domingo, janeiro 31, 2021

Horizon Line (2020)

Este "Horizon Line" é tudo o que promete ser: thriller completamente banal e genérico, repleto de momentos ridículos e injustificáveis a bordo de uma pequena avioneta. Seja reparar um tubo de combustível com fita cola no exterior em pleno vôo, usar rum como combustível ou atravessar uma tempestade sem qualquer necessidade só para não perder o norte - neste caso o oeste -, chegou uma altura perto do fim em que confesso que torci para que algum tubarão os apanhasse e acabasse com o nosso sofrimento. Guião e diálogos preguiçosos, erros inaceitáveis de continuidade - posição das personagens trocadas e/ou omissas -, interpretações desleixadas - nem a Allison Williams levou isto a sério, ao contrário daquela famosa lambidela de campeão de que foi alvo na série "Girls" - e uma boa oportunidade para relembrar o ano terrível que foi 2020. Só faltou mesmo o piloto morrer com Covid e não de ataque cardíaco.

sábado, janeiro 30, 2021

Cyborg (1989)

Van Damme em início de carreira, sem carisma e com nome de guitarra eléctrica, não tem sorte nenhuma com as mulheres, como mostram os flashbacks da sua versão do passado com uma peruca e rabo de cavalo. O neozelandês Vincent Klyn, mau como as cobras, também com nome de guitarra elétrica, a razão do seu azar. Típico pós-apocalíptico da década de oitenta com meio milhão de orçamento, a tentar explorar, na sombra, o sucesso da saga "Mad Max". Mas desenganem-se: não há aqui nada que se aproveite. Edição desastrosa, história enfadonha, pancadaria sem classe - tal era a descoordenação que Van Damme chegou a cegar um dos piratas -, gritaria parva sem uma única palavra na batalha final, enfim, todo um conjunto de artimanhas mal amanhadas de Albert Pyun que levaram a Cannon à inevitável bancarrota. Nem o mais acérrimo defensor dos "Músculos de Bruxelas", como eu, conseguem desculpar esta catástrofe.

sexta-feira, janeiro 29, 2021

Nas Nalgas do Mandarim - S08E02

quinta-feira, janeiro 28, 2021

The Wolf of Snow Hollow (2020)

Jim Cummings, uma vez mais, como um polícia em queda livre enquanto homem (álcool), filho (pai doente) e pai (relação com a filha). Uma espécie de sequela no tom e nos ideais (e ideias) para o seu aclamado "Thunder Road", um filme com aparentes contornos sobrenaturais que não passa afinal de um veículo extremamente original e complexo para uma viagem em torno do descontrolo e da frustração de alguém que quer ter tudo sobre controlo e, por mais que tente, não consegue. Cinematografia lindíssima repleta daquela identidade muito própria e independente de Cummings, uma linha muito ténue entre comédia e drama, o saudoso Robert Forster num dos seus últimos papéis e Cummings em constante ebulição - ninguém grita e chora como ele. Queremos mais, muito mais.

quarta-feira, janeiro 27, 2021

Hollywood Chainsaw Hookers (1988)

"As motosserras usadas neste filme são reais e perigosas. Elas são manipuladas por profissionais. Os cineastas deste filme advertem para não tentarem fazer isto em casa. Especialmente se tiverem nus e prestes a fazer sexo impiedoso". Assim arranca esta pequena pérola trash/exploitation do final da década de oitenta, com meia hora inicial de verdadeira categoria com diálogos espirituosos repletos de trocadilhos, nudez total (não há cá lençóis a tapar carpetes), TFC (terapia de foda carinhosa), um cocktail chamado "orgasmo barulhento", sangue a jorrar por todos os lados, braços pendurados em seios (literalmente) e narração em estilo noir com um detective de cigarrinho colado na boca e chapéu na tola. Cinco dias de filmagens e cinquenta mil dólares de orçamento, o Leatherface original como líder do culto das suas tão queridas "motosserras", um desfecho demasiado banal comparado com o brilho do build-up de entrada, banda-sonora porreira e uma sequela anunciada ("Student Chainsaw Nurses") que infelizmente nunca viu a luz do dia. Não sei do que é que estão à espera.

