Caríssimo Wes Anderson, usando uma expressão muito portuguesa, pede para fazer cocó e sai. Mete férias, vai limpar a cabeça, ganha juízo, volta a pensar o cinema como sempre fizeste. Ninguém te bate na forma, mas dá jeito ter substância e narrativa. Quase duas horas de um nada repleto de complexidades estruturais desnecessárias, um nada esteticamente espectacular e cheio de tudo a nível técnico, mas completamente vazio nas mil histórias que tenta contar, nas mil personagens que apresenta e que recusa-se a aprofundar, nos saltos incongruentes que faz entre actos e cenas. Um elenco galáctico - catorze nomeados aos óscares - orientado pelo Carlos Queiroz é fórmula para o desastre, para um gigante buraco negro de piadas ocasionais que, tirando uma mãe numa tupperware e um extraterrestre de perna longa e fato de borracha, raramente entretém. Ser bonito não chega; o meu vizinho desempregado que o diga.
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