Baseado no filme homónimo de 2006 e na sitcom britânica que lhe sucedeu "Mumbai Calling", "Outsourced" provou numa só temporada ser um produto televisivo sólido no seu género, apenas derrotado pelas avassaladoras críticas de racismo, abuso de estereótipos e de, numa altura de crise, incentivar ao despedimento de trabalhadores norte-americanos em troco de trabalho precário de outros, o que fez com que, ainda muito antes dos seus ratings de audiência serem preocupantes, a série fosse cancelada pela patriótica e arrependida NBC. Opiniões à parte, fica uma questão já partilhada noutro local: o que seria do clássico "Modern Times" de Charlie Chaplin se tivesse sido boicotado nos anos trinta por demonstrar, de forma divertida e hiperbolizada, uma realidade em que a mão-de-obra humana era substituída em massa pelo aparecimento das máquinas automatizadas?
Polémicas à parte, "Outsourced" deixa connosco algumas das mais hilariantes one-liners dos últimos anos, bem como um par de personagens inesquecíveis, com especial destaque para o absurdamente perfeito timing cómico de Rizwan Manji, que já teve oportunidade de o demonstrar posteriormente numa só cena de "The Dictator", de Sacha Baron Cohen (a do teste do HIV, para os mais curiosos) e para a inocência fingida de Parvesh Cheena, que com o seu Gupta proporcionou momentos inolvidáveis de televisão. Não tão feliz foi o desenvolvimento do triângulo amoroso entre Todd, Tonya e Asha, com desenlace e destino mais do que óbvio, por mais inesperados e complicados caminhos que os guionistas tentassem desenhar. Em suma, para a história fica um elenco tão diferente quanto talentoso, que tinha merecido mais duas ou três temporadas para dar o salto definitivo em Hollywood.
Cinema Notebook: TV.com: 8.0 (483 votos) Média dos Leitores CN:
2 comentários:
Começou fraquinha e depois tornou-se uma excelente série! Pena que não lhe tenham dado crédito porque sim, ela merecia ter sido renovada.
Nem mais Tiago. Um abraço!
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