvez da constante proximidade do pai - e quase tudo por explicar (como conseguiam, num suposto orçamento familiar tão apertado, pagar um apartamento na Big Apple, comprar tantas roupas, filmes, comidas etc. etc.). E, por isso, aquele que poderia ter sido um documentário assombroso a vários níveis, acaba por não ser mais do que um objecto de estudo curioso.

sábado, janeiro 30, 2016

Nas Nalgas do Mandarim - S01E18

sexta-feira, janeiro 29, 2016

Spotlight (2015)

"O Caso Spotlight" - uma escolha nacional de título estranha, diga-se de passagem, dado o background histórico das variadas equipas de investigação com a mesma chancela do Boston Globe que durante décadas desmascararam inúmeras trafulhices da sociedade - é um filme de uma importância extrema por duas razões primordiais: primeiro, relembra que o jornalismo não pode nunca perder a sua faceta de utilidade e serviço público em prol do negócio, das metamorfoses das redacções, das necessidades do momento, da falta de disponibilidade financeira ou pessoal para permitir investigações pertinentes e profundas que custam tempo e, consequentemente, dinheiro. Porque o jornalismo deve, mais do que nunca, servir como força em alerta constante para descortinar e revelar qualquer ilegalidade ou legalidade imoral que possa ter sido cometida longe dos olhos da justiça - ou mesmo perto dela, caso esteja corrompida. Em segundo lugar, porque recorda - ou apresenta, aos mais distraídos - a podridão que reina na mais poderosa e mafiosa das instituições mundiais: a igreja católica. Porque não se trata de um caso em específico, mas de um fenómeno; porque mesmo depois de tudo o que aconteceu, poucos pagaram pelos seus pecados e o arcebispo de Boston, conhecedor de todos os crimes e abusos que foram cometidos durante décadas, foi meramente transferido pelos superiores, qual promoção, para uma basílica em Roma. Como filme "Spotlight" é tecnicamente (ou mesmo narrativamente) digno de tanto louvor? Talvez não. Mas como lição de história que deve moldar o futuro, eis uma obra indispensável.

quinta-feira, janeiro 28, 2016

How To Make A David Lynch Film

quarta-feira, janeiro 27, 2016

Turbo Kid (2015)

Provavelmente o filme pós-apocalíptico mais naif cool de sempre, "Turbo Kid" é, na sua extrema inocência e ingenuidade, uma ode encantadora ao cinema underground de ficção-científica dos anos oitenta. Produção financiada com cinquenta mil dólares provenientes de uma campanha de angariação de fundos no Indiegogo, tudo em "Turbo Kid" é delicioso: os diálogos repletos de punchlines irresistíveis, uma dupla de heróis (o Cowboy e o próprio Kid) a explodir com tanto estilo, uma banda-sonora electrizante, uma mão cheia de capangas extravagantes e, surpreendentemente, uma narrativa muito mais inteligente e coesa do que seria de esperar de uma tripla de realizadores/guionistas sem qualquer background em longas-metragens. Sem dinheiro, sem carros, sem grandes efeitos especiais... mas com muito, muito feeling e ironia. E sangue a jorrar por todo o lado como nos bons velhos tempos.

terça-feira, janeiro 26, 2016

The X-Files & Dean Haglund @ VHS

segunda-feira, janeiro 25, 2016

Mitt (2014)

O retrato de um vencido. "Mitt" acompanha o candidato presidencial republicano Mitt Romney nas suas duas campanhas para se tornar no homem mais poderoso do planeta: em 2008, quando perdeu para McCain a luta partidária para ser o representante dos "elefantes" contra Obama, e quatro anos depois, quando conseguiu ser eleito como candidato republicano mas perdeu nas urnas para o Presidente em funções. Enquanto documentário político, "Mitt" é frívolo e oco, vazio de ideias e pontos de vista pessoais sobre a sociedade e a economia norte-americana que não um ou outro soundbite sem qualquer profundidade; enquanto retrato familiar de um mórmon rico atrás de um sonho, não resulta muito melhor, ou não estivesse claramente a família inteira, dos filhos à mulher, desesperada por chegar à Casa Branca apenas pelo estatuto que tal lhes proporcionaria. E quando mesmo num produto trabalhado para funcionar como propaganda individual a imagem que passa é tremida, algo correu definitivamente mal entre o promissor arranque (a derrota final) e o simbólico desfecho (o casal Romney no dia após a derrota, finalmente em casa, num silêncio profundo como se não soubessem o que fazer em seguida).

