domingo, janeiro 25, 2009

Os Óbitos de 2008


Heath Ledger [ 22 de Janeiro ] [Idade: 28]

A morte inesperada de Ledge, resultado de uma mistura abusiva de soporíferos com vários outros medicamentos, chocou o mundo. Apesar da curta carreira, Ledger era já considerado um dos mais brilhantes actores da sua geração, culpa talvez da excelsa interpretação enquanto cowboy homossexual em “Brokeback Moutain”, ou de papéis tão simples como cativantes em “A Knight’s Tale” ou “The Patriot”. Então prestes a estrear aquele que viria a ser o maior blockbuster da história do cinema, Heath será para sempre recordado como um dos mais geniais vilões que a Sétima Arte já conheceu.


Roy Scheider [10 de Fevereiro] [Idade: 75]

Actor em voga na década de setenta, quando participou em filmes como “The French Connection” ou “All That Jazz” – que lhe valeu, inclusive, uma nomeação para os Óscares -, Scheider será para sempre relembrado pelo seu papel em “Jaws”, onde ajudou a catapultar Spielberg para a elite de Hollywood. Sempre activo, apesar de relegado a espaços quase sempre secundários, Scheider foi ainda cabeça de cartaz da série televisiva “SeaQuest DSV”, nos anos noventa. Em 2009, poderemos recordá-lo como polícia reformado em “Iron Cross”.


Anthony Minghella [18 de Março] [Idade: 54]

Realizador galardoado pela Academia Norte-Americana de Cinema por “The English Patient”, na segunda metade da década de noventa, Minghella faleceu inesperadamente ao não resistir a algumas complicações que surgiram após uma operação à garganta. Imagem e referência do cinema britânico pós-David Lean, Minghella foi ainda responsável por obras como “Truly, Madly, Deeply”, “Cold Mountain” ou “The Talented Mr.Ripley”. Considerado uma das pessoas mais modestas do ramo por quem o conhecia, Minghella, quando entrevistado, afirmava sempre ser um escritor e não um realizador.


Arthur C. Clarke [19 de Março] [Idade: 90]

Considerado um dos mais visionários escritores de ficção científica do século passado, Arthur C. Clarke viveu grande parte da sua vida no Sri Lanka – onde faleceu -, apesar de ter nascido em Inglaterra. Autor do livro que deu origem a “2001: A Space Odyssey”, de Stanley Kubrick, Clarke foi pioneiro no tratamento e na idealização do sistema de radares, quando trabalhava na Royal Air Force, durante a Segunda Guerra Mundial. Sem nunca ter registado qualquer patente, escreveu alguns anos mais tarde um livro cujo título era “Como eu perdi um bilião de dólares nos meus tempos livres”, relacionado com esse mesmo facto. Longe da ribalta há muitos anos, Clarke defendeu até aos últimos dias da sua vida que acreditava que existia vida fora do nosso planeta. Será que o futuro lhe dará razão?


Charlton Heston [5 de Abril] [Idade: 84]

Dono de um ar severo durante toda a sua vida, Charlton Heston foi o herói de épicos como “Ben-Hur” – pelo qual ganhou o Óscar de Melhor Actor -, “El Cid”, “Planet of the Apes” e “The Tem Commandments”, onde interpretou o papel de Moisés. Amado pelo seu talento diante as câmaras, odiado muitas vezes pela forma apaixonada pela qual defendia o uso de armas nos Estados Unidos da América, Heston era um dos actores da indústria com mais fortes crenças republicanas e conservadoras. Na memória recente de muitos, fica o confronto com Michael Moore, em “Bowling for Columbine”.


Ollie Johnston [14 de Abril] [Idade: 95]

Johnston era o último sobrevivente dos famosos “nove homens velhos” da Walt Disney. Quando em 1935 Ollie Johnston se juntou à Disney para colaborar no filme “Branca de Neve”, longe estaria de imaginar que o seu trabalho iria transformar a história do mundo. Alguns dos seus rabiscos durante décadas e décadas de trabalho incluem as personagens de “Bambi”, “Pinóquio” e muitas outras obras que se tornaram imortais. Brad Bird, responsável por animações como “The Incredibles” ou “Iron Giant”, era o seu mais confesso admirador.


Sydney Pollack [26 de Maio] [Idade: 73]

“Sydney tornou o mundo, o cinema e os jantares em lugares melhores”, afirmou George Clooney aquando da morte do aclamado realizador Sydney Pollack. Igual a tantos outros como actor, mas uma referência enquanto realizador, entre as obras mais marcantes da carreira de Pollack destacam-se títulos como “Out of Africa” – pelo qual ganhou os seus únicos dois Óscares -, “Tootsie” – com um dos seus actores de eleição, Dustin Hoffman – e “The Way We Were”. Respeitado por todos em Hollywood, a sua excelência pode ser recordada na sua película mais recente, o thriller de advogados “Michael Clayton”.


