Série de advocacia ao bom estilo da saudosa "Boston Legal", a primeira temporada de "Suits" mostrou-nos um produto televisivo inteligente, mordaz, arriscado, sofisticado e, acima de tudo, imensamente divertido, não fosse a tripla Harvey/Mike/Louis uma digna sucessora, mesmo que através de modos menos espalhafatosos, da dupla Shore/Crane. Adaptado e moldado a uma Nova Iorque contemporânea, o episódio piloto alargado revela-se excepcional a vários níveis, construindo solidamente no espectador o carácter e as intenções de cada personagem, com caminhos narrativos diversos a interligarem-se aos poucos, suportados de forma excelsa por um elenco tão carismático quanto competente. Mais do que um drama criminal fechado em si num qualquer tribunal, "Defesa à Medida" foca grande parte do seu engenho na complicada teia relacional das suas complexas personagens chave, ostentando pequenos mas fascinantes conflitos entre eles. Considerada a segunda melhor nova série de 2011 pelos críticos da BuddyTV, tendo sido batida apenas pela magia de "Game of Thrones", "Suits" conta com uma cinematografia fora-do-comum no pequeno ecrã - vistas magníficas da cidade que nunca cansa, Nova Iorque, claro -, com diálogos hábeis e ousados e um humor subtil, que aliado a uma narrativa criativa e entusiástica, faz com que até a arrogância de Harvey seja confundida com compaixão e a competitividade de Louis seja tomada como jogo sujo e malandrice.
Com produção a cargo dos conhecidos Doug Liman (a trilogia "Bourne", "Mr. and Mrs. Smith" ou "The O.C.") e David Bartis ("Covert Affairs" e "The O.C"), ao criador Aaron Korsh coube assegurar a Gabriel Macht e Patrick J. Adams duas personagens com uma identidade muito própria, que os colocasse num espectro raro de advogados televisivos, aqueles que nos convencem não só com o seu talento profissional, mas também com a sua personalidade atrevida. Seja a engatar empregadas de bar, a aceitar casos pró-bono ou a ameaçar poderosíssimas figuras da sociedade, ficamos com a sensação de que a justiça, afinal, é doce. Os fatos estilosos que dão nome à série estão longe de estar vazios, apesar de aqueles que os vestem serem emocionalmente despidos pelos guionistas episódio atrás de episódio. Numa série com um ritmo perfeito que merecia ser um autêntico sucesso entre público e crítica - e que não o é apenas porque passou ao lado de muito boa gente -, fica o desejo de que a segunda temporada que regressa hoje, dia 14 de Junho, na USA Network, desta vez com dezasseis episódios, seja tão acutilante e enérgica quanto a temporada de estreia.
Artigo publicado originalmente a convite da rubrica "Blogger Convidado", do TVDependente.
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2 comentários:
Série à maneira...atrevo-me a gritar GRANDE SÉRIE!!
Já vi a 1ª temporada à uns meses e o 1º episódio da 2ª só 'sobrevive' por falta de tempo :)
Abc,
Não é atrevimento Zekka. Grande série, cada vez melhor a cada episódio que passa desta segunda temporada. Um abraço!
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