domingo, janeiro 24, 2016

Nas Nalgas do Mandarim - S01E17

sábado, janeiro 23, 2016

Fotografias TCN 2015

sexta-feira, janeiro 22, 2016

Steel (1997)

Um super-herói negro muito misterioso (o line-up policial não deu em nada) com dois metros e dezasseis centímetros de altura, diagnosticado com um caso severo de estrabismo sempre que coloca a máscara (capacete esse que tapa por completo as orelhas mas deixa boca e queixo à mercê do destino quando chega a hora de enfrentar balas e lasers de criminosos). Um basquetebolista transformado em actor (?!?) cujas expressões faciais e guarda-roupa duvidoso dizem quase tudo sobre a qualidade desta adaptação estrondosa da personagem da DC Comics. Um vilão recorrentemente com ar de quem está com uma prisão de ventre daquelas tramadas. Dois polícias sempre sozinhos em todo o lado, seja um assalto a uns velhotes no parque ou uma invasão à Reserva Federal norte-americana; percebe-se, não fosse Los Angeles uma cidade pequena, sempre com as suas ruas sem um único carro ou transeunte quando Steel entra em acção. Única coisinha menos má? Richard Roundtree, o Shaft original, num papel mais relaxado. Boa dica de visionamento se quiserem que seja o vosso cônjuge a pedir o divórcio.

quinta-feira, janeiro 21, 2016

Nas Nalgas do Mandarim - S01E16

quarta-feira, janeiro 20, 2016

Kazaam (1996)

Um génio rapper que canta (berra) tudo em rimas; um basquetebolista com dezanove anos de carreira cujo ego gigantesco derivado dos vários títulos de campeão nos anos noventa originaram uma onda de filmes, jogos e discos musicais que pretendiam explorar ao máximo o fenómeno popular; os saudosos velhos tempos onde um homem de 2,16 metros vestido com roupas estranhas a perseguir um miúdo nas ruas de Brooklyn não era olhado com preocupação. "Kazaam" revela-se uma experiência menos traumatizante do que contrair malária, mas ainda assim uma que foi suficiente para acabar com a carreira de realizador do "Starsky" Paul Glaser, responsável pelo inesquecível "The Running Man", do nosso amigo Arnie. Três apontamentos para mais tarde recordar: como o promissor Francis Capra perdeu-se no tempo; como provavelmente não havia ninguém da equipa técnica que conseguisse chegar à testa de Shaq para lhe limpar o suor entre takes e um justo louvor a Marshall Manesh ("True Lies"), o actor iraniano que em registo cómico nunca desilude.

terça-feira, janeiro 19, 2016

Nas Nalgas do Mandarim - S01E15

segunda-feira, janeiro 18, 2016

The Big Short (2015)

Longe da frieza dramática de "Margin Call" ou da diversão extravagante e enérgica de "The Wolf of Wall Street", "A Queda de Wall Street" apresenta-nos um retrato verídico competente, educativo e descomplexado do funcionamento corrupto das estruturas financeiras que deram origem ao rebentar da bolha imobiliária nos EUA em 2008. Adam McKay, habituado a bodegas sem nexo com Will Ferrell e companhia, surpreende ao desbravar novos terrenos, dar asas a Christian Bale e Steve Carell para brilharem sem restrições em dois papéis suculentos e, por fim, ao arriscar com uma narração e edição ritmada e criativa, que resulta na perfeição durante a primeira metade do filme. Uma lição importante - até porque, avisa McKay, os culpados continuam à solta e os esquemas proliferam com outros nomes - implantada num objecto cinematográfico cool... mas não mais do que isso (ao contrário do que este hype da temporada de prémios nos tenta vender).

domingo, janeiro 17, 2016

Nas Nalgas do Mandarim - S01E14

sábado, janeiro 16, 2016

Love Me (2014)

