Há dez anos tiveste a tua grande estreia num ecrã no episódio piloto de “Freaks and Geeks”, uma série de Judd Apatow que mais tarde se tornaria num produto de culto. Uma década depois, esperavas mais ou menos de Hollywood do que já atingiste até agora?
É difícil responder, porque na altura em que participei em “Freaks and Geeks” não sabia o que esperar da vida. Foi tudo tão surreal e, para ser honesta, não estava preparada para tudo o que aconteceu de seguida. Foi um turbilhão de sentimentos e decisões. Comecei a receber vários telefonemas – na altura ainda vivia no Minnesota – e tinha que tomar decisões que mudam uma vida em poucos dias. Acabei por aceitar o convite para ir filmar um filme na Roménia. Foi um erro. Talvez se tivesse escolhido outros pequenos projectos em Los Angeles hoje estaria noutro patamar. Nos últimos dez anos aprendi mais com os meus erros do que com os sucessos. Além disso, superei muitos obstáculos na minha vida. De uma lesão grave nas costas e no pescoço apenas seis meses após ter chegado a Los Angeles (onde vários médicos disseram-me que nunca mais iria poder correr ou dar um salto que fosse), aos diagnósticos múltiplos de cancro do meu pai, que acabou por falecer, foram muitos os altos e baixos que me limitaram nestes dez anos. Apesar de tudo, consegui em todos estes anos sobreviver à custa de vários trabalhos em anúncios publicitários, séries televisivas e filmes. É uma forma de vida complicada porque os trabalhos não são lineares e as oportunidades acabam por ser imprevisíveis. Ainda para mais para as mulheres, pelas mais diversas razões. O que torna o “The New Hollywood” tão especial para mim e algo que considero fundamental na minha “viagem”.
Dito isso, onde é que te vês daqui a dez anos?
Vejo-me a prosperar. Sinto-me orgulhosa e abençoada por ter tido a oportunidade de, nos últimos dez anos, trabalhar tanto como trabalhei. No entanto, sinto também que foi apenas o início da minha carreira. Finalmente sinto-me na minha pele, conheço-me suficientemente bem, sei dar o melhor de mim às minhas personagens e sinto que elas ficam cada vez mais alinhadas com os papéis que sempre quis interpretar enquanto actriz. Sinto-me agora uma melhor artista e mulher de negócios. Vejo-me daqui a dez anos a interpretar personagens complicadas e multidimensionais tal como o fiz na série “Criminal Minds” ou no filme “Timber Falls”. Papéis em que realmente mostro os dentes ao invés de pura e simplesmente interpretar uma mulher bonita cujas palavras são irrelevantes. Vejo-me também a agarrar mais papéis cómicos do que actualmente.
Como é que sentiste então na primeira vez que tiveste que interpretar uma personagem?
A primeira vez foi muito natural e extremamente excitante. Foi muito diferente do que aquilo que eu estava habituada no teatro, mas apaixonei-me logo pela arte.
Tens participado em imensas séries televisivas de sucesso nos últimos anos. De todas as personagens que interpretaste, qual a tua favorita? E dessas séries, qual a que gostarias mais de ter um papel principal?
Tenho tido a sorte de conseguir pequenos papéis em séries líderes de audiência aqui nos Estados Unidos. Também já tive papéis principais em vários episódios pilotos de séries que depois acabaram por não ser compradas pelas estações. As minhas participações especiais favoritas foram na “Smallville”, onde interpretei Scabby Abyy, e na “Criminal Minds”, onde fui uma prostituta de luxo... assassina em série. Quanto a uma presença regular, acho que escolheria “True Blood”. Acho que a série é fantástica e adoraria interpretar uma personagem que fosse uma vampira, uma mutante, ou outra criatura qualquer interessante que eles criassem.
Os teus principais papéis cinematográficos (“Night of the Living Dead 3D” e “Timber Falls”) pertencem a filmes de terror. É este o género em que te sentes mais à vontade?
