domingo, fevereiro 01, 2009

The Air I Breathe (2007)

O Ar qur Respiramos” - obra de estreia do realizador nova-iorquino Jieho Lee – é uma fábula cinematográfica que se baseia num egrégio provérbio chinês que divide a vida em quarto emoções principais: Felicidade, Amargura, Amor e Prazer. Desta forma, a película é composta por quatro segmentos conexos que se centram em personagens que representam cada uma dessas emoções. Aliás, os próprios segmentos podem ser tidos em conta como as emoções que simbolizam. Num estilo narrativo semelhante ao de “Babel” ou “Crash”, “The Air I Breathe” é um filme filosófico em muitos sentidos, que acompanha o romance arriscado entre Pleasure (Brendan Fraser), um gangster que consegue ver o futuro, e Sorrow (Sarah Michelle Gellar), uma estrela de música pop em ascensão. Mas também a história de Happiness (Forest Whitaker), um honesto banqueiro que anda a tentar escapar da morte lenta que é o seu trabalho quotidiano. E, por fim, o enredo que envolve Love (Kevin Bacon), um médico que está apaixonado por Gina (Julie Delpy), a mulher do seu melhor amigo. Apesar das personagens acreditarem que as suas vidas são subordinadas pela sorte e pelo o acaso, as suas decisões irão provar que o destino é construído pela personalidade e pelas escolhas de cada um. Em suma, a questão não é como vamos morrer, mas sim como vivemos até esse dia.

Entre muitas virtudes e alguns defeitos, pertence a Fraser a principal nota de destaque do filme de Jieho Lee: é a sua personagem que interliga todas as outras. É ele o anti-herói que prevê o futuro de todos aqueles com quem contacta, mas que não o consegue alterar por mais devastadoras que sejam as previsões. Numa interpretação poderosa, Fraser domina a narrativa com a atitude e o talento de alguém que gosta de se destacar nas produções independentes, só para mais tarde se afundar em aventuras megalómanas de estúdio, sem cabeça nem coração. Um desempenho de elite, filosófico na sua essência. Tecnicamente, a realização não desilude de todo, mas a forma como as diferentes narrativas acabam por ser interligadas demonstra alguma imaturidade e incoerência estrutural. E quando se dispõe de um elenco portentoso, com vários nomes capazes de envergonhar algumas das maiores produções de Hollywood, não se deve menosprezar nenhum deles, correndo o risco de, um pouco por todo o lado, alguém como eu apontar essa falha. É que deixa um pequeno travo de desilusão apenas sermos presenteados com alguns escassos minutos de actores com o calibre de Delpy ou Bacon.

8 comentários:

Anónimo disse...

Vi este filme recentemente e gostei. Não tanto como provavelmente mas gostei. Achei-o, como disseste algum desconexo. Poderia até dizer que o achei incoerente. Provavelmente não é o melhor termo mas pronto.

Não consegui encontrar uma linha que nos conduzi-se pelo filme, parecendo repleto de retalhos e correcções. Talvez o tenha visto com as expectativas algo altas, porque quando li a sinopse e me informei sobre ele, parecia algo muito interessante. E é. Mas não tanto como estava à espera.

No entanto, as tuas 4 estrelas não me parecem mal aplicadas. Eu daria 3 (caso um dia me lembre de escrever também sobre o filme).

Um abraço knox!

Foo disse...

Ao contrário da maioria dos filmes, este peca por ser demasiado curto para tão longa história. E falta também um maior aproveitamento da história, isto é, da ligação entre todas as personagens principais, visto que apenas Sarah Michelle Gellar tem o 'prazer' de ver a história da sua personagem influenciada por todas as outras. Mas não deixa de ser um filme bastante agradável, que nunca se torna enfadonho, derivado também da tal curta duração. Quanto à linha condutora do filme (a tal a q o Simão se refere), é típica destes filmes, onde as cenas são cortadas, coladas num espaço com determinado propósito, justificando um cena anterior. Algo visto em filmes como 21 Gramas ou Memento.

Abraço =)


IrmandadeDoUrso.blogspot.com

Anónimo disse...

Eu achei este filme algo "forçado". No meu blog escrtevi:

"Gostei de alguns pormenores do realizador e tecnicamente tudo muito bem. Mas, infelizmente, as partes vazias, desprovidas de emoção, confusas e forçadas, são muito mais que alguns rasgos de inteligência, bom gosto e talento."

Dei-lhe 2 estrelas.

Grande abraço Knoxville e passa pelo meu estaminé se viste o 3º episódio de Lost. Tenho mais umas teorias e observações... ;)

Carlos M. Reis disse...

São pontos de vista semelhantes os nossos, mas que afectarem em diferentes modos a apreciação do filme. Eu gostei bastante do filme talvez pela sua vertente filosófica, pelo que a tal "desconexão" da narrativa não me deixou assim tão desiludido. Mas é uma falha evidente. Cumprimentos ;)

PS: Ricardo, lá irei!

Anónimo disse...

Foo eu sei que é uma característica deste tipo de filmes. Simplesmente não acho que neste filme em particular esteja bem articulada. Essas colagens de que falo, não é relativamente a ser mostrada uma história de cada vez, nem relativamente a futuro e passado alternado. Na minha opinião, essa conexão não foi feita da melhor forma.

Abraço

Filipe Machado disse...

Espero ver este filme ainda esta semana. Obrigado pela lembrança!

Anónimo disse...

Sinceramente não gostei, talvez as minhas expectativas fossem demasiado altas...

Carlos M. Reis disse...

É uma obra que dividiu opiniões em todo o lado ;) Cumprimentos Simão, Filipe e abidos!

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