Esta comédia de horror sobre lesmas extraterrestres feita “por” amantes do gore “para” amantes do gore, é o típico filme que dificilmente agradará a todos. Uns, mais ortodoxos e apreciadores de Romero irão classificá-lo como filme da temporada. Outros, certamente irão ficar angustiados com o tremendo mau gosto e irrealidade do argumento. No entanto, e como aconteceu comigo, é bem possível ficar a meio caminho dos dois extremos. Se normalmente desprezo o género “zombie” do meu portfolio gustativo, em “Slither” somos aniquilados com um estranho “humor” auto-destrutivo, ao qual é impossível resistir. A não ser que fiquemos logo pelo caminho com os primeiros vinte minutos, claramente mal estruturados e pensados. Daí em diante, é uma estupidez visual facilmente suportável.
E o que é este humor auto-destrutivo? Nada mais do que, ao mudar de plano, darmos ingénuamente conta que uma camisola branca anteriormente machada de sangue de uma ponta a outra, passou, repentinamente, por um truque de magia digno da “Neoblanc”. Ou que, em processo de pânico, assistindo à devoração e transformação em zombies de toda a familia, as personagens lembrem-se de mandar um ou outro “comic relief”. Ou posso mesmo referir-vos a minha predilecta: uma das personagens, começa a ser atacada pelas lesmas e sai da banheira completamente nua. Ao abrir a porta da casa-de-banho, puff... aparece num novo plano toda vestida. Dificilmente tais “buracos” podem ser despropositados. E assim sendo, são irónicos. Tal como alguns diálogos. Ponto final nos aspectos positivos.
James Gunn filma “Slither” em largos momentos como se estivesse a trabalhar com meios dos anos 70/80. Se tal estratégia poderia ter funcionado num filme exclusivamente humano, com extra-terrestres e transformações doentias, tal não funcionou. Comédias de horror não são fáceis de fazer, e dificilmente se consegue não chegar mais perto de nenhum dos géneros envolvidos. E Gunn não consegue, pois “Slither” é claramente mais cómico do que assustador.
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