Homens, mamíferos primatas bípedes, com capacidade de fala mas que, conforme a beleza, o estatuto sócio-económico e a vida que levam, muitas vezes raciocinam com a cabeça errada. "Love Me" é um documentário que acompanha uma mão-cheia destes exemplares, dos EUA à Austrália, na sua caminhada dispendiosa - dezenas de milhares de dólares em mensagens e respectivas traduções - em sites de "encomendas" de noivas ucranianas. A procura pelo amor perfeito - um que não entenda patavina do que eles dizem mas tenha um corpinho jeitoso como o diabo para apalpar a qualquer hora - que termina de forma diferente para quase todos: uns são alvos de extorsão pura e dura, outros casam-se e nunca mais colocam os olhos em cima delas (e, ainda por cima, lamenta o idiota, sem ter molhado uma única vez o pão na sopa) mas, para alguns sortudos, a procura desesperada por uma vida melhor de um conjunto de mulheres sem presente nem futuro numa qualquer região rural ucraniana, acaba por resultar numa vida de união, filhos e muitas palmadinhas marotas que um badocha redneck com tshirts da NRA nunca pensou ser possível. Os mitos e as verdades de uma indústria peculiar, onde os trailers são sempre superiores aos filmes.

Enquanto andavam distraídos com Star Wars...

sexta-feira, janeiro 15, 2016

The Abominable Bride (2016)

Espécie de aquecimento para o pontapé de saída de uma quarta temporada que virá em 2017, "The Abominable Bride" sabe a muito pouco. O que lhe sobra em audácia criativa - o choque entre o passado e o presente, a prisão da mente e a realidade - escassa em habilidade criminal e narrativa para nos surpreender através de desfechos imprevisíveis, como tão bem a série de Mark Gatiss e Steven Moffat orquestrou nas três temporadas que precedem este devaneio artístico. E Moriarty, vivo ou morto? Morto, mas vivo? Oh que diabos, venha a quarta temporada, que este episódio zero de nada valeu.

Favoritos para os Óscares?

Melhor Filme? Mad Max. Melhor Realizador? George Miller em Mad Max. Melhor Actor? Tom, no Mad Max. Melhor Actriz? Charlize, no Mad Max. Melhor Guião? Miller e companhia em Mad Max. Porra, Melhor Documentário? Mad Max. Já perceberam a ideia, não perceberam? Dia 28 de Fevereiro, #teamMadMax cá em casa!

quinta-feira, janeiro 14, 2016

Alan Rickman (1946-2016)

quarta-feira, janeiro 13, 2016

terça-feira, janeiro 12, 2016

TCN 2015: Despedida e Resultados


Não vemos as coisas como são: vemos as coisas como somos. Para o bem, e para o mal. Muito, mesmo muito, podia ser dito sobre estas seis edições dos TCN que agora ficam no passado. Quase tudo guardo para futuras conversas de café com aqueles que durante estes seis anos, ou desde que descobriram este projecto utópico, nunca desistiram dele. Ganhasse quem ganhasse, perdesse quem perdesse, fosse nomeado quem fosse nomeado, tivesse a votos quem tivesse a votos, fossem estes últimos do público ou de uma academia. Porque foram estes que perceberam que o verdadeiro valor dos TCN, o grande objectivo desta celebração, era dar visibilidade aos blogues de cinema e televisão, levá-los aos principais players do mercado, dar-lhes credibilidade, apresentar o seu trabalho de nicho a outros mundos. Motivar. Reunir. Criar laços. Originar parcerias. Chegar mais longe. Ou, simplesmente, passar uma tarde divertida. Sem complexos, sem manias, sem problemas de jogar ao "1,2,3" no Centro Cultural Casapiano ou usar termos como "pintelheira", "merda" e "nalgas" perante desconhecidos e famosos. Porque essa tem que ser a imagem de marca da blogosfera: criativa, arriscada, original, sem medos, longe das zonas de conforto e dos lugares comuns da imprensa tradicional, repleta de restrições e politiquices. É imperativo sermos um espaço excepcional, com artigos e análises out of the box, iniciativas únicas e divertidas. Digo eu. Mas quem sou eu para achar que tenho uma palavra a dizer sobre esse conceito tão fantasioso quanto romântico que é a blogosfera? Sou o tipo que arriscou pisar um palco sem plateia em 2010 para celebrar essa utopia.

