Discute-se à mesa de jantar qual a relevância do sentido de humor se não houver ninguém que o reconheça, a importância da pornografia e a realidade que apenas se forma na memória (Proust). Segue-se uma paixão proibida via Twitter ao mesmo tempo que um cartaz d'O Meu Tio de Tati na parede serve de prenúncio ao destino impossível de resistir de um homem de meia-idade, organizado e aborrecido, que está prestes a ver sua vida e as suas rotinas viradas do avesso por uma jovem rapariga repleta de sonhos e fantasias. Todos esses anseios e inseguranças na comunicação não verbal de Joana Ribeiro, uma actriz muito maior do que as fronteiras que a limitam neste país à beira-mar plantado. Um acidente inesperado, o duvidoso conceito de sorte, uma reviravolta quase trágico-cómica não fossem as consequências devastadoras em António, o homem que procurava um novo sentido para a vida. Vida essa, ora apaixonante ora cruel, que lhe ensinou que o seu sentido está nos ponteiros do relógio e que, entre vinganças e linhas tortas, há apenas que aproveitá-la nos momentos bons.
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