A primeira vez que Bond aparece no ecrã é a jogar "chemin de fer" num casino, de smoking, a fumar e a meter-se com uma mulher - Sylvia Trench, a primeira Bond Girl da história. Que melhor cartão de apresentação para uma personagem que continua a reinventar-se sessenta anos depois, mas cujas bases de personalidade, como aliás muitos outros elementos estilísticos da saga, nasceram aqui. Sem grande articulação entre eles ainda, mas com impacto suficiente para convencer estúdios, crítica e público do sucesso da fórmula. Connery, bonito, charmoso e matreiro, talvez o único Bond que conseguiria fugir ao typecast da personagem e continuar a sua carreira na fase pós-007, a estonteante e ousada Ursula Andress, qual Deusa cantante que emerge para a praia, o amigo jamaicano que leva um t-shirt vermelha berrante para uma ilha onde não quer ser visto e apanhado por ninguém e o misterioso e pragmático Dr. No, com muito pouco tempo de ecrã - faltava apenas meia hora para terminar quando o vemos pela primeira vez - e sem oportunidade de brilhar no confronto directo com Bond. Falta tensão nas situações de perigo - a tarantula no quarto acaba por ser mais angustiante que o patético dragão ou que a fuga pelas canalizações -, para além da ausência do genérico e dos gadgets que viriam a tornar-se imagem de marca. Mas as localizações e o set design - Jamaica e a base do Dr. No - marcaram imediatamente um primeiro passo sólido para décadas de boas escolhas neste capítulo. Dispensava-se o racista "
busca os meus sapatos", mas não vamos já cancelar isto ok?
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