segunda-feira, março 26, 2007

Não é o Portugal que temos...

São os tristes portugueses que possuímos. Mais de cem (100!) mil votos num fascista exacerbado. Sinto-me envergonhado, ainda mais por larga parte desse escrutínio ter sido obra de uma cambada de ignorantes que não faz a menor ideia do que foi viver sobre a alçada de uma ditadura e ser punido pelas suas próprias ideias, pensamentos ou ideologias. Em todo o mundo, no mesmo programa, ganharam profetas da liberdade, da paz e da justiça. No nosso pequenino Portugal, ganhou um assassino. Porque não há obra, votação popular ou edifício que lhe retire esse epíteto.

31 comentários:

P.R disse...

Partilho completamente da tua opinião, até fiz um post no take a break! É uma vergonha nacional! Como disse no meu post, há a tal frase célebre de Salazar que diz "um povo culto é ingovernável..."! Parece que tinha toda a razão! Ignorante, mesquinho e estúpido! Eis o português!

Enfim... um abraço!

P.R disse...

E não foram 4 mil votos... Ele teve 40% de cerca de 250 mil votos... Ou seja, ele tevem 100 mil votos!!!!! Vergonhoso!

Carlos M. Reis disse...

O maior problema é que o "ignorante, mesquinho e estúpido" toma-se como culto (pseudo-culto), com a boca cheia de idiotices que julgam ser benévolas. Quando o faz em relação ao cinema (como eu, que sou um mero apaixonado e não sei o suficiente de cinema para merecer ser lido) não há problema de maior. Quando o faz em relação a uma ditadura que não viveu e ao sofrimento da vida humana, temos um crime. Um crime psicológico.

Um abraço Pedro.

Carlos M. Reis disse...

Eu percebi que tinham sido 10 mil votos no total. Mais grave ainda.

Anónimo disse...

caro Knoxville, também não fiquei contente com a votação (quem ficou?)

Mas temos de ver uma coisa, isto foi um voto pago, ou seja muito deram a sua opinião (tal como eu) oralmente, não estava disposta a pagar por um voto de deveria ser livre/gratuito.

Fiquei triste por saber que Fernando Pessoa teve pouquíssimos votos... enfim é a sociedade em que vivemos, chego a conclusão que estamos a remar um barco, mas em terra...

Carlos M. Reis disse...

Caro Fernando, este resultado, como tu dizes, é a prova cabal da razão pela qual estamos na cauda da Europa em tudo o que realmente interessa. Seja na Educação, no Ambiente ou na Economia, a demonstração expressa de larga parte da mentalidade portuguesa é um passo atrás na tão desejada Evolução. Se me permites modificar a tua expressão, "temos o barco no mar, temos remos, temos comida nos barris, mas não temos marinheiros." E os que temos tem todos os bolsos mais largos do que os próprios braços.

Cumprimentos.

Anónimo disse...

Palhaçada de concurso, vergonha de resultado. Não me vou alongar se não daqui a pouco estou a escrever impropérios...

Francisco Mendes disse...

Um povo que não recorda o seu passado está condenado a vivê-lo de novo. Somos um país onde pulula uma enorme fracção de mentecaptos, néscios esses que elegeram alguém que durante cerca de meio século retirou ao povo português os mais elementares direitos de expressão, informação e participação democrática, através de uma polícia política que matava e torturava os que se lhe opunham e de uma censura que impedia o livre exercício de informar e ser informado, para além de ter submetido esse mesmo povo a uma guerra injustificada, da qual resultou a morte e a incapacidade física e psicológica para muitos dos que nela combateram.

Sinto-me envergonhado por viver entre gentalha que votou nesta criatura.

André disse...

Partilho da opinião de todos vós, mas sem surpresas pois na 6ª e Sábado já corriam linhas em diversos sites e blogs a anunciar o vencedor. É por estas e por outras que vejo com bons olhos ir dar uma voltinha para outro lado quando acabar a minha formação...

triss disse...

Eu nem tenho palavras....

Ricardo disse...

Eu também acho lamentável e estava convencidíssimo que ia ganhar o D. Afonso Henriques :x

Anónimo disse...

