quinta-feira, agosto 21, 2008

Wanted (2008)

Acção explosiva e uma chuva de balas que contrariam todas as leis científicas. Um destino glorioso como prerrogativa, o estilo hiperbolizado sobre a substância como conceito. “Wanted”, o primeiro desafio norte-americano do realizador russo Timur Bekmambetov – responsável pelo refrescante e vampiresco blockbuster “Night Watch” – é entretenimento cru e puro sem segundas intenções que não satisfazer os desejos mais primários de fuga à realidade e ao conformismo de grande parte dos cinéfilos deste planeta que desejam ser algo mais do que simples transeuntes numa existência efémera. Ao criar uma estrutura que permite à audiência identificar-se com a personagem interpretada pelo escocês James McAvoy, “Wanted” cumpre meio caminho para a aceitação enquanto filme de massas.

Baseado na obra de banda desenhada de Mark Millar, “Wanted” conta a história de um contabilista falhado sem um tostão no bolso, com um emprego que odeia - e uma chefe que abomina – e que, maravilha das maravilhas, sabe que o seu melhor amigo tem um caso com... a sua própria namorada. Como se não bastasse, julga ainda ter problemas de ansiedade que, afinal de contas, são apenas o mais leve indício do potencial assassino que existe dentro de si. Introdução feita a Wesley Gibson, Bekmambetov não tarda a levar a narrativa para o local onde esta se sente mais à vontade: a escaramuça visual desenfreada. Matar um para salvar mil, como defende a Fraternidade.

“Wanted” não é um filme fácil de analisar, pois a sua interpretação depende dos filtros de seriedade colocados de início pelo espectador. Aceitar a ideia de uma máquina de tear que decide quem morre e quem vive, bem como a noção de balas que percorrem trajectórias curvilíneas não são certamente pontos de partida de fácil assunção. No entanto, a verdade é que “Wanted” acaba por desenvolver e concluir todos os pressupostos que irrisoriamente apresenta, brindando ainda a audiência com algumas reviravoltas inesperadas. Vendido como um filme dominado pela exótica Angelina Jolie – só esta consegue trazer tanta sensualidade a uma fisionomia anorética -, é, no entanto, McAvoy quem leva o filme às costas. Convincente tanto como herói como enquanto anti-herói, o jovem actor soube transformar-se de forma equilibrada durante as várias fases de transição do filme. Divertido, assustado ou com espírito vingador, McAvoy superou as melhores expectativas e fez de “Wanted” um respeitável sucessor na categoria de “brainless action” de “Shoot ‘em Up”. O final, com coragem suficiente para escapar ao final feliz e à sequela óbvia, é a prova disso mesmo.

6 comentários:

Anónimo disse...

Fiquei bastante decepcionado com este filme, mas bastante mesmo. Isto porque gostei bastante da bd que lhe dá origem, e mesmo sabendo que essa se trata de uma adaptação de muita liberdade, parece-me que as melhores ideias da história original são as mais descaradamente desperdiçadas ou então mal aproveitadas. É certo que o filme faz por parecer hiperbólico e artificial, mas a verdade é que isso só serve para esconder a substância que o argumento não tem. O cúmulo é mesmo o conceito de um tear milenar arrotar nomes em código binário. :p
Cumprimentos, Knox.

CP disse...

Não conhecendo a bd original (passei por ela umas vez na FNAC mas nunca me despertou curiosidade) achei este filme, aproveitando-me barbaramente do que dizes, um digníssimo sucessor do Shoot-em-up.
:)
Abraço

Anónimo disse...

achei que podia ser um pouco melhor, pois o argumento é um bocado linear e como dizes difícil de acreditar, as reviravoltas são interessantes mas não o suficiente para salvar o filme de ser "bom", acho que acaba depressa demais, falta-lhe um pouco de magia e solidificação estrutural do seu universo, acho as histórias dos "animes" japoneses mais convincentes que esta, mas enfim é entretenimento melhor que o "jumper" por exemplo. saí mais ou menos satisfeito do cinema.

Carlos M. Reis disse...

Miguel, confesso que não conhecia a BD (e ainda não conheço). No entanto, como podes confirmar pela análise, achei que foi essa mesma hiperbolização que dá uma personalidade única ao filme. E mesmo aquele final foge ao típico boy plus girl de Hollywood. Me liked it a lot! Um grande abraço!

CP, nem mais ;) Um grande abraço, bom resto de Verão!

Membio, chiça, qualquer coisa decente é melhor que o Jumper - que, já agora, foi um desperdício total de um conceito fabuloso. Um grande abraço, welcome back :)

Rui Francisco Pereira disse...

entretenimento acima de tudo

vale pelos efeitos especiais e pela impressionante(fiquei mesmo impresionado)interpretação de McAvoy e aliás concordo totalmente contigo e subscrevo:
"é, no entanto, McAvoy quem leva o filme às costas"

so uma coisa:
é de mim, ou na recta final do filme(já assumido como vilão) a interpretação de morgan freeman é bastante fraca,roçando o ridículo?...
ficei cm isto na cabeça...
grande abraço!

Carlos M. Reis disse...

O Freeman quando se mete nestas personagens vilãs de segundo plano acaba sempre por fazer uma figurinha a que não estamos habituados. Cumpre mas não deslumbra. Um grande abraço!

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