terça-feira, janeiro 26, 2021

The Flight Attendant (S1/2020)

Há um qualquer toque hitchcockiano neste thriller de humor negro da HBO que, apesar das várias camadas extra que tenta adicionar ao mistério (a espionagem industrial coreana claramente a mais mal amanhada, completamente aleatória na justificação da sua existência) falha em criar um todo consistente, bem como a arranjar uma escapatória final para um desfecho imprevisível. Não sobrava nenhum twist de personagem que não aquele que acabou por acontecer e, mesmo que o ritmo narrativo seja consistente e dinâmico, não chega o espectro dramático-cómico surpreendentemente vasto de Cuoco para que a série de Steve Yockey deixe marca num catálogo cada vez mais competitivo. Segunda temporada em aberto, com Cuoco como agente secreta, na mesma linha do que um dia imaginaram para a Veronica Mars. E que nunca aconteceu. Pode ser que tenha - e tenhamos - a mesma sorte.

segunda-feira, janeiro 25, 2021

Nas Nalgas do Mandarim - S08E01

domingo, janeiro 24, 2021

Do the Right Thing (1989)

No meio dos seus defeitos e das suas contradições, o que fica de "Não Dês Bronca" para qualquer um que o veja - esqueçam as cores e as origens - é o seu apelo à empatia. Não é preciso perdoar as motivações de cada personagem, mas compreendê-las. Porque o sentimento de revolta nem sempre nasce de um homem revoltado, porque a sociedade não reflecte apenas distúrbios raciais mas todas as suas dinâmicas trágicas. Tão realista quanto simbólico, tão alegre quanto bárbaro, tudo sobre o manto criativo original de Spike Lee. Controverso - muitos acharam-no um apelo à violência racial -, tão pertinente e actual agora como em 1989 - Radio Raheem podia muito bem ser George Floyd -, um objecto que ressente-se, mais do que se revolta, com as ideias enraizadas sobre raças nos Estados Unidos da América.

sábado, janeiro 23, 2021

Death to 2020 (2020)

Mockumentary da Netflix cujo principal erro foi elevar demasiado as expectativas ao anunciar-se ao mundo como um "produto" dos criadores de "Black Mirror" - quando, na verdade, Charlie Brooker foi apenas um dos dezoito guionistas do projecto. Esperava-se portanto algo fora da caixa, algo mais do que um sketch elaborado do Saturday Night Live centrado quase unicamente nos Estados Unidos da América. Para memória futura fica o historiador de Hugh Grant que confunde acontecimentos da Guerra dos Tronos e da Guerra das Estrelas com a realidade, o resumo dos nomeados aos óscares pelo sempre eficaz Samuel L. Jackson - que mesmo a brincar diz todas as verdades que importam sempre que é chamado ao ecrã, seja sobre Trump ou George Floyd - e os olhos gigantes da Cristin Milioti. Vamos apenas esperar que 2021 não dê razões suficientes à Netflix para fazer uma sequela disto.

sexta-feira, janeiro 22, 2021

Showdown in Little Tokyo (1991)

Dolph Lundgren bonitinho e penteadinho a despachar Yakuzas enquanto toma o pequeno-almoço. Literalmente, de chávena de café na mão, sem derramar pinga. O Cary-Hiroyuki Tagawa, o japonês que nem precisa de abrir a boca para ser o vilão mais assustador do planeta, decapita uma jovem loira traidora enquanto lhe apalpa as maminhas com a mão que tinha livre. Brandon Lee, também bonitinho e penteadinho, é escolhido para ser o novo parceiro do Dolph - sim, são os dois polícias em Los Angeles; nunca um carro de polícia viu tanta testosterona junta nos bancos da frente. Lee não gosta de sushi; até ver uma mulher nua a fazer de bandeja para as peças de peixe cru em cima da mesa. Lundgren não gosta de música; até ver a Tia Carrere a cantar. Lee o rei dos mortais na retaguarda com pontapé na face; Dolph com aqueles ganchos soviéticos remanescentes do Drago. "A beleza deve ser possuída, ficas sem cabeça se não me obedeceres (para a Tia, não a tia dele, a Carrere)"... porra, já vos disse que o Tagawa nasceu para ser vilão? Pancadaria no spa, tudo de tanga branca enfiada nas nalgas, dentro e fora dos jacuzzis. Tia Carrere, ela novamente, toda nua: nota artística 10, com ou sem público nas bancadas. Final com mais fogo de artifício do que era preciso, uma roda da sorte que esqueceu-se que o verdadeiro prémio estava no coração e no carisma da sua dupla de protagonistas.

