Seguindo o aprumo de "Saw III", nesta nova sequela da mais sádica e violenta saga do novo milénio, a morte do mestre Jigsaw e da sua discípula Amanda prova não ser suficiente para deter o contágio de represálias e torturas macabras sobre aqueles que, de uma forma ou de outra, transgrediram as regras e preceitos morais do génio turbulento. Desta vez, é o detective Riggs que se vai ver envolvido num jogo traiçoeiro e cruel, repleto de ciladas funestas e onde a sua principal missão passa por perder o desejo imoderado de conseguir salvar tudo e todos. Numa espiral complexa, mas firme, de memórias, explicações e justificações, eis que nos chega finalmente neste quarto capítulo, o esperado momento onde o Homem por detrás do Monstro é legitimado.
Mantendo-se de certa forma fiel ao espiríto das obras que o precedem, Darren Lynn Bousman orquestra em "Saw IV" um argumento ramificado em duas vertentes: a que prolonga o trilho irascível e intenso, deixado previamente em aberto, e que coloca um renovado leque de pecadores em xeque; e o que explora as motivações e as razões de Jigsaw perante os seus actos, através de flashbacks, que acabam por se tornar no mais respeitável trunfo da fita. Tudo sustentado numa filosofia perversa e consequentes armadilhas diabólicas, que continuam a satisfazer os admiradores do conceito original de James Wan, o criador e mentor da obra de estreia.
Mas qualquer sequela de "Saw" estará para sempre condenada ao enxovalhamento e descrédito por parte da maioria. Isto porque o primeiro capítulo de culto elevou a fasquia para um nível praticamente insuperável. A simbiose entre a tirania física e a opressão psicológica dificilmente voltará a ser tão portentosa como já o foi. Aquele que poderia ser considerado um "stand-alone" completo, acaba por se transformar na mente do espectador, por culpa da compreensível comparação, numa vulgar sequela. Felizmente, enquadro-me no restrito lote que nunca se cansa de um salutar quebra-cabeças e de torturas extravagantemente elaboradas. Juntemos a isto um singular Tobin Bell, com um poder de elocução sumptuoso, e nem a previsível reviravolta final acaba por afundar a intenção e a subtileza de um "serial killer" que acaba sempre por ser o último a rir.
11 comentários:
És tu e eu! Quantos mais, melhor. Mas tem que ter o Tobin Bell lá no meio!
Abraço, Knox
;) Um abraço Mauro, obrigado pela visita!
Dei o benefício da dúvida e vi. Vi e não gostei, está a cair no slasher movie, com twist final incoerentemente fácil e sem surpresas. Já não vejo as próximas sequelas. Está prometido :P
Abraço, até segunda!
Não sei ainda se conseguirei ir. Em princípio, só estou despachado para as 20:30. Mas se sair mais cedo, ainda passo por lá para te dar um calduço! :D
Penso que acertas na mouche quando dizes que o primeiro elevou um bom bocado a fasquia. Vi o primeiro e confesso que fiquei agarrado. Achei-o um excelente filme dentro de um género que estava cada vez mais a cair na rotina de sempre: ou ser um slasher-flick ou optar pelo gore. Pouco entusiasmado fui ver o segundo e desiludiu-me imenso. O terceiro não o fui ver e este, até agora (e porque és tu que o dizes) não me tinha despertado a menor atenção.
Abraço e boa continuação de fim-de-semana
Gostei muito do primeiro "Saw".
O segundo não é mau, mas é inferior ao primeiro. O terceiro é um absurdo cinematográfico. O quarto ainda não vi.
Desta saga, destaco o moralmente retorcido Jigsaw, que é na minha opinião, uma das criações maléficas mais sólidas e originais do universo do cinema.
Um abraço
O primeiro foi uma agradável surpresa e tinha um bom elenco. Deu-nos também Jigsaw e toda a lógica do seu julgamento e consequente vitória final. O segundo tinha o twist do desfasamento temporal que surpreendeu bastante. O terceiro foi só esticar o mecanismo e neste quato quer-me parecer que o elástico partiu. Não só o elenco é de caras o mais fraco (concordo com actores desconhecidos para dar uma saborzinho de série B mas estes são mesmo fracos) como o final não tem pé nem cabeças, não consegui perceber mesmo qual é a ligação.
Abraço
As sequências de um grande sucesso, quase sempre, são aproveitamentos comerciais que nada trazem de novo, até porque mudam os realizadores e os actores.
Fica o nome, a que se acrescenta um algarismo...
CP, eu confesso que, ao contrário da maioria, gostei bastante do segundo. Ia sem expectativas nenhumas, tanto pela mudança de realizador, como pelo trailer, mas acabei por sair bastante satisfeito da sala de cinema. Já o terceiro é o pior dos quatro, a meu ver. Um forte abraço e uma boa semana ;)
Blueminerva, concordo com cada palavra. Não levaria a extremo o facto de o terceiro não ser tão bom como os restantes, mas é, sem dúvida, o mais fraco da saga. Cumprimentos.
M.Ferreira, o final é complicado, mas se estiveres atento e lembrares-te do que fica em aberto no terceiro filme acabas por compreender. Os actores, concordo. Mas ao pé do Tobin Bell também não era fácil ;) Um abraço.
José, abc do cinema ;) Um abraço.
Gostei razoavelmente deste filme. Tenho o 1º e o 2º como os melhores da saga, mas este e o 3º são aceitáveis, ainda assim. O Tobin Bell consegue trazer dimensão a um tipo de personagm que costuma ser muito básica. Acho que só ele já é meio filme...
Sem dúvida CC. Um abraço.
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