terça-feira, abril 24, 2007

Hollywood Ending (2002)

Nos anos oitenta, Val Waxman (Woody Allen), realizador nova-iorquino, viveu momentos de glória. Mas nos anos que se seguiram a sua carreira foi de mal a pior e agora, Val está na mó de baixo, totalmente inadaptado ao mercado cinematográfico. Relegado para a realização de anúncios publicitários, Val está à beira do abismo. É aí que Ellie (Téa Leoni), a sua ex-mulher, sugere a um grande produtor de Hollywood, Hal Yeager (Treat Williams), seu patrão e amante, que dê a Val a oportunidade de realizar uma mega produção de milhões e milhões de dólares: “A Cidade que Nunca Dorme”, uma ode à sua cidade preferida, Nova Iorque. Mas na véspera do início da rodagem, acontece uma pequena complicação: Waxman fica cego.

Woody Allen prova que a visão de um realizador nunca deve ser questionada. Mesmo que este fique sem ela. Em Hollywood chamam-lhe "intelectual", "artista" ou "perfeccionista maníaco". Os outros só vêem nele um hipocodríaco incurável e um homem cheio de problemas. Em suma, Allen a parodiar-se a si próprio. Ladeado por um enredo repleto de farpas e críticas abertas a Hollywood, “Hollywood Ending” é, todo ele, uma caricatura prodigiosa, exagerada mas divertida. Um filme que mostra uma incredulidade absoluta no futuro do cinema norte-americano, que deixará – se é que já não deixou – de pertencer aos realizadores e actores, e ficará nas mãos impiedosas dos produtores.

Complexo, apesar de aparentemente simples, “Hollywood Ending” é dotado de uma inteligência satírica que, no entanto, poderia ter sido melhor aprofundada. Isto porque Allen concentra-se primordialmente na sua “persona” cinematográfica, com a sua personalidade irrequieta e cheia de tiques, e não tanto no conceito em si. E é normal que o espectador comum, não apreciador por aí além de Woody Allen, sinta-se molestado pela milésima interpretação da mesma sub-personagem neurótica do realizador e actor nova-iorquino. Felizmente, Allen filma melhor de olhos fechados que a maioria com eles bem abertos. E como é óbvio, não poderia terminar esta análise sem a sentença cliché que todos apregoam: um Allen menor nunca deixa de ser um bom filme.

7 comentários:

C. disse...

Numa rápida viagem por todos os filmes de Woody, leva-me a dizer, quase sem dúvidas, que este seria o único filme dele a que daria uma estrela. Não gostei mesmo...

Luís A. disse...

Boas! O Woody Allen também é um dos meus favoritos, infelizmente neste filme ele não esteve ao nível de um Manhatan ou um Annie Hall, mas está hilariante mesmo assim. Vê a minha crítica no meu blog, que acho que estamos em sintonia:)
Abraço

Bracken disse...

Knoxville, gostava mais do outro template!!!
Abraço,
Bracken

Carlos M. Reis disse...

Wasted, é compreensível. Eu próprio senti algum desgate da sempre igual segunda personalidade de Woody enquanto actor. Mas aquela inteligência escondida em cada fachada fascinou-me. Beijinhos.

Luís, algum dia estará outro filme de Allen ao nível de Annie Hall ou Manhattan? Não encontrei a tua crítica :( Um abraço.

Bracken, suponho que fales do Banner. O Template é o mesmo à mais de um ano. O Banner de mês a mês muda por isso não tarda nada faço-te a vontade :) Um abraço!

Bracken disse...

Knoxville, o que acontece é que o teu layout, pelo que me apercebi hoje, não é visível da mesma forma em todos os computadores. No meu pc do local de trabalho - merdoso - vejo o texto escorreito, aumentado, sem margens, e com o banner reduzido; no de casa - melhorzito -, consigo vê-lo em perfeitas condições. Como nunca tinha reparado nisso, até pensei que tinhas feito alterações.
Abraço,
Bracken

Carlos M. Reis disse...

Espero que seja um problema geral do Blogspot e não apenas do meu blogue. De qualquer das formas, obrigado pelo aviso. É a primeira vez que me informam disso, e peço que se isso acontecer com mais alguém que o diga, para ver se preciso de mudar alguma coisa.

Um abraço Bracken!

Anónimo disse...

Aqui está um dos filmes do Woody Allen que nunca vi, e que irei ver em breve, já que comecei no meu blog um ciclo da sua carreira completa. E é sempre bom ler sobre Woody Allen por outras pessoas, pois há sempre tanto mais a dizer e aprender.

Abraço.

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