Ao Edgar Ascensão, ao Manuel Reis, ao Miguel Ferreira e ao André, ao Ricardo Rufino, ao José Soares, ao Pedro "Xunga", ao Paulo Fajardo e ao Daniel Louro, ao Pedro Andrade, ao Vítor Rodrigues, ao Luís Silveira e Castro, ao Gonçalo Fabião, ao Bruno Ferreira, ao Nuno Reis, ao Jorge Rodrigues, ao Samuel Andrade, à Anabela Moreira, à Catarina d'Oliveira, ao Rui Ribeiro, ao Fernando Ribeiro, ao Paulo Soares e a todos os que contribuíram para animar, divulgar e tornar reais seis cerimónias, bem como a todos os patrocinadores e todos os convidados que aceitaram subir ao palco desde 2010 e entregar um dia um TCN, o meu titânico OBRIGADO. Sem vocês todos, mas principalmente sem os seis que destaquei a negrito, os TCN nunca teriam passado do papel em anos diferentes. Esqueço-me certamente de muitos aqui no teclado, mas nunca no coração ou nas várias gavetas da mente que de quando em vez serão abertas.

O futuro, esse, não é comigo no leme. Para quem se seguir, amanhã ou daqui a vinte anos, um conselho: tudo o que nos irrita nos outros pode levar-nos a um entendimento de nós mesmos. E nós somos o que fazemos. Até sempre!


RESULTADOS TCN BLOG AWARDS 2015

Blogger do Ano | Blogue Colectivo | Blogue Individual | Novo Blogue | Artigo de Televisão | Artigo de Cinema | Crítica de Televisão | Crítica de Cinema | Entrevista | Reportagem | Iniciativa | Rubrica | Top/Ranking | Site/Portal/Facebook | Festival | Distribuidora | Canal de Cabo

segunda-feira, janeiro 11, 2016

David Bowie (1947-2016)

domingo, janeiro 10, 2016

I bet James Franco ends up killing JFK

sábado, janeiro 09, 2016

Vencedores TCN Blog Awards 2015


Blogger do Ano: Pedro de Alarcão Lombarda, do blogue CinemaXunga

Blogue Colectivo: TVDependente

Blogue Individual: A Janela Encantada

Novo Blogue: Jump Cuts

Artigo de Televisão: The Daily Show with Jon Stewart, por Diogo Cardoso, do blogue TVDependente

Artigo de Cinema: Cinema Mudo Escandinavo, por José Carlos Maltez, do blogue A Janela Encantada

Crítica de Televisão: Mad Men, 7ª Temporada, por Mafalda Neto, do blogue TVDependente.

Crítica de Cinema: Mad Max: Fury Road, por Pedro de Alarcão Lombarda, do blogue CinemaXunga

Entrevista: Shlomi Elkabetz, por Aníbal Santiago, do blogue Rick's Cinema

Reportagem: Cannes 2015, por Hugo Gomes, do blogue Cinematograficamente Falando


Rubrica: Posters Caseiros, por Edgar Ascensão, do blogue Brain-Mixer

Ranking/Top: Top 15: Música de Filmes de Terror, por Rita Santos, do blogue Not a Film Critic

Site/Portal/Facebook: Girl on Film Facebook

Festival: MOTELx 2015

Distribuidora: Alambique


Prémio Memória: Cinedie e Cinedie Ásia

sexta-feira, janeiro 08, 2016

Hashtag oficial TCN Blog Awards 2015

#TCN2015

quinta-feira, janeiro 07, 2016

Dexter (S6/2011)

À sexta temporada, o melhor e o pior. No flanco positivo, uma reviravolta completamente inesperada qual homenagem solene televisiva d'O Sexto Sentido, os momentos finais da season finale e o constante dilema religioso que acompanhou a temporada; no lado preguiçoso e desleixado, a quantidade nada comum no histórico de "Dexter" de pontas narrativas soltas - dos vídeos que enviava ao criminoso apocalíptico, que poderiam muito bem ser descobertos pela polícia ou mesmo publicados no blogue deste, à chamada anónima para o 112, que ouvida por qualquer elemento do departamento policial que investigava o caso (o seu) seria facilmente reconhecida - que acabam por fulminar a credibilidade de uma narração habitualmente meticulosa. Nas personagens, a mesma radicalização: Quinn e LaGuerta já só servem para irritar, Debra ganha finalmente uma profundidade notável com a ascensão a Tenente e com todas as complexidades humanas e profissionais que essa promoção acarreta. Mas até aqui os guionistas conseguem corromper a coisa, inventando uma surreal paixoneta recalcada pelo irmão que não faz qualquer sentido. Tudo somado, ainda não é desta que deixo "Dexter" cair.

