Expectativas defraudadas, naquele que foi o segundo filme da carreira de Bong Joon-Ho, uma espécie de "
Zodiac" sul-coreano em torno de uma série de assassinatos nos anos oitenta que levou as forças policiais do país ao total descrédito por parte da opinião pública. Uma espiral obsessiva que perde eficácia e impacto ao brincar constantemente com o tom da narrativa, ora com as suas personagens numa esfera quase de paródia para retratar a sua própria incompetência, ora numa gama dramática e obscura de violência e loucura. Não me entendam mal: está aqui um filme muito interessante, magistralmente realizado numa perspectiva técnica e interpretado com competência pelo seu vasto elenco de polícias e suspeitos. Mas a palhaçada - os pontapés voadores um bom exemplo - corta constantemente o feeling angustiante, aquela sensação de paranóia que toma conta dos envolvidos, deixando a clara sensação de que o resultado final seria muito mais polido e capaz se a experiência tivesse sido mais noir e imersiva. Como curiosidade, o caso foi finalmente resolvido em 2019 - mesmo já tendo prescrito -, quando exames de ADN a um violador preso e condenado desde 1994 revelaram ter sido ele o serial killer que ninguém conseguiu apanhar na época.
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