sábado, abril 14, 2012

Risky Business (1983)

Joel Goodsen, adolescente numa família abastada, aluno mediano como tantos outros, mas filho único responsável e bonitinho de quem os pais se orgulham. Sem certezas sobre o seu futuro - dificilmente conseguirá entrar nas mais conceituadas universidades - mas com muito terreno desconhecido por desbravar - principalmente no que toca à sua sexualidade -, Joel decide seguir o conselho de um amigo próximo e usar o "que se lixe" como lema durante uma semana em que fica sozinho em casa, com direito a Porsche na garagem e tudo. Sem problemas, os pais confiam nele. Bem, talvez não devessem.

"Risky Business" é o filme que lançou o jovem Tom Cruise, na altura com apenas dezanove anos quando as filmagens começaram, para o estrelato. Mas é hoje, quase trinta anos depois, também uma fita que envelheceu tão bem como um Vinho do Porto Vintage, perdendo gradualmente a sua adstringência inicial - as prostitutas não são hoje mais um assunto tabu no cinema -, adquirindo, por isso, um aroma equilibrado - na sua dualidade entre o dever e o querer, entre o certo e o errado, entre o sonho do garanhão e a realidade do virgem -, complexo - para quê trabalhar no duro e ganhar tostões quando o fácil, apesar de moralmente incorrecto, dá milhões - e, porque não, muito distinto - que bela e aventurada realização do então estreante realizador/argumentista Paul Brickman, para não falar da invulgarmente hipnotizante banda-sonora a cargo dos Tangerine Dream. Não, "Negócio Arriscado" não é perfeito. Tem várias incongruências narrativas que não deixam a história fluir tão bem quanto devia (ou podia), mas insignificantes na apreciação dos seus aromas frutados - que emanaram quase todos do corpo e da interpretação sensual de Rebecca de Mornay. Mas, por muito vinho que esta análise meta no copo, não foram precisos nem álcool nem drogas aos pontapés para triunfar enquanto filme de adolescentes intemporal. Bastou juntar duas obsessões tão humanas quanto animais: sexo e poder. Sim, por vezes é preciso dizer à vida: "Que se lixe!". Clássico e sem substituto. Tal como um bom Porsche. Tal como um bom Vinho do Porto.

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