sábado, setembro 03, 2011

Duplos (IV/V) - Entrevista Zoe Bell


O teu historial em ginástica e artes marciais certamente ajudou-te a estabeleceres-te enquanto uma das mais talentosas e bem pagas duplas de cinema do mundo. No entanto, a natureza do trabalho certamente fez-te passar por algumas situações complicadas. Podes contar-nos alguma história curiosa de género? Já tiveste alguma lesão profissional grave na tua carreira?

Sim, já estive em várias situações pouco comuns na minha carreira, e sim, já tive uma ou outra lesão muito grave. A primeira foi mesmo no primeiro ano de “Xena”, nas costas. Foi bastante grave e fiquei tremendamente desapontada por descobrir que era humana – com as respectivas limitações humanas – e estava longe de ser invencível. Mesmo assim, ainda não estou convencida a 100% disso (risos)! Também tive uma lesão muito grave num pulso no final das gravações do Kill Bill. Esta foi ainda mais séria que a primeira e tive que abandonar a minha carreira durante um ano. Foi o ano mais complicado da minha vida.

Uma última questão antes de passarmos para outro tema: achas que o trabalho e o futuro dos duplos está ameaçado pela evolução dos efeitos especiais criados por computador?


Essa é uma questão muito interessante. Existem definitivamente várias coisas que podem ser feitas agora sem a gravação de um único take que, antigamente, tinha obrigatoriamente de passar por um duplo de cinema. Mas também acontecem agora coisas numa tela de cinema que sem CGI jamais seriam possíveis. Mas isso é algo que não me preocupa: as audiências hoje em dia são exigentes e têm um olho crítico e atento para tudo o que pareça demasiado artificial. Há algo místico e único na acção real que a CGI não consegue dar. Por isso acho que há espaço para ambas e, se tudo for bem pensado, podem complementar-se e oferecer ao público algo fantástico.

Agora, Hollywood. Que grande estreia em “Death Proof”. Como é que foi estar à frente das câmaras com nomes como Kurt Russell ou Rosario Dawson? E, mais uma vez, como é que arranjaste o papel?


Quentin é a razão pela qual acabei em “Death Proof”. Segundo o que ele me disse, mal começou a pensar no projecto pensou em mim. Mas eu não sabia de nada, aliás só soube quando ele pediu para se encontrar comigo e trouxe o guião consigo. Fiquei chocada mas senti-me honrada ao mesmo tempo. Que experiência fantástica que viria a ser. Trabalhar com o Kurt, a Ro e todos os outros foi uma bênção. Verdadeiros profissionais, sem manias de estrelas.

A interpretação é o teu futuro agora? Colocaste de parte de uma vez por todas o trabalho de dupla, ou vais articular as duas coisas?

Ser actriz é definitivamente o meu novo desejo. Mas não posso, em boa consciência, virar as costas ao mundo dos duplos, já que a minha carreira enquanto dupla é como uma melhor amiga. Ajudou-me e levou-me a sítios que nunca pensei visitar. Fez-me conhecer pessoas inacreditáveis e ensinou-me e deu-me tanta coisa ao longo dos anos. Em suma, vou tentar fazer alguns trabalhos de dupla para os melhores, por diversão. Para o Quentin, por exemplo, ou relacionados com as minhas personagens.

Continua...

Artigo publicado na Take 17.

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