Eu adoro toda a emotividade e expressividade relacionada com os filmes de terror. Além disso, ainda servem para fazer algum exercício, enquanto foges dos vilões (risos). E é um género que adora loiras, por isso tenho que retribuir o carinho.
O que nos podes dizer de “The Lost Tribe”, o teu próximo filme?
“The Lost Tribe” é um filme sobre um grupo de jovens que estão a fazer uma viagem de barco e acabam por ir parar a uma ilha desconhecida. Em pouco tempo, percebem que os locais, a tal “Tribo Perdida”, não são lá muito simpáticos. O filme foi todo filmado no Panamá. Foi uma experiência fantástica trabalhar dia após dia entre a selva e o oceano.
O que vem a seguir na tua carreira? Quais os teus projectos para o futuro?
Um dos meus projectos futuros é terminar a pós-produção de uma série online chamada “Retail Therapy”, em que sou co-produtora. Depois ver o que é que o piloto de “Dreamtakers” vai dar, para conseguir definir os meus próximos meses. E bem... estou a precisar de umas férias merecidas. Mas para aí em Portugal estarem atentos ao que vou fazer nos próximos tempos, basta visitar o meu site oficial: www.brianna-brown.com.
Que realizadores admiras? E um, acima de todos, com o qual gostarias de trabalhar.
Os meus dois favoritos são o Quentin Tarantino e o Mike Nichols. Já tive a sorte de os conhecer e entrar em audições para ambos. Das duas vezes, cheguei às audições finais mas acabei por não ser a escolhida. Quanto à escolha, bem, Tarantino. Considero-o um visionário e um artista no mais verdadeiro sentido da palavra. Na audição final para “Death Proof”, ele próprio lia as cenas connosco, na sua própria casa, no seu cinema pessoal. Recusa-se a usar directores de casting nas fases finais. É uma experiência única.
Que filme viste mais vezes na tua vida e quem foi a tua primeira paixão cinematográfica?
Acho que foi o “Elizabeth”. Amo o filme e já o vi inúmeras vezes. A minha primeira paixão cinematográfica foi o Jonathan Brandis, no filme “Lady Bugs”.
Já alguma vez estiveste em Portugal?
Infelizmente ainda tenho que visitar Portugal. Tenho uma amiga que diz que tanto ela como o marido apaixonaram-se profundamente pelo país quando aí estiveram, pelo que é uma viagem que está no meu radar há algum tempo. Assim que possa, vou a Portugal.
Mesmo assim, desafiamos-te: três coisas que vêm à tua cabeça quando pensas em Portugal?
Futebol, uma costa deslumbrante e... bem, já disse futebol?
Queres deixar alguma mensagem aos nossos leitores?
Bem, acho que aproveito para os motivar com o meu poema favorito, de Marianne Williamson. Espero que os inspire tanto como o faz a mim.
"Our deepest fear is not that we are inadequate.
Our deepest fear is that we are powerful beyond measure.
It is our light, not our darkness, that most frightens us.
We ask ourselves, who am I to be brilliant, gorgeous, talented and fabulous?
Actually, who are you NOT to be?
You are a child of God. Your playing small doesn’t serve the world.
There’s nothing enlightened about shrinking so that other people won’t feel insecure around you.
We were born to make manifest the glory of God that is within us.
It’s not just in some of us; it’s in everyone.
And as we let our own light shine, we unconsciously give other people permission to do the same.
As we are liberated from our own fear, our presence automatically liberates others.”
Our deepest fear is that we are powerful beyond measure.
It is our light, not our darkness, that most frightens us.
We ask ourselves, who am I to be brilliant, gorgeous, talented and fabulous?
Actually, who are you NOT to be?
You are a child of God. Your playing small doesn’t serve the world.
There’s nothing enlightened about shrinking so that other people won’t feel insecure around you.
We were born to make manifest the glory of God that is within us.
It’s not just in some of us; it’s in everyone.
And as we let our own light shine, we unconsciously give other people permission to do the same.
As we are liberated from our own fear, our presence automatically liberates others.”
Artigo publicado na Take 23, edição Abril/Maio de 2010.
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