Não quero ser advogado do Diabo. Eu tenho 27 anos, logo não vivi a era da ditadura, mas sou licenciado em História. Antes de o catalogarmos como assassíno (foi em termos humanos sem dúvida), temos de ter noção do que foi a ditadura para o português. A maioria, a larga maioria do português não sofreu na pele (mesmo quem viveu nessa altura)por forma de opressão directa o que era a ditadura. Não foi perseguido, nem sequer era incomodado. Havia a PIDE, mas essa atacava "targets" especificos, talvez algumas vinganças pessoais de alguns "bufos" mas não era generalizado. De qualquer forma, como foi expressado aqui, o povo era ignorante demais para saber o que representava Salazar. Salazar para eles foi quem retirou o país de uma desgovernação de cerca de 30 governos em 3 anos e mais uma catrafada de presidentes em 2. Foram os "restos" da revolução republicana que Salazar veio arrumar, foi a falta de crime. Salazar foi, talvez, um dos personagens principais senão o mais importante neste teatro que é a política pós monarquia.
No fundo o facto de Salazar vencer vem demonstrar o desespero de um povo que prefere voltar a uma ditadura do que continuar a ver o país como está.

Só para salientar eu não sou pró-salazarista, sou anti-salazar.

Anónimo disse...

De quem é a culpa desta vergonha?
Dos democratas que em mais de 30 anos, nunca souberam explicar o que foi o professor de Coimbra.
É um vexame para todos os que contra ele lutaram, mas que sirva de lição.

Anónimo disse...

Voltando a metáfora (ou algo que se pareça) acredito que temos marinheiros, mas tenho a noção que o barco é que é demasiado grande para tão poucos marinheiros que têm vontade de "trabalhar"

e também penso que alguns portugueses não sabem viver em democracia...
Também não vivi no tempo do salazar, e acredito que se ensinassem mais, sem ter medos do que passou, acredito que o povo estava mais bem informado e não aconteceria isto , acho eu...


Cumprimentos.

Carlos M. Reis disse...

Ricardo Fernandes, como disse anteriormente, não há obra, edifício, feito alcançado ou virtude que apague ou faça esquecer o terror causado e o epiteto de assassino. Cumprimentos :)

Fernando, está melhor aplicada, sem dúvida. Um abraço.

José, Francisco, Helena, Ricardo, Triss e André, obrigado pelo testemunho. Cumprimentos.

Anónimo disse...

Knox, Volto a dizer... Como catalogarias um D. João II ? Ou mesmo um D. Afonso Henriques? O certo é que em termos históricos é muito dificil analisar Salazar. Estamos ainda muito perto. Sei que escreves com sentimento, mas isso não invalida o valor que ele teve no país. Depois há a velha máxima de Maquievel... Os fins justificam os meios. Repara que eu não sou a favor do que o fez, mas eu não tenho qualquer moral no assunto. Tenho de analisar os factos friamente e em prol do que a nação necessitava ele agiu de uma forma fria e racional. Quanto a terror causado é como já referi, não vivi a epoca, só posso falar pelos relatos que oiço e desses nenhum deles viveu em terror. Um forte abraço

Loot disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Loot disse...

Confesso que fui apanhado de surpresa, nunca pensei que o vencedor seria Salazar. Mas também não estava muito a par do programa, desde cedo duvidei dos seus critérios de selecção.
É difícil dar um número um, afinal como comparar política com poesia etc, o que eu sei porém é que nunca daria o 1º lugar a Salazar.
Posso reconhecer a sua genialidade, mas também posso reconhecer a sua crueldade e por isso não gosto da ideia de que o maior Português seja considerado um ditador (mas claro que isto é apenas um concurso de tv, mesmoa ssim esperava melhor).
Ricardo, os relatos das pessoas que eu conheço que viveram nessa altura são de terror, e independentemente de o país estar numa situação muito má, penso que nenhuma delas gostaria de regressar à época de Salazar. Pois podemos estar muito mal, mas pelo menos podemos sair à rua e dize-lo a alta voz, pois felizmente temos a liberdade para o fazer e dessa não abdico por nada.

Pedro Serra disse...