quinta-feira, janeiro 21, 2021

Nalgas Flash Review: Rapid Fire

quarta-feira, janeiro 20, 2021

American Ninja (1985)

Um vilão de apelido Ortega com sotaque francês/italiano. Uma paixoneta entre um ninja com olhar e comportamento de um psicopata e a filha de um Coronel tão bonita quanto histérica. Anos oitenta em estado puro, o saudoso Steve James como sidekick de metralhadora e bazuca - qual Rambo negro -, ninjas a treinar, a matar e a morrer a rodos, estrelas mortíferas, espadas, facas, luvas que lançam mini-foguetes, raios-laser explosivos, teletransporte (e transporte para o além quando o mestre morre), nuvens de fumo mágicas, tiroteios em helicópteros e uma pitada de amnésia para dar mistério à coisa. Não há nada aqui que não resulte tal e qual como Sam Firstenberg queria, bem ciente da ironia do conceito a que decidiu dar vida. Tudo rápido, sem preocupações desnecessárias com lógicas e sentidos, apenas de olho no espectáculo. Hora e meia para descontrair e relembrar uma época onde a Cannon era mais importante para nós que o Voltaren.

terça-feira, janeiro 19, 2021

Timescape (1991)

Jeff Daniels, a miúda do "Jurassic Park", viagens no tempo, turistas de viagens no tempo e uma frase deliciosa de Daniels para ele próprio já perto do fim que define bem a boa disposição que atravessa este telefilme, perdoando-lhe quase tudo o resto: “Fuck the physics, Ben!”. Conceito sci-fi com potencial transformado numa história de amor familiar low-budget por David Twohy (saga "Pitch Black"), que cumpre os mínimos enquanto toca Beethoven aos sinos da igreja, num filme que curiosamente passou pelo Fantasporto em 1992, com uma nomeação para melhor filme e uma vitória para melhor actor. Uma coisa é certa, se um dia arranjar um passaporte daqueles, volto atrás no tempo e não deixo escapar aquela miúda do secundário que tinha uma tara por mim e hoje é hospedeira na TAP.

segunda-feira, janeiro 18, 2021

Summer Rental (1985)

Primeiro papel como protagonista principal num filme de estúdio de Hollywood do saudoso John Candy, sob orientação do lendário Carl Reiner - falecido muito recentemente com noventa e oito anos de idade -, "Malditas Férias" não tem, surpreendentemente, grande piada. Ficam as caretas, o escaldão e o talento inegável de Candy para a comédia, numa história ainda assim sem riscos nem ousadia para fugir ao politicamente correcto para toda a família. Rip Torn como "pirata" simpático, realização e guião banalíssimos e uma cena em que os "heróis" atiram tudo o que conseguem borda fora do veleiro, de electrodomésticos a embalagens de plástico. Imagino que a Greta Thunberg não vá achar grande piada a isto se o apanhar a dar na televisão como eu.

domingo, janeiro 17, 2021

Nalgas Flash Review: Thunder Road

sábado, janeiro 16, 2021

Highlander (1986)

Selo da Cannon, invejável banda-sonora dos Queen que ainda por cima interage com o guião - "Who wants to live forever?" e "It's a kind of magic" em duas falas de momentos-chave da narrativa -, malta de fato e gabardine com espadas medievais que fazem faísca sempre que batem em algo, cabeças decapitadas a rolar, acção a oscilar pelo mundo inteiro entre o ano da graça de 1536 e o presente, um vilão à maneira - o psicótico Clancy Brown - que canta Sinatra enquanto dá vida a uma espécie de Carmageddon pelas ruas de Nova Iorque, cenários escoceses lindíssimos, um escocês (Connery) que dá vida a um imortal egípcio com bigodinho à espanhola e um norte-americano (Lambert) que faz de escocês com ousadia para dar umas sedutoras dentadinhas em mamilos sempre que uma cena de sexo nasce inesperadamente no guião. Tempo e espaço para a mitologia em torno dos "imortais" ser apresentada e interiorizada, um fantástico prémio final escondido até ao último segundo e aquele sobrolho constantemente franzido do nosso herói. Como o tempo acabou por provar - sequelas frustradas, séries de televisão, desenhos animados, etc. -, só poderia mesmo haver um.