quarta-feira, janeiro 06, 2016

Nas Nalgas do Mandarim - S01E11

terça-feira, janeiro 05, 2016

1971 (2014)

No dia 8 de Março de 1971, um grupo de oito activistas roubou todos os documentos que estavam numa filial do FBI na pequena vila de Media, na Pensilvânia. Nos dias seguintes, divulgaram os mesmos por jornalistas e congressistas de todo o país, tornando do conhecimento público uma série de actividades ilícitas da agência federal norte-americana. Consequência imediata? A primeira investigação da história do Congresso sobre uma entidade governamental. Melhor ainda? Esses activistas nunca foram apanhados. Agora, quatro décadas depois, esta é a sua história sobre o planeamento, a execução e o impacto dos seus actos na sociedade norte-americana de então e de agora, sob o trabalho de recriação irrepreensível da estreante Johanna Hamilton. Da descoberta do programa COINTELPRO, que visava infiltrar agentes entre activistas anti-Vietname, nas Panteras Negras, no círculo de amigos de Martin Luther King Jr, bem como entre tantos outros grupos de cidadãos problemáticos, à espionagem com fins políticos orquestrada pelos homens de J. Edgar Hoover, os documentos de Media colocaram os EUA em polvorosa. Quais os riscos que valem a pena tomar para expor o abuso do poder? And who watches the watchmen?

segunda-feira, janeiro 04, 2016

Brick (2005)

Um papelão de um muito jovem Joseph Gordon-Levitt, a estreia temerária na realização de Rian Johnson ("Looper" e o episódio VIII que aí vem), uma narrativa teen noir exótica, um raccord estranho, uma mão cheia de interpretações desastrosas, muito estilo, pouca plausibilidade. "Brick" é um objecto único, repleto de atitude, mas vazio de impacto emocional; interessante a nível técnico, aborrecido e descoordenado a nível estrutural. Quente e frio, ousado mas vítima da inexperiência do seu maestro.

domingo, janeiro 03, 2016

Nas Nalgas do Mandarim - S01E10

sábado, janeiro 02, 2016

The Propaganda Game (2015)

Tantas perguntas que ficaram por fazer, tantas respostas - mesmo que consistissem num mero silêncio incómodo - que ficaram por arrancar. O documentário de Álvaro Longoria termina e a sensação que permanece é que o espanhol desperdiçou uma oportunidade de ouro para criar um objecto único de revelação e denúncia de um povo sem voz própria. A segurança era apertada, o postal para inglês ver bem orquestrado pelos responsáveis norte-coreanos mas, por receio ou falta de talento, Longoria nunca arrisca urinar para fora do penico. No fim, sobra uma pergunta: afinal, qual é a verdade? Quem manipula mais, os ocidentais através da desinformação massiva - dos cães que comeram o tio do líder supremo (brincadeira que, descobrimos, começou num insignificante blogue chinês) à obrigatoriedade dos locais terem o penteado de Kim Jong-un - ou o governo norte-coreano, que controla ao mais ínfimo pormenor todos os detalhes da vida dos seus cidadãos, da educação pretendida à escolha da casa onde moram. Demasiado politicamente correcto para perdurar na memória mas, ainda assim, uma oportunidade rara para descobrir visualmente um país de beleza singular fechado ao resto do mundo.

sexta-feira, janeiro 01, 2016

Creed (2015)

Vamos começar pela comparação inevitável: "Creed" não é, nem de perto nem de longe, tão emotivo e gratificante como o regresso de "Rocky Balboa" em 2006. Realizado por Ryan Coogler ("Fruitvale Station", também com Michael B. Jordan), este regresso disfarçado da saga do garanhão italiano resulta numa mixórdia de sentimentos: se por um lado temos a oportunidade de reviver uma personagem histórica numa vertente pessoal e intimista, sob um trabalho técnico irrepreensível, por outro falta a "Creed" tudo o que fez dos restantes capítulos um sucesso: o coração de Stallone na escrita, a sonoplastia de treino impressionante que ainda hoje sobrevive, uma história de amor comovente, um final no ringue tão inesperado quanto severo. Em "Creed", quase tudo fica em aberto, da doença de Balboa à perda de audição de Bianca, como que preparando uma série de sequelas, prejudicando essa indefinição o poder da narrativa isolada deste exercício. Vai uma aposta que esta ainda não foi a última vez que vimos Rocky no grande ecrã?

Olá 2016!