Apesar do absurdo da situação, acho que não é preciso entrarmos em depressão. Mas não há dúvida que os fascistas têm capacidade de mobilização (cada número de telefone, um voto)...
Acho que louvores do género "ah, mas ele equilibrou o orçamento" ou "ah, mas ele salvou-nos da II Guerra" perdem qualquer sentido ao ouvir-se as histórias da tortura ou do Tarrafal.

Carlos M. Reis disse...

Ricardo, honestamente, não conheço bem o percurso de D.João II e de D.Afonso Henriques, fora os principais marcos e trivialidades que todos nós sabemos. Mas julgo que os refiras devido às mortes. Julgo que não podemos comparar o contexto social do século XII ou século XV, em que se batalhava para ganhar terrenos, onde não existiam os conceitos de democracia, igualdade ou liberdade, com o século XX, onde as mortes não lucravam o país, apenas o ditador e seu estado. Um forte abraço e obrigado pela debate saudável :)

_Loot_, o problema pelo que vi em vários fóruns, é que existem muitos jovens com 20 e poucos anos que disseram de boca cheia que o que este país precisava era de um novo Salazar, que, e passo a citar, "fizesse com que os pretos parassem de assaltar nas ruas e em vez de quando apanhados irem uma noite para a esquadra, levassem um balázio no joelho". Por palavras semelhantes, foram mais de 20 ou 30 os casos em que li anormalidades destas. Acho que não preciso de acrescentar mais nada. É muito grave este tipo de mentalidade ainda reinar entre nós. Um abraço.

Pedro, perdem sentido, mas não só. Perdem validade. Se tivesse sido apenas o voto dos fascistas (que se tivessem vivido no seu tempo, provelmente não seriam fascistas e seriam comunistas, pois todos os estudos indicam que a maioria dos extremistas o são para combater o momento vingente), eu não estaria preocupado. O problema está nos "supostamente normais" (se isso existisse) que dizem e fazem o que já foi citado. Um abraço!

Anónimo disse...

"um povo culto é ingovernável..."

Ao que parece a tentativa de Salazar de tornar este país governável (segundo o seu conceito) ainda se faz sentir nos dias de hoje.

Acho que a escolha é terrível mas não me espanta. Já tinha ouvido várias vezes pessoas a dizer: "se isto fosse como no tempo do Salazar é que era".

Faz-me confusão como alguém que tenha vivido naquela altura possa ter votado num ditador que oprimiu e atrasou o seu país durante anos.
Mas enfim... estamos em Portugal.

Anónimo disse...

Obrigado pela discussão sinceramente é com enorme prazer que posso afirmar a minha opinião, e este ser ouvida sem rancor, no país livre em que estou. Quando falo em mortes, não estou a falar em batalhas ou ganhar terreno. De D. João II por exemplo, não tinha terrenos a conquistar, a sua luta foi a luta pelo mar e de tal forma era temido que quando morreu os Reis espanhóis afirmaram, morreu o Homem. De qualquer forma torturou e matou quem lhe fez frente, quem era uma ameaça interna, inclusive um irmão da sua conjugue com as próprias mãos. De qualquer forma, esses conceitos existiam (provinham da Antiga Grécia) não eram apenas aplicados. Para além do mais o país só conheceu na realidade tais conceitos após o 25 de Abril, ou para ser justo, um ano mais tarde com a queda da ditadura comunista imposta então. De qualquer forma os termos aplicados em Portugal foram os mesmos da Lei Marshall (ou lei marcial) nos E.U.A.
A grande diferença aqui como sabes é que se devolveu o poder ao povo bem mais cedo que em Portugal. De qualquer forma, qualquer morte política visa lucrar o país. Ou a forma como o governante o encara. Tens bem depois do 25 de Abril, Camarate... Morte política? Sem dúvida.
De qualquer forma, não tenhas dúvidas que a história entende sempre os ditadores ou tiranos como homens de valor, homens que mesmo em busca de poder deixam obra realmente extraordinária para trás. Quem hoje é relembrado? D. José ou o Marques de Pombal? Cesar ou Brutus? Cesar é talvez o tirano/ ditador mais conhecido da história. E vê como hoje é relembrado? Se verificares bem os tempos eram outros (é verdade) mas a história é ciclica e repetir-se-á sempre!