Stan Winston [15 de Junho] [Idade: 62]

Os efeitos especiais não seriam hoje tão especiais se Stan Winston não tivesse dedicado a sua vida a estes. Entre as suas mais fantásticas criações, encontram-se os dinossauros de “Jurassic Park”, os extra-terrestres de “Aliens”, os robots de “Terminator” ou, mais recentemente, todo o alarido tecnológico de “Iron Man”. Parafraseando Steven Spielberg, “Stan pegou nos sonhos e nas ideias de todos os realizadores e deu-lhes vida. Como só ele sabia fazer.”. Um génio cujo trabalho serve de exemplo para a evolução do cinema enquanto arte.


George Carlin [22 de Junho] [Idade: 71]

George Carlin foi a face de uma era e de uma geração na “stand-up comedy” norte-americana. Um dos primeiros a utilizar assuntos delicados como o racismo, a morte e as drogas nas suas actuações, Carlin foi considerado um ícone de contracultura. Convidado frequente do “The Tonight Show”, as suas “Seven Dirty Words” ficaram célebres nos quarto cantos do mundo – valendo-lhe inclusive alguns processos judiciais. “Acredito que quando morremos, a nossa alma sobe… até ao tecto, ficando lá encalhada”, disse Carlin uma vez. Esperemos que não.


Bernie Mac [9 de Agosto] [Idade: 50]

Vítima de uma doença pulmonar, Bernie Mac abandonou o palco da vida de forma inesperada. Homem de família, sem tiques de vedeta – dizia ser uma pessoa banal com um emprego extraordinário – ou exigências estapafúrdias, Mac era um profissional multifacetado: no cinema, em sagas como “Ocean’s Eleven”; na animação, deu voz em “Madagascar: Escape 2 Africa”; e na TV, onde criou a sua própria sitcom “The Bernie Mac Show”. Tido como um dos reis da comédia moderna norte-americana, após a sua morte foi alvo das mais variadas homenagens, como as orquestradas por Chris Rock ou Don Cheadle.


Don LaFontaine [1 de Setembro] [Idade: 68]

“A Voz” de Hollywood, foi LaFontaine o homem que realizou a locução de mais de cinco mil trailers de obras de Hollywood, bem como a personagem que emprestou a voz a quase três mil e quinhentos anúncios publicitários. Mais de dez por dia – como uma peça de um famoso programa norte-americano mostrou -, Don não tinha “voz a medir”: fazia de tudo um pouco no seu estúdio, em casa, obrigando as produtoras a aceitarem ser ele o autor do texto, em vez de se limitar a ler algo escrito por outros. Como “som de marca” fica o “Num mundo onde…”, usado em blockbusters como “Terminator” e “Independence Day”. O seu dom jamais será igualado.


Paul Newman [26 de Setembro] [Idade: 83]

Mais do que um actor com cinco décadas de uma carreira brilhante em Hollywood, onde marcou mais do que uma geração com o seu talento, Newman será para sempre relembrado como um dos mais notáveis filantropos norte-americanos, tendo doado durante a sua vida mais de 250 milhões de dólares a instituições de caridade. Homem como poucos, marido afável e fiel, protagonista de um dos casamentos mais longos da história de Hollywood com Joanne Woodward, Newman jamais será esquecido por todos aqueles que salvou da droga e da miséria, pelos cinéfilos que apaixonou com as suas interpretações enquanto “saco de pancada” e por todas as teenagers que morreram de amores pelos seus lindos olhos azuis, ainda para mais sobrevivendo a épocas conturbadas onde os ídolos e ícones de beleza das multidões acabavam sempre por trilhar o mesmo caminho: o da auto-destruição.

7 comentários:

Filipe Machado disse...

Este ano foi um dos mais negros da história do cinema, em termos de óbitos... Perderam-se grandes ícones...

Anónimo disse...

Subscrevo o comentário acima...

Carlos M. Reis disse...

Filipe e Joker, cumprimentos ;) Obrigado pelo testemunho. Nunca sabemos bem o que dizer quando o assunto é este.

DAGC disse...

Perdeu-se um dos maiores comediantes de sempre (George Carlin), grandes
realizadores, grandes actores...

Este ano foi muito mau a este nível. Mas se pensarmos bem... a tendência é esta mesma... os actores envelhecem também.

Cumps ;)

José Quintela Soares disse...

E a Cyd Charisse...
Ano negro, de facto.

F. disse...

Ano negro desde as inesperadas mortes de Heath Ledger e Bernie Mac à perda inevitável de grandes senhores como Pollack ou Newman

Carlos M. Reis disse...

DAGC, José e Francisco, cumprimentos! Obrigado pela visita!

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