
“The Spiderwick Chronicles” apela, de forma sensata e equilibrada, a miúdos e a graúdos. Depois de algumas desilusões recentes no género, que apostaram em elencos portentosos mas que acabaram por almejar dementemente ser um marco igual ou superior às adaptações cinematográficas das fábulas de J. K. Rowling ou Tolkien, o ainda inexperiente Mark Waters (“Um Dia de Doidos” e “Giras e Terríveis”) soube construir em pouco mais de hora e meia um conto harmonioso, com pés, tronco e cabeça, onde o promissor Freddie Highmore comanda as tropas de forma irrepreensível, interpretando duas personagens tão eficazmente como se de dois actores diferentes se tratasse.
Sem grandes artimanhas ao nível do argumento, e contrabalançando persuasivamente a realidade com a fantasia, o maior trunfo do filme acaba mesmo assim por ser a competência demonstrada ao nível dos efeitos especiais, dotando o mundo mágico de uma agilidade tremenda perante o mundo real. As expressões faciais das criaturas adequam-se às de carne e osso – o que, por si só, é cada vez mais raro – e os cenários construídos não transparecem qualquer réstia de artificialidade. Apesar de algumas falhas no planeamento dos momentos de tensão, de alguma superficialidade unidimensional entre as personagens e de a fita não explorar algumas oportunidades adjacentes ao lado maquiavélico, “As Crónicas de Spiderwick” é uma proposta simpática que sabe que é na simplicidade que está o ganho.
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