sexta-feira, janeiro 15, 2021

After Hours (1985)

Papelão de Griffin Dunne, cinematografia ousada e excêntrica de Michael Ballhaus que brilha no escuro - todas as cenas, incluíndo as de interior, foram filmadas de noite - e realização enérgica de um génio cáustico que raramente desilude. Aventura de uma noite tão alucinante quanto absurda, humor negro fino e subtil entre boémios e aberrações, um espectáculo paranóico em que Nova Iorque ganha vida e é, ela mesmo, protagonista da crescente exasperação de um simples analista que, por uma desconhecida num diner, saiu da sua zona de conforto. Hípercinético, como que um filme que bebeu mais café do que devia e, para ajudar à festa, ainda fumou um charro colombiano pelo meio. Quer dizer, disseram que era colombiano, não vale a pena ninguém se chatear por isso. Ah, e aquele corpinho da Linda Fiorentino?

quinta-feira, janeiro 14, 2021

Star Wars: Episode III – Revenge of the Sith (2005)

De longe a melhor das prequelas, a todos os níveis: efeitos especiais, sonoplastia, história coesa do primeiro ao último minuto, heróis e vilões com verdadeiros motivos e desenvolvimento calculado e cuidado das suas personagens, Hayden Christensen (finalmente) a convencer e, no geral, uma gestão mais do que competente de expectativas e ilusões dos fãs tendo em conta todo o "futuro que já era passado". Palpatine finalmente imperador, Dooku aprendiz traído, Grievous a quatro sabres, Anakin antes e depois do capacete, Padmé com "uma (ou duas) nova esperança" dentro dela, Yoda mestre do Fortnite (sobrevivência), Windu sem mãos a medir (pun intended) para tanta política, Kenobi o crente descrente do grande salvador, entre tantos outros, todos eles com tempo e espaço para finalmente brilhar. Assim terminou a liberdade da galáxia, e um ciclo na vida de Lucas: com um estrondoso aplauso.

quarta-feira, janeiro 13, 2021

Nalgas Flash Review: Flawless

terça-feira, janeiro 12, 2021

Predator (1987)

Mescla muito bem conseguida entre o melhor do cinema de acção e do cinema de ficção-científica da década de oitenta - um misto de "Commando" com "Aliens" -, "Predator" foi um sucesso estrondoso tanto na bilheteira - um dos mais rentáveis da década - como na crítica especializada, que louvou a forma divertida, original e violenta como John McTiernan espalhou testosterona pela selva. Na verdade, pouco se passa para além das one-liners de Arnie - a famosa "se sangra, pode morrer" - e das consecutivas ofensivas paramilitares perante um inimigo desconhecido e invisível; não era preciso muito mais, claro, no filme epítome daquele feeling muito macho de uma geração. Intensidade, ritmo, mortes memoráveis e um conceito que continua hoje em dia a ser explorado até ao tutano. Só falta mesmo alguém lembrar-se de colocar o Predador a lutar contra a GNR de Figueira dos Cavaleiros.

segunda-feira, janeiro 11, 2021

The Adventures of Buckaroo Banzai Across the 8th Dimension (1984)

Peter Weller - Robocop para o comum dos mortais - é Buckaroo Banzai, uma estrela de rock / cientista / neurocirurgião / guerreiro samurai que enfrenta criaturas malvadas patetas de outra dimensão, todas elas chamadas John. Flop na bilheteira e na crítica - percebe-se facilmente porquê, tal a confusão de ideias, conceitos e maquinetas do "futuro" que foram enfiadas a pontapé na história -, o seu look retro-techno tem hoje em dia tanto de audaz como de ingénuo. Uma espécie de filho bastardo de "Howard the Duck" e "They Live", com problemas de concentração, mania das grandezas - a sequela anunciada durante os créditos finais que nunca viu a luz do dia é um bom exemplo disso mesmo - e que desperdiça o talento de Jeff Goldblum e de Chritopher Lloyd em detrimento das tolices sem ponta de piada do John Lithgow. Banzai umas drogas leves antes e pode ser que alguém perceba o estatuto de culto disto.