Anónimo disse...

Nothingman (Pearl Jam dia 8 :D ), a mudança assusta sempre e numa época em que a liberdade não foi preparada para ser entregue ao povo, pior. Foram muitos anos de ditadura e passou tão pouco tempo... O Marcelo Rebelo de Sousa é que comentou algo nesse sentido:

“Como os fenómenos culturais são lentos a mudar, há uma certa inércia que fica na cabeça das pessoas. Essa inércia diz o seguinte: foi um tempo em que não havia democracia, nem liberdade, mas havia estabilidade, autoridade e um viver modestamente, mas em equilíbrio económico e financeiro. E essa ideia que ficou tem o seu lastro que, de quando em vez, vem ao de cima, porque 40 anos são muito pouco na história de um povo.”

Carlos M. Reis disse...

"Estamos em Portugal". É triste, mas diz muito infelizmente. Um abraço Nothingman!

Ricardo, de qualquer das formas, não me parece correcto o facto de outros também terem matado pelo país servir de desculpa a Salazar ou a quem quer que seja. Uma vida humana, como tu certamente concordas também, vale mais do que qualquer país, nação ou ideologia. Pelo menos, é o meu ponto de vista. Mas percebo claramente o que dizes, principalmente quando falas de César. Mas a meu ver, são tempos diferentes, contextos diferentes. Falas de alturas em que o morte era aceite, não punível e praticada por todos os líderes/governantes. No século XX, isso não era aceite, apesar de praticado por alguns (Hitler, Mussolini, Salazar, Franco, etc...). Um forte abraço Ricardo.

Anónimo disse...

Bom dia! Por a morte ser comum, não quer dizer que fosse aceite. Mas ainda assim era um pouco mais recorrente. Eu sou um defensor prático que há fins que justificam os meios por isso n consigo concordar com a importância da vida contigo. Não que dizer que não lhe de valor, ou que seja extremista, mas acredito que há valores maiores que a vida. Mas vou ficar por aqui senão às tantas este post fico com 200 msg's e depois isso faz ficar o meu blog :P Um grande abraço!

Anónimo disse...

Ainda estava a dormir qd escrevi isto ou comeram teclas ao meu teclado: "Não quer dizer que não lhe dê valor" "este post fica com 200 msg's o que faz ficar o meu blog muito mal"!

Carlos M. Reis disse...

Percebo por completo a tua visão. Isto é como sempre, não há um certo e outro errado. Há sim, 2 pontos de vista. Um forte abraço Ricardo!

Anónimo disse...

[o que tem isto a ver com cinema?!]...Falam da liberdade da liberdade mas sao voces próprios que a poem em causa quando "questionam" e insultam as 100 mil pessoas que votaram... ;) o que conta é o que nós pensamos e não um "show" da Rtp.abraço.

Carlos M. Reis disse...

Ninguém questionou as 100 mil pessoas que votaram em Salazar caro Rob. Questionamos sim as razões de tal acontecer, de forma a perceber o que se passa no nosso país quando as pessoas preferem votar num fascista exacerbado a votarem num poeta, num humanista ou num descobridor. Ninguém colocou em causa o facto de elas poderem votar em Salazar, isso era d'antes.

Quanto à questão de não estar relacionado com cinema, não é a primeira, nem foi a última vez que faço aqui e ali um apartezinho no meu blogue. Um abraço.

Anónimo disse...

"São os tristes portugueses que possuímos","obra de uma cambada de ignorantes". Hum...Se isto não é "questionar" ou insultar como disse anteriormente, então não sei o que será. Não digo que "concorde ou discorde" com os resultados, simplesmente respeito-os.
Mais uma vez, um abraco. :)

Carlos M. Reis disse...

""MAIORIA" obra de uma...". E aí, já foi explicada a razão de tal insulto, e não condenação (como antigamente). Dizer que "Portugal precisa dum Salazar para mandar os pretos de volta p'ra sua terra" é uma digno de um imbecil. Concordes ou não concordes.

Os tristes portugueses que possuímes é, obviamente, uma metáfora, para funcionar de acordo com o título.

Cumprimentos!

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