Em Asgard, reino imaginário do Universo Marvel, Thor (Chris Hemsworth) é o filho guerreiro tão intenso e corajoso quanto arrogante e imprudente do Deus-rei Odin (Anthony Hopkins). Sem receio das consequências das suas acções, Thor acaba por revoltar-se contra a paz podre existente entre os seus e uma outra raça ancestral e desencadeia uma guerra, contra a vontade de Odin, que coloca o seu povo em perigo. O pai, desiludido e revoltado com Thor, decide banir-lhe do seu reino e envia-o para a “nossa” Terra, onde será obrigado a conviver entre os humanos e aprender, com humildade e algum amor à mistura, o que é realmente necessário para ser um verdadeiro herói.
Com realização do multifacetado Kenneth Branagh, actor em filmes de sucesso como “Harry Potter and the Chamber of Secrets” ou “Valkyrie” e realizador de películas classicamente britânicas como “Much Ado About Nothing” ou “Hamlet”, ambas inspiradas em obras de William Shakespeare, “Thor”, o filme, foi talvez o mais conseguido blockbuster de 2011. Mais do que um simples espectáculo visual com sequências de acção bem conseguidas, “Thor” conquista a audiência através do humor ocasional que proporciona, da sólida linha narrativa que apresenta e, surpreendentemente, através de bons desempenhos de grande parte do seu elenco. Hemsworth e Natalie Portman convencem o público enquanto par romântico improvável e até o veterano Hopkins, mesmo de pala no olho, consegue ser um Deus credível.
Infelizmente, nem tudo são rosas – martelos talvez seja o termo mais apropriado neste caso. O vilão volta a ser, uma vez mais nestas aventuras cinematográficas da Marvel, completamente desprovido de profundidade e personalidade. Além disso, não há ponta de imprevisibilidade nas suas acções nem um pingo de emotividade exacerbada nas suas atitudes. O incómodo “product placement”, típico no género, acaba por aborrecer o mais atento espectador, mas é compensado por uma banda-sonora excepcional, com várias composições originais à mistura. Em suma, “Thor” acaba por provar-se como entretenimento de excelência para os fãs de banda-desenhada, e isso, nos dias que correm, já não é mau de todo.
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