Nalgas Flash Review: The Taking of Pelham 1 2 3

domingo, janeiro 10, 2021

The Midnight Sky (2020)

Visualmente lindíssimo, energeticamente pastelão. Fichas todas numa artimanha narrativa tão batida que revela-se nada mais que frustrante quando é descoberta, estrutura dividida que não convence - quase que parecem dois filmes separados -, sonoplastia fenomenal mesmo quando levamos com o Clooney a cantarolar o "Sweet Caroline" e uma mensagem apocalíptica muito condizente com 2020: mais cedo ou mais tarde vamos todos mandar este planeta para as couves. Menos meia hora de azares no gelo que não levaram a lado nenhum e tinha-se evitado um bom filme para adormecer naquelas noites de insónias. Uma pena.

sábado, janeiro 09, 2021

sexta-feira, janeiro 08, 2021

Cruising (1980)

Thriller policial com pinta de slasher, tão ousado no ambiente em que circula como na crueldade e no arrojo homoerótico das suas imagens e dos seus temas. Al Pacino a todo o vapor, seja de casaco de cabedal ou de rabo à mostra e mãos atadas, numa das mais controversas obras de William Friedkin, aniquilada pela crítica e pela indústria aquando da sua estreia, como comprovam várias nomeações aos Razzies. Por vezes confuso, outras vezes desconexo - o que poderá até ter sido propositado para colocar o espectador na mesma perspectiva de um detective completamente às escuras num chocante novo mundo - é no seu final ambíguo que retiro quase todo o sumo de uma experiência cinematográfica singular: Burns era também ele alguém enclausurado num armário, sexualmente frustrado, que fez o mesmo que o assassino em série para manter essa sua faceta escondida. Um acto do passado, presente e futuro, que continuará a ser repetido enquanto o mundo revelar-se um lugar violentamente homofóbico. Uma alegoria forte, mas não tão forte como o chapadão totalmente aleatório do negrão de tanga na sala de interrogatório.

quinta-feira, janeiro 07, 2021

Breakaway / Christmas Rush (2002)

Espécie de "Die Hard" no centro comercial, com o Super-Homem que deixou água na boca da Teri Hatcher como um polícia suspenso que usa boné para trás - em vez do wifebeater branco do nosso querido McClane -, o Eric Roberts com franjinha (e um filho com leucemia que precisa de uma pipa de massa para tratamentos) como vilão/polícia reformado/pai desesperado, a Erika Eleniak antes da gravidade começar a fazer efeito e duas mães-Natal em lingerie. Estou a brincar, estas duas últimas só aparecem alguns segundos, ninguém percebeu bem porquê. O filme? Surpreendentemente competente na acção - tacos de hóquei, flechas, granadas, bombas de fumo, caçadeiras, metrelhadoras, vale tudo -, humor entre herói, patifes e reféns - um deles o Pai Natal de serviço (onde está o Hulk Hogan quando precisamos dele) - e um brutamontes com o sotaque forçado mais ridículo que me lembro em filmes que se passam a menos de quinhentos metros de uma Body Shop. Amigos, se não lhes conseguem mostrar o dinheiro, mostrem-lhes o amor. A prova que faltava que o "Die Hard" é mesmo um filme de Natal.

quarta-feira, janeiro 06, 2021

Gremlins (1984)

Três simples regras. Custava assim tanto Billy? É a magia do cinema num filme improvável - guião do então desconhecido Chris Columbus enviado às cegas para uma mão-cheia de produtores, tendo acabado na mesa de Spielberg - que resiste ao tempo e continua tão divertido, visualmente polido e narrativamente eficaz agora como aquando da sua estreia. Spielberg e a sua Amblin deram os retoques necessários à história para triunfar - por exemplo, o fofo Gizmo era para se transformar no temível Stripes segundo as ideias de Columbus - a toda a linha, entre miúdos graúdos e graúdos miúdos, e contrataram Joe Dante - era entre ele e Tim Burton, revelou Spielberg posteriormente em entrevista -, um dos muitos filhos de Roger Corman, para procurar a fama e o sucesso num projecto arriscado e fora-da-caixa, ao bom tom de Dante, já habituado a juntar terror e comédia em fita. Um filme de Natal lançado no verão - tentativa da Warner Brothers de bater os "Ghostbusters" da Universal -, com criaturas animatrónicas a quarenta mil dólares o boneco - era preciso criatividade e talento quando não havia CGI decente -, ainda assim muito menos do que aquilo que a bonecada de peluche acabaria por render nos anos seguintes nas lojas de brinquedos. Química quase irresistível de tão inocente entre Zach Galligan e Phoebe Cates - nenhum dos dois acabou por descolar como se esperava - e uma sequela, para muitos, superior. Lá chegaremos um dia destes.

terça-feira, janeiro 05, 2021

Michael Shannon Deep Fake

segunda-feira, janeiro 04, 2021

Twin Dragons (1992)

Jackie Chan a dobrar na energia e na parvoíce. Cinema de Hong Kong para o melhor e para o pior: acção sem limites - ímanes gigantes como armadilhas ou barcos a chocarem a alta velocidade, tudo palpável, sem efeitos computorizados - mas também entretenimento de massas com a crença de que o disparate - vilões a saltitar quais bolas de ping pong entre camiões, confusões constantes demasiado patetas entre os gémeos - é o melhor remédio para a galhofa. Não há qualquer vislumbre de tentar equilibrar os pratos da balança e isso acaba por prejudicar uma mão-cheia de boas ideias que por aqui andavam - os movimentos reflexo entre irmãos, diferentes backgrounds, etc. Vários cameos de estrelas lendárias do cinema de acção de Hong Kong, Maggie Cheung nos seus vintes e o Jackie Chan de rabo de cavalo. Porra, há limites. Voltemos rápido às memórias da saga "Drunken Master" ou "Police Story".

domingo, janeiro 03, 2021

Lance (2020)

Documentário desportivo com a chancela de excelência "30 for 30" da ESPN - nunca é demais relembrar o fenomenal "The Two Escobars" -, "Lance" divide as suas quatro horas em duas partes, uma focada nos anos de glória do "desportista" que limpou o Tour de France sete anos consecutivos entre 1999 e 2005 e outra numa espécie de aftermath da descoberta que o norte-americano e vários outros ciclistas dopavam-se regularmente, numa prática então comum em várias equipas de renome. Os anos de negação - inclusive no documentário de Alex Gibney de 2013 -, a entrevista em que abriu o jogo com a Oprah num mea-culpa inevitável após descobrir que haviam provas que iam ser apresentadas em tribunal, a perda de todos os títulos, patrocinadores e contratos milionários, enfim, a queda de um mito. Falta chama e choque às inúmeras entrevistas que contextualizam os acontecimentos mas, acima de tudo, falta ao anti-herói (Armstrong) um carácter e uma personalidade que ajude a criar laços de boa vontade e empatia com o espectador.

sábado, janeiro 02, 2021

Denzel, Rami & Leto

sexta-feira, janeiro 01, 2021

Butt Boy (2019)

Primeiro exame à próstata na vida de Chip. Tomou-lhe o gosto, não é que aquela sensação de uns dedinhos no rabo é boa? Toca a meter objectos no rabo, já que a mulher rejeita fazê-lo. Desaparece uma criança; um cão; outra criança. A teoria do detective responsável pelo caso? Foram todos engolidos pelo ânus de Chip. Spoiler: tinha razão. Alguém achou que isto seria uma ideia tão genial quanto impossível de executar durante hora e meia de fita; a genialidade é questionável, certamente, mas a verdade é que Tyler Cornack conseguiu dar vida à mesma com alguma eficácia. Não fosse uma série de actores sem talento - incluindo o nosso vilão do buraco negro sugador - e o absurdo mau geral sem energia nem tom poderia ter resultado numa série de absurdos bons, qual mini-universo "Stranger Things" à espera de um isqueiro mágico. Faltou-lhe outra chama que não só aquela final, mas fica o menção honrosa pela coragem em